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História Les Marcheé - Nos arredores do palácio


Escrita por: Marurishi

Capítulo 29 - Nos arredores do palácio


 

 Nos arredores do palácio de Isle, uma grande multidão bestificada entrava em pânico e desespero, sem saber o que ocorria. Devido ao grande incêndio, muitos fugiram para longe e poucos puderam ver Tez, o grande dragão prateado, que desceu sobre o palácio de Isle.

No momento seguinte, o calor fugiu e tudo ficou frio e estático conforme ordenado pelo poder do Tione Cintilante.

Codhe desmaiou e se perdeu naquela nuvem fria que lhe parecia tão escura, era como se fosse inverno novamente e o calor insuportável tornou-se tão frio como se fosse capaz de gelar até o espírito. A última visão que Codhe teve antes de desmaiar, foi daquele ser de forma ainda disforme, que o envolveu em labaredas escarlates como um abraço, protegendo-o da imensidão fria e congelante que se fazia ali.

Há muito tempo Lorde Meyne não usava seus poderes plenamente. Menos ainda, para invocar seu selo Tione Cintilante, cuja presença congelava tudo em sua volta. E, talvez, por sorte ou por desejo do destino, aquele poder fulminante proveniente do selo recém quebrado havia se submetido às ordens de Lorde Meyne, demonstrando que não estava ali para fazer afronta, mas sim com um propósito maior e desconhecido.

Lorde Meyne deveria garantir a segurança do palácio e seus moradores, bem como preservar a vida de Codhe. Ao contrário do que muitos haviam pensado, aquele selo recém aberto não demonstrava ser maligno, apenas necessitava ser dominado e acalmado. Lorde Meyne desceu até o quarto de Codhe e o encontrou inconsciente no chão. Codhe precisaria de um tempo para assimilar todo o poder que acabara de receber e, provavelmente, ficaria desacordado por vários dias.

Enquanto esperava por uma ordem de Lady Beriune sobre o que fazer, colocou Codhe na cama e permaneceu no quarto ouvindo a movimentação fora do palácio.

Muitas pessoas, moradores dali e também curiosos, dirigiram-se para Isle fazendo um grande tumulto. Quando entraram no palácio foram cegados por uma densa nuvem negra, tal qual uma noite escura, era Lorde Guy e o selo Tione Umbral, Nox,  evitando piorar a situação. Todos caíram em um sono mágico que os faria esquecer dos últimos fatos. Lembrariam apenas de que um novo selo foi quebrado ali e que a Tríade estava presente no momento, nada além disso.

No entanto, Lorde Guy deixou passar uma única pessoa, que corria num estado oscilante entre o medo e a coragem. Khei Protheroi havia acabado de sair da chocolataria quando começaram os rumores de incêndio em Isle, o que a fez correr apressadamente porque sabia que seu irmão estava lá. Não cogitou a ideia de que Codhe seria o causador, mas sentia que o irmão estava em perigo.

Era aquela ligação mágica que os gêmeos tinham, ela podia sentir seu medo e sua fúria, sua dor e seu desespero, sentia na pele o fogo lhe queimando e no coração aquele aviso de que algo estava acontecendo.

Quando Khei chegou nas portas do palácio, prestou atenção nas muitas pessoas que estavam deitadas no chão, pensou imediatamente que estavam mortas ou desmaiadas pelo incêndio. Eram muitas e khei sentiu seu coração dividido entre prestar ajuda ali ou subir até o seu quarto para ver se seu irmão estava bem. Mas antes que ela pudesse tomar uma decisão, viu e reconheceu Lorde Guy que imediatamente a tranquilizou:

— Estão dormindo, eu já cuidei deles. Pode ir ver o seu irmão.

Khei fez uma reverência e sussurrou um "obrigada" apressadamente. Olhou o elevador mas achou que chegaria mais rápido se corresse pelas escadas. Foi assim que, quando subiu correndo os primeiros degraus, resvalou e caiu deslizando alguns degraus abaixo, só então percebeu a estranheza que estava a escada, com uma fina camada de gelo. Se deu conta que o palácio inteiro estava naquele estado, semi-congelado e frio.

Subiu se segurando no corrimão com cuidado para não resvalar. No corredor tentou correr, mas viu que ainda estava tudo muito liso. Consequentemente, chegou ao quarto deslizando como uma manteiga na frigideira quente. Desajeitada, teve vontade de rir de si e agradeceu a Lorde Guy por ter feito todos dali dormirem, assim não tinha plateia para rir de sua situação cômica.

Agora que sentia a calmaria nos ares até se divertia com suas peripécias deslizantes, um pequeno momento de uma experiência inexplicável.

Quando entrou no apartamento, sentiu uma presença absurdamente incrível e soube que era essa pessoa o responsável por aquela nuvem gélida que envolvia o palácio. Entrou no quarto, escorregando.

No mesmo instante, Lorde Meyne percebeu a entrada da moça e olhou curioso em direção a porta para saber quem estava ali, tinha certeza que Lorde Guy não deixaria ninguém passar e foi surpreendido pela moça que entrava deslizando como se patinasse no gelo, viu Khei perder o equilíbrio e ir ao chão de forma desajeitada, lentamente escorregando em sua direção.

Claro que Lorde Meyne, cuja personalidade era mais espontânea do que ponderada, riu daquela cena. Vendo a moça estupefata sentada aos seus pés o encarando como se tivesse diante de uma miragem, teve vontade de rir ainda mais, e entre risos, ofereceu sua mão para ajudar a moça a se levantar. Lorde Meyne reconheceu que aquela era Khei, a irmã gêmea de Codhe e por isso sabia que podia confiar nela.

— Me perdoe por este transtorno, deveria ter retirado o encanto gélido, mas me perdi no tempo. — Lorde Meyne se desculpava enquanto ajudava Khei a ficar em pé.

Assim que ela se levantou, ele desfez o encanto fazendo com que toda aquela atmosfera gélida sumisse. Khei o encarava abismada, encantada, seduzida, absorvida, quase entregando sua alma para aquele ser tão espetacular que estava diante de si.

Notou que ainda segurava a mão dele e, mesmo assim, não soltou, pelo contrário, apertou mais ainda e começou a sorrir bestificada. Estava sem palavras e havia esquecido completamente do irmão e do motivo pelo qual viera até ali.

— Fique com seu irmão e cuide dele — falou ignorando a reação franca de Khei, afinal ele estava acostumado a isso.

Ele tentou soltar-se de Khei, mas ela o segurava firme.

— Suponho que queira saber o que aconteceu e em breve lhe será explicado.

— Ah, sim, claro! Meu irmão... — Deu-se conta da realidade, fechou o sorriso bobo e quis fazer perguntas. — Me diga, Lorde de Bellephorte, o que aconteceu? Quem é o Senhor? Devo lhe agradecer por salvar meu irmão?

— Eu não salvei seu irmão, então não me agradeça por isso — tentou novamente soltar sua mão e dessa vez Khei soltou-o um pouco constrangida. — Não sei o que aconteceu, fui enviado apenas para dissipar o calor e proteger as pessoas em Isle.

Dirigiu-se a porta para ir embora e sem olhar para trás completou:

— Seu irmão lhe dirá o que aconteceu aqui, confie e cuide dele até seu despertar.

— Ooh, por favor, espere! Me diga seu nome e se um dia o verei novamente!

Khei não podia negar que seu coração sentiu um calor, apesar do palácio inteiro estar frio, estava sendo audaciosa, mas poderia não ter outra oportunidade como aquela, lembrou-se da Dama Albina que vira dias antes na loja de presentes e impulsivamente deixou escapar seu pensamento:

— Vi alguns dias atrás a Dama Albina de Bellephorte, ela é sua irmã? É inegável a semelhança!

Lorde Meyne já estava quase na porta da saída quando parou surpreso. Não era surpresa por saber que as pessoas viam sua esposa pela cidade, porque ela gostava de se exibir, mas de repente, percebeu a perigosa relação que poderia haver em todos aqueles fatos. Era de seu conhecimento que Lady Hestea "perseguia" Boandis lançando maldições e maldizendo a cidade. Agora que o selo Tione havia sido quebrado por Codhe, um cidadão de Boandis, alguns pontos se conectaram em sua mente; alguma coisa lhe dizia que era algo muito perigoso.

— A única semelhança entre eu e ela é a característica albina, somente isso e absolutamente nada mais — falou seriamente e saiu do apartamento.

Khei não ousou se mover, sentiu certa ira naquelas palavras e ficou com medo de ter dito uma grande besteira. Logo, lembrou-se de Codhe e ajoelhou-se ao lado da cama onde o irmão parecia estar num sono profundo. Ele parecia estar bem, tinha, inclusive, um leve sorriso nos lábios.

 

 

 ********************* 

Quando Lady Beriune deu o sinal para que a Tríade interferisse, Lorde Thwar não perdeu tempo e moveu-se juntamente com os Lordes Lynzeths. De certa forma, não confiava plenamente na liderança da Tríade e preferia estar presente para um possível auxílio.

Na grande torre de Panapanézia, anexa ao Castelo de Bellephorte, que dava ampla e mágica visão para todo o império, Lorde Thwar se fez presente ao lado de sua esposa, que observava apreensiva o desfecho do drama no palácio de Isle.

Ambos presenciaram a eficiência da Tríade quando toda aquela magia de fogo e chamas que ocasionava grande calor, tão quente que parecia derreter até o aço, foi parada e dispersada pela grande noite fria e congelante que desceu sob o palácio.

— Não se trata apenas de um poderoso selo Tione dado a Codhe, trata-se do retorno da própria Musa! — falou o imperador com tom rígido e descontente. — Era esse seu plano secreto desde o início?

— Sim e não. Meu plano era dar a Codhe o selo Tione Flamejante, pois sendo um Protheroi, eu tinha a certeza absoluta que ele o dominaria facilmente. Porém, o poder que surgiu ao quebrar o selo não foi invocado por mim — falou óbvia. — Foi a própria Musa que se utilizou do selo para se materializar. Somos todos feitos da mesma matéria, mesmo que sejamos imperadores, somos todos iguais e estamos todos nas mãos das Musas, que nos usam como bem entendem.

— Minha amada pretendia usar Codhe para dominar um selo Tione e ser mais um aliado nos planos contra o mal, mas foi a Musa que usou-a para trazer o selo no qual ela pudesse entrar fisicamente em Les Marche.

O Imperador fez uma pausa e pareceu refletir em voz alta.

— Até mesmo as Musas precisam de uma desculpa para vir ao mundo quando não desejam mais serem apenas magia nas estrelas.

— A Musa em questão não se materializou por completo, nós saberíamos se isso ocorresse. Me espanta ela não ter se mostrado explicitamente.

— Acredito que logo ela se manifestará, mas já sabemos qual delas é pelo tanto que as conhecemos.

— Musa da justiça, como o fogo, quente e espalhafatosa...

E ambos se entreolharam e disseram em uníssono.

— Ventura!

 


Notas Finais


Obrigada por estarem aqui, lendo e comentando!

Até breve! ;D


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