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História Let It Bleed - I'm sorry, Lex.


Escrita por: autoratria

Notas do Autor


Hey ey ey amorinhas! Cá está mais um capitulo para vocês, e uns avisinhos nas notas finais, então sugiro que leiam haha
Boa leitura o/

Capítulo 2 - I'm sorry, Lex.


Pinewood National Park, 03:30 AM.

Alexandra Price.

 

Senti meu corpo inteiro amolecer e precisei me apoiar numa árvore para recobrar o equilíbrio. Não poderia desmaiar, não naquele momento, mesmo que o cara que eu estava beijando semana passada estivesse estirado com os miolos quase para fora na minha frente. Respirei o mais fundo que pude, por mais que sentisse que meu corpo inteiro estava preenchido com algo que me impedia de simplesmente respirar.

Olhei para Shawn, mas ele parecia perturbado enquanto olhava para o corpo de Trevor. Eu não entendia, eles eram amigos desde que Shawn havia se mudado para Pinewood, o que diabos estava acontecendo?

Sem pensar direito, corri e me atirei ao lado de Trevor, verificando sua pulsação no pescoço como minha mãe fazia em seus pacientes. Era óbvio que já não havia mais nenhuma, e um arrepio correu minha espinha ao tocar sua pele gélida e constatar isso. Senti meus olhos marejarem e desabei sobre os meus joelhos, sem conseguir encarar Shawn.

— O que houve? — perguntei, limpando o nariz enquanto ouvia minha voz falhar.

— Ele surtou, eu… Eu tentei fazê-lo se acalmar mas ele enfiou na cabeça que nós tínhamos algo. — sua enrolação na hora de falar só piorava tudo.  — Eu tentei, Lex, eu tentei… Me desculpa.

Não era novidade que Trevor sempre tivera ciúmes da minha amizade com Shawn. Éramos tão próximos, e apesar de sermos um trio na maioria das vezes, o lado obsessivo do meu namorado adorava falar mais alto. Nem mesmo Savannah Cook — a cobra em forma de garota que também era filha do prefeito e adorava dar em cima de Shawn — conseguia aliviar a situação.

Me virei a tempo de vê-lo passar as mãos ensaguentadas pelos cabelos. Haviam milhões de pensamentos passando ao mesmo tempo pela minha mente, e eu podia sentir meu coração cada vez mais rápido. Ouvi-lo repetir as desculpas compulsivamente me fazia sentir cada vez pior, mas ao olhar para Trevor, não conseguia sequer pensar direito.

Meu ex namorado estava morto bem ali, diante dos meus olhos.

Shawn Mendes definitivamente não era violento. Apesar dele ter chego a Pinewood apenas na oitava série, eu o conhecia o suficiente para afirmar aquilo sem pestanejar. Colocaria minha mão no fogo se necessário, mas sabia que a palavra de uma garota de 17 anos não convenceria um juiz ou o restante da população. Finalmente tomei coragem, olhando para o garoto a minha frente e me mantendo em silêncio enquanto assistia ele chorar desesperado. Eu também conhecia Trevor Scott há tempo o suficiente para saber que ele era capaz de ser muito irritante quando queria, então, não era difícil imaginar que a briga que levara a aquilo havia sido iniciada por ele.

Logo, as mãos de Shawn se fecharam em punhos e foram em direção ao tronco de um pinheiro, acertando-o em cheio. Um monte de pássaros voaram por entre os galhos, mas isso não o deteve. Ele refez o movimento de novo, e de novo…

— Shawn, para! — me obriguei a andar até lá, tocando-lhe os ombros.

Minha altura não era nada comparada a dele, e a quantidade de músculos naquele menino só me fazia sentir ainda menor. Tentei falhamente segurar os braços dele, e precisei de toda a minha força para conseguir fazer com que sua atenção se voltasse para mim. Segurei seus pulsos o mais firme que conseguia, mesmo sabendo que ele conseguiria se soltar sem qualquer problema se quisesse. Os nós de seus dedos sangravam, e pedaços da casca do tronco já haviam se soltado.

— Está tudo bem. — menti, não sabendo se era para tranquilizar a ele ou a mim.

Era óbvio que nada estava bem.

Soltei seus pulsos e passei meus braços ao redor dele, pedindo a Deus que, de alguma forma, eu pudesse ficar maior de repente só para poder abraçá-lo completamente. Afaguei seus cabelos enquanto Shawn me apertava forte, e não demorou até ouvi-lo fungar no meu ombro. Parecia que ele poderia me quebrar no abraço sem qualquer dificuldade, mas eu sabia que o cara a minha frente só tinha tamanho mesmo.

Shawn não seria capaz de fazer mal a quem quer que fosse, muito menos matar alguém.

— O que eu faço, Lex? — murmurou ele, mas parecia ter parado de chorar.

Me mantive em silêncio, e não consegui deter mais uma olhada para o corpo inerte de Trevor. Por um momento, pensei ver seus cabelos caramelados começando a perder o brilho, mas logo concluí que era coisa da minha cabeça. Lembrei-me da maneira como costumava emaranhar as mãos naqueles cabelos ou de quando o seu corpo envolvia o meu, mas apenas escondi o rosto no ombro de Shawn, obrigando meu cérebro a desviar a atenção e trabalhar para bolar uma saída daquela situação.

— Vou me entregar.

Um arrepio correu minha espinha, e senti minhas mãos suarem a ponto de deixarem manchas na camisa dele. Me separei do abraço no mesmo instante. Eu podia me sentir mal por Trevor, ele podia não ter merecido o fim que levou, mas Shawn também não era culpado, e eu não deixaria que saísse como tal.

— Nem pense nisso! — segurei seu rosto entre as mãos, olhando-o fundo nos olhos como se estivesse dando uma bronca. — Nós vamos dar um jeito.

Nossos olhares caíram sobre Trevor. Ele ainda usava a jaqueta do time de Pinewood, e o vento agitava seus cabelos. Já não jorrava mais sangue, mas ainda havia um furo escuro em sua testa que fazia meu estômago revirar. Onde nós havíamos nos metido? Apesar dele ser um babaca, ele ainda era meu ex namorado… As lágrimas ressurgiram e me obriguei a engoli-las, precisávamos nos focar em consertar aquilo.

Olhei para o lado, vendo meu amigo olhar vidrado para o corpo a sua frente. Sua pele já pálida parecia ficar cada vez mais clara, e não demorou até ouvi-lo hiperventilar. Parei a sua frente novamente.

— Você vai sair dessa, Mendes. — murmurei, encarando-o novamente. Só não sabia se a afirmação era para ele, ou para mim mesma.

Dei uma rápida olhada por entre as árvores e por fim saquei o celular, vendo 4h no visor. Respirei fundo, pondo a mão no peito enquanto sentia meu coração palpitar. Queria arrancá-lo dali, talvez conseguisse pensar com mais clareza assim. Precisava arrumar uma solução antes do amanhecer, assim como também precisava tirar Shawn dali e voltar para casa.

— Precisamos tirá-lo daqui.

Olhei para ele, que ainda observava o cadáver completamente atônito. Ele estava certo, não podíamos deixar o corpo ali, onde qualquer um poderia encontrar. Senti um bolo se formar em minha garganta, não era justo! Não poderia simplesmente dar fim em um ser humano, dar um fim em Trevor! Porém, também não poderia deixar meu melhor amigo em maus lençóis com aquela situação! Que diabos eu deveria fazer? Senti vontade de gritar.

— Vamos queimá-lo.

As palavras se desdobraram devagar, e meu estômago revirou só com a ideia. Encontrei o olhar de Shawn, agora sobre mim. Sua pele estava mais pálida que o normal, evidenciando o sangue seco de seus machucados, os olhos inchados e a terra também. Eu poderia dizer que ele parecia um zumbi, mas ao lembrar da aparência de Trevor, logo constatei que já tínhamos um vencedor.

— Lex, é… É… — ele respirou fundo, passando as mãos pelos cabelos. — É o Trevor, Lex. Nós não podemos…

As lágrimas voltaram a escorrer, e falhei assim que tentei conter um soluço. O garoto de cabelos acobreados permanecia jogado na relva, com uma enorme poça de sangue abaixo de si e os olhos fechados como se ele estivesse apenas dormindo. Era mais do que óbvio que não estava.

— Não é como se tivéssemos escolha, não? — minhas tentativas de convencer a nós dois começavam a falhar, mas me obriguei a morder o lábio o mais forte que podia e conter o ataque de pânico.

Ergui o olhar para ele, tentando parecer o mais rígida possível.

— Creio que minha mãe esqueceu o isqueiro no meu porta luvas, e ainda devo ter aquele álcool em gel. — assenti com a cabeça, tentando parecer o mais calma possível. — Vou pegá-los, e você vá até a cabana do guarda florestal e pegue a pá, você sabe onde fica.

— Lex… — ele parecia apreensivo.

— Apenas vá.

 

...

 

Apertei o volante por entre os meus dedos numa tentativa de conter os tremeliques do meu corpo. Estava evitando olhar para o cara ao meu lado, por mais que a preocupação com o seu possível estado de choque gritasse dentro de mim, me implorando para verificar como ele estava. Eu o faria caso eu mesma não estivesse prestes a entrar em colapso

Trevor estava morto, descendo em algum lugar pelo rio Yukon naquele exato momento.

Parei diante da garagem dos Mendes, observando enquanto o portão se levantava. Era óbvio que eu não o havia deixado dirigir, havia preferido esconder meu carro ao invés de correr o risco de Shawn se suicidar num acidente. Não que ele fosse fazê-lo, mas a julgar pelo seu estado… É, eu tinha mais sanidade para tocar num automóvel naquele momento.

Dei uma ultima verificada no meu celular, notando que havíamos demorado cerca de 1h30, mas era manhã de sábado e toda Pinewood não levantava antes das 8h, então, ainda tínhamos alguns minutos até os vizinhos curiosos começarem a se perguntar o porquê do primogênito de Karen e Manuel Mendes estar chegando aquele horário em casa. Respirei fundo, notando que o portão terminava de abrir, então tratei logo de levar o veículo para dentro.

Shawn desceu sem dizer nada, e eu teria ficado assustada com a sua aparência deplorável se a minha provavelmente não estivesse do mesmo jeito. Observei enquanto ele caminhava para dentro da casa e o segui em silêncio, encontrando a enorme e estranhamente vazia casa dos Mendes. Engoli em seco, sabia que os pais de Shawn haviam ido para Toronto visitar alguns parentes e voltariam naquele dia durante a tarde para o baile beneficente do dia seguinte, então, era bom que não encontrassem o filho daquela maneira.

— Você precisa de um banho, e eu preciso dar um jeito nesses machucados. — falei após alguns minutos de silêncio. — Onde tem um kit de primeiros socorros?

Ele demorou um tempo para responder.

— Armário de cima, esquerda, segunda porta. — sussurrou, deixando a cozinha rumo as escadas.

Respirei fundo, seguindo nas direções indicadas até finalmente enxergar a caixinha vermelha com um sinal de mais branco. Estendi as mãos para pegá-la, só então notando a minha pele coberta de sangue. Meu estômago embrulhou no mesmo instante e precisei reprimir o impulso de levá-las a boca, respirando fundo várias vezes para conter a náusea. Logo, abri a torneira da cozinha e me pus a lavá-las com a maior força do mundo, então lavando os lugares que haviam se machado de vermelho. No final das contas, apenas agarrei a caixa e segui escada acima.

Empurrei a terceira porta do corredor, encontrando o quarto azul vazio.

— Shawn? — chamei, dando um passo para dentro.

As fotos dele com Trevor nunca pareceram tão bizarras. Dei uma olhada rápida pela prateleira de troféus, vendo a foto da vitória na ultima temporada do futebol. Era impossível não olhar para o garoto no meio da foto e não lembrar dele estirado na floresta local, então, obriguei minha mente a se ocupar com outra coisa.

O encontrei no banheiro, as mãos segurando a pia enquanto ele mantinha a cabeça baixa. A camiseta empapada de sangue permanecia jogada dentro da mesma e ele parecia tomar fôlego, os lábios entreabertos como se tivesse corrido uma maratona. Respirei fundo, colocando a caixinha sobre o balcão e seguindo até a ducha. Era óbvio que a banheira o faria relaxar, mas a ducha lhe ajudaria a acordar para a vida, então era a escolha mais óbvia. Conferi a temperatura e me voltei para ele, apertando levemente seu ombro.

— Vai. — indiquei o box com a cabeça.

Nos encaramos por alguns minutos antes dele finalmente se mover, endireitando a postura enquanto finalmente se voltava para o box.

— Acho que as roupas de Aaliyah cabem em você, vocês duas são pequenas. — murmurou.

— Não precisa. — abracei a mim mesma, desviando o olhar no mesmo momento em que ouvi seu zíper ser aberto. — Eu dou um jeito.

Me virei de costas, pronta para sair dali.

— Você não pode ir pra casa assim, Lex. — baixei o olhar, sabendo que ele tinha razão.

Ouvi a porta do box ser fechada e então sai do banheiro, batendo a porta sem virar para trás. Dei de cara com o quarto de Shawn e precisei baixar o olhar no mesmo instante para não acabar encontrando os olhos de Trevor nas fotografias, então, apenas segui o conselho dele e segui para o corredor, disparando na direção do quarto da sua irmã caçula.

Com cuidado para não sujar nada, peguei as roupas mais gastas que conseguia visualizar e segui para fora, me trancando no banheiro do corredor em seguida. Deixei que as lágrimas escorressem novamente e liguei o chuveiro, vendo o vapor preencher o cômodo em meio a minha visão embaçada.

Me enfiei debaixo do jato d’água como se ele fosse capaz de aliviar o peso nas minhas costas, mas apesar de ver o líquido levar todo aquele sangue e terra, a culpa ainda me consumia. Apoiei a testa no azulejo frio, deixando que as lágrimas se juntassem a água e escorressem pelo meu corpo em direção ao ralo.

— Eu sinto muito… — sussurrei, como se Trevor pudesse me ouvir.

Conseguia imaginá-lo onde quer que fosse, sorrindo sarcástico e mandando eu ir me foder. Era a cara dele, e era exatamente o que ele diria se estivesse ali. Eu quase podia ouvi-lo dizendo, para falar a verdade.

Sai minutos depois, não demorando para me vestir. Precisava estar em casa antes das 7h apenas por precaução, e ainda faltavam os curativos de Shawn. Ele estava certo no palpite sobre as roupas da irmã, apesar delas ainda assim terem ficado um tanto curtas. A legging apertava lugares que não deveriam e a camiseta era um tanto mais curta do que eu imaginara, mas não tinha tempo para aquilo. Que se danasse a aparência indecente, eu apenas precisava voltar para casa.

Enrolei minhas roupas numa toalha e segui na direção do quarto dele, o encontrando sentado na cama. Nossos olhares se encontraram e Shawn baixou o olhar na direção delas, estendendo a mão.

— Me dá, eu me livro.

Apesar do pé atrás, acabei por estender o bolo de roupas, que ele prontamente pegou e deixou de lado na cama. Segui até o banheiro, apanhando a caixinha vermelha e então parando a sua frente enquanto começava a limpar o sangue dos machucados.

— Por que está fazendo isso? — sussurrou por fim, fazendo um arrepio percorrer minha espinha.

— Porque você é meu amigo. — respondi como se estivesse falando algo óbvio. — E eu conhecia você e Trevor o suficiente para saber do que cada um é capaz.

— Eu sinto muito, Lex. — respirei fundo, começando a trabalhar no curativo. — Ele…

— Vamos apenas… — mordi o lábio, tentando reprimir o choro de novo. — Vamos esquecer isso, tudo bem?


Notas Finais


Será que eles vão apenas esquecer? haha
> Primeiro de tudo, vou dizer que o trailer de Let It Bleed saiu e vocês podem conferi-lo aqui: https://www.youtube.com/watch?v=KKsPHnjtk5k
> Segundo: não sei quantos capítulos LIB vai ter. Tentarei fazer capítulos maiores do que eu normalmente faço nas outras fanfics, numa média de 2000 palavras pra cima (minha média normal é 1000), então, pode ser que LIB venha a ser uma short fic, ou pode ser que se estenda para um tamanho normal.
> Terceiro: a cidade onde a fanfic se passa, Pinewood, é fictícia. Ela fica em Yukon, é um lugar pequeno e isolado, cercado por áreas florestais e tal.
> Muito obrigada por todos que leram, favoritaram e/ou comentaram <3 Tivemos 22 favoritos no prólogo e sério, muito obrigada mesmo! Mas gente, por favor, não virem fantasminhas D: LIB consiste num assunto que eu nunca abordei em fanfic nenhuma, e seria muito bom saber se a fanfic está legal e no que eu posso melhorar D:
Grupo no face: https://www.facebook.com/groups/546395568895604/
E onde me achar: http://ask.fm/AtriaGrey ou https://twitter.com/sickeningmendes
Nos vemos em breve!
Xx


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