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História Les Marcheé - Passado alguns dias


Escrita por: Marurishi

Capítulo 18 - Passado alguns dias


 

Havia se passado alguns dias após os acontecimentos em Boandis e os assuntos pertinentes aos fatos eram pauta urgente no castelo de Bellephorte. Quando chegou, o Imperador Lorde Thwar SancShephil cruzou os corredores silenciosamente, como uma densa névoa escura.

Caminhou em silêncio com passos largos, rápidos e altivos. Seus trajes eram negros, usava muito o couro, também o veludo e o brocado, mas no momento o que se sobressaia era sua armadura, de tonalidade igualmente escura, não era pesada como as de guerra, era apenas uma proteção para o trabalho que fazia nas fronteiras. Estava em companhia de dois Lordes Lynzeths.

Sempre retornava ao castelo em silêncio e segredo, dispensando qualquer formalidade. Poucos sabiam quando ele retornava ou quando partia, todos imaginavam que a maior parte do tempo ele estava ausente, mas ele poderia ir e vir a qualquer momento, pois deslocamento entre lugares, fosse perto ou longe, não representava problema para sua magia, esse era um poder de grande utilidade e poucos em Les Marcheé o dominavam.

Quando entrou no salão, esperava encontrar sua esposa, a Imperatriz Lady Beriune Monslynzeth, mas ela ainda não estava lá. Dirigiu-se até uma grande estante, com gavetas trancadas por magia e abrindo uma delas, retirou um livro grande, o qual folheando procurou por algo, enquanto os outros lordes se assentavam em seus lugares, junto à grande mesa de cristal, no centro do salão.

Aquela era uma sala reservada para reuniões importantes, com paredes forradas por tapeçarias enigmáticas e prateleiras cheias de livros mágicos e pergaminhos encantados. Um local onde somente os poucos fiéis e confiáveis dos Imperadores tinham acesso. Naquele momento uma reunião estava sendo formada para tratar de um assunto inevitável. Estavam todos aguardando a Imperatriz.

Quando a porta foi aberta, o salão se encheu de uma luz de tons violáceos, e à medida que Lady Beriune entrava a passos rápidos, sua presença enchia a sala e iluminava. Suas vestes eram em tons de roxos, pérola e negro, um vestido longo e de muitas camadas de tule e brocado, com uma longa cauda de tule esvoaçante. Não usava jóias nem enfeites, mas a maquiagem estava completa e perfeita. Estava acompanhada pela Tríade.

Os Lordes Lynzeth levantaram-se e reverenciaram a Imperatriz, assim como a Tríade reverenciou ao Imperador. Após os cumprimentos formais, rápidos e dispensáveis, sem delongas, Lorde Thwar se pronunciou demonstrando ira e impaciência.

— Por muitos anos, ratos se esconderam em nossos salões e agora dão mostra de suas sujeiras — fixou seu olhar em Lorde Meyne. — Prometemos nunca mais tolerar atitudes vulgares como essas. Sem dúvidas, não tenho paciência, quero apenas cortar o mal pela raiz, eliminando aqueles que ousam se levantar contra o Império, trazendo danos de qualquer natureza.

— Eu nunca fui descuidada. — Lady Beriune falou calma com seu olhar fixo no Imperador. — Sempre soube que nada dura pra sempre, seja para o bem ou para o mal. Porém, ainda é um mal muito pequeno para grandes comoções, podemos lidar com isso sem atingir inocentes.

— Todos falam em "Maldição", mas não há maldição alguma em Boandis, apenas um poder agindo para provocar a ira de Bellephorte. — O Imperador cruzava seu olhar com todos a mesa.

— E não obteve sucesso, por isso digo que ainda é insignificante para nós. — Lady Beriune mantinha a voz aveludada e tranquila. — Infelizmente perdemos um nobre homem, Lorde Levi deixou seu coração ser contaminado e não foi capaz de acreditar na esperança. Mas eu acredito que Lorde Shaido irá governar com tal poder que impedirá qualquer tipo de interferência no futuro.

— Sabemos quem é o responsável. Apenas devemos eliminar e não dar margens para novas ações.

— Acredito que ainda não é o momento, pois causaria um mal maior. — A Imperatriz parecia se preocupar. — Posso lidar com isso. Como eu disse, a provocação direcionada à Boandis não surtiu efeito e tudo está bem novamente.

— Até quando a paz vai prevalecer? — retrucou o Imperador. — Estamos numa linha muito tênue com o desaparecimento de um dos seus livros.

Ao mencionar esse fato, Lorde Guy Protheroi olhou de canto para a Imperatriz, demonstrando uma desconfiança intrigante.

— Basta recuperar o livro que foi perdido, é apenas um e sei que está seguro no momento. — Lady Beriune voltou seu olhar para Lorde Guy. — Recupere o livro, é sua responsabilidade, o senhor é um Protheroi e deve a Les Marcheé.

Dizendo assim, Lady Beriune se levantou e todos igualmente levantaram-se, em respeito.

— Vou facilitar as coisas — disse concluisiva. — A "Maldição" tinha como intuito provocar o poder que nasceu lá há algum tempo, o alvo é Codhe Protheroi. O livro foi pretensiosamente parar em suas mãos, justamente para dar ênfase ao plano daqueles que pretendem despertar um poder antigo, mas Codhe não tem reagido como o esperado.

Todos reverenciaram a Imperatriz que saiu do salão rapidamente, sendo acompanhada apenas por Lorde Meyne, enquanto Lorde Guy e Lady Crissânea dedicavam-se a cumprir o que lhes foi ordenado. Lorde Guy parecia preocupado.

— Posso ajudá-lo! — Lady Crissânea estava ao seu lado observando sua expressão cautelosa. — A Imperatriz nos disse tudo o que precisávamos saber, basta agir. Iremos pela manhã, o que me diz?

— Posso fazer isso sozinho, mas não vou recusar sua companhia. — Abriu um leve sorriso amável. — Iremos procurar Codhe pela manhã. Enquanto isso, podemos sondar o palácio de Isle para saber como andam os ânimos por lá.

— A Imperatriz parece ter certeza que tudo isso não é grande coisa e que Codhe, mesmo estando com o livro, não representa nenhum tipo de ameaça.

— Não sei quais os planos da Imperatriz, ela parece estar desviando a atenção do que realmente é importante. Todavia, Codhe é um Protheroi, qualquer um que tenha esse sangue representa uma ameaça.

— Um bom julgador por si julga os outros — disse com um sorriso aberto.

Ambos saíram de Bellephorte e se dirigiram para o centro da cidade, iriam planejar a forma de resgatar o livro.

 **********************

No palácio de Isle, os ânimos de Khei estavam abalados. Não tinha esperanças de ir à Boandis despedir-se do governador já que teve todos os pedidos negados. Agora que soubera da verdade, se sentia novamente idiota, mais que antes, agora idiota por ter feito um julgamento precipitado sobre seu amigo, se sentia péssima por isso e perdeu totalmente o sono. As horas iam passando entre muitos pensamentos tristes, choros, soluços e sentimentos autodepreciativos.

O apartamento que dividia com Codhe era pequeno, com apenas dois quartos, sala e banheiro. Por mais que o palácio de Isle fosse belo e confortável, os apartamentos não lembravam em nada o seu antigo lar em Boandis, o luxuoso palácio de Linmor.

Khei saiu do seu quarto e parou em frente à porta do quarto de Codhe. Se fosse outros tempos, entraria e iria pedir ajuda e consolo ao irmão, que sempre a entendia e fazia ela se sentir melhor com um simples abraço. Mas agora que eram adultos as coisas haviam mudado, cada um precisava aprender a lidar com seus problemas internos. Além de que, não queria perturbar o irmão, pois sabia o quanto ele estava igualmente abalado e visivelmente cansado.

Caminhou até a sala, abriu a janela e sentou-se no parapeito olhando as estrelas. O céu estava limpo e bem estrelado, para distrair seus pensamentos começou a contar as estrelas e recitar seus nomes... Khei tinha feito algumas boas amizades, mas nenhuma tão íntima a ponto de abrir seu coração.

O que sentia no momento era muito profundo para compartilhar com qualquer um, então aquelas estrelas antigas e brilhantes eram no momento a melhor companhia.

Khei se sentia carente de alguém para desabafar como antigamente, quando tinha a Loren. Sentiu saudades imensas de sua amiga e não entendia por que a outra nunca respondeu as suas cartas. Achava que o sistema de correspondência não funcionava muito bem, porque não acreditava que Loren simplesmente a ignorasse, ou poderia ter se mudado e nunca ter recebido suas cartas.

Sem se importar em estar usando camisola, se enrolou em um manto grosso e calçou sapatilhas saindo para a rua. Era madrugada e estava frio, mas em seu estado atual, não se importou com o vento forte e a brisa gelada, apenas queria caminhar.

Foi andando pelas ruas desertas, largas e limpas. O único movimento era de inúmeros gatos que estavam por todos os cantos, os mesmos gatos que seu irmão mimava e gostava de alimentar na rua, já que não podia trazê-los para dentro do palácio. Com Khei, eles fugiam quando ela se aproximava.

Imperah era considerada uma das cidades mais seguras e Khei havia aprendido a dominar a magia nobre, desenvolveu alguns talentos específicos, nada tão surpreendente quanto o irmão, mas suficiente para se proteger e ela estava confiante nisso.

Nunca havia saído tão tarde da noite e achou a cidade encantadora, com tantas luzes que refletiam nas calçadas e vidraças, as estrelas iluminavam os telhados, até as árvores pareciam ter um tom mágico. Ficou apreciando tudo em seu caminho e teve curiosidade em ver como seria o castelo de Bellephorte a noite. Ficava mais afastado, mas era imenso e podia ser visto de longe, logo tomou a direção do castelo.

Passou em frente o famoso Le Triunf Café, um café muito refinado que os nobres costumavam frequentar, cujos preços eram bem acima dos outros concorrentes. Mesmo tendo plenas condições, ela preferia economizar para o futuro, raramente ia ali e, por isso, não sabia que ele funcionava em tempo integral, se surpreendeu em ver aberto e com alguns clientes.

Parou em frente a vitrine observando como tudo parecia mais bonito com as luzes noturnas: tortas, bolos, taças de café decoradas, macarrones, cupcakes. Sentiu uma nostalgia lembrando da época em que vinham de Boandis à Capital com o coral da escola e ficavam muito tempo olhando aquela vitrine, que parecia conter itens mágicos. Sorria feito uma criança, enquanto sua mente lhe trazia ótimas memórias em frente aquela vitrine tão bonita e doce.

Estava tão absorvida que não notou um dos clientes, sentado próximo a vitrine, a observando com um interesse nada discreto.

 

 


Notas Finais


Obrigada a todos os envolvidos, leitores, palpiteiros, fantasma, comentaristas, etc!


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