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História Les Marcheé - Em Bellephorte


Escrita por: Marurishi

Capítulo 17 - Em Bellephorte


 

Em Bellephorte, todos comentavam sobre a maldição no litoral e agora, também sobre o falecimento do governador. Todos sabiam quem era o sucessor ao governo de Boandis e a maioria ficou feliz por ser Lorde Shaido, afinal ele era muito influente e bem visto,  todos tinham alta estima por ele e lhe desejavam um futuro próspero como governador.

Apesar da seriedade com que tratava a todos, ganhava a simpatia da maioria, com exceção de alguns que por algum motivo lhe viravam a face, fosse por inveja ou ignorância. Porém, entre os que não tinham Lorde Shaido como exemplo, estava Lorde Meyne, que o julgava arrogante e prepotente, além de mal educado e aproveitador.

O Lorde Mago do Gelo havia se encontrado com ele o suficiente para não simpatizar. Não que Lorde Shaido fosse uma má pessoa ou alguém para se desconfiar, mas tinha o tipo de personalidade que desagradava a Lorde Meyne.

No entanto, o albino não se preocupava com o outro, ficou relativamente feliz em saber que Shaido voltaria para Boandis e assumiria o governo do litoral. Assim, não o veria tão cedo em Imperah, talvez, não o visse nunca mais; esse fato lhe agradava.

Lorde Meyne estava sentado em uma cadeira defronte a janela de sua ampla sala. Olhava preocupado para o céu, imaginando figuras nas nuvens que lhe trouxessem alguma resposta para o motivo da "Maldição de Boandis". Pensava em como estaria a cidade depois de tantas tragédias juntas e na tristeza daquele povo. Pensava se havia algo que pudesse fazer para ajudar a amenizar a situação.

Seus pensamentos foram desviados com uma voz bem conhecida que lhe agrediu os ouvidos.

— Por que essa cara feia, meu querido? Está com saudades da sua linda esposa? — Lady Hestea se aproximou com um sorriso debochado e apoiando-se no encosto da cadeira, abraçou o esposo.

— Saia — foi a resposta curta e seca dele.

— Podia ao menos fingir alguma emoção. — Lady Hestea desfaz o abraço e se afastou esboçando seu descontentamento.

— A única coisa falsa aqui é você. Tem feito um ótimo trabalho.

— Não acha que está sendo exagerado? Toda vez que estamos a sós, você aproveita para me ofender abertamente, não lhe dei esse direito!

— A única coisa que você me dá é desgosto — disse levantando-se e encarando-a. — Por que não controla sua língua? Por que precisou espalhar boatos sobre uma maldição que não tem certeza de que realmente existe?

— Por que me acusa? — fingiu indignação e soltou um riso sem graça. — Eu não sou assim! Não falei nada sobre a maldição, fiquei sabendo como todos os outros!

Lorde Meyne se aproximou encarando-a com um sorriso de canto, como se estivesse avaliando o teatro da esposa. Ambos permanecem assim por alguns segundos, até ele falar calmo e pausadamente.

— Na verdade, você me deu algumas coisas boas. Apenas duas, que você nunca terá noção do quão são valiosas e importantes. — Permitiu-se sorrir abertamente e estendeu a mão para tocar a face da esposa. Porém, ela foi mais rápida e segurou-lhe o pulso.

— Espero que não perca essas coisas tão importantes pra você. Seria muito triste, não? — empurrou-o.

Forçando-o a sair da sua frente, Lady Hestea saiu com grande estardalhaço, derrubando propositalmente tudo o que estava no seu caminho e batendo a porta com violência.

Estava furiosa, pois já havia algum tempo que Lorde Meyne a tratava assim, como se finalmente tivesse descoberto quem ela era de verdade. Já não conseguia mais enganá-lo, sequer ele lhe dava chance de se defender. Por mais que se esforçasse para continuar sendo a "esposa perfeita", Lorde Meyne a rejeitava e fazia questão de deixar claro saber tudo o que ela fazia. Até mesmo, as coisas que ela fazia em segredo, ele descobria e lhe cobrava.

Ela estava ficando perplexa, acreditando que agora seu esposo tinha o poder de ler mentes e isso a deixava apavorada. No entanto, isso só ocorria quando estavam a sós, pois diante de todo o resto do reino, mantinham as aparências. Não que parecessem um casal feliz e em harmonia, porque Lorde Meyne não se esforçava para ser falso, apenas não reagia negativamente e evitava falar. Toda a parte teatral partia dela, que se empenhava muito para disfarçar seu verdadeiro caráter e a situação do seu casamento.

Lady Hestea, mesmo não o amando, não negava que fisicamente sentia-se atraída por ele, mas ultimamente a relação havia mudado tanto que ela começou a pensar que, provavelmente, ele estivesse tendo um caso com outra mulher. Essa ideia de ser traída, abandonada ou substituída lhe deixava furiosa.

Sabia o quanto seu esposo era desejado pelas mulheres e até mesmo por alguns homens. Sabia que era invejada por muitos, que não escondiam o quanto a detestavam devido a sua posição de esposa. Seu temor com essa possível hipótese lhe tirava o sono, pois se algo que jamais aceitaria, era traição e abandono. Sua mente, dia após dia, se envenenava com o ciúme e a desconfiança.

A própria Imperatriz Lady Beriune não deixara de notar o quanto Lorde Meyne era bonito e o elogiava abertamente, sem qualquer conotação maliciosa, pois em seu coração tinha lugar somente para amar ao Imperador, Lorde Thwar. O que era o oposto de Lady Hestea, que frequentemente seduzia outros homens em troca de favores ou simplesmente, por prazer.

Lorde Meyne estava ciente das traições da esposa. Ser naturalmente distraído, tropeçando em degraus ou se batendo em portas fechadas nada tinha a ver com sua percepção em relação aos atos da esposa. Por isso, ele não sorria com frequência e tinha uma postura sempre séria. Como líder da Tríade Imperial, estava sempre ao lado da Imperatriz e tornou-se o seu braço direito, por dois motivos claros: o primeiro, por seu poder e supremacia e o segundo, de conhecimento único da Imperatriz, a admiração que ela lhe dedicava por conhecê-lo há muito tempo, bem mais do que todos poderiam imaginar.

Havia um misterioso segredo que os ligava, mesmo inconsciente para o Lorde Mago, Lady Beriune nunca se esqueceu dos acontecimentos do passado. Ela sentia desgosto por Lorde Meyne ter sido obrigado a casar-se com a prima de personalidade tão horrível. Pensava em como ele suportava tão bem o peso que lhe foi imposto. Por sorte, havia duas grandes bênçãos dadas por essa união e a Imperatriz sabia disso, Ahiel e Allegra, as filhas que davam toda a força e amor que ele necessitava. Ambas eram, também muito amadas pela Imperatriz, que fazia questão de dedicar algum tempo às meninas.

Ahiel, aos três anos de idade deixou de falar e sorrir. Todos diziam que era trauma pelos maus tratos da mãe, mas Lady Beriune descobriu algo interessante sobre Ahiel, ela falava e sorria sim, somente para poucas pessoas, através de sua mente e coração.

O dom especial que as Musas presentearam Ahiel era a visão da verdade, o silêncio era sua forma de ouvir o mundo, de ver a realidade que ninguém via, de saber das coisas que ninguém sabia, porém ninguém podia lhe ouvir. Ela não tinha voz para contar das coisas que estavam em sua mente e, a maioria, nem mesmo ela entendia, pois ainda era criança.

Assim, a Imperatriz queria ficar o mais próximo de Ahiel, porque era criança de grande valor e muito carente de uma proteção feminina, mesmo tendo a tia Lady Reiea, ainda assim não era o mesmo que ter o amor de uma mãe. Para isso, Lady Beriune tornou as filhas de Lorde Meyne suas protegidas, o que só aumentou o ódio de Lady Hestea, cuja situação era semelhante a perda da guarda de suas filhas, sendo terminantemente impedida de ter contatos com elas, a não ser que fosse em público ou na presença de, no mínimo, duas pessoas. Isso ocasionou um abalo maior ainda no casamento, tendo em vista que a única coisa que sustentava essa união eram as duas filhas.

Lady Hestea não poderia desistir de suas filhas. Perdê-las poderia acabar de vez com seu casamento, assim tentou tornar-se uma mãe mais presente. Suas tentativas de demonstrar afeto vinham com exibições públicas de riqueza e ostentação, com vestidos bonitos e enfeites caros, tentava agradá-las levando-as para passeios ao ar livre ou comprando doces e brinquedos.

Todavia, aquela nuvem de ciúmes e incertezas pairavam sobre sua mente, e seus pensamentos estavam focados em alcançar uma magia que lhe proporcionasse um poder de domínio capaz de submeter todos ao seu controle, para que ficasse segura e não sofresse nenhuma traição, abandono ou substituição.

 


Notas Finais


Obrigada a todos que estão super apoiando!
Amo vcs!!! ♥


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