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História Let it burn - Que comece a diversão


Escrita por: Niccha

Notas do Autor


Gente, eu sei que eu falei sobre os favoritos no último cap, mas dessa vez foi de 57 pra 81, como assiiiiiiiiiiim???????? Eu to muito em choque. Apenas digo: Muito obrigada.
Agora, fiquem com mais um capítulo.

Capítulo 6 - Que comece a diversão


Midoriya olhou a hora no celular enquanto corria. Não estava tecnicamente atrasado, mas não tinha tempo nenhum de sobra. 

Quando avistou seus amigos juntos na parada de ônibus, Midoriya sorriu e acenou, diminuindo o passo até parar junto a eles, que o cumprimentaram.

- Deku-kun! – Uraraka saudou, animada. 

- Midoriya, por um minuto achei que não fosse vir. – Falou Kaminari. 

- Acabei perdendo a hora essa manhã, sinto muito. – Desculpou-se o garoto, retomando o fôlego. 

- O importante é que chegou a tempo. – Declarou Momo. – O ônibus deve chegar em alguns minutos. 

 Olhando em volta, Midoriya começou a notar quem estava ali. Uraraka, Asui, Hagakure e Ashido estavam discutindo excitadamente sobre em quais brinquedos deveriam ir primeiro quando chegassem ao parque. Yaoyorozu agora conversava com Jirou, a mais alta parecia ter que fazer certo esforço para esconder o quão animada realmente estava com aquilo tudo. Ojiro conversava com Kirishima e Mineta, que estava reclamando sobre o fato de que provavelmente não teria altura suficiente para a maioria dos brinquedos. E por fim, mais à direita, estavam Iida e...

- Midoriya. – Todoroki balançou a cabeça, o cumprimentando. Suas mãos estavam guardadas nos bolsos da calça e ele parecia sério como sempre. 

- Todoroki-kun, Iida-kun. – Ele se aproximou. – Iida-kun, você e a Yaoyorozu conseguiram fazer o trabalho?

- Sim, eu estava falando sobre isso. A individualidade dela é bem impressionante. 

- De fato. – Concordou Todoroki quase num murmuro. – É um tipo de poder bem útil. 

Midoriya concordava com os colegas nesse aspecto , definitivamente. Mas, por algum motivo, ele apertou a mão que segurava a alça da mochila pendurada em seu ombro. Uma pequena sensação incômoda que ele não soube identificar cruzando seu corpo por um milésimo de segundo. 

Iida continuou a falar, mas ele só podia registrar parte do que o colega falava. Todoroki prestava atenção no mais alto que estava ouvindo em silêncio e fazendo pequenos comentários quando era pertinente. Midoriya então desviou o olhar para Yaoyorozu, que agora falava com as outras meninas. Ela realmente tinha uma individualidade muito útil, pensou o garoto. E, assim como Todoroki, ela entrara na UA através de recomendações. Isso já era um bom exemplo de que os dois eram inteligentes e possuíam individualidades poderosas. 

Midoriya abaixou o olhar, distraído. A sensação crescendo pouco a pouco. Aquilo vinha acontecendo com certa frequência, agora...

- Midoriya, tudo bem? 

O garoto arqueou as sobrancelhas ao ouvir Todoroki o chamar, voltando sua atenção para o mesmo.

- Ah, sim! Eu só... – O garoto estava respondendo quando algo chamou a atenção de todos. 

- Bakugo?! Não acredito que você veio. – Kirishima sorriu, falando tão alto que todos pararam para olhar. 

- Cala a boca, cabelo esquisito! – O loiro vinha com as mãos enterradas nos bolsos, a camisa preta com uma caveira estampada combinando perfeitamente com o semblante agressivo que ele mostrava.

- Ora ora, quem diria. – Ashido. 

- Você também, sua alienígena de merda! – A garota apenas riu. – Eu só não tinha nada melhor pra fazer. 

- Tanto faz cara, que bom que está aqui.

Bakugo parou de falar e estalou a língua, e Midoriya quase pulou ao ver o olhar pesado do loiro aterrissar em si. Ele nem ao menos tinha dito nada. 

O menor esperou um xingamento em sua direção, mas Bakugo apenas desviou o olhar e começou a prestar atenção em Kirishima, que parecia duas vezes mais empolgado agora. Midoriya suspirou de alívio.

Pouco tempo depois o ônibus chegou e todos embarcaram. Quando ele estava acomodado ao lado de Iida, os dois começaram a conversar. Às vezes o colega cortava a conversa para se levantar e pedir que os outros estudantes não fizessem tanto barulho em um transporte público, e foi em um desses momentos que Midoriya percebeu que Todoroki e Yaoyorozu haviam sentado juntos. O menor rapidamente desviou o olhar ao perceber que estava encarando, balançando a cabeça. Não tinha porque se incomodar com aquilo. “Incomodar”? Não devia nem usar essa palavra pra esse contexto, na verdade.

- Waaaah! Chegamos! – Era a voz de Uraraka, e Midoriya viu que a garota estava certa. 

Pela janela, podia ver a enorme estrutura do parque. Trilhos de montanha russa e outros pedaços de brinquedos grandes podiam ser vistos por cima dos muros. 

Quando desceram do ônibus, Iida e Yaoyorozu ajudaram todos a se organizarem para comprar os ingressos rapidamente, e em menos de 15 minutos todos estavam passando pelos portões de entrada. 

- Ali tem um mapa das atrações. – Apontou Jirou com um dos plugues de seus ouvidos, e todos se dirigiram até lá. 

- Eu quero ir no carrossel! – Era a voz de Hagakure. 

- O bate-bate parece interessante. – Comentou Ojiro.

- Eles também têm muitos passeios temáticos... – Uraraka.

- E brinquedos com água. – Asui, com o indicador no queixo. 

-O que é isso? – Todoroki franziu as sobrancelhas para uma das atrações no mapa.

- Uma casa mal assombrada! Nós temos que ir nessa! – Ashido explicou, agarrando o braço de Hagakure e balançando a garota. 

- O que? Parece assustador, eu não quero.

- Bem, já que todos estão querendo atrações diferentes acho que podemos no separar em grupos ou irmos sozinhos. – Falou Iida, e todos concordaram.

Rapidamente pequenos grupos se formaram, baseados nos brinquedos em que queriam ir. 

- Deku-kun, Iida-kun! – Uraraka se aproximou, seguida por Asui. – Já decidiram no que querem ir? 

- Ainda não.

- Nós vamos no carrossel com a Hagakure-chan, querem ir com a gente? Podemos ir em outra coisa depois. 

- Por mim tudo bem. – Respondeu Iida, e Midoriya deu de ombros, concordando também. 

- Ótimo! – As garotas se viraram e começaram a andar, e os dois rapazes as seguiram. 

O grupo começou a conversar, mas Midoriya virou a cabeça, conseguindo ver pelo canto do olho Todoroki se afastando em outra direção, junto a Kaminari, Jirou e Yaoyorozu. Um instante depois, Midoriya viu a atenção de Todoroki se voltar para si, e seus olhares se encontraram por um segundo.  O meio a meio arqueou as sobrancelhas, mas um esbarrão de Kaminari em seu ombro o fez voltar a dar atenção ao que quer que estivessem conversando sobre, esquecendo Midoriya.

O menor fez o mesmo, tentando acompanhar o que os colegas estavam falando enquanto andavam até o carrossel. Quando chegaram ao brinquedo, as meninas embarcaram no mesmo enquanto os dois rapazes preferiram esperar por elas sem participar.

Durante o tempo em que o brinquedo estava funcionando, Midoriya tentou não se ater a sua recente percepção de que Todoroki e Yaoyorozu deviam ser relativamente próximos. Ainda não sabia porque sua mente continuava a voltar nesse tópico, mas não conseguia fazer nada para evitar.

No momento em que o brinquedo parou de rodar, as meninas voltaram a se juntar a eles, mas Uraraka não parecia bem, e isso serviu para chamar a atenção do menor. 

- O que aconteceu? – Perguntou Midoriya, vendo a colega se apoiando em Asui.

- Ela ficou enjoada com as voltas... – Explicou a menina sapo com as sobrancelhas franzidas. 

- Eu estou bem... – Murmurou Uraraka, tentando sorrir, mas seu rosto estava começando a ficar verde. – É só o primeiro brinquedo, ainda temos muitos outros pra irmos...

- Uraraka, você tomou café da manhã propriamente antes de sair de casa? – Iida perguntou, encarando a amiga, que sorriu desconcertada. 

- Eu estava tão animada que posso ter acabado pulando o café da manhã... 

- Isso é inaceitável! Asui, Hagakure e Ashido, por favor, levem ela até um banco e façam ela respirar fundo. – As meninas confirmaram e olharam em volta, arrastando uma Uraraka que protestava em direção ao primeiro banco que acharam. – Midoriya, pode comprar algo pra ela comer? Creio que há algumas lojas de comida naquela direção.

- Claro, volto em um instante. – Ele balançou a cabeça e se apressou na direção indicada.

Enquanto andava, viu Kirishima e Bakugo próximos a uma máquina com um pequeno saco de pancadas pendurado. Bakugo se preparou e socou o objeto com toda a força, gritando “morra” tão alto que algumas pessoas pararam para olhar. O medidor de pontos disparou, subindo sem parar. 

- Cara, isso é insano! – Midoriya pode ouvir Kirishima falar antes de ele estar longe demais para escutar qualquer coisa.

Chegando às barracas de comida, Midoriya esperou um pouco na fila e fez o pedido, se afastando enquanto esperava ficar pronto.

- Ah, Midoriya. 

- Ojiro-san! – O menor cumprimentou. – Com quem você está? 

- Eles. – Ojiro apontou com o polegar para algum lugar atrás de si, e Midoriya viu um brinquedo grande onde várias pessoas estavam sentadas e de cabeça para baixo, presas por barras de segurança revestidas de acolchoamento vermelho. Entre elas, Todoroki, Kaminari, Yaoyorozu e Jirou. 

Midoriya arqueou as sobrancelhas. As duas garotas não pareciam estar gostando nem um pouco da experiência do brinquedo, ambas exibindo expressões de puro terror. Kaminari parecia estar se divertindo bastante, mas Todoroki continuava sério, como se não se importasse em ser jogado de um lado pro outro, pra cima e pra baixo, tudo isso enquanto rodava 360 graus em uma cadeira. 

Não tão longe, Todoroki pareceu notar os dois colegas conversando, e ele soltou uma das mãos que segurava a barra de proteção para acenar brevemente, o cabelo caindo em direção ao chão por ação da gravidade. Midoriya achou aquela uma cena engraçada. Todoroki de cabeça pra baixo, parecendo completamente entediado enquanto acenava. Midoriya acenou de volta, mas logo o brinquedo voltou a se mover, desvirando as pessoas de volta para a posição normal e começando a subir rapidamente. 

- Nossa.

- Pois é. – Ojiro sorriu. – Eu teria ido com eles, mas estava com sede. Acho que acabei me safando de uma fria. E você, cadê seu grupo? 

- Ah, eu e o Iida acompanhamos as meninas até o carrossel, mas a Uraraka acabou ficando enjoada então vim comprar algo pra ela.

- Entendi. 

-Midoriya-kun? Midoriya-kun? – Uma atendente chamou, e Midoriya se despediu do colega antes de pegar a comida e voltar na direção em que seus amigos estavam. 

Quando ele chegou lá, quase derrubou o prato de papel quando ouviu Iida o repreender, alteando a voz ao ver o que o menor tinha nas mãos. 

- Tayaki?!

- E-Eh? – O garoto pronunciou, confuso.

- Você comprou doce como a primeira refeição da Uraraka? 

Só então ele se deu conta do que comprara, arqueando as sobrancelhas. 

- Ah! Eu sinto muito! É que o Gran Torino comia tayaki no café da manhã e quando eu fui comprar comida eu devo ter lembrado disso e não prestei atenção, então...

- Gran Torino? – Ashido franziu as sobrancelhas.

- Tudo bem, Deku-kun. Você teve todo o trabalho de ir comprar algo pra mim! 

- Eu sinto muito.

Mesmo assim, a menina comeu, e assim que terminou saltou do banco, parecendo completamente recuperada. 

- Certo, onde vamos agora?

- Em algo que os meninos também possam se divertir, já que não quiseram ir no carrossel. – Declarou Asui.

E então o grupo começou uma maratona que os fez andar em quase todos os brinquedos do parque. No bate-bate, Midoriya encontrou Ojiro outra vez. Já era a segunda vez que o amigo usava o brinquedo. Na montanha russa ele acabou sentando na frente de Bakugo e Kirishima, o que deixou a foto da ida no brinquedo bem interessante. Nela, Bakugo saíra com a boca aberta e as sobrancelhas franzidas enquanto ele gritava (mais uma vez) “morra”. Kirishima estava rindo com a cabeça jogada para trás em uma risada e Midoriya estava encolhido, pois no momento achara que Bakugo fosse explodir o brinquedo. Ao lado dele, Asui estava com os olhos arregalados fitando a descida à frente.  

- Já fomos em quase tudo, agora. – Observou Asui, ao descerem de uma espécie de montanha russa menor com água. 

- Podemos ficar no chão agora? Só um pouco? – Hagakure estava apoiada em uma cerca de proteção, pelas meias que usava podia-se notar que a garota tremia. Ojiro, que juntara-se ao grupo depois do bate-bate, dava leves tapinhas nas costas da garota. 

- Vamos na casa mal assombrada! – Ashido pulou. A garota parecia tão animada que ninguém nem pensou em arrumar algum argumento para discordar. Até mesmo Hagakure não protestou, afirmando que era melhor do que outra volta na montanha russa. 

Chegando a grande estrutura enegrecida que era a atração, eles se separaram para entrar. As meninas foram primeiro, afirmando que em qualquer sinal de “perigo” poderiam correr de volta e encontrar os meninos um pouco atrás. Alguns minutos depois de as quatro colegas de classe entrarem em pares com as mãos dadas, os meninos as seguiram.

- Ei, é verdade que eles usam individualidades pra ajudar nos sustos...? – Ojiro perguntou com as sobrancelhas franzidas. Midoriya mal podia enxergar o colega no ambiente escuro. 

- Eu não duvido. Mas com certeza nada que poderia machucar um visitante. Além disso, eles não podem nos tocar. – Iida comentou, olhando em volta.

- Claro. – Ojiro concordou logo antes de dar um salto ao ver uma espécie de espectro se materializar no lado direito da sala em que estavam. – Fala sério... – Ele reclamou, colocando a mão no peito e abrindo um pequeno sorriso para o espectro, que parecia mais um efeito de ótica. – Não acredito que caí nessa.

Mas então o espectro começou a se mover rápido na direção deles, e os três não demoraram nem mais um segundo antes de disparar em direção à porta, não estando dispostos a descobrir se era realmente apenas ilusão de ótica afinal. A “coisa” os seguiu através da porta, por um corredor, fazendo barulhos horríveis enquanto isso.

- Tem certeza de que não podem tocar na gente? 

- Está escuro demais, não consigo ver nada! – Definitivamente era Ojiro, mas de alguma forma a voz dele parecia mais distante. 

- Ojiro-kun? – Os barulhos do espectro haviam cessado, e eles pararam de correr, ainda no corredor. Mas logo Midoriya percebeu que “eles” agora eram apenas ele e Iida. 

- Onde ele foi parar? Não tinha abertura nenhuma, certo? 

- Não que eu tenha visto...

- O que fazemos? Voltamos? 

- Não. – Iida balançou a cabeça. – Tenho certeza que isso é algum dos truques dessa atração. O melhor é continuar em frente, talvez possamos encontrá-lo na próxima sala.

Balançando a cabeça em concordância, voltaram a andar. Os passos dos dois ecoavam na madeira velha do chão, mas fora isso, tudo estava absolutamente silencioso, o que era bem estranho. O corredor parecia não ter fim, mas quando ele finalmente acabou, os dois garotos se viram numa sala ampla e mal iluminada (pra variar). No centro da mesma havia uma espécie de maca de metal com um líquido vermelho que escorria para o chão. Uma lâmpada pendia sobre a maca balançando de um lado pro outro, jogando sua iluminação pelo quarto de maneira inconsistente. Por fim, o último elemento do ambiente era uma pequena mesa também de metal com vários instrumentos de aparência assustadora, todos melados com o mesmo líquido vermelho. 

Midoriya engoliu em seco. Do outro lado da sala, atrás da maca e em frente a eles havia uma porta aberta, mas não dava pra ver o que tinha além dela.

-Então... É só atravessar?

- Acho que sim. 

Os dois olharam em volta mais uma vez, e assim que deram o primeiro passo a porta pela qual tinham saído desapareceu. Literalmente. Se não tivesse acabado de sair dali, Midoriya poderia jurar que nunca houvera uma passagem naquele lugar onde agora tudo que havia era uma extensão da parede, completamente sólida. 

Então eles realmente usavam individualidades para manipular o lugar, pensou Midoriya. 

Contornando a maca, os dois se aproximaram da saída. Quando estavam a apenas a alguns passos da mesma, um som estridente, semelhante a uma broca de dentista tomou o ambiente. Uma rápida olhada quando a luz balançou na direção de um dos cantos do quarto permitiu o vislumbre de uma figura num robe médico sujo de vermelho. O mesmo tinha em mãos a “broca de dentista” e seus olhos amarelos brilhantes estavam cravados nos dois garotos.

- Cirurgia? – Ele perguntou através de uma voz rouca, como se estivesse sem fôlego. 

Aquilo foi o bastante para convencer os dois amigos de que não queria continuar na sala por nem mais um segundo. Ambos dispararam na direção da porta, mas assim que Iida atravessou a mesma, ela desapareceu, dando lugar a mais uma parede contra a qual Midoriya quase se chocou. O garoto ainda conseguiu ouvir a voz abafada de Iida gritando seu nome, mas não tinha tempo de focar naquilo. O médico maníaco mancava em sua direção, e um breve sentimento de pânico tomou o esverdeado enquanto ele olhava em volta procurando outra rota de fuga. Felizmente, outra porta se abrira, à direita. Infelizmente, ele teria que passar extremamente perto do médico para chegar lá. 

Repetindo para si mesmo de que aquilo era apenas a atração de um parque e que aquele era apenas um ator tentando assustá-lo, Midoriya correu na direção da porta, passando o mais longe possível do médico, que pediu que ele não corresse, mas Midoriya não o deu ouvidos, apenas diminuindo o ritmo quando deixou de ouvir o som estridente.

Parando para recobrar o fôlego, o garoto olhou em volta, mas não tinha muito que ele realmente pudesse ver. O lugar era extremamente escuro, apenas vagas silhuetas de coisas que ele não conseguia distinguir estavam espalhadas por ali. 

Midoriya respirou fundo, começando a andar lentamente com uma das mãos um pouco a frente do corpo para não acabar batendo em algo no caminho. Sem enxergar para onde devia ir, ele apenas andou sem uma direção específica, focando em se afastar de barulhos que podiam vir de algo potencialmente assustador. Mas quando um desses barulhos soou alto demais logo em frente a ele, o garoto parou de andar. 

Em vez disso, Midoriya passou a recuar lentamente, sem deixar de encara o espaço a frente. Completamente tenso, não conseguiu segurar um breve grito estrangulado ao sentir suas costas se chocarem contra alguma coisa ao mesmo tempo em que um par de mãos segurava seus braços. 

- Calma. – Foi o que ele ouviu enquanto se virava na velocidade da luz, apenas para constatar que tinha esbarrado em uma pessoa. Mas não qualquer pessoa. 

- T-Todoroki-kun? – Perguntou, surpreso. 

- Oi. – O mais alto respondeu, ainda com uma das mãos apoiadas no braço de Midoriya. – Desculpe se o assustei, não foi intenção.

- N-Não tem problema! – Midoriya balançou as mãos, sentindo o rosto queimar, mas esperava que o outro não pudesse notar isso. Não podia acreditar que tinha se assustado com Todoroki. – Eu só estava tenso demais, não é sua culpa! – E então, mais calmo: - Está sozinho?

- Agora, sim. Entrei com o pessoal, mas do nada todos eles sumiram e eu fiquei sozinho logo depois de sair da primeira sala. –Explicou. 

- Isso também aconteceu comigo. Acabei de perder o Iida-kun e o Ojiro-kun. Fico um pouco aliviado em ter encontrado você, pra ser franco... – Ele coçou a própria bochecha com o indicador, sorrindo. 

- De qualquer forma, sabe onde é a saída daqui? 

- Ainda não achei. – Midoriya balançou a cabeça. – Mas tenho um pressentimento de que é naquela direção. – Ele apontou.

- Hm... – O meio a meio murmurou, confirmando. – Acho que devíamos ir pra lá, então. 

Os dois começaram a andar, mas logo Midoriya parou outra vez, segurando a manga da camisa que Todoroki usava sobre sua outra blusa e o detendo. Ao ver a indagação no rosto do colega, Midoriya foi rápido em começar a explicar, soltando o tecido e erguendo as mãos.

- Sinto muito, só, mm, acho que seria melhor se não nos afastássemos muito, considerando que é fácil acabar se separando aqui.  

- Faz sentido. – Concordou Todoroki. 

- Certo. – Os dois voltaram a andar, e então Midoriya sentiu algo segurar sua mão, quase pulando de susto outra vez. – Eh? – Midoriya seu rosto ferver logo que viu que realmente era a mão do outro que estava envolvendo a sua, alternando o olhar rapidamente entre as mãos dadas o rosto do outro, que ainda olhava à frente com o mesmo rosto inexpressivo. 

- Assim não tem jeito de você se perder de mim. – O rapaz falou simplesmente, num tom que fazia aquilo soar como se fosse o óbvio. 

Midoriya não respondeu. Estava envergonhado demais para conseguir falar qualquer coisa. 

Os dois seguiram em silêncio pela sala escura, e o barulho que Midoriya ouviu antes voltou a se tornar audível. Ele teria recuado, mas Todoroki continuou andando como se não ouvisse nada, e Midoriya o seguiu. 

Então, uma luz acendeu um pouco mais pra frente, piscando depois de uma porta. Midoriya sorriu, mas ao seu lado algo pulou de dentro de uma caixa, produzindo um barulho que lembrava um grito e ele fechou os olhos, se encolhendo na direção de Todoroki e apertando sua mão em reflexo. 

- ...! 

Todoroki desviou a atenção para a forma que agora estava balançando, inerte, com as sobrancelhas franzidas levemente, numa tentativa de enxergar o que era.  Midoriya podia sentir sua mão sendo apertada de volta, mas o meio a meio não parecia ter se assustado. Era mais como se quisesse, de alguma forma, passar segurança.

- E-Era só um boneco! – Midoriya esclareceu, tentando engolir a bola de vergonha que se formara em sua garganta. – Sinto muito, acho que eu não devia me deixar afetar tanto. 

- Tudo bem, vamos sair logo daqui. – Todoroki balançou a cabeça e eles voltaram a andar.

Os dois ainda passaram por mais três salas com temáticas e artifícios para assustar diferentes (nas quais Midoriya deu seu melhor para não se deixar assustar) antes de finalmente se depararem com uma pequena porta, sobre a qual uma placa iluminada dizia “saída”, como as que se acha em hospitais. 

 Midoriya olhou o outro de canto rapidamente ao sentir o mesmo soltar sua mão enquanto girava a maçaneta e abria a porta. A claridade incomodou seus olhos depois de ter ficado tanto tempo no ambiente escuro, mas mesmo assim não estava tão claro quanto ele lembrava. 

- Acho que vai chover. – Declarou Todoroki, olhando para o céu enquanto descia a pequena rampa até a rua do parque.

- Provavelmente. – Concordou Midoriya, olhando a massa de nuvens cinza que tinham se formado enquanto estava na casa mal assombrada. 

Como se estivessem apenas esperando uma deixa, pingos de chuva começaram a cair, um deles atingindo o rosto erguido de Midoriya bem na bochecha. O garoto arqueou as sobrancelhas, passando o pulso no rosto. Mas a ação acabou sendo inútil enquanto mais e mais gotas continuavam a cair. 

- Ali. – Sinalizou Todoroki, e Midoriya viu algo que devia ser a parte de trás de uma barraca de jogos menores. O local era coberto.  

Os dois correram até lá e Midoriya se recostou na parede, respirando fundo enquanto olhava a chuva com as sobrancelhas franzidas. 

- Onde será que estão os outros? – Além deles, ninguém mais estava por ali. Apenas um casal passou correndo numa tentativa de fugir da chuva, mas logo sumiram de vista.

- Não sei. – Todoroki passou a manga de sua camisa pelo rosto, afastando o cabelo junto. – Acho que a casa provavelmente tem outras saídas além dessa. 

Midoriya emitiu um pequeno “mm” e abaixou o olhar, levando a mão até barra de sua blusa e a apertando. Do nada, passou a se sentir um pouco nervoso.

-Então, Todoroki-kun, conseguiu ir em muitos brinquedos? 

- Em alguns, sim. – O rapaz confirmou, colocando as mãos nos bolsos, ainda olhando a chuva cair. – Não costumo vir em lugares assim. 

- Mesmo? Espero que tenha aproveitado, nesse caso. – Ele sorriu, e tentou deter a própria língua, mas acabou não sendo capaz. - Estava com a Yaoyorozu, certo? Ela parecia bem animada em vir pra cá. 

- Hm? Ah... Acho que sim. – Todoroki franziu as sobrancelhas um instante, desviando o olhar para Midoriya e dando de ombros por fim.

- Ela parece ser uma pessoa bem legal. – Por dentro, um mini Midoriya gritava para que ele simplesmente calasse a boca, mas ele não conseguia parar. 

Todoroki parecia ainda mais confuso agora.

- Ela é. – Disse apenas.

Midoriya ficou em silêncio alguns segundos, lutando contra sua própria língua. Ele podia sentir o olhar do meio a meio em si e seu coração batendo rápido em seu peito. Ele não entendia o motivo de estar naquele estado, mas havia uma pergunta que rodava em sua cabeça como um tornado, e o menor sentia que iria implodir se não a fizesse, então, mais rápido do que ele poderia se arrepender: 

- T-Todoroki-kun.. Você-

- Eu não gosto dela. – Todoroki o interrompeu, e Midoriya finalmente ergueu o olhar para o outro, as sobrancelhas arqueadas em surpresa. O outro garoto portava uma expressão que fazia parecer que ele tinha percebido algo muito importante. – Romanticamente falando. – Acrescentou. 

- Não? 

- Não. – O meio a meio repetiu, determinado. Ele tinha tirado as mãos dos bolsos, se aproximando um pouco do menor, que estava completamente na direção do mais alto agora.

- Ah... – Midoriya ouviu sua própria voz soar aliviada, mas então percebeu o que estava fazendo, e começou a agitar as mãos, ficando vermelho. – Q-Quer dizer...! Isso não é da minha conta! Eu sinto muito se estou invadindo seu espaço pessoal, não consegui... – Quando Todoroki deu mais um passo em sua direção e segurou sua mão, a que era repleta de cicatrizes, Midoriya parou de falar, engolindo em seco. 

Ele podia ver os detalhes do rosto do mais alto agora, mas não conseguiu dizer nada. Os olhos de Todoroki estavam baixos, como se ele estivesse tomando alguma decisão, e suas testas quase se tocavam. Durante alguns segundos nos quais apenas o barulho da chuva podia ser ouvido, Midoriya sentiu como se seu coração fosse quebrar suas costelas a qualquer momento. Talvez aquele músculo tivesse decidido usar o One For All. Aquela situação o fazia lembrar do fim de tarde no parque infantil, no qual todo aquele embaraçoso mal entendido ocorrera. Mas, dessa vez, era uma coisa completamente diferente. De repente, parecia que todas as pequenas emoções que vinha sentindo tinham sido multiplicadas por dez vezes.

- Midoriya. – Quando os olhos de Todoroki voltaram a encarar os seus, o menor prendeu a respiração sem perceber. Ele teria respondido, mas sua língua parecia completamente inútil. Uma parte de Midoriya, no fundo de sua cabeça, desejou que ela tivesse ficado assim mais cedo. Mas mesmo que ela estivesse funcionando perfeitamente, ele sentia que seria incapaz de falar qualquer coisa. O mais alto agora mostrava um misto tão intenso de emoções em seus olhos que o menor achou que não seria capaz de fazer coisa alguma, não apenas falar. E, quando a voz de Todoroki soou outra vez, o coração de Midoriya falhou uma batida. – Eu –

Foi quando uma voz se fez soar, tão alta que era basicamente impossível de não ser notada. Todoroki voltou se voltou na direção do som ao mesmo tempo que alguém o puxava fortemente pela camisa. Midoriya sentiu sua mão ser solta subitamente e arqueou as sobrancelhas, confuso pelo choque do momento. Ele conhecia aquela voz.

- O que diabos você acha está fazendo, meio a meio de merda?!


Notas Finais


Cockblocked. ლ(゚д゚ლ)
Bem, o que será que vai rolar...? Vou deixar pra imaginação de vocês. Até o próximo, meus amores. (づ .◕‿‿◕.) づ


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