História Leon e Nilce - True Love Forever - O anjo e Leon

Era o anjo que eu havia sonhado na noite passada.

P.O.V Zoe

- LEON E NILCE, TRAGAM O CAVALO! - Gritei para ambos.

Em dois minutos eles estavam lá com Neblon.

- Ajudem-me a colocar ele no cavalo. Ele precisa de ajuda! - Digo para eles.

Nilce e Leon não discutem e me ajudam a colocá-lo em cima do cavalo. Eu não sabia o porquê de eu estar fazendo aquilo, talvez ele fosse um monstro... Eu não sabia! Meus instintos me diziam para ajudá-lo. Olhei para Leon e Nilce. 

- Bom, vamos. Temos um caminho longo ainda. - Disse.

Ambos assentiram com a cabeça.

Nós voltamos a caminhada. Eu confesso que estava ansiosa com o anjo. Fazia muito tempo desde que eu me sentia assim, ansiosa com algo. Me peguei com um sorriso bobo no rosto. Foi quando ouvi um grito.

- LEON! NÃO! - Era Nilce.

Virei-me rapidamente. Vi que uma fúria estava levando Leon para longe com suas garras. Nilce tentou correr atrás dele. Segurei ela.

- Calma, vamos pegar ele de volta! Mas temos que chegar ao abrigo antes! Nilce, olha para mim, não surta agora! Nós vamos recuperar o Leon! - Eu disse para ela, em tom firme.

Nilce me olhou e baixou os olhos. Ela se ajoelhou, colocou as mãos no rosto e começou a chorar. Num impulso, eu a abracei. Eu não era de fazer isso. Nilce me abraçou também e chorou em meu ombro. Depois de alguns minutos ela se recuperou e disse:

- T-tudo bem! Temos que achar o Leon, vamos! 

Nós levantamos e fomos em direção ao abrigo. 

- Nilce, eu só vou cuidar do... Do moço e já vou te ajudar. Por favor, descanse um pouco. - Digo.

- T-tudo bem. - Diz Nilce, abatida.

Nilce entra na tenda, deita-se e dorme. 

- Bom, garotão, vou precisar da sua ajuda agora! - Digo a Neblon. Ele relincha em tom de aprovação.

Entro em minha tenda e pego um lençol feito com pele de monstro. Forro o lençol no chão e coloco delicadamente o anjo em cima do lençol. Ele geme de dor. Olho a asa dele e vejo um corte, ou melhor, todo seu corpo estava encharcado de sangue. Bom, eu teria que tirar sua camiseta para limpar os ferimentos - Corei com a ideia de ver seus músculos - Comecei a tirar sua camiseta. Logo os músculos se mostraram. Ele era igual ao anjo de meu sonho. Seu cabelo era preto, assim como suas asas. Elas eram lindas, apesar de estarem sujas de sangue. Comecei a limpar seus ferimentos com a água do rio que eu guardara. Limpei suas belas asas pretas. Seu rosto estava sujo de fuligem e sangue. Joguei água e espalhei delicadamente. Logo seu rosto estava limpo, revelando o cara mais lindo que eu já vira - até mais que Maycon.

- Neblon, cuide dele por um momento, irei preparar a minha gororoba curandeira para ele. - Dou um pequeno riso. Neblon assente com a cabeça e relincha.

Entro em minha tenda e dou uma espiada em Nilce. Seu rosto estava inchado e vermelho. Ela provavelmente estava chorando, mas, felizmente, agora ela está dormindo. O cansaço a dominara. Peguei meus ingredientes e comecei a prepará-los. Em alguns minutos estava pronto. Eu odiava aquela coisa, mas era uma das coisas boas que as górgonas haviam me ensinado, a melhor coisa que elas fizeram por mim. Saí novamente da tenda e levantei um pouco a cabeça do anjo. Despejei o líquido dentro de sua boca. Ele fez uma cara de nojo, mas engoliu. Alguns minutos depois, sua expressão ficou suave.

- Bom, agora, eu tenho que te levar para dentro da tenda. Neblon, me ajuda? - Olhei para meu cavalo. Ele relinchou em aprovação.

Com a ajuda de Neblon, não demorou muito até conseguirmos. Levei o tal anjo para dentro da tenda e deitei-o perto de Nilce. Ele agora tinha uma expressão serena no rosto.

- Agora, tenho que ir buscar mais água no rio. O estoque acabou. - Sussurrei para Neblon.

Levantei-me, sai da tenda e aprontei minhas coisas. Neblon relinchou.

- Tudo bem, garoto, eu sei que está cansado. Pode ficar. - Fiz carinho nele.

Comecei a pegar o caminho para o rio. O anjo não saia da minha cabeça. Ele é tão lindo, aquele cabelo preto bagunçado, aquele rosto, aquelas asas... Notei que eu estava com um sorriso bobo no rosto. Fiquei com a expressão dura novamente.

- Tenho que me concentrar! - Disse para mim mesma.

Continuei andando até chegar ao rio. Peguei água e comecei a me preparar para a volta. Eu estava quase lá, quando ouço gritos de Nilce:

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! SOCORRO! ZOE! 

Saio correndo em direção à tenda. Entro e percebo que o anjo está de pé. Noto sua expressão assustada. Ele dá uns passos para trás, derrubando algumas coisas.

- EI, TUDO BEM! NÃO VAMOS TE MACHUCAR! - Eu digo ao anjo.

Nilce corre em minha direção e fica atrás de mim. O anjo olha para minha mão. Percebo que ainda estava com minha arma. Noto sua expressão assustada. Solto a espada no mesmo instante, tentando acalmá-lo.

- Viu? Está tudo bem. Eu vou te deixar aqui.  Eu e minha amiga, Nilce, estaremos do lado de fora. Quando se sentir seguro, pode sair. Tudo bem? - Eu digo com um tom de voz calmo e doce. O anjo não responde.

- Vamos, Nilce. - Cutuco Nilce e ela assente com um movimento da cabeça.

Saímos da tenda. Olho para Nilce. Ela me olhava com um sorrisinho.

- Então, nós somos amigas? - Nilce pergunta.

Corei na hora. Eu já fui popular e tinha muitos amigos. Mas, depois de todos esses anos aqui, ela era a única.

- É claro! - Respondi, e fui sincera.

- Sabe, você tratou muito bem aquela coisa... - Disse Nilce.

Cerrei os punhos. 

- ELE NÃO É UMA COISA! - Gritei para Nilce.

Ela deu um passo para trás, assustada. Senti-me mal na hora.

- D-desculpa, eu só... Estou estressada. - Digo.

- Tudo bem, eu entendo. E... O Leon...? - A voz de Nilce falhou.

- De manhã iremos procurar ele. Tenho que te contar umas coisas. - Respondi.

- Tudo bem. - Nilce disse.

- Bom, está vendo aquele lugar escuro? - Aponto para um lugar que ficava entre montanhas. - Bom, é lá que as fúrias vivem. E eu tenho que te avisar... se a floresta sombria já é ruim o bastante, aquele lugar, que eu chamo de obscuridade, é mil vezes pior. Nilce, se nós vamos para lá, temos que estar totalmente preparadas. - Olhei nos olhos dela.

- Sim, é claro! Pelo Leon eu faço tudo. - Respondeu Nilce. Senti uma ponta de inveja. Nilce tinha quem amar, assim como Leon, já eu... Bom, eu fui traída pelo homem que amei. Ele me aprisionou aqui.

Eu estava distraída em meus pensamentos quando o anjo sai da tenda e, com a voz mais doce que já ouvi, ele diz:

- Eu quero falar com ela. - Ele apontou para mim. Senti meu coração acelerar. Olhei para Nilce que deu um sorrisinho.

- Tudo bem. - Disse Nilce. - Deixarei vocês conversarem.

Nilce foi para perto de Neblon. Olhei nos olhos negros do anjo. Deuses, como ele era lindo!

- Hã... Desculpe. Não queria assustar sua amiga. - Disse o anjo em tom doce.

- Ah, tudo bem. Ela só está preocupada. - Respondo. - Ei, sente-se. Você ainda está machucado. - Digo, preocupada.

- Há, tudo bem. Foi você quem me ajudou? - Ele pergunta.

Coro um pouco e desvio o olhar.

- Sim, fui eu. - Respondo.

- Muito obrigado, eu pensei que ia morrer! Aliás, eu sou Daniel, muito prazer. - Ele estendeu a mão.

- E-eu sou Zoe. O prazer é meu. - Estendi minha mão, e ele beijou-a.

Olhei para Nilce por um momento e ela me deu um sorriso malicioso.

- Sabe, eu ouvi a conversa sua e de sua amiga, sem querer, sabe... Eu estive no lugar... Como você chama? Obstudo? O bisturi? - Ele riu.

Também ri e respondi:

- Obscuridade.

- Ah sim. Sabe, elas me cortaram com bronze celestial! Aquela espada que você trouxe para dentro da tenda... Me assustou. Aliás, eu derrubei algumas coisas, sinto muito. - Ele corou e desviou o olhar para o chão.

- Hey, tudo bem. - Sorri para ele. - Aliás, como sobreviveu ao bronze celestial?

- Hãm... Bem, eu tenho sangue de anjo. O bronze celestial não me mata. Mas, quanto ao seu namorado, precisamos salvá-lo logo. Aquelas fúrias não esperam muito tempo para começar a sessão de tortura. - Ele diz.

Quando ele diz "namorado", me sinto mal.

- ELE NÃO É MEU NAMORADO! - Grito e faço uma cara emburrada.

- Ah... D-d-desculpe, senhorita Zoe. - Ele responde.

Lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos. Por que todos tinham que me lembrar da vida amorosa que eu não tinha? Num impulso, saí correndo para Neblon, sem me importar com Nilce ou com Daniel. Montei nele e fui para longe.

P.O.V Nilce

- ZOE! ONDE VOCÊ VAI? - Gritei, em desespero, mas ela já estava longe.

- Ah, droga, o que eu fiz? Vou voar até ela! - O anjo, sem eu perceber, veio até mim.

Ele tentou levantar voo, porém, falhou. Segurei ele antes de ele tropeçar.

- Hey, você ainda está machucado. Vai com calma, ok? E não se preocupa com Zoe, hoje ela está bem furiosa. Ela também gritou comigo mais cedo. - Dei um sorriso leve para ele. - Mas, afinal, o que você disse para ela?

- Eu disse que tínhamos que recuperar o namorado dela da obscuridade antes que fosse tarde. Então ela simplesmente fechou a cara e disse que ele não era namorado dela... - Ele explicou.

- Realmente, Leon não é namorado de Zoe. Ele é meu marido. - Expliquei.

- Ah, deuses! Eu sinto muito, senhorita. - Ele respondeu, corado.

- Tudo bem. - Ri um pouco. - Aliás, eu sou Nilce e você? - Perguntei.

- Sou Daniel. - Ele respondeu.

- Sabe, amanhã, eu e Zoe vamos sair em busca do Leon. Ele foi capturado essa manhã quando estávamos voltando para cá. - Expliquei.

- Eu quero ajudá-las! Depois de tudo que vocês fizeram por mim e pelo que eu disse, é a coisa certa a fazer. - Ele disse.

- Mas você está muito fraco, Daniel. Não pode... - Rebati.

- Não importa. Eu quero, e, aliás, eu me curo rápido graças ao meu sangue de anjo. Agora, você sabe onde Zoe foi? - Perguntou Daniel.

- Provavelmente ela foi para o rio aqui perto. Eu posso te levar lá, aceita? - Dei um sorriso leve para ele.

- Sim, por favor, senhorita Nilce. - Ele respondeu.

- Só vou te levar se você parar de me chamar de senhorita, é somente NILCE. - Dei um sorriso brincalhão para ele. Ele retribuiu.

Começamos a andar até o destino. Ficamos conversando sobre como ele tinha conseguido aqueles machucados. Ele me explicou que foi capturado pelas fúrias. Eu estava distraída ouvindo quando chegamos ao rio. Zoe estava no canto, encolhida e chorando. Já Neblon, bebia a água do rio tranquilamente.

- Vou deixar vocês conversarem. - Sussurrei para Daniel.

- Obrigado, Nilce. - Ele sussurrou.

Dei uma última espiada em Zoe e Daniel e voltei para a tenda.