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História Les Marcheé - Desde que


Escrita por: Marurishi

Capítulo 21 - Desde que


 

Desde que a Tríade Imperial fora fundada e dada a liderança a Lorde Meyne, Lady Hestea fazia questão de exibir seu status de esposa e era respeitada por isso. Mesmo após a mudança da lei onde não mais haveria benefícios de títulos por casal, e sim individuais, ela permanecia em sua arrogância fingindo ter o que não tinha.

Ela era boa em falsidade e raras as pessoas fora do seu convívio conheciam seu verdadeiro caráter. Somente as veilanas e sua família sabiam o quanto ela era terrível. No entanto, tinha apoio dos pais, que aproveitavam muito os favores da corte através da filha e do genro. Quanto as veilanas, apenas tinham que se calar e suportá-la.

Seu status na corte lhe permitiu estudar magia e desenvolver poderes em níveis maiores, não era a melhor e nem a maior, mas tinha alguns talentos específicos. Em segredo, estudou magia negra, proibida e perigosa.

Era inteligente e astuta, pesquisava no passado possíveis falhas daqueles que eram os mais poderosos para encontrar uma forma de alcançar seus objetivos. Sabia muito sobre os segredos do passado, dos ancestrais Protheroi e do mal que um dia se levantou contra Les Marcheé.

Seu objetivo era se tornar Imperatriz, tão poderosa que todos se curvariam diante de si e teria tudo o que desejasse. Por anos planejou meticulosamente a forma de agir para ter sucesso, sabia que só poderia derrubar os Imperadores usando de um poder maior, algo que eles não pudessem combater ou controlar. Sua ideia era voltada unicamente para os dias antigos e a Batalha das Sombras.

Lady Hestea desejava despertar aquela ira maléfica e usá-la a seu favor, exatamente como o Imperador Protheroi fez no passado. Sem se importar com consequências ou o quão terrível e medonho era seu plano, julgava-se mais inteligente e capaz do que aqueles nobres de antigamente, afinal os tempos eram outros e o conhecimento atual era incomparavelmente maior.

Como não tinha nenhuma ocupação louvável, muito de seu tempo era dedicado a saber da vida alheia e ficar sempre atenta em tudo o que ocorria na corte. Seus ouvidos sempre abertos escutavam em todos os lugares e seu status permitia transitar livremente por vários ambientes. Era de um valor incalculável ser esposa de Lorde Meyne, líder da Tríade, a quem tudo vinha a saber e por consequência era mais fácil obter informações precisas.

Foi assim que, há um ano, soube dos avisos de Pannastovik sobre um novo poder despertado em Boandis, no litoral. Imediatamente lembrou-se da Era das Sombras. O poder que surgiu pelo mar nos dias antigos e trouxe a destruição e terror havia tido sua entrada justamente por aquela região.

De todos os nobres poderosos, Lady Hestea tinha uma pequena lista daqueles que eram aliados ou ameaças aos seus planos. Mas atualmente, nenhum deles lhe preocupava, pois ninguém demonstrava lembrar ou se importar com os dias do passado.

Se havia aqueles que poderiam lhe causar preocupações, eram os da família Protheroi, mas o único que representava alguma fagulha de medo e expectativa era Lorde Guy Protheroi, Mago da Noite. No entanto, ele parecia tão alheio ao passado e tão apático sobre as histórias dos dias antigos que Lady Hestea não acreditava que ele fosse capaz de desejar despertar aquele mal, e com certeza, se o fizesse, não seria em prol dos mesmos objetivos que ela.

Tratou logo de reformular seus planos. Tinha pleno conhecimento de que não seria capaz de despertar aquele poder por si, precisaria usar alguém para isso. Sua magia era insuficientemente, e também não poderia colocar em risco seu disfarce de bondosa lady e perfeita esposa.

Então, soube do novo poder despertado em Boandis, esse alguém que poderia ser necessário aos seus planos. Sua prioridade era encontrar essa pessoa e corrompê-la para ser um aliado, ou destruí-la caso fosse uma ameaça. Teria que ser o mais rápido possível, antes que se tornasse poderoso demais para ela lidar sozinha.

O tempo todo pessoas descobriam-se detentoras de magia, mas Lady Hestea procurava por alguém em específico, procurava pela pessoa que Pannastovik havia alertado. Havia apenas uma maneira de fazer essa pessoa se manifestar, seria colocando Boandis em risco.

Executaria seu plano em breve. No entanto, para aquela manhã seus planos eram outros. Arrumou-se impecavelmente para desfilar pelo centro da cidade. Pretendia ir numa loja de brinquedos comprar bonecas de porcelana para suas filhas.

Não era nenhuma data especial, porém achou que seria bom agradar as meninas dessa forma para se mostrar bondosa e carismática. Sabia que não era boa mãe, mas não queria que suas filhas a odiassem.

Enquanto escolhia dentre tantas opções de bonecas bonitas, sua mente foi invadida por memórias da sua infância:

“— Mamãe, hoje é meu aniversário? — A pequena Hestea perguntava duvidosa.

— É claro que sim! Por qual outro motivo eu teria comprado um vestido tão caro com uma presilha de diamantes, se não fosse seu aniversário?  — Lady Velece, mãe de Hestea, parecia impaciente com as perguntas da filha.

— Por que eu ganho presente só no meu aniversário? Carmela ganhou um par de sapatos e não era o aniversário dela.

— Seu aniversário é a única data que podemos exibir você para os Imperadores, quando pedimos a graça deles. Por que eu te daria algo bonito e caro se não pudesse te exibir? Que graça tem Carmela ganhar sapatos novos se os Imperadores não vão vê-la os usando!  — Lady Velece arrumava o cabelo de Hestea, puxando com rigor, doía bastante, mas Hestea tentava não deixar escapar nenhum gemido para não aborrecer a mãe.

Naquele dia houve uma grande festa, muitos vieram felicitá-la e trouxeram-lhe presentes, entre os quais estavam bonecas de porcelana.

Como o esperado, seus pais foram até os Imperadores pedir uma graça de aniversário. Na verdade, não se importavam com a graça, queriam sim, exibir a pequena filha como seu troféu, em toda sua riqueza e pompa para auto afirmar seu status na corte. Mas Hestea não ligava para essas coisas, ela queria brincar com suas novas bonecas.

Ao final da noite, enquanto a mãe dava as ordens as veilanas que cuidavam de Hestea, a pequena fez um pedido inesperado.

— Mamãe, hoje é meu aniversário ainda, será que posso pedir um presente especial?

— Você já ganhou muito hoje e me custou caro.

— Mas o que eu quero da mamãe é mais importante e não é caro. Eu quero um beijo e um abraço de boa noite de aniversário.

— Não seja ridícula! Abraços e beijos nunca valerão mais que presilhas de diamantes e ametistas! A menos que sejam beijos e abraços para conquistar riquezas, esses sim, são valiosos. Um dia você aprenderá a dá-los com essa finalidade. Agora eu estou cansada e não quero mais conversar com você. — E com essas palavras saiu do quarto.

Hestea chorou, e as veilanas apenas a repreenderam porque "uma menina rica não precisa chorar, quem chora são as meninas pobres e fracassadas".

 

Lady Hestea escolheu duas bonecas, ambas de cabelos pretos e bochechas vermelhas. Pediu para embalar com muitos laços e pensou que quando entregasse as bonecas, abraçaria suas filhas, como sua mãe jamais a abraçou nem mesmo no dia que era seu aniversário.

Mas sua mãe havia lhe dado muitas coisas importantes e ótimos ensinamentos sobre abraços, beijos e presentes, como se deve usá-los em troca de algum benefício, e no momento, Lady Hestea precisava que suas filhas ficassem do seu lado caso viessem a saber o que ela pretendia fazer, além do que já havia feito.

 

 


Notas Finais


Gratidão a todos que tem acompanhado com carinho!


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