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História Les Marcheé - Nos dias antigos


Escrita por: Marurishi

Capítulo 12 - Nos dias antigos


 

Conta-se que nos dias antigos, quando houve o governo em união com as Musas, após a Batalha das Sombras e o selamento do poder maligno, para proteção do império e manutenção da paz, foi criado por elas — as divindades chamadas Musas — um cinturão mágico que circundava toda a extensão de Les Marcheé, separando o exterior conhecido como Mar Infinito e as Ilhas Distantes.

O cinturão recebeu o nome de Pannastovik, em homenagem ao grande continente do qual Les Marcheé fizera parte no passado numa era remota. Memórias estas que as Musas guardam com saudades.

Pannastovik era energia que fluía e estava diretamente ligado a toda magia dos reinos; dele nenhum tipo de magia passava despercebida. Invisível a qualquer olho, era considerado pelos populares apenas uma lenda antiga.

Havia guardiões em todas as regiões dos reinos, remanescente de antigas e poderosas Ordens, atuantes como sentinelas atentas a qualquer mudança que Pannastovik apontasse, fosse para o bem ou para o mal; eram lordes da Nova Ordem Lynzeth.

As mudanças ocorriam com grande frequência, pois cada novo poder que era despertado, cada nova magia que surgia em um reino, onde quer que fosse, era apontada por Pannastovik, que transmitia em avisos intuitivos para as mentes e corações do casal Imperial, e também, para os Lordes Lynzeths. Pannastovik foi um dos grandes presentes que as Musas deixaram para o império.

Na capital Imperah, em Bellephorte, estava a Imperatriz Lady Beriune Monslynzeth, tendo como auxílio a Tríade e todo o ministério do Coirlem, com a responsabilidade de zelar pelo bem do povo. Nos vários reinos e Les Marcheé, sempre em movimento a cada mudança ou sinal de perigo, estava o Imperador Lorde Thwar SancShephill e os Lordes Lynzeths, que protegiam as fronteiras contra qualquer ameaça vinda de fora.

Por esse motivo o Imperador raramente era visto em Bellephorte. Todas as questões que diziam respeito à segurança e proteção do império eram decididas e resolvidas por ele, mas sempre trabalhava em conjunto com Lady Beriune. Suas mentes e corações estavam ligados pelo amor e pela magia, com ajuda de Pannastovik, da Tríade e dos Lordes Lynzeths, seu governo era perfeito.

Aconteceram poucas mudanças apontadas por Pannastovik nas últimas décadas, algumas foram sentidas mais intensamente e Lorde Thwar soube que seriam de grande importância para Les Marcheé, mesmo não tendo ciência se eram para o bem ou para o mal.

Houve o sentimento de alerta quando Lorde Meyne dominou o terceiro selo Tione. O poder foi sentido por toda a extensão de Pannastovik, diferente dos selos que foram dominados anteriormente, igualmente sentidos, mas não destacados. A Imperatriz tomou por aviso e sabiamente fundou a Tríade Imperial, trazendo para seu lado os mais poderosos em magia de Les Marcheé.

Para completa eficácia da subordinação de tais poderes, com total zelo e domínio, fora dada a liderança da Tríade para o Lorde Meyne, mesmo sendo o mais jovem dos três, ninguém ousou se opor a uma decisão suprema da Imperatriz, por isso, a liderança de Lorde Meyne fora aceita e nunca questionada.

Alguns anos depois, um novo alarme veio do reino do litoral, com o despertar dos poderes de Codhe.

 

O sinal seguinte levou mais outros anos para acontecer, foi numa manhã como outra qualquer, antes do sol nascer. Os Lordes Lynzeths sentiram e se moveram rapidamente, no entanto, não possuíam o poder de prever ou saber o que ocorreria, apenas sabiam que deveriam estar preparados.

Os cidadãos de Boandis que acordavam cedo para começar seus trabalhos, jamais pensaram que algo diferente se passava, eram cidadãos comuns e não sentiam qualquer mudança mágica, muito menos, a magia de Pannastovik. Contudo, ao abrirem suas janelas, tiveram a primeira vista do mal.

O que avistaram foi assustador. Logo os gritos faziam a cidade despertar em pavor. Pelas ruas, calçadas, telhados, gramados, por onde a vista alcançasse, havia pássaros mortos... Um mal que chegou sem aviso. Todas as aves que viviam na cidade, na praia ou na floresta estavam morrendo.

Uma visão desesperadora: pássaros caíam do céu, sendo abatidos pela morte em pleno voo. Chocavam-se contra telhados e calçadas, quebravam vidraças, caiam pelas chaminés das casas; nem mesmo os pequenos canarinhos em suas gaiolas escaparam daquele mal. Um por um, iam sendo abatidos e morrendo.

Logo, todo lugar estava coberto por pássaros mortos, de todos os tamanhos e espécies, do grande albatroz na praia até o pequeno rouxinol da floresta. Forravam o chão até onde os olhos alcançavam, iam se acumulando nos telhados, parapeitos das janelas, sob os bancos das praças, na areia da praia, nos muros das casas, caiam no mar, nos lagos artificiais e gramados dos jardins. Estavam por toda a parte e ninguém sabia o que acontecia e nada podia ser feito.

Era um mal sem forma, cujo poder ainda era pequeno para atingir coisas maiores, mas destrutivo para criaturas menores e indefesas.

Ouviam-se gritos, choros, desespero. Pessoas corriam atônitas, sem saber se deveriam fugir, se esconder ou se armar para enfrentar algo desconhecido. Os mais velhos tentavam desviar a atenção das crianças para poupá-las da cena, enquanto outras choravam apavoradas. Alguns tentavam retirar o que podiam do seu campo de visão, outros tinham medo de tocar, pois não sabiam se era uma peste ou uma maldição. Muitos sentiam dó e todos sentiam medo à medida que os pássaros iam se acumulando por todos os lugares.

Lady Mclin observava o céu, em sua visão e mente tentara sondar o mal e saber de onde vinha e como se propagava. Nas mãos, segurava Bint, seu exemplar de calopsita, igualmente morto. Mas aquele poder não podia ser sondado, apenas sentido.

Era um poder maior do que qualquer coisa que ela já tinha visto ou imaginado, sabia que não era algo que pudesse enfrentar sozinha. Por isso, vestiu sua capa, colocou um capuz pesado, juntou algumas poções, um amuleto com encantamentos e algumas plumas mágicas. Montando o percheron de seu pai, o cavalo mais rápido da casa, partiu rapidamente até a cidade. Precisava se reunir com o ministério, com o governador Lorde Levi e imediatamente intervirem no que estava acontecendo.

Nunca havia desejado com tanta intensidade que Shaido estivesse ali. No entanto, antes de chegar ao centro da cidade, antes que o sol completasse sua trajetória para iluminar completamente aquela manhã mórbida, Lady Mclin soube que aquele mal estava somente sobre Boandis, e estava sendo movido, dissipado; para onde ou como ela não podia ver, mas sentia.

Lorde Levi não poupou esforços para saber do que se tratava aquele poder e como impedir sua ação, mas aconteceu tão rápido que quando convocou a Ordem Levi para irem imediatamente até a praia — de onde sabiam estar entrando aquele mal — tudo se dissipou sem nenhuma explicação.

Quando o sol atingiu o alto e todo resto de escuridão e sombras da noite foram iluminadas pelo astro dourado, o mal se foi tal qual uma nuvem soprada pelo vento. No entanto, deixou sua marca: Não existiam mais pássaros vivos em Boandis.

Na cidade, junto com o ministério e o governador, a tensão era plena. Após acalmar o povo com a notícia da dispersão daquele mal, mesmo sem respostas, o povo ainda temeroso começou a fazer a limpeza retirando os pássaros. Por se tratar de uma grande quantia, foi decidido que seriam queimados. No fim daquele dia, subiu ao céu uma fumaça negra, de cheiro enjoativo e ouvia-se choro, lamentações de pena, medo e incertezas.

O governador não descansara sua mente. Imediatamente, escreveu sobre o ocorrido para Imperah pedindo auxílio, mas claro que, em Bellephorte, já estavam cientes, Pannastovik avisara. Se por um lado, Lorde Levi estava agradecido por ter sido algo passageiro e sem nenhuma vítima humana, por outro estava ciente da intervenção dos Lordes Lynzeths para dissipar aquele mal. Esse fato era sinal de gravidade e perigo.

Os Lordes Lynzeths eram como sombras secretas da magia, os olhos dos Imperadores, as mãos das Musas. Nunca vistos, histórias sobre eles eram contadas como mitos e lendas. Somente o governador e poucos nobres lordes da Ordem Levi conseguiam senti-los. Nem mesmo Lady Mclin soube da presença deles ou o poder que possuíam. Depois do dever cumprido, os Lordes Lynzeths reportaram à Bellephorte a situação triste e preocupante de Boandis.

A Imperatriz Beriune se entristeceu. Logo, a Tríade e seus principais ministros já discutiam o assunto mantendo sigilo para não causar nenhum mal estar. Porém, entre aqueles que discutiam procurando possíveis causas e soluções, havia aquela que procurava apenas distração e conspiração. Lady Hestea ouvia atentamente os relatos e tratou logo de espalhar a notícia como a "Maldição de Boandis", com o objetivo único de causar pânico e contenda.

Os gêmeos Protherois nada sabiam sobre o que estava acontecendo em sua terra natal. Os dias passaram e a maior preocupação de Codhe e Khei era com os estudos, cada dia mais árduos.

Codhe não se esquecera do tal livro misterioso, mas não havia tido tempo de procurar o bibliotecário para saber algo a mais, pois seus horários nunca coincidiam com o do sábio Sr. Havin Perko.

O fim do ano se aproximava, os estudos tornavam-se intensos, levando muitos a exaustão e até desistência. Eram nesses momentos que os alunos se sentiam provados e os melhores eram gratificados. Codhe e Khei teriam sua notoriedade, tinham objetivos claros quanto a isso.

No entardecer, Codhe entrou na biblioteca com os olhos apurados em Belle. Ouviu ela em conversa com alguns lordes, falavam sobre as notícias que chegavam de Boandis. Codhe se interessou em saber, afinal, era sua cidade natal e foi com grande tristeza e preocupação que soube do ocorrido da pior forma: o litoral havia caído em uma maldição.

 


Notas Finais


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Obrigada por me acompanharem!!! ♥
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