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História Les Marcheé - No entardecer


Escrita por: Marurishi

Capítulo 8 - No entardecer


 

No entardecer do dia em que os gêmeos partiram para Imperah, Loren abriu os olhos. Com um suspiro longo e aliviado, fitou o teto do seu quarto como se fosse a primeira vez que o visse. Sorriu um riso diferente, desprovido de cansaço, dúvidas ou medo.

Levantou-se e foi até o atelier, onde encontrou sua família trabalhando igual a todos os dias, porém, algo havia mudado. Loren se sentia diferente e quando viu o sorriso feliz no rosto de seus familiares, que correram para abraçá-la, sabia que eles a amavam e estavam, de fato, felizes com seu despertar.

Sua sobrinha, Malessa, filha de sua irmã mais velha, era pouco mais nova que si, estava a par de toda a situação que acontecera entre ela e Codhe. Não era o tipo que se intrometeria, pois mesmo sendo pouca a diferença de idade, ainda havia uma diferença ali e o respeito era primordial, mas quando abraçou a tia, sentiu uma vontade enorme de  contar sobre Codhe, sobre a partida para Imperah e o quanto ele havia se empenhado em acordá-la, inclusive, com calorosos beijos.

Não foi necessário, assim que abraçou a sobrinha, Loren soube de tudo o que aconteceu. Sabia de tudo como se nunca tivesse dormido, até podia ouvir as palavras que foram ditas e sentir os beijos de Codhe. Fechou os olhos, aproveitando aquela sensação; sorriu contente.

Loren nunca gostou de trabalhar no atelier, sempre que podia escapava do serviço para fazer suas experiências, mas naquele dia foi diferente. Dirigiu-se às meadas de lã e começou a separá-las por cores, enrolando em novelos para agilizar o trabalho dos tecelões. A partir daquele dia, ninguém mais precisou ensinar, explicar, contar qualquer coisa que fosse à Loren, ela simplesmente olhava nos olhos e dizia "eu já sei".

Não saíra mais para fazer experiências, não precisava mais disso. Pegou todos os seus livros com seus rascunhos e anotações desde sua infância, e reconheceu tudo o que havia feito de errado até o momento. Passou a reescrevê-los, agora da maneira correta, fazia em silêncio, sempre com um sorriso enigmático. Para aqueles que liam sua escrita, não passava de palavras soltas, ou receitas de bolos, chás e xaropes, mas ela sabia que eram encantamentos e poções. Havia acordado para o mundo e para a magia de uma forma diferente.

Não houve labaredas de fogo envolvendo-a, nem raios de luz descendo do céu. Loren apenas olhava nos olhos das pessoas e via os seus corações, sabia das suas histórias, o que estava errado com elas, algo que elas queriam lhe contar ou o tipo de ajuda que buscavam e tinha conhecimento de como proceder. Havia um encantamento, uma poção, uma mágica para todo caso, cada um diferente do outro e ela conseguia saber qual era o correto. Tudo graças às suas experiências que deram todas erradas, mas depois do despertar, conseguia saber como consertar cada uma delas e fazer serem certas.

Logo, Loren soube como encontrar as muitas pessoas que sofriam, fosse com uma enfermidade, problemas de discórdia na família, coração partido, maldição pendente; Loren via uma aura de cor opaca sobre os ombros dessas pessoas e quando as olhava nos olhos, via refletir na pupila o mal que as afligia e se oferecia gratuitamente para ajudá-las.

Foi assim que Loren Macrin, em poucos meses, ficou conhecida e famosa, e por sua mágica ser completamente diferente do que o povo estava acostumado, foi chamada de bruxa. Não foi tanta surpresa ou ofensa para a família Macrin, que sabia das raízes antigas, mas deixou o Sr. Macrin chateado e preocupado, afinal, bruxas nunca foram bem vistas no império.

No entanto, Loren se empenhou em demonstrar seu valor unicamente em auxílio dos necessitados, empregando sua magia para ajudar e confortar de forma gratuita e benevolente. O próprio governador, Lorde Levi, vendo seu potencial e poder, a intitulou lady e deu-lhe uma cadeira em seu ministério. Eram tantas as pessoas que tinham problemas e necessitavam de ajuda que sua fama se estendia. Decidiu que mudaria seu nome, pois a velha Loren havia adormecido para sempre e agora era uma nova pessoa, passou a se chamar Lady Mclin.

Com o passar dos meses, essas notícias chegaram até Imperah, e no Coirlem, foi mencionado o nome Mclin, a lady que via o mal no coração alheio e com sua sabedoria e magia, o curava. Lorde Shaido ficou interessado, enviou-lhe em nome do Coirlem uma carta convidando-a para visitar Imperah, mas ela não desejava ir, estava muito ocupada com seu labor e satisfeita com o que tinha, não queria muito além do que já possuía.

Ainda pensava em Shaido, e talvez, ali fosse a oportunidade de se aproximar do seu coração; isso a fez ponderar a ideia de ir até a capital. Também lembrou-se de Codhe, agora que sabia o quanto ele a amava, se sentia constrangida em encontrá-lo novamente. Preferiu deixar o convite sem resposta até pensar em uma solução.

O mais estranho do seu poder era que conseguia ver, saber e curar todo e qualquer problema das outras pessoas, mas quando se referia a si mesma, seus poderes não faziam nenhum efeito.

Depois de algum tempo, Lady Mclin não precisava ir até os necessitados, as pessoas que iam até ela. A Vila Menor onde morava, afastada do centro, tinha em sua maioria casas feitas de pedra, perto umas das outras. Eram rústicas e espaçosas, a casa dos Macrins, por ser também um atelier, era a maior de todas e ainda mais afastada. Ela atendia a todos e não cobrava nada pela sua ajuda, ainda assim, lhe pagavam com o que tinham: dinheiro, jóias, perfumes, tecidos de luxo, o que tivessem de melhor ou mais bonito ofereciam em agradecimento por soluções de sofrimentos. Por isso, as posses de Lady Mclin estavam aumentando e acumulando riquezas.

Aplicou seus ganhos para ampliação da casa e do atelier, proporcionou melhor conforto para sua família sem deixar de investir em causas de amparo aos mais pobres, pretendia comprar terras para aumentar o rebanho de ovelhas e investir na plantação de algodão e linho.

Sempre pensando no futuro de todos, nunca somente em si.

 

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Em Imperah, Lorde Shaido se sentiu ofendido por ter sido ignorado por Lady Mclin, afinal, lhe convidara para visitar a capital e jamais obteve uma resposta. Soava-lhe como uma desfeita.

Mais alguns meses se passaram e decidiu tirar alguns dias para ir até Boandis conhecer pessoalmente a dama em questão. Conhecera muitas pessoas interessantes em Imperah, muitas lhe chamavam a atenção por diferentes características, nunca nenhuma lhe ousou contrariar ou recusar qualquer que fosse sua proposta, por isso, ficou obcecado em saber mais sobre Lady Mclin. O que ela tinha de tão diferente que o ignorou?

Lorde Shaido havia se tornado arrogante e orgulhoso, já não aceitava que lhe tratassem de outra forma, se não com louvor. Era certo que sua posição lhe dava dignidade para isso, todos concordavam que ele era merecedor, mas em seu íntimo, se satisfazia mais com elogios do que quando elogiava. E de fato, poucas vezes encontrava alguém que lhe fosse melhor, maior em poder ou mais atraente. Até o dia em que precisou ir à Biblioteca Imperial no período da noite, diferente do costume que era ir durante o dia.

 


Notas Finais


Espero de coração que gostem! E se não gostarem, tudo bem também ;D
Obrigada por acompanhar!! Amo vcs!! <3


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