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História Les Marcheé - O bibliotecário


Escrita por: Marurishi

Capítulo 22 - O bibliotecário


Havin Perko era o bibliotecário, com mais de 68 anos, sendo 50 deles dedicados à restauração e trabalho na biblioteca.

Era um nobre, homem sério, de grande respeito e responsabilidade. Fazia seu trabalho com dedicação e inteligência, tinha muitos títulos de nobreza mas preferia não chamar-se de lorde e escolheu ter uma vida simples.

Assim que teve a oportunidade foi em busca dos arquivos, as informações solicitadas por Codhe eram básicas, pois apenas precisava do nome da veilana para mandar uma nota requisitando sua presença na biblioteca. Eram muitos os arquivos, mas Lady Shalot, diretora da biblioteca, sempre exigiu muita ordem e isso o Sr. Havin e a Belle faziam com grande esmero. Isso tornava fácil encontrar o que se desejava.

Elissa Irebe, a veilana que trouxe o livro das borboletas alguns anos atrás, tinha um cadastro com a lista de livros que retirava da biblioteca para leitura, todos sempre devolvidos dentro do prazo e sem nenhum dano. Títulos de romance, botânica, zoologia, história e geografia... Absolutamente nada fora do comum, apenas uma veilana que trabalhava em Bellephorte como tantas outras. Pelos registros, já fazia algum tempo que, aparentemente, não retirava nada para ler da biblioteca.

Imediatamente o Sr. Havin chamou o mensageiro e solicitou a presença da veilana Elissa na biblioteca. O mensageiro foi rápido e, algumas horas depois, retornou com a resposta.

— Sr. Havin, deve haver algum engano, não há nenhuma veilana chamada Elissa Irebe em Bellephorte. Esse nome é desconhecido por todos.

Em tantos anos de sua vida, muitas coisas aconteceram, algumas bem preocupantes, mas era a primeira vez que o Sr. Havin se deparava com um caso de nome falso. Claro que a veilana existia, ele até se lembrava de seus olhos castanhos, mas por que motivo teria dado um nome que não era o seu? Agora as informações que pareciam simples, tornaram-se complexas, pois encontrar a tal veilana seria mais difícil sem saber seu verdadeiro nome.

 

 *****************

Em Bellephorte, Lady Beriune entrou na sua biblioteca particular. Nos momentos em que ela estava ali, ninguém ousava incomodá-la, assim ela tinha total privacidade e liberdade para estudar ou ler o que desejasse.

Sentou-se em uma larga poltrona se acomodando entre almofadas de forma relaxada para iniciar sua leitura. Quando abriu seu livro, ouviu um barulho suspeito a sua direita e rapidamente virou-se, encontrando Lorde Thwar apoiado na parede.

— Meu Lorde, o senhor me assustou!! — Sorriu.

— Está mesmo muito desatenta, não costumava ser assim — falou baixo, lento e intimidador. — Como foi possível um dos seus livros, com aquele tipo de magia, ter saído daqui sem que fosse notado?

— Ora, não há motivos para preocupações com aquele livro — respondeu no mesmo tom.

— Por que sinto como se estivesse escondendo-me algo?

A Imperatriz soltou um riso baixo e encolheu os ombros desviando o olhar para o lado.

— Pensei ter um plano perfeito — voltou seu olhar ao Imperador —, mas claro que meu amado saberia, afinal, é meu esposo, Imperador de Les Marcheé, e me conhece tanto... — Terminou a frase quase em um suspiro, recordando memórias distantes, nem sempre tão boas.

Soltou o livro sobre a mesa com força e o barulho retumbou pelas prateleiras. Levantou-se com expressão séria e aproximou-se de onde Lorde Thwar estava em pé.

— Não se preocupe, meu lorde, tenho tudo sob meu controle — falou impaciente.

— Por que deixou sair? — revidou direto e questionador.

— Para proteger! — respondeu sem rodeios. — Sabe o que Pannastovik tem nos avisado e nós temos sentido o tempo todo. Estão tentando quebrar as fronteiras, estão tentando despertar aquele mal antigo. Ela — enfatizou o pronome feminino com ira —, está querendo retornar!

Fez uma pausa para controlar sua raiva. Suspirou algumas vezes e continuou com mais cautela:

— O coração dos homens são sempre tão oscilantes, ora pendem para o mal ora para o bem; agem por impulso sendo levados a loucura por simples ideias e hipóteses — levantou seu olhar para encarar aqueles olhos violetas que tanto amava. — Codhe está tendo um momento difícil em seu coração e o destino está agindo de forma tortuosa. Eu quero protegê-lo! E o senhor bem sabe o motivo do grande peso e preocupação.

— E como dar a ele um poder destrutivo seria uma proteção? Agora temos um mal entendido, pois soa como se o livro fosse parar nas mãos dele por força inimiga.

— Isso é uma meia verdade, o livro foi dado a ele por mim, mas por culpa do inimigo. — Deu alguns passos para trás. — Se não houvesse más intenções e pensamentos loucos sobre despertar trevas e fúrias, eu não teria sido forçada a dar um presente desse tipo.

— O que exatamente contém naquele livro? — Perguntava, mas tinha certeza da resposta, queria apenas uma confirmação. — Que tipo de poder foi inserido ali?

— E se agora Codhe fosse capaz de dominar um selo Tione?

— E se ele próprio usar do seu presente para auxiliar na entrada das sombras?  — Cruzou os braços pretensiosamente, desafiando as ideias da Imperatriz.

— Então nós o destruiremos — afastou-se erguendo a voz ameaçadoramente. — Não importa quem seja, se ousar se levantar contra Les Marcheé e ameaçar o nosso império, nós iremos destruir.

— Por que não faz nada a respeito de Lady Hestea? Sabe dobre os pensamentos dela, buscando formas de trazer dias negros para todos.

— Meu amado, ela é apenas uma tola sendo um instrumento nas mãos das trevas. — Virou-se de costas para o Imperador e olhando para o horizonte através da janela de vitrais, falou astutamente. — Deixe aqueles seres tétricos a usarem, assim estarão ocupados pensando que estamos sendo enganados.

— Os Kailes são as verdadeiras entidades malignas e não são tolos. Logo perceberão que já estamos ciente do seu despertar — falou baixo e pesadamente. — Lady Hestea é tola, dá mostra explícita de suas ações e por essas atitudes, expõe e condena seus mestres. Eles não vão tolerar ela por muito tempo.

— No entanto, meu amado bem sabe que eles não podem agir por si, precisam dela. Precisam de toda a inveja e ganância que ela possui no coração — olhou para o horizonte além do vitral da janela. — Ela é um instrumento perfeito para todos eles.

— Por que não os silenciamos novamente? Deixemos esse mal adormecido como tem estado por séculos — descruzou os braços esperando aceitação de sua proposta.

— Porque eu não quero! — A resposta exaltada da Imperatriz o deixou surpreso. — Todos os Imperadores que nos antecederam conviveram com o medo e ameaça do retorno dessa desgraçada e sua prole. O Mar Infinito não é tão distante assim, mesmo que fosse, é insuficiente para deter eternamente aquele ser abominável. Eu quero eliminar Yaksha para sempre, para que aqueles que vierem depois de nós possam, verdadeiramente, ter paz!

— Ainda considero um erro manter Lady Hestea livre e impune, e mais errado ainda manter o esposo dela na liderança da Tríade. — Lorde Thwar também demonstrava exaltação na voz.

— Lorde Meyne nada tem a ver com a má conduta da esposa — aproximou-se rapidamente de Lorde Thwar completando com indignação. — Por que a cada oportunidade que tem, o acusa de algo sem base? Ele nunca cometeu nenhum erro e tem nos sido inteiramente fiel.

— Nenhum erro? — falou com indignação e reprovação. — Inteiramente fiel a quê? Aos sentimentos dele, certamente. Pois se você esqueceu, eu bem lembro quem ele é, ou melhor, o que ele foi! 

Lady Beriune abriu a boca para retrucar algo, mas apenas o fitou indignada. Já tiveram discussões semelhantes antes e ela sabia o que estava acontecendo, novamente Lorde Thwar demonstrava ciúmes e continuou com as acusações.

— Não se engane, minha amada! Quando ele conhecer toda a verdade, talvez não lhe seja mais tão fiel. Nós o conhecemos perfeitamente — e concluiu fatídico. — Ele não é um lago congelado, é uma avalanche.

Lady Beriune sorriu docemente como se tentasse assim acalmar seu esposo e se aproximou tocando-lhe a face.

— Ciúmes infundados.

— Então pare de dar mais mérito do que ele realmente merece.

— Não há mérito desmerecido, ele é meu braço direito. Tem me auxiliado desde que nos conhecemos e isso é algo que não posso esquecer jamais — explicou com naturalidade. — Além do mais, a Tríade é minha guarda pessoal e não é correto que eu esteja desprotegida, preciso de alguém poderoso o suficiente para me defender.

Lorde Thwar riu abertamente como se tivesse ouvido uma piada muito engraçada.

— Defendê-la? — Riu mais alto. — Nem mesmo nos sonhos alguém poderia sequer causar-lhe um arranhão, Lorde Meyne, no estado em que se encontra não tem essa serventia, mesmo porque a minha amada não necessita de proteção. Pare de dar a ele méritos que não são dignos! — Saiu da biblioteca em passos rápidos e pesados, sem olhar para trás.

Lady Beriune fez uma careta, revirou os olhos, pegou seu livro e sentou-se novamente na sua poltrona favorita. Mas não leu nada, ficou meditando sobre quais eram os méritos que ela dava a Lorde Meyne que ele não merecia.

— Mas que bobagem... Por isso precisamos manter os homens ocupados! — Estreitou os olhos e fez uma careta, voltando seus pensamentos para seu livro.

 


Notas Finais


Grata a todos os envolvidos!
Comentem, por favor! Juro que respondo!


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