1. Spirit Fanfics >
  2. Les Marcheé >
  3. Refletindo

História Les Marcheé - Refletindo


Escrita por: Marurishi

Capítulo 15 - Refletindo


 

Refletindo sobre seus planos para um encontro com Loren, Codhe seguiu para a biblioteca. Entrou pisando duro com um semblante sério e irado. Sentou-se à mesa para acalmar seu ânimo e não pegou livro nem coisa alguma, apenas apoiou a cabeça entre as mãos e tentou afastar seus pensamentos sobre o futuro incerto.

Não era seu costume ir à biblioteca naquele horário, mas ali havia se tornado um refúgio para organizar suas ideias. Em momento algum lembrou-se que naquele turno diurno, estava o bibliotecário idoso, o qual se aproximou cautelosamente soltando um livro sobre a mesa.

Quando Codhe levantou a cabeça e fitou o livro, reconheceu de imediato e toda sua raiva voltou em dobro.

— Por que esse maldito livro está aqui de novo? — falou bruscamente.

— Me perdoe interromper, mas achei que o senhor quisesse saber sobre as informações que me pediu sobre o seu livro — falou temeroso vendo a ira visível nos olhos de Codhe.

O ruivo lembrou-se que havia pedido tais informações e se condenou por ter sido ríspido com o velho bibliotecário, que estava ali somente para ajudar. Fechou os olhos por um momento, organizando seus pensamentos e acalmando seu coração.

— Eu lhe peço perdão, havia me esquecido completamente — falou mais calmo. — Hoje não está sendo um bom dia.

— Entendo. Não está sendo um bom dia para muitos, eu sinto muito.

— Por favor, me diga quais informações conseguiu?

— Bem, trata-se de uma xilogravura. Esta imagem é de excelente qualidade, o que indica que foi feita em uma ótima prensa.

— É uma informação interessante, mas eu preferia saber sobre o poema e uma possível tradução. — Codhe pareceu um pouco chateado.

— Ah, sim, tivemos o registro de um livro semelhante anteriormente com poemas nessa mesma língua, mas a xilogravura não se tratava de um dragão, e sim de varias borboletas, bem mais bonitas e pacíficas que esta fera do seu livro.  

— O senhor conhece essa língua, pode traduzir?

— Infelizmente, não. O outro livro veio apenas para restauração após um incêndio, portanto não pesquisei a fundo sobre o conteúdo, apenas restaurei a capa. — Sorriu um pouco constrangido.

— E quem é o dono do livro das borboletas?  

— Não posso afirmar, apenas sei que é da biblioteca particular dos Imperadores. Quando o jovem me pediu para verificar seu livro, fiquei surpreso em ver que havia outro da mesma coleção e provavelmente danificado pelo mesmo incêndio.

— Então este livro pertence a biblioteca particular de Bellephorte?

— Não exatamente, os livros do castelo de Bellephorte possuem o selo Imperial, e não é o caso do seu livro.

—  O que mais descobriu sobre o livro que seja útil?

— Bem, é interessante o trabalho com a xilogravura, em Les Marcheé atualmente tenho conhecimento de apenas uma prensa que ainda está em uso, por termos técnicas mais modernas para ilustrar, há muito tempo as prensas foram aposentadas, são agora peças de museus e estão fora de uso.

— Mas se este livro é antigo, provavelmente na época em que foi feito a prensa fosse a melhor forma de retratar figuras.

— Esta é uma questão importante, o seu livro não é antigo. Pela análise da tinta, foi escrito a pouco tempo, talvez um ano ou pouco mais.

Aquela informação deixou Codhe sem palavras, ficou pensativo, que mistério era esse. Alguém queria que ele descobrisse algo sobre aquele livro, deveria mesmo insistir?

— Alguém escreveu um poema numa língua desconhecida, fez esta xilogravura em um livro queimado e resolveu me dar de presente? Devo agradecer ou amaldiçoar? — Codhe pensava alto.

— Só posso dizer isso no momento, não tenho detalhes melhores.

— Mas sabe onde está a única prensa que ainda funciona? E quem trouxe o livro de borboletas para que fosse restaurado? Essa pessoa deve saber a quem o livro pertence e pode ter mais informações.

— Foi uma veilana de Bellephorte, eu não lembro seu nome, várias veilanas vem na biblioteca, seja a trabalho ou lazer. Muito difícil saber qual entre tantas.

— E a quem pertence a prensa?

— É óbvio meu jovem senhor, pertence aos Imperadores.

— E a veilana que trouxe o livro. Quero encontrá-la, procure nos registros o nome dela, se lembra da sua aparência? Algo que pudesse diferenciá-la?

— É uma moça comum, não sei dizer nada em específico, lembro dos cabelos pretos apenas. Eu sinto muito.

Codhe não pensava que os imperadores iriam prensar xilogravuras, escrever poemas em línguas mortas e sair por aí deixando livros nas mesas dos estudantes, mas isso tudo era muito estranho e estava muito curioso. Imediatamente, como por instinto, Codhe se lembrou da moça de cabelos negros e olhos castanhos que viu de relance.

— Por acaso ela teria olhos castanhos e prende o cabelo em um coque?

— Ah sim, agora que mencionou, me parece que ela tinha os olhos castanhos, bem raros aqui na região, mas sobre o cabelo, sabe como são as mulheres, mudam de penteado todos os dias.

— Por favor, verifique seus registros e descubra o nome dela, preciso me encontrar com ela para lhe fazer algumas perguntas.

Codhe agradeceu ao bibliotecário e decidiu ir para seu apartamento no Palácio de Isle, que servia como hospedagem para os estudantes que vinham de outras cidades.

Fazia quase dois anos que os gêmeos estavam em Imperah. Alguns meses depois de chegar e iniciar seus estudos, completaram dezoito anos e apresentaram-se ao Coirlem como manda a tradição.  Poderiam ter aceitado títulos de Lorde e Lady, pela herança de família, mas recusaram porque não se consideravam da mesma raiz que os Protherois do passado. Assim, Codhe e Khei foram instruídos a concluir seus estudos e alcançarem níveis superiores em sabedoria e magia para finalmente terem seus títulos por mérito.

Estavam com vinte anos e, se tudo ocorresse normalmente, em algumas semanas concluiriam seus estudos e receberiam seus títulos.

Khei estava realmente animada e queria muito ser aceita no Coirlem como uma verdadeira Lady. Já Codhe pensava em voltar para Boandis, casar-se com Loren e trazê-la para a capital como sua esposa. Porém, as coisas estavam mudando e os planos de Codhe pareciam não estarem tão certos assim. Sentia como se algo conspirasse contra ele, querendo atrapalhar seu futuro.

Não era apenas a ida de Lorde Shaido à Boandis, havia algo muito além que o perturbava. Caminhou de volta ao seu apartamento ainda pensando sobre todas essas coisas e quando chegou em Isle, já no corredor, viu Khei correndo em sua direção. Notou que ela chorava e ficou preocupado.

— O que aconteceu, por que está chorando?

— Fiquei mais algum tempo no palácio Ímpar conversando com a Lady Fae, então soube da notícia!! — dizia aos soluços, chorando. — Nosso governador faleceu Codhe, Lorde Levi nos deixou!!! — Abraçando o irmão caiu aos prantos.

Codhe ficou atônito, Lorde Levi, além de príncipe governador, era muito querido por todos e um grande amigo da família. Sua perda seria irreparável e ficou muito triste ao saber da notícia. Abraçou forte a irmã e tentou consolá-la.

— Ele foi um homem nobre e um excelente líder. Está em paz e será sempre lembrado pelo bem que fez ao seu povo.

— Pobre Shaido... Ele amava muito o avô. Deve estar sofrendo...

— Ele já devia estar sabendo, por isso sua partida a Boandis foi providenciada com rapidez. Os lordes sabem o que fazem.

— Acha que por isso ele nos tratou com tanta frieza? — Khei havia acalmado seu choro. — Pensamos que ele estava sendo arrogante quando na verdade, ele estava sofrendo! Codhe, nós somos pessoas horríveis! Somos amigos péssimos! — Khei demonstrava arrependimento pelo julgamento precipitado.

— Não faça dramas desnecessários. Como saberíamos? — dirigiam-se para o apartamento que dividiam no palácio. — Estou muito cansado, aconteceram muitas coisas hoje e essa notícia só me deixa mais angustiado.

Naquele momento, ambos não podiam fazer nada além de esperar o dia seguinte, quando tentariam mais uma vez um pedido para irem a Boandis.

 


Notas Finais


Obrigada por chegarem até aqui!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...