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História Let me be your lover - Número de emergência


Escrita por: redheadtheory

Notas do Autor


Volteeei por aqui também...
Olha, acontecem tantas coisas aí... Nem vou falar muito, o capítulo é corrido por que enfim precisamos chegar ao que interessa logo não é mesmo? HAHAHA O DRAMA!!!!!!
AMO/SOU KKKKKKKKKKKKK
Parei... Bom, espero que gostem!
Boa leitura!

Capítulo 10 - Número de emergência


Fanfic / Fanfiction Let me be your lover - Número de emergência

POV Loris

Depois que Salma foi embora, voltei à sala de jantar, meu pai  desfazia a mesa.

-Salma já foi?-Ele perguntou me olhando.

-Sim...-Eu respondi.

-Ela é bem agradável de conversar...-Meu pai revidou.

-Quem não seria agradável recebendo pra isso?-Minha mãe disse entrando na sala.

-O que?-Eu falei incrédulo.

-Isso... Quando você foi falar com ela na cozinha... Eu fui atrás e ouvi ela cobrando dinheiro  e você pagou a ela... Loris, nunca pensei que veria isso de você... Pagando uma mulher...-Ela revidou furiosa.

Meu pai me olhou confuso.

-Claro que a senhora viu tudo errado...-Eu disse.

-Vi você pagando ela...-Ela me interrompeu.

-Sim, eu paguei Salma... Mas não pra ser uma acompanhante... Ela é cozinheira, e eu contratei pra fazer o jantar... Uni o útil ao agradável... Acabou o jantar, ela exigiu o pagamento... Ainda mais depois de ouvir o que a senhora falou... Mãe que vergonha... Nem pediu desculpa...-Eu revidei.

-É isso Christine... Amigos, amigos, negócios a parte...-Meu pai disse.

-Não acredito em você... Ela parece mais aquelas garotas de porta de estádio... Bonitas e prontas pra dá um golpe da barriga no primeiro jogador que se sentir atraído por ela... Loris... Você está cego...-Ela falou.

-Mãe, ela não é assim!-Eu gritei e saí da sala de jantar apressado.

Subi as escadas furioso, fui para o meu quarto, bati a porta. Fiquei andando de um lado para o outro nervoso. Peguei meu celular e liguei pra Salma, pedi que esperasse por mim no apartamento, ela ficou confusa pelo fato de ter acabdo de sair da minha casa e eu querer vê-la, mas aceitou.

Eu então desci apressado, havia deixado a chave do carro na cozinha, fui até lá,  meus pais discutiam sobre mim.

Minha mãe me encarou.

-Loris, eu sou sua mãe e não admito você falando daquele jeito comigo...-Ela disse.

-Minha mãe e não pensou duas vezes antes de falar alguma coisa da minha amiga... Talvez o que você falou tenha magoado nós dois...-Eu revidei procurando a chave.

Meu pai  ficou calado, ele mexia na máquina de lavar louça.

-Filho, você está cego... Eu só quero que você abra seus olhos pra esse tipo de gente...-Minha mãe continuou.

-Eu vou sair... Não me esperem...-Eu falei ao achar a chave.

Peguei.

-Não, Loris...-Meu pai disse.

-Vai pra onde?-Ela perguntou.

-Ficar com a interesseira a noite toda... Fazer o dinheiro que paguei a ela valer... É só nisso que você acredita, não adianta eu falar outra coisa...-Eu respondi e saí da cozinha.

-Christine, deixa ele viver a vida dele...-Ouvi meu pai dizendo.

Caminhei pela casa até a porta, saí, peguei o carro e fui encontrar com Salma.

Quando cheguei, ela estava na entrada me esperando.

Desci do carro e fui até ela.

-O que acont...-Ela disse.

Eu interrompi beijando ela de uma vez.

-Deixa eu ficar com você essa noite?-Eu falei cessando o beijo.

-Mas antes me explica o que aconteceu... Você deveria está com seus pais... Acabaram de chegar...-Salma revidou abrindo a porta.

Entramos no prédio.

-Minha mãe foi bem horrível com você... Ela não merece minha atenção... Não hoje...-Eu disse.

-Não liga, Loris... Eu estou bem...-Ela disse.

-Mas eu não... Seus pais apesar daquela confusão toda, não me trataram mal... Minha mãe, mesmo sendo recebida com um jantar incrível falou aquelas coisas... Não há nenhuma verdade nas palavras dela sobre você...-Eu revidei.

-Está tudo bem...  Sua mãe pode está com ciúme... Não faz algum tempo que ela não te vê? Aí chega e encontra alguém na sua casa parecendo uma esposa...-Salam falou e riu.

Eu ri do jeito dela.

-Esposa? É, até que pareceu uma... Mas se fosse ciúme ela deveria fazer coisas pra ter minha atenção... E não ficar falando de você sem conhecer... Talvez se eu falar um pouco sobre a sua vida, ela pare...-Eu disse.

-Não... Não quero envolver seus pais nisso... É cansativo ficar respondendo várias perguntas  e revirando tudo na minha cabeça...-Ela revidou enquanto subíamos as escadas.

-Então promete que não vai se irritar com as bobagens que Christine Karius falar?-Eu perguntei.

Salma parou e me encarou.

-Não posso te prometer nada... Eu me irrito com várias coisas... Acho melhor nem encontrar ela outra vez...-Ela respondeu.

-Ah não... Você tem que encontrar ela outra vez... Pra ela ver como você é...-Eu revidei segurando o braço dela.

-Como eu sou bruta e respondona?-Salma disse.

-Não esse lado... Que eu até gosto, é desafiador... Mas pra ela um lado bem calmo e adorável...-Eu falei.

-É difícil... Você viu como ela me olhou? Com nojo... Desaprovação...-Ela revidou e continuou a subir.

-Mas e meu pai?Ele te tratou bem...-Eu disse seguindo ela.

-Ele foi muito gentil... Mas nunca esqueça, o caminho para o coração de um homem começa pelo estômago...-Salma falou e riu.

-E o caminho para o coração de uma mulher? É através de cigarros, cerveja e o Titanic?-Eu revidei.

-Não...-Ela disse.

Chegamos ao andar dela. Salma foi caminhando na frente  até a porta. Me olhou depois de girar a chave.

-Foi que pensei... Ainda não cheguei ao caminho do seu coração...-Eu continuei.

Entramos.

-E quer chegar?-Salma  perguntou jogando a mochila no chão.

Puxei ela pelo braço.

-Se eu não quisesse, não estaria aqui...-Eu respondi colando o corpo dela ao meu.

Nos beijamos.

-Deveríamos mudar de assunto...-Ela revidou cessando o beijo.

-Vou encerrar se me der o mapa pra chegar ao seu coração...-Eu falei.

-Você é esperto... Você pode descobrir e decidir se segue ou não...-Salma disse me empurrando devagar.

-O que você prefere? Que eu siga ou não?-Eu falei.

-Vamos mudar de assunto... Quer um chá?-Ela revidou indo em direção à cozinha.

Respirei fundo e acompanhei.

-Pra ficar aqui, tenho que seguir suas regras... Então eu aceito um chá e paro de falar naquilo...-Eu disse.

Salma sorriu e começou a preparar.

-Faço chá e aí podemos beber lá no terraço... Sentindo o vento... Mas acho que você deveria ter ficado em casa... Agora é que sua mãe vai ficar ainda mais com receio de mim...-Salma falou.

-Minha mãe tem que aprender... Você não fez mal algum a ela... Não tem por que ela agir daquele jeito...-Eu revidei.

-Acontece nas melhores famílias...-Ela disse.

-Acho que estou começando a entender melhor essa frase... Toda família tem o seu problema...-Eu falei.

-Simples assim...-Ela revidou.

Salma preparou o chá e nós subimos para o terraço do prédio.

-Sabe o que eu acho? Amanhã deveríamos sair nós quatro... A noite no Albert Dock... Você conhece mais do que eu... Pode falar sobre o lugar pra eles...-Eu disse.

-Tudo bem... Acho que não estarei fazendo nada mesmo... Vamos jantar amanhã também?-Salma falou.

-Começo a achar que o caminho para o seu coração também começa no estômago...-Eu revidei e ri.

Ela riu.

-Acho que uma parte sim... Tenho certa paixão por comida, não sei se percebeu...-Salma disse.

-Sério?Então vou ter que aprender a cozinhar...-Eu falei me divertindo.

-É algo útil...-Ela revidou.

-Talvez se eu tivessse uma namorada que me ensinasse a fazer isso, seria mais fácil...-Eu disse.

-É... Você ainda não tem isso...-Salma falou.

-Eu gosto de uma garota... Mas ela é difícil...  Você como minha amiga, poderia me aconselhar...-Eu revidei.

-Seja você mesmo... Sorria, faça ela rir... Dê um abraço nela, mesmo ela achando que não precise disso... Respeite as escolhas dela... Seja gentil... Acho que é isso...-Salma disse me encarando.

-Então acho que tenho meio caminhado ou já cheguei ao coração dela...-Falei me aproximando mais.

Abracei.

-Vamos descer... Antes que fique mais frio...-Ela revidou.

Descemos, meu celular tocou, era minha mãe, eu recusei a ligação e desliguei.

Nós tiramos os sapatos, os casacos e deitamos no colchão.

-Acho que seu apartamento está se tornando um dos meus lugares favoritos de Liverpool... –Eu disse fazendo carinho na barriga dela.

-Então bem que poderia me ajudar a pintá-lo mês que vem... Já que amigo ajudam um ao outro...-Salma falou e riu.

-Claro... Marcamos um dia que  nós dois não tivermos nenhum compromisso...-Eu revidei.

-Te pago uma pizza quando a gente terminar...-Ela disse.

-Vira, Bird... Vamos dormir...-Eu falei.

Salma sorriu e antes que ela virasse de costas pra mim, beijei ela.

Adormecemos.

Pela manhã, acordei antes dela, levantei e fui ao banheiro, depois lavei o rosto então segui pra cozinha.

Procurei o café pra fazer, achei e fiquei um pouco perdido, não tinha cafeteira ali.

Deve ter alguma cafeteria aqui perto, vou comprar rapidinho e volto. Pensei e saí da cozinha. Me calcei e fui até a porta,  girei a chave.

-Já vai?-Salma perguntou.

Me virei e ela sentava na cama, os olhos um pouco fechados.

-Não... Ia sair pra comprar café pra nós dois...-Eu respondi.

-Mas tem café aqui...-Ela revidou.

-Mas não tem cafeteira...-Eu disse.

-É que gosto mais de café coado... À moda antiga... Volta, deixa que eu faço..-Salma falou levantando.

-Queria fazer...-Eu revidei.

-Vou ao banheiro...  E aí te mostro como faço... Na verdade já fiz outra vez com você aqui...-Ela disse indo em direção ao banheiro.

 Fiquei esperando, olhei a hora e não estava atrasado, Salma voltou pouco tempo depois com o cabelo preso. Na cozinha ela me mostrou como fazia e preparou um café da manhã simples pra nós dois.

Depois fui pra casa, cheguei e fui direto para o quarto, tomei banho, escovei os dentes, quando saí do banheiro meu pai estava sentado na cama.

-Bom dia...-Ele falou.

-Bom dia...-Eu revidei.

-Loris, que bom que chegou inteiro... Ficamos preocupados, saiu muito nervoso...-Meu pai disse.

-Pai, como eu não poderia estar nervoso? Tentei recebê-los de uma forma diferente e minha mãe faz aquela vergonha...-Eu falei.

-Vamos por partes... Você não preparou sua mãe pro momento... A única coisa que sabíamos era que você tinha traído Annelie com Salma... E depois que continuava acompanhado dela... Que ela é bonita... Muito mais pessoalmente... E ontem foi aquilo mesmo? Você pagou pelo jantar?-Ele continuou.

-Sim... Salma foi demitida... Por que sumiu do trabalho, viajou... Então eu convenci ela a receber o dinheiro pelo jantar... Ela nem queria... Mas acho que ontem, ela decidiu receber de vez... Eu juro pai... Salma não é má pessoa... Nem é acompanhante...  Queria muito falar dela pra vocês... Mas Salma não quer se expor... Ela nem queria que eu fosse jogador de futebol...-Eu disse.

Meu pai me olhava nos olhos, então sorriu.

-Você está bem apaixonado por ela... Nunca te vi defender uma garota como fez agora... Loris, por mim você faz o que quiser... Já é bem crescido... Se está feliz namorando ela... Sua mãe vai ter que aceitar uma hora...-Meu pai falou.

-Não somos namorados...-Eu revidei.

-Como?-Ele perguntou.

-Para os pais dela e pra vocês dois, concordamos em falar que somos um casal... Mas na realidade não oficializamos nada... Entre nós dois é um relacionamento como naquele filme...-Eu respondi.

Meu pai fez uma cara confusa.

-Vai entender esses jovens de hoje... Vocês têm encontros afetivos?-Ele revidou.

-É... Uma coisa assim... Eu gosto da Salma... Me sinto bem com ela, apesar do jeito dela e das escolhas impulsivas  que ela tem... Ela é natural...-Eu disse.

-Por que não pede logo em namoro? Dá uma certeza pra Salma... Pode ser que ela queira isso...-Meu pai continuou.

-O senhor não conhece a Salma... É bem capaz dela me dá um murro na cara...-Eu falei e ri.

-Entendi... Entendi por que saiu tão irritado ontem e gritou com Christine... É por que tem medo que qualquer coisa afaste Salma de vez?-Ele disse.

Meu pai havia chegado ao ponto, Salma era impulsiva e por qualquer coisa sairia da minha vida sem se importar ou fingindo muito bem que não se importa comigo. Eu  concordei com a cabeça.

-Cadê minha mãe?-Eu perguntei.

-No quarto... Ainda dormindo... A viagem foi longa e ela quase não dormiu preocupada com você...-Meu pai respondeu.

-Tenho que me arrumar agora e ir para o Melwood... Quando eu voltar vejo se tem condições de uma conversa com minha mãe... Ah, e nós vamos sair hoje a noite...Salma vai ser guia da gente no lugar favorito dela na cidade...-Eu revidei.

-Tá certo... Vou conversar com Christine... –Meu pai revidou e saiu do quarto.

Me arrumei e fui para o  Melwood. Durante o dia todo fiquei pensando na questão namorar a Salma ou pelo menos oficializar algo com ela, estávamos soltos e ela poderia fazer o quisesse e  ficar com outros caras é uma possibilidade.

No início da noite voltei pra casa. Quando entrei meus pais estavam na sala.

-Boa noite...-Eu falei.

-Boa noite...-Eles revidaram em coro.

-Como passaram o dia?-Eu perguntei.

-Bem... Mas ainda preocupada, não lhe vejo desde ontem, meu filho... Só fiquei mais calma por que seu pai disse que você tinha voltado pela manhã...-Minha mãe respondeu.

-Fui apenas dormir no apartamento da Salma... Ficaram aqui o dia todo?-Eu revidei.

Minha mãe olhou com desgosto.

-Ficamos por aqui mesmo... Descansamos da viagem, aproveitamos a casa...-Meu pai disse.

-Que bom... E ainda vão se arrumar pra gente sair?-Eu falei.

-Sim...-Minha mãe revidou.

-Ótimo... Eu vou ligar pra Salma... Pra perguntar onde vamos nos encontrar...-Eu disse e fui saindo da sala.

-Ele  insiste em ter ela perto na nossa presença...-Ouvi minha mãe dizendo.

Subi as escadas e liguei pra Salma, ela parecia bem, marquei nosso ponto de encontro e esperei meus pais ficarem prontos.

Então finalmente saímos. Deixei o carro próximo ao Albert Dock e seguimos caminhando, não estava muito cheio, pessoas mais passavam por ali do que passeavam. Avistei Salma um tempo depois, fui até ela apressando.

-Boa noite Bird... Como está seu humor está noite?-Eu falei abraçando ela por trás.

-Boa noite... Acho que um pouco inspirado o dia todo... E você como está?-Ela revidou virando e sorrindo.

-Com esse sorriso todo, só posso ficar melhor do que já estava...-Eu disse.

Salma me empurrou um pouco, soltei ela e vi que meus pais haviam se aproximado.

-Boa noite...-Meu pai falou sorrindo.

-Boa noite Sr. e Sra, Karius...-Salma revidou.

-É você quem vai nos mostrar tudo por aqui?-Meu pai perguntou.

-Sim... Mas antes... Trouxe algo pra vocês três... Bom, espero que não tenha virado uma bagunça... Por coloquei nessa sacola, as embalagens...-Salma respondeu mexendo na sacola que ela segurava.

Entregou uma caixinha à minha mãe, ao meu pai e por fim a mim.

-O que é?-Eu falei vendo um morango por cima pela embalagem transparente.

-Como eu disse, humor inspirado, então depois que você foi embora, eu saí  pra fazer umas compras e tive a ideia de fazer mil folhas... Fiz a tarde e trouxe pra vocês...-Salma disse animada.

-Obrigado..-Meu revidou sorrindo.

Olhei pra minha mãe esperando uma reação.

-Obrigada...-Ela falou.

Salma sorriu um pouco desconcertada.

-Obrigado, Bird... Aposto que está delicioso...-Eu disse.

-De nada... Urso...-Ela revidou.

Então começamos o passeio, meu pai fazia perguntas e Salma se divertia falando do lugar.

-Vamos na roda gigante?-Eu sugeri quando nos aproximamos da Wheel of Liverpool.

-Sim... É muito lindo ver  tudo lá do alto...-Salma disse.

-Eu estou ficando com fome, então acho que vou comer meu mil folhar lá em cima...-Meu pai falou.

-Pai, mãe fiquem na fila... Vou comprar os ingressos ali com a Salma...-Eu falei apontando pra onde vendia.

Peguei a mão dela e fomos para um dos guichês.

-Seu pai é muito legal...-Salma disse.

-Está tudo bem com você?-Eu perguntei.

-Sim... Só não sei sua mãe... Não tem falado quase nada...-Salma respondeu e olhou na direção deles.

-Problema dela... Meu pai está gostando...-Eu revidei e beijei o rosto dela.

-Você está preocupado... Posso ver isso nos seus lindos olhos...-Ela falou.

-Eu estou bem...-Eu disse.

Comprei os ingressos e fomos até meus pais.

-Não aguentei esperar... Estou comendo aqui na fila mesmo...-Meu pai falou de boca cheia.

-Está bom?-Salma perguntou.

-Salma, sério mesmo... Você deve ter seu próprio livro de receitas? Digo, escrito por você... Por que se tiver quero uma cópia, não sei se me acostumo a a comer coisa de gente normal todo dia outra vez não...-Meu pai respondeu.

Salma riu.

-Ainda ficou uma parte no apartamento... Posso montar e levar amanhã;;; Ou Loris pode passar lá e pegar...-Ela disse.

-Então Salma... Você não tem um emprego?-Minha mãe falou.

A fila ia andando um pouco devagar.

-Eu tinha... Trabalhava no Philharmonic... Um dos restaurantes mais antigos se não é o mais antigo da cidade... Mas eu precisei viajar, não avisei, aí me demitiram... Eu deveria ter saído pra procurar um novo trabalho hoje, só não estava muito afim, então não fui... Preferi cozinhar em casa...-Salma revidou.

-Eu seus pais Salma?-Meu pai disse.

-Não tenho laços com minha família e prefiro não falar do assunto... Se puderem me respeitar, eu agradeço...-Ela falou.

-Tudo bem...-Ele revidou.

-Fugiu de casa? –Minha mãe insistiu.

-Também... Mas eles meio que sabem onde estou agora... Então não sou bem uma fugitiva...-Salma falou e segurou minha mão.

-Meu filho corre riscos?-Minha mãe continuou.

-Mãe!-Eu exclamei.

-Christine!-Meu pai teve a mesma reação.

-Ele não corre nem um risco...-Salma disse.

Fomos interrompidos por ter chegado nossa vez de entrar nas cabines da roda gigante, comprei um pacote só para nós quatro dentro da cabine, bem mais caro, mas eu precisava da privacidade.

-Isso dá um pouco de medo...-Minha mãe falou abraçando meu pai enquanto a roda ia girando devagar e subindo.

-Também tenho medo... Apesar de já ter vindo outras vezes...-Salma revidou entrelaçando a mão a minha.

Ela me olhou e sorriu. Fiz carinho no rosto dela.

-Que vista linda aqui de cima...-Meu pai disse.

Minha mãe foi soltando ele pra olhar melhor.

-O pôr do sol visto daqui também é muito incrível...-Salma falou.

-Imagino... Mas será tão incrível quanto o da Irlanda?-Eu revidei.

-Aquele foi incrível também, mas você nunca viu o de Durban...-Ela disse.

-Espero que me leve lá algum dia... Aí eu posso ver...-Eu falei e beijei o rosto dela.

 Um silêncio tomou conta, Salma e meus pais estavam distraídos olhando a paisagem, eu discretamente comecei a desamarrar o cadarço do meu sapato.A roda parou com nossa cabine bem no alto.

-Vamos tirar fotos...-Salma disse.

-Vamos...-Meu pai revidou.

Começamos com as fotos, deles sozinhos, comigo, eu e Salma também.

-Pai, tira uma nossa, mas espera... Tenho que amarrar meu cadarço...-Eu falei entregando meu celular a ele com a câmera aberta.

Me abaixei, fui fazendo aquilo devagar com meu joelho apoiado no chão da cabine.

-Eu não tenho coragem de me ajoelhar aqui...-Salma disse e riu.

-É preciso ter muita coragem... Ainda mais para o que vou fazer agora... –Eu revidei ainda de cabeça baixa.

-O que?-Salma perguntou.

-Espero que não sinta vontade de me jogar daqui de cima...-Eu respondi olhando pra cima.

Nossos olhos se encontraram.

-Hã?-Ela revidou confusa.

Peguei a mão dela.

-Princesa, não sei se pássaro  dá certo com um urso... Mas eu estou querendo tentar e ver no que resulta... Não quero mais incerteza entre nós dois... Então seja minha bird, aceita me namorar?-Eu falei encarando ela.

-Loris!-Minha mãe exclamou.

-Deixa ele, Christine...-Meu pai revidou.

Salma olhou para os meus pais e então novamente pra mim.

-Loris...-Ela disse.

Parecia assustada.

-Diga sim...-Meu pai falou baixo.

-Ficou sem palavras?-Eu perguntei um pouco constrangido sem a resposta dela.

-Sim...-Ela respondeu.

-Sim o que?-Eu revidei.

-Sim e sim... –Salma falou e sorriu.

Sorri de volta.

-Tenho dois Sim, então acho que posso te beijar...-Eu disse levantando.

Salma concordou com a cabeça. Abracei ela pela cintura e nos beijamos.

-Só o que me faltava...-Minha mãe falou.

-Pra completar sua felicidade, mãe?-Eu revidei soltando Salma.

-Christine, eu não vou roubar seu filho de você, eu gosto dele... Eu não sou mãe, mas eu tenho uma... E sei que ela sofre muito com a minha ausência na vida dela... Então quem sou eu pra tirar o filho de alguém? E não se preocupe, não quero nada do seu filho além da companhia e amizade... Eu sou bem acostumada com pouco e sei o que é ter muito... Não preciso dele da maneira que a senhora acha que preciso...-Salma disse tranquila.

-É sempre o mesmo discurso... Me escuta, se você não seguir o que acabou de falar... Eu mato você...-Minha mãe falou séria.

Senti vergonha da minha mãe, meu pai ficou vermelho na hora.

-Tudo bem...—Salma revidou e sorriu.

A roda gigante voltou a se movimentar.

Abracei ela por trás e voltamos a observar a paisagem.

-Tudo bem se ela te matar?-Eu sussurrei no ouvido dela.

-Não vai acontecer... Ela nunca vai precisar fazer isso...-Salma disse.

-Como se sente? Tem um namorado agora...-Eu revidei.

-Bem... Acho que vai ser interessante namorar sério... E divertido...-Ela falou virando pra mim.

-Mas vamos manter isso em particular... Não quero te expor, nem a minha vida..-Eu disse.

-Tudo bem... Só interessa a nós mesmos...-Salma revidou.

-Então agora posso te ligar todo dia, aparecer no apartamento e também ser surpreendido por você?-Eu falei.

-Sim... Acho que preciso incluir uma rotina na minha vida... Começar com um namoro é uma boa ideia...-Ela disse e riu.

-E o cigarro?-Eu perguntei.

-Tenho sentido pouca vontade... Ontem falei que queria o táxi logo pra ir embora e fumar, mas não aconteceu... Ainda mais quando ligou dizendo que ia me encontrar... Bom, estou sem nada desde ontem...-Salma respondeu.

-Que novidade boa...-Eu revidei e beijei ela.

A roda gigante parou outra vez, mas agora em baixo pra gente descer.

Seguimos o passeio, fomos ao The Cavern club, meus pais resolveram beber uma cerveja.

-Você não bebe Salma?-Meu pai perguntou.

-Está grávida?-Minha mãe disse.

-Eu bebo, não estou grávida... Só não estou com vontade de beber agora...-Salma falou.

-Ela não quer ter filhos... Então não há essa possibilidade...-Eu revidei.

-Ah, mas por que não?-Meu pai continuou.

-É muita responsabilidade e filhos prendem os pais aos lugares... –Ela disse e riu.

-Mas nem sempre o que você quer acontece...-Meu pai falou.

Aproveitamos um pouco o lugar e fomos a um restaurante ali perto, jantamos e depois Salma quis ir para o apartamento em vez de ir pra minha casa.

Deixei ela lá e segui com meus pais, quando chegamos.

-Loris, o que você tá fazendo da sua vida? Primeiro veio pra cá, eu já não concordava com isso... Inglaterra outra vez, aí agora me aparece com essa ninguém e decidi namorar ela...-Minha mãe disse ao entrarmos.

-Ah mãe, vai continuar? Quer que eu vá dormir fora outra vez?-Eu revidei.

-Christine... Deixa que ele faça as escolhas dele...-Meu pai falou.

-E agora a minha escolha  é comer o mil folhas que Salma fez... A senhora deveria fazer o mesmo pra ver se adoça seu coração...-Eu disse e fui pra cozinha.

-Ele quer que eu tenha um ataque do coração... Harold, meu filho está transformado...-Ouvi minha mãe falar.

Parei um pouco escondido pra ouvir.

-E você também querida... Não sorri, não aprova nada... Nós acabamos de conhecer Salma... Ela não é nada convencional... Mas Loris parece satisfeito com a garota...-Meu pai revidou.

-Satisfeito? Sexualmente você diz? É isso por que ele é adulto, jovem e não consegue manter o pinto dentro da calça... Homem é um ser muito fraco nesse quesito, nessa idade... Não podem ver um rabo de saia, ainda mais como ela...-Ela continuou.

-Se você acha isso mesmo... Então por que se preocupa? Se ele não consegue manter a calça abotoada, não vai durar muito com Salma... E vai arrumar outra... Então relaxa, se está convencida de que seu filho é assim...-Ele falou.

-Loris está muito diferente... Eu nunca imaginaria ele traindo Annelie... E gritou comigo ontem por causa de uma mulher? Não sei o que pensar mais dele... Não reconheço meu filho...-Minha mãe revidou e parecia começar a chorar.

-Para de ser dura com ele por causa de um relacionamento que você não sabe se vai longe... Você não tem que se importar com a Salma, e sim com ele... Passamos dias sem vê-lo... Vir pra cá e ficar brigando não é bom pra nós três... Salma é problema dele, não seu... Nem meu... E não precisa tratar ela mal, a garota tem sido ótima com a gente...-Meu pai disse.

-Claro que ela está sendo ótima.. Precisa de pontos com  ele, com a gente... Harold... Não venha tentar me obrigar a ser legal com ela, por que não vai acontecer...-Ela falou.

-Apenas não trate mal... Eu não vou mentir pra você, eu gostei da Salma... O jeito dela desencanada... Simples... E ela até pode tentar mostrar que não se importa com nada na vida... Mas ela se importa, se importa com comida... Se ela pode ser importar com uma coisa, pode se importar com outras também...-Ele revidou.

-Não foi atrás de emprego por que não estava a fim? Faz me rir... Emprego pra que se agora tem um namorado rico?-Minha mãe continuou.

-Christine, para... Se não arrumo as malas agora e vamos embora...-Meu pai disse.

-Tá... Tá... Não falo mais nada...-Ela falou.

Os dois se calaram, segui pra cozinha e  abrindo a embalagem com o mil folhas, lembrei que eu e Salma somos namorados agora, tirei uma foto e mandei pra ela.

Salma mandou uma outra foto fazendo o mesmo que eu.

Ficamos conversando pelo celular até mais tarde,então fui dormir.

Meus pais foram embora poucos dias depois e minha mãe não falou mais nada como havia prometido ao meu pai, eu e Salma  estávamos bem e acostumá-la a um namoro nos divertia.

Um mês se passou, eu me recuperei completamente da mão, e chegou o meu primeiro jogo com o Liverpool, mas away contra o Derby County, Salma não foi por causa do trabalho novo que tinha conseguido e aceitou ficar na minha casa com Hugo enquanto eu estava fora.

Quando voltei pra casa, Salma me recebeu animada.

-Você voltou urso! Eu assisti o jogo... Você joga bem...-Ela disse ao abrir a porta.

Me abraçou e me beijou. Hugo estava agitado nas nossas pernas.

- Você assistiu? Gostou?Foi tudo bem por aqui?-Eu perguntei.

Salma me soltou e pegou Hugo nos braços.

-Assisti, foi muito legal... Tudo bem por aqui... Hugo não deu trabalho...-Ela respondeu.

-Então já posso confirmar sua presença no Anfield Road?-Eu perguntei enquanto entrávamos em casa.

-Sim... Acho que vai ser mais legal ainda... Advinha... Estou cozinhando...-Ela respondeu.

-Foi ao trabalho hoje?-Eu revidei colocando a mala na sala.

-Fui... Tenho gostado de trabalhar no Baltic Fleet... Apesar de que agora sempre acho que estou com mais cheiro de fritura do que nunca...-Salma disse e riu.

Colocou Hugo no chão.

-Vou conferir...-Eu falei puxando ela pela cintura.

Comecei a beijar a nuca dela.

-Eu fico com vergonha se estiver com cheiro de comida...-Salma revidou rindo.

-Não sinto cheiro de comida aqui... Só o seu perfume doce..-Eu disse.

Ela virou e me encarou.

-Bom ter você de volta na cidade... Senti saudades...-Ela falou e me beijou.

-Você quer matar a saudade agora ou depois do jantar?-Eu perguntei cessando o beijo.

-Depois... Tenho medo de queimar a comida com outro tipo de distração...-Salma respondeu se saindo de mim.

-O que está fazendo?-Eu revidei.

-Legumes assados no forno e uma carne... Você vai gostar...-Ela falou e saiu andando em direção a cozinha.

Eu ri. O cheiro de comida nela nem me importava mais e Salma evitava se aproximar muito de mim depois de trabalhar até ela tomar banho.

Subi com a mala e Hugo me seguiu.

-E aí filho? Se divertiu com a Salma?-Eu perguntei observando ele pular na cama.

Abanava a cauda sem parar, mexi um pouco com ele fazendo carinho.

Então tomei banho e desci, Salma arrumava a mesa de jantar, achei ela diferente, e desde que nos conhecemos agora ela parecia ter engordado um pouco.

Parece que relacionamentos engordam, ainda mais quando a pessoa não pratica exercícios físicos. Ou seria a falta de cigarros? Salma estaria descontando na comida?Pensei.

-Está quase pronto, o jantar...-Ela falou me olhando.

-Falei com meu pai hoje antes de viajar de volta... Ele disse que não vê a hora de voltar aqui pra comer da sua comida outra vez...-Eu disse.

-Ah, diz pra eles virem...  Faço um jantar com o tema que eles escolherem...-Salma revidou.

-Minha mãe não quer vir...-Eu falei.

-Quando quiser ir pra lá... Não se prenda aqui por mim...-Ela disse e sorriu.

Aquele sorriso que não era verdadeiro, Salma parecia querer um pouco mais de aprovação da minha mãe, e ela não estava sendo fácil.

-Eu te digo quando eu achar que devo ir lá...-Eu revidei.

-Senta... Vou pegar nosso jantar...-Salma falou e foi em direção a cozinha.

Voltou um tempo depois com duas travessas e colocou sobre a mesa.

-Sempre vou me sentir em um restaurante com você aqui cozinhando...-Eu disse e ri.

-Como no Baltic Fleet o cardápio não é tão amplo... Cozinho o que quero aqui e me sinto uma grande chef...-Salma revidou e sentou.

-Você pra mim é uma grande chef...-Eu falei.

-Obrigada... Vamos comer...-Ela disse.

Nós jantamos conversando sobre o jogo, ela estava querendo saber de tudo, como funcionava dentro do vestiário, a vida nos hotéis com os colegas do time, o que o técnico falava.

Depois do jantar, deixamos a bagunça da cozinha de lado e fomos logo para o quarto, escovamos os dentes e nos deitamos.

-Amanhã a noite, podemos começar a pintar o apartamento, se quiser...-Eu falei.

-A tinta já foi comprada... Então vamos começar amanhã sim... Leve sua roupa de grife velhinha...-Salma revidou e riu.

-Falar em roupa de grife... Você por acaso está usando alguma das lingeries da Calvin Klein que eu te dei?-Eu disse.

Salma sorriu confirmando com a cabeça.

-Estou...-Ela falou.

-Humm... Ótimo... Por que estou muito a fim de tirar ela com os dentes...-Eu  revidei indo por cima dela.

Esquentamos, transamos e caímos no sono depois.

POV Salma

Acordei e Hugo estava entre nós dois,  levantei fui ao banheiro, eu ainda estava sem roupa da nossa noite, lavei o rosto, prendi o cabelo, escovei os dentes, vesti a lingerie e a blusa do pijama dele, era comprida e era roupa mais fácil no momento.

Saí do quarto, Hugo me acompanhou, desci e fui pra cozinha, a bagunça estava lá,  era a pior parte pra mim,  mas na casa dele tinha algo que me deixava feliz, a máquina de lavar louças.

Fui organizando pra colocar tudo dentro da máquina. Olhei a hora, um pouco mais de oito horas da manhã, meu horário no trabalho seria a partir das dez.

Depois das coisas já estarem na máquina, coloquei comida pro Hugo e troquei a água dele.

Então comecei a preparar o café da manhã, a campanhinha tocou.

Hugo saiu correndo.

-Logo agora que coloquei os ovos na frigideira?-Eu falei e não parei o meu preparo.

Eram ovos mexido e em um minuto ficariam prontos.

A campanhinha tocou outra vez, e mais uma e mais uma. Parecia irritada. Hugo latia.

Desliguei o fogo, lavei as mãos e saí da cozinha apressada.

Hugo latia e parecia tentar abrir a porta, cavando ela, a campanhinha não parava.

-Já vai... Hugo deixa eu abrir...-Eu disse ao chegar a porta.

Peguei a chave pendurada na parede e abri. Ela arregalou os olhos ao me ver, eu gelei por uns segundos.

-Hugo!-A mulher loira exclamou se abaixando.

Ele parecia feliz, ela falava em alemão com ele, o rosto eu reconheci, das fotos com Loris, fiquei parada sem saber bem o que fazer.

-Posso ajudar?-Eu disse baixo.

Ela não me olhou e continuou falando com Hugo por mais um tempinho, então ficou de pé com ele no braço, ele lambeu o rosto dela.

-Você fala minha língua?-Ela perguntou em alemão.

Não entendi.

-Desculpe...-Eu respondi em inglês.

-Acho que isso é um não... Oi, eu sou Annelie... O dono da casa está?-Ela revidou em inglês e foi entrando sem se importar comigo na porta.

-Está... Dormindo... Vou chamá-lo...-Eu falei fechando a porta.

Virei e ela sentava no sofá.

-Trabalha aqui? Não, acho que não... Vestida assim essa hora, com certeza não... Me conhece?-Annelie disse me olhando dos pés a cabeça.

-Eu vou chamar o Loris...-Eu revidei indo em direção a escada.

-Calma... Me conhece? Quero saber...- Ela Insistiu.

-Sim... Eu conheço você, pelo menos por foto... Pode dizer o mesmo de mim?-Eu falei.

-Não... Dorme com ele?-Annelie continuou.

-Nós somos namorados, então é natural que isso aconteça...-Eu disse um pouco orgulhosa.

Ela sabe que ele traiu ela comigo? Me perguntei.

Ela parecia surpresa com o que falei.

-É namorada? Eu sou a ex namorada... Foi com você que ele ficou ainda namorando comigo? Não tem medo que aconteça o mesmo com você?-Ela falou.

-Não sei se tenho que explicar sobre o meu relacionamento com ele à você... Vou chamá-lo...-Eu revidei e subi as escadas.

-Que estresse...-Ouvi ela falar.

Eu não queria conversar com ela, nem sabia da existência de Annelie até descobrir que Loris era jogador de futebol.

Entrei no quarto.

-Urso... Loris.... Acorda... Annelie está lá embaixo...-Eu disse tocando ele.

-Hã?-Ele revidou acordando.

Esfregou os olhos e me encarou.

-Annelie está lá embaixo...-Eu falei.

-O que? O que ela está fazendo aqui?-Ele perguntou levantando da cama apressado.

-Não sei... Se vista e vá ver o que ela quer...-Eu respondi observando ele entrar no banheiro.

Um sentimento de medo bateu em mim, eu poderia ser descartada por ele, e ele poderia voltar com ela. Fiquei sentada na cama esperando ele, um tempo depois ele saiu do banheiro, vestiu um moletom.

-Vou falar com ela...-Ele disse e se aproximou de mim.

Me beijou e saiu do quarto, dei um tempo ali e desci para ir à cozinha. Passando pela sala, os dois conversavam em alemão, e não parecia uma coversa amigável, segui pra cozinha pra terminar o café e a louça.

Um tempo depois os dois entraram na cozinha, continuaram a falar em alemão, então eu continuei na louça.

Os dois foram pra lavanderia, segui pra ver o que faziam.

Loris colocava as coisas de Hugo numa sacola.

-Oh... Não se preocupa, não vai acontecer nada entre nós dois...-Annelie disse  em inglês ao me ver observando eles dois.

-Não estou preocupada com isso...-Eu revidei.

-Bird, ela vai levar o Hugo...-Loris falou com lágrimas nos olhos.

-Por quê?-Eu perguntei encarando ela.

-Eu adotei ele... Ele é meu... Então vou levá-lo... Não é maldade minha... É que eu tenho direito...-Annelie respondeu.

-Entendi...-Eu revidei.

Loris terminou de arrumar as coisas chorando, então pegou Hugo dos braços dela e começou a se despedir, Annelie pegou a sacola.

Eu não sabia o que falar, na verdade não queria falar nada com ela ali, mas ele estava triste, foram saindo da área de serviço, acompanhei até a porta.

Loris não parava de chorar abraçado a ele, enquanto Annelie mexia no celular.

Foram aproximadamente dez minutos de tortura até o táxi chegar, ela pegou Hugo dele, fui até ela e me despedi também. Entraram no carro, Loris me abraçou como se fosse uma criança, chorando e soluçando.

Fiquei em silêncio e chorei um pouco também, entramos na casa, levei ele pra cozinha, dei um copo com água.

-Não queria que ele fosse embora...-Loris disse soluçando.

-Eu sei...  Eu também não... Estava acostumada com ele aqui...-Eu revidei.

-Vou para o quarto... Estou de folga mesmo... Vou dormir o dia todo...Perdi até a fome...-Ele falou.

-Não, urso... Não fica assim... A gente pode adotar um cachorrinho novo ou um gatinho... Ou qualquer animal que quiser...-Eu disse.

-Não, bird... Queria que você ficasse aqui comigo...-Loris revidou.

-Ursinho, tenho que trabalhar... Não posso ficar faltando... Vamos fazer o seguinte... Eu tento sair cedo... Aí te ligo e você me encontra no apartamento pra gente começar a pintura... Vai te distrair...-Eu falei.

-Eu vou ficar sozinho... Não tem mais Hugo pra me fazer companhia aqui...-Ele continuou.

Me aproximei dele outra vez.

-Nós ficamos juntos hoje a noite, eu durmo aqui quantos dias você precisar...-Eu disse fazendo carinho no rosto dele.

Beijei.

-Pode ir Bird... Eu vou voltar pra cama...-Loris falou se saindo de mim.

Saiu da cozinha. Fiquei ali parada por um ou dois minutos, tomei café e fui para o quarto.

Loris estava na cama e olhava pra TV quase hipnotizado, eu me troquei e fui até ele.

-Até mais tarde, Urso...-Eu disse e beijei ele.

-Até...-Ele revidou cessando o beijo.

Peguei minha bolsa e fui para o trabalho.

Pensei nele o dia todo, fiquei preocupada, Loris era muito ligado a Hugo e eu também estava gostando muito dele.

No início da noite fui para o apartamento, Loris chegou pouco depois de mim.

-Boa noite...-Eu disse.

Os olhos dele entregavam que ele havia chorado mais ainda, por um momento me senti culpada, se aquilo era vingança da Annelie pra afetar ele de alguma forma, afinal ela também havia sido magoada.

-Boa noite, Bird... Como você falou... Roupa velhinha...-Ele falou e me abraçou.

Nos beijamos em seguida.

-Estou com cheiro de comida ainda...-Eu disse.

Loris riu.

-Não me importo... Você sabe disso... Se um dia você fosse ao meu treino, eu ia querer que me abraçasse todo suado e sujo...-Ele revidou.

-Então vamos começar a pintar a sala e teremos um outro cheiro aqui... O cheiro da tinta...-Eu falei.

Ele me soltou, foi até a tinta abriu. Derramou um pouco nas bandejas de pintura, tirou os sapatos.

-Vamos Bird, você ainda vai me pagar uma pizza hoje...-Loris disse e começou a pintar uma das paredes.

Sorri, peguei o outro rolo e fui pintando a outra.

O cheiro era forte, começou a me incomodar, deu uma dor de cabeça, parei um pouco e bebi água, Loris continuava e parou uma vez pra colocar música no celular.

Voltei a pintar, mas o mal estar continuava.

-Nossa, será que o tempo que fumei acabou com meus pulmões mesmo?-Eu falei um pouco tonta.

-O que foi Bird?-Loris perguntou.

-Vou beber água, esse cheiro da tintar é muito forte...-Eu respondi e parei outra vez.

-Pra mim o cheiro não está tão forte...-Ele revidou e continuou.

Bebi água e voltei pra parede, mas não passou, me senti gelar, uma moleza bateu.

-Urso... Eu não estou bem...-Eu disse e parei de novo.

Loris virou pra mim. Soltou o rolo de pintura e veio até mim. Me pegou no colo me levou até o balcão da cozinha.

Me apoiou ali, eu vomitei.

-Salma, vamos ao hospital... Comeu algo diferente hoje?-Ele  falou preocupado.

-Não... É só cheiro... Muito forte...-Eu revidei.

-Vamos pra fora do apartamento... Não dá pra continuar com você assim... Aí calço os sapatos e vamos pra casa... Ou hospital se você quiser...-Loris disse pegando o pano de prato em cima do balcão.

Limpou meu rosto e fez o sugerido, me deixou sentada na escada e demorou pra voltar. Fui melhorando, mas queria ir pra casa dele e me deitar.

-O que houve?-Eu perguntei quando ele saiu e fechou a porta.

-Não ia deixar vômito pelo chão, a tinta aberta...-Ele respondeu enquanto trancava.

-Obrigada...-Eu revidei levantando devagar.

-Calma... Eu te levo...-Ele disse e me pegou no colo outra vez.

Foi descendo as escadas devagar, me carregou até chegarmos ao carro. Seguimos pra casa dele, Loris me ajudou a tomar banho e me levou pra cama.

-Ai, eu não posso ficar doente...-Eu falei.

-Vou fazer um mingau pra você, é uma das coisas que gosto de comer e sei fazer... E ainda ajuda a acalmar o estômago... Fica deitadinha Bird, vou cuidar de você...-Loris revidou e saiu do quarto.

Fiquei olhando pra TV pensando no que teria me derrubado, analisando melhor eu estava a uns dias lenta no trabalho, sem muita energia.

-Não bebo há mais de um mês, sem vontade... Não fumo mais... Aí sinto o cheiro da tinta e passo mal?-Eu falei tentando entender aquilo.

Amanhã é melhor ir ao hospital, pode ser uma bobagem e se eu não for logo posso me complicar.

Continuei vendo TV, o canal de filmes antigos, mas o que estava passando não era tão antigos, porém um dos meus favoritos.

-Voltei... Com mingau de aveia pra fazer carinho na sua barriga...-Loris disse entrando no quarto.

Olhei ele segurava dois bowls, me ajeitei na cama, me sentando e recebi um deles.

Loris colocou o dele sobre a mesa de cabeceira, tirou a roupa e ficou de cuca, sentou na cama e começou a tomar o dele também.

-Te devo uma pizza...-Eu falei.

Ele riu.

-Amanhã é um novo dia... Qual é o filme?-Ele revidou.

-Corina, uma babá perfeita... Gosto desse também...-Eu falei.

-Engraçado que desde que você frequenta mais a minha casa, essa TV não sai desse canal... Peguei seu hábito de ver esses filmes...-Loris disse.

-Pegou um hábito muito bom...-Eu revidei.

-Hugo deveria está aqui com a gente agora... Saudade batendo...-Ele falou.

-O que ela disse?-Eu perguntei.

-Annelie disse que aproveitou a viagem pra Inglaterra, um trabalho em Londres,  veio buscar ele...-Loris respondeu.

-Esse tempo todo pra vir buscar o Hugo...-Eu revidei.

-Eu fiz a mesma pergunta, mas ela explicou, tem a faculdade, os compromissos e só agora que deu certo...  E ela nem me preparou pra isso.. Deveria ter avisado...-Ele falou.

Se tivesse avisado seria bem pior. Pensei.

-Acho que agora somos só nós dois...-Eu disse.

-É... Como vamos fazer amanhã? Tenho que ir para o treino, não posso te deixar sozinha... E de nenhuma maneira vai trabalhar...-Loris revidou.

-Você me deixa no hospital, eu me consulto, faço exames se o médico achar necessário, você vai para o treino tranquilo, já que no hospital estarei bem assistida de médicos...-Eu falei.

-Acho uma boa ideia... Você precisa ver como está a saúde... Ainda mais com esse mal estar que sentiu hoje...-Ele disse.

Continuamos vendo o filme e tomando o mingau. Quando acabamos , Loris desceu com os bowls e voltou logo, deitou abraçado a mim até terminar o filme, dormirmos em seguida.

Pela manhã fizemos o combinado, cheguei cedo ao hospital e consegui ser uma das primeiras da fila, Loris queria  pagar pra que eu fosse a um hospital privado, brigamos um pouco no carro, mas dobrei ele em relação a isso com a missão de mantê-lo informado do que estava acontecendo.

Chegou a minha vez e com sorte era a médica que costumava me atender ali.

-Salma... Pensei que tivesse ido embora outra vez...Não te vejo aqui faz um tempo...-Ela falou.

Ela sabia que eu me mudava quando enjoava do lugar.

-Ainda não fui... É que andei bem ocupada, mudei de emprego...-Eu disse.

-Ah, por isso não soube mais de você no Philharmonic... Fui algumas noites lá e não vi sua sombra... Enfim, em que posso te ajudar?-Ela continuou.

Expliquei o que havia acontecido.

-Eu preciso fazer exames, tomar remédios... Tudo por conta do governo... Você já sabe...-Eu falei.

-Eu preciso saber da sua via mais um pouco... Tem comido bem? Se hidratado?-Ela revidou.

-Sim... Comer bem pra mim, não é problema... Parei de fumar, não sei o que é álcool há mais de um mês... Só não faço exercícios...-Eu disse.

-Parou de fumar?-Ela perguntou incrédula.

-Sim... Você acha que é algum sintoma de abstinência?-Eu respondi.

-Mais de um mês... Não acho possível... Mas o que finalmente te fez mudar de ideia?-Ela continuou.

-Comecei a reduzir os cigarros por que o namorado não gosta muito...-Eu disse e ri.

-Hum... Temos um namorado na história agora... Palmas pra ele... Conseguiu provar a você que amor é melhor que nicotina e outras substâncias tóxicas...-Ela falou.

-Amor...-Eu revidei e ri.

-O que ? Não é?-Ela perguntou.

-Dra. Marjorino... Amor pra mim é algo mais construtivo, estamos juntos há um mês e alguns dias... Ainda não deu tempo sentir amor de verdade...-Eu respondi.

-Será? Bom, Salma, se há um namorado na história... Tem relações sexuais... Usa proteção?-Ela revidou.

-Sim... Com proteção... E   quando foi sem, tomei uma amiga pílula...-Eu disse.

-Vamos pra balança... Pra ver se tem alguma diferença de peso do seu corpo... No seu histórico aqui tem um e era antes de você parar de fumar...-Marjorino falou levantando.

Levantei e acompanhei ela até a balança. Subi.

-Devo ter engordado, namorado é muito certinho nas horas de comer...-Eu disse observando ela mexer na balança.

-É... Realmente... Mais dois quilos e 342 gramas... Sente alguma ansiedade em relação à comida?-Ela revidou.

-Não... Acho melhor começar uns exercícios, engordei...-Eu falei e ri.

-Vou passar esses exames... Espero que esteja com tempo... Por que quero ver tudo hoje...-Marjorino disse mexendo nos papéis sobre a mesa dela.

-Sou toda sua hoje, Dra...-Eu revidei.

-Ótimo... Nos vemos quando sair o resultado...-Ela falou me entregando os papéis.

-Obrigada...-Eu disse e saí do consultório.

Fui para o laboratório do hospital, aguardei um pouco até chegar minha vez, coletaram meu sangue e a urina.

Fiquei na sala de espera, liguei e avisei ao gerente do Baltic Fleet que não iria trabalhar.

Aguardei por duas horas, me entregaram o resultado e esperei mais um pouco pra voltar ao consultório.

Marjorino saiu a porta e me chamou.

-Vamos ver o que deu aqui...-Ela falou e começou a olhar os papéis.

-Espero que não seja nada sério...-Eu revidei.

-Olfato sensível... Mal estar... É... Pode ser sério ou não... Depende de como você vai reagir a notícia...-Marjorino disse e sorriu pra mim.

-Que notícia?-Eu perguntei.

-A notícia Salma, é que tem um bebê dentro de você...-Ela respondeu.

As palavras dela foram como uma brisa mais forte que me fez encostar de vez na cadeira.

-Não é possível...-Eu revidei incrédula.

-Está aqui... No exame de sangue, no exame de urina... Vamos de ultrassom agora...-Marjorino disse.

Eu não me movi, não poderia ser real pra mim, me senti encrencada, sem saída.

-Dra. Marjorino... Não é possível... Não tem como ser isso... Quero refazer os exames...-Eu falei.

-Salma... Não seria possível por quê? Não tem outro método contraceptivo na sua vida, é só o preservativo... Dependendo da intensidade do sexo, pode furar... Ou vocês dois podem ter feito sem nada alguma vez... Vamos fazer o ultrassom, se eu não ver nada, nem ouvir o coração, você refaz o exames... Combinado assim?-Ela revidou.

-Dra. Eu não posso ter um bebê... Não tenho estruturas pra isso, não psicológicas... Não posso ter um filho...-Eu disse chorando.

-Salma... E o seu namorado? Não é apenas responsabilidade sua...-Marjorino falou.

-Loris é muito novo, como eu... Não dá... Você tem que ter algo pra me ajudar acabar com isso...-Eu revidei.

-Loris? Loris do Liverpool? Você está namorando ele?-Ela perguntou surpresa.

Me dei conta que falei o que não deveria.

-Liverpool? Não... É outro Loris...-Eu respondi tentando consertar.

-Impossível ter outro nessa mesma cidade... É ele?-Ela revidou.

-É ele... Mas ninguém precisa saber... Não queremos expor nada... É uma longa história... Eu não posso ter um bebê, vai contra todas as minhas vontades...-Eu disse nervosa.

-Meus filhos falaram nele o final de semana todo... Salma, se acalme... Ele não quer um filho?-Marjorino falou.

-Eu não quero... Nós somos muito jovens, não estamos prontos... A mãe dele vai querer me matar de verdade...-Eu revidei.

-Salma, vamos fazer o ultrassom, se for isso mesmo... Vejo suas condições, você pensa com calma e eu te aconselho com o que fazer...-Ela disse e pegou o telefone.

Fez uma ligação pedindo uma vaga no ultrassom. Respirei fundo e olhei pra minhas mãos, estavam trêmulas.

-Não posso ter um filho... Não posso...-Eu sussurrei baixinho chorando.

-Calma... Vamos comigo, precisa beber água...-Marjorino falou me fazendo levantar.

Saímos do consultório.

-O que é que eu vou fazer? Não pode ser isso...-Eu continuei.

-Não é uma doença... É uma coisa linda...-Ela falou segurando minha mão com força.

-Promete que não vai contar a ninguém? Meu Deus, ele vai achar que eu sou realmente quem a mãe dele imagina... Isso vai dar uma confusão... Se meus pais souberem... Se o mundo souber disso... Eu estou encrencada... Não vou ter paz... –Eu disse.

Marjorino parou e ficou na minha frente.

-Salma, aqui no Reino Unido, você pode fazer o aborto, a cirurgia é gratuita, o hospital realiza e podemos marcar dependendo das semanas que o embrião se encontra...-Ela falou baixo.

-Cirurgia? É rápida? Eu posso sair andando quando terminar?-Eu perguntei.

-Não... Precisa de repouso... Cuidados... É um cirurgia e não injeção...-Marjorino respondeu.

-Tem que ter outra opção... Uma que eu não precise falar nada pra ele...-Eu revidei.

-Você tem outra opção... Mas ela custa 500 libras... Uma pílula, mas depende também de quantas semanas está...-Ela falou.

-Não tenho 500 libras pra entregar assim... O proprietário do meu apartamento renovou o contrato comigo e tive que gastar uma parte do dinheiro que estava guardando... Fora minhas contas, e esse período que passei sem trabalhar... Precisei comer também.. E treinar umas receitas na minha cozinha sai um pouco caro...-Eu disse.

-Vamos ver o bebê primeiro...-Marjorino revidou e voltamos a caminhar no hospital.

Chegamos ao setor de imagem, Marjorino falou com uma pessoa da recepção, aguardamos um pouco e entramos em uma das salinhas.

Havia um médico lá, me deitei na maca, Marjorino e o médico conversavam, ela subia minha blusa e ele mexia no aparelho que faz o exame.

Aplicou um gel frio na minha barriga e então o médico começou o exame.

-E aí o que estão vendo?-Eu perguntei.

-É pequeno, Marjorino... Saco gestacional-O médico falou encarando a doutora.

-Pelo exame, um pouco mais de cinco semanas... Salma, e a sua menstruação, não sentiu falta?-Ela revidou.

-Irregular... Então não senti... Mas então tem algo aí mesmo?-Eu disse com o coração na garganta olhando pro monitor.

-Tem... Já disse, só é pequeno ainda... Mas está aqui... Vamos ouvir os batimentos...-Médico falou.

Então apertou um botão e o som começou na sala. O médico sorriu olhando pra tela.

-Está nervoso... Coração acelerado... Mas é que ela está nervosa também...-Marjorino disse e riu.

-Não existe coisa mais linda, não acha doutora?-O médico revidou.

Fiquei olhando pro monitor, como aquela mancha preta numa tela meio cinza pode ter um coração?Pensei.

-É realmente incrível...-Ela falou.

-Não sei como as pessoas tem coragem de tirar essas preciosidades...-Médico disse.

-As pessoas tem direito de escolha, aqui escolhem até como querem fazer isso...-Marjorino revidou.

-Parece que esqueceram que estou aqui...-Eu falei.

-Desculpe... Bom, acho que é isso... Doutora você vai indicar um médico pra acompanhar ela? A minha é irmã é ótima...-O médico disse parando o exame.

Então pegou um papel toalha pra limpar o gel da minha barriga.

-Não... Ela vai pensar um pouco ainda... Entende?-Marjorino revidou.

Me senti uma assassina.

-Entendi...-Ele falou me encarando e ajudando a levantar da maca.

Fiquei em silêncio e saí da sala com Marjorino, voltamos ao consultório dela.

-Tudo confirmado pra você, Salma... E agora?-Marjorino disse me olhando preocupada.

-Agora eu mataria uma pessoa pra ter um cigarro...-Falei nervosa.

-Além de matar uma pessoa pra ter um cigarro, prejudicaria o embrião, ou mataria ele...-Ela revidou.

-Melhor... Acabava logo com isso... Doutora, eu não posso ter um filho... Eu não nasci pra ser mãe... O meu estilo de vida não casa com maternidade...-Eu disse.

-Já disse a você que tem duas opções... Não, na verdade tem três... Prosseguir e ter um bebê saudável, ou fazer o procedimento aqui, é uma cirurgia pequena nesse estágio que está só que exige uma recuperação plena... E a terceira, pagar pela pílula...-Marjorino falou.

-Nenhuma das opções está servindo pra mim...-Eu revidei.

-Salma, vai pra casa, pensa... Só não faz besteira, nada de cigarro, álcool, nem viagens de avião, nada de agitação, por que se faz mal ao embrião isso também afeta você... Mantenha a calma, se possível, fala com o seu namorado...-Ela disse.

-Não posso falar com ele... Ninguém pode saber...-Eu falei.

-Daqui não vai sair nada... Só mantenha a calma... –Ela revidou.

-Nem ir para o apartamento eu posso... Passei mal com o cheiro da tinta e pelo pouco que foi pintado, deve está impregnado...-Eu disse.

-Não passou a noite lá não é?-Marjorino perguntou.

-Não, dormi na casa do Loris... Vou pra lá mesmo...-Eu respondi.

-Vai Salma... Qualquer coisa que sentir, volte aqui... Não se desespere, você pode até não considerar, mas eu me considero sua amiga... Acho você uma doidinha  e muito corajosa pra umas coisas pelo que fala aqui dentro do consultório... Ainda sinto medo do seu canivete...-Ela revidou e riu.

-Tá bom, doutora... Vou pensar... Obrigada...-Eu falei.

Marjorino me abraçou, naquele momento senti como em um abraço da minha mãe.

A saudade bateu, fui embora pra casa dele outra vez, estranho entrar lá e não ser recebida por Hugo, ele era um bom ouvinte, eu conversava com ele. Entrei no banho e não parei de olhar pra minha barriga, tocá-la começou a ser esquisito.

-Por que você foi logo se meter aí? Tantas pessoas melhores pra você, por que eu?-Eu disse e comecei a chorar novamente.

Eu não sabia o que fazer, contar ou não contar a ele?Um tipo de insegurança que nunca havia sentido antes.

Terminei, me vesti e fui pra cama, liguei a TV, mas em vez dos filmes antigos, coloquei em um canal com programas de culinária, as técnicas me distraiam da mente confusa ao contrário dos dramas dos filmes.

Loris me ligou, eu disse que estava tudo bem, minha reação à tinta era alergia. Ele ficou feliz em saber que eu tinha voltado pra casa dele.

Fui pra cozinha um pouco depois da hora do almoço. Preparei algo pra mim, comi e depois voltei pra cama, dormi até o início da noite.

Acordei com Loris me abraçando.

-Oi Bird, cheguei...-Ele falou bem no meu ouvido.

Eu gostava daquilo, era aconchegante, as vezes ele me acordava do mesmo jeito.

-Oi, como foi o seu dia?-Eu  revidei.

Loris beijava o meu rosto, descendo um pouco pra nuca.

-Foi tudo bem... Um pouco preocupado com você...-Ele disse e tocou minha barriga.

Eu paralisei por uns segundos então virei pra ele.

-Estou bem... Só não fiz jantar pra gente e não estou muito a fim de fazer...-Eu falei.

-Querendo ser apenas princesa hoje... E o médico? Só alergia a tinta mesmo?-Loris revidou fazendo carinho no meu rosto.

-Sim  e sim...-Eu disse e beijei ele.

-Sabe que com você aqui na minha casa, quando chego... É tão bom... A melhor coisa que aconteceu depois que começamos a namorar foi a troca no seu horário de trabalho... Podemos aproveitar a noite juntos...-Ele falou.

-É tão bom mesmo que você leve alguma patada minha?-Eu perguntei.

Ele riu,

-É... Eu acho que gosto delas, faz parte do seu jeito, eu também gosto dele...-Loris respondeu.

-Só você mesmo...-Eu revidei olhando eles nos olhos.

Respirei fundo.

-O que foi Bird?-Ele falou.

-Nada... Acho que sinto falta do Hugo... Sem ele aqui na cama, ou atrás de nós dois o tempo todo... Querendo carinho...-Eu disse.

-Também estou com saudade...-Loris revidou com os olhos cheios de lágrimas.

-Urso... Você quer que eu prepare algo?-Eu falei.

-Não princesa... Hoje eu peço a pizza e nós comemos vendo seus filmes...-Ele disse levantando.

-Tá bom...-Eu concordei.

Ainda estava com o uniforme, então começou a se trocar na minha frente. Pensei no bebê dentro de mim, se eu fosse adiante teria as mesmas características dele? A cor da pele pouco rosada, diferente da minha que é totalmente pálida, o cabelo claro em vez de escuro como o meu, os olhos cor de azul que me lembra o mar do Caríbe.  Menino ou menina? Pensei.

-Seu humor está triste e pensativo hoje... É só saudade do Hugo? Ou tem sua mãe envolvida?-Loris falou me olhando.

-Vem pra cama Urso... Fica aqui um pouquinho...-Eu disse.

Ele sorriu e veio logo, entrou debaixo do cobertor e me aconchegou no peito dele.

-Se não estivesse tão pra baixo hoje, ao te convidar pra ir ao cinema, em vez de nós dois ficarmos enfiados na cama vendo filmes na TV e tentar mudar sua cabeça em relação ir ao cinema...-Ele falou.

-Outro dia... Hoje eu quis ficar o dia inteiro na cama...-Eu revidei.

POV Loris

Salma estava diferente, sensível e nunca havia demonstrado como agora.

-Hoje trouxe seu ingresso para o jogo no final de semana... Está na minha mochila lá na sala... Ah, meus amigos estão resolvendo se vão vir ou não, aí devem ficar o final de semana todo por aqui...-Eu falei fazendo carinho nela.

-Vou ter que pedir uma folga pra ir ao jogo... E dá um jeito no meu apartamento amanhã...-Ela disse.

-Dá um jeito no apartamento?-Eu perguntei.

-Seus amigos vão vir pra cá... O hotel Karius vai ficar cheio...-Salma respondeu.

-Você está esquisita, acha mesmo que vou te deixar solta e sozinha no seu apartamento? Estou preocupado desde que cheguei e te vi assim...-Eu revidei.

-Eu acho que estou na TPM...-Ela disse.

-Então na TPM você muda assim? Da agressividade para a sensibilidade?-Eu falei.

Salma riu.

-Eu não sou bem agressiva... Eu sou brava e irritada...-Ela revidou.

-Mas hoje apesar de esquisita, está realmente como um passarinho, delicada, amável...-Eu disse e beijei ela.

-Você me ama?-Ela perguntou cessando o beijo e me encarando.

Eu não esperava a pergunta, nunca falamos eu te amo um ao outro antes, meu coração acelerou.

-Acho que sim...-Eu respondi sem pensar muito e beijei ela novamente.

-Então pede a pizza...-Ela revidou.

-Certo...-Eu falei e saí da cama.

Peguei meu celular e liguei para a pizzaria fiz o pedido e nós escolhemos um filme pra ver na Netflix pela TV.

-Enquanto não chega... Vou tomar banho, ficar mais apresentável pra você... Como consegue? Sai de manhã um brinco e volta a noite igualmente, nem parece que passou o dia treinando...-Salma disse saindo da cama.

-Sem cheiro de comida... No meu caso era pra eu voltar sujo de terra, grama, suado... Mas existe uma coisa chamada banheiro centro de treinamento...-Eu revidei e ri.

-Sabe que eu penso em cortar o cabelo? Por que eu tenho que lavar todo dia e secar, dá um trabalho... E na cozinha não tem como evitar ele ficar com o cheiro de fritura, fumaça...-Ela falou.

-Não... Não corta, Bird... Eu gosto muito assim... Esse cabelo comprido, escuro é mais uma das suas marcas de beleza natural...-Eu disse.

-Vou pensar no seu caso...-Ela revidou sorrindo e entrou no banheiro.

 Deitei na cama novamente, o cheiro dela havia ficado, cheiro doce e refrescante. Fiquei pensando na pergunta dela, não havia dado uma resposta digna, e nem me importei de perguntar a mesma coisa a ela.

Eu me importo demais com ela, sinto necessidade de protegê-la, mesmo sabendo que muitas vezes ela não precisa de mim ou eu acho que não precisa? Gosto de chegar em casa e tê-la por aqui, independente do jantar, e Salma me faz tentar viver a vida de uma maneira mais simples, tem me prendido ao chão.

Lembrei do meu avô Karl, ele também gostava da vida simples e nas nossas conversas me falava a importância de manter os pés no chão, mesmo com o sucesso. Ele com certeza iria gostar da Salma se ainda fosse vivo, falaria pra eu me casar com ela por causa da comida e a simplicidade apesar de ter nascido numa família como a dela.

Eu ri ao pensar nele conhecendo ela e a saudade de casa bateu, saí do quarto pra ligar para os meus pais.

Fui pra sala, meu pai sempre receptivo, animado e pergunta da Salma, minha mãe mais séria, ainda sem aceitar, só tem interesse em mim e na minhas coisas.

Desliguei a ligação quando a pizza chegou, Salma desceu um pouco depois e me encontrou na cozinha, olhei ela, os olhos e o nariz estavam vermelhos.

-Estava chorando?-Eu perguntei.

-Não... Caiu sabonete nos meus olhos quando fui lavar o rosto...-Salma respondeu sem me encarar.

Abriu a geladeira, senti que era mentira, não insisti, Salma iria se irritar e pelo que conheço dela sairia da minha casa pra ir sabe Deus pra onde.

-Vamos comer lá em cima, vendo o filme... Traz o refrigerante, Bird...-Eu falei pegando a caixa com a pizza.

Subimos, ela ficou silenciosa, comemos assistindo um filme chamado Chef, não era um antigo que ela gosta, mas divertido. Depois não conversamos muito, escovamos os dentes e eu dormi antes dela.

Pela manhã acordei com a sensação de que alguém estava me observando dormir, mas era a realidade, Salma me olhava.

-Volta a dormi... Ainda é muito cedo...-Ela disse baixo.

-Por que já acordou? É minha função acordar você eu revidei...-Eu revidei.

-Minha cabeça não deixou eu dormir muito...-Salma falou.

-O que se passa nela?-Eu perguntei.

-Tantas coisas...-Ela respondeu.

-Me conta essas tais coisas...-Eu revidei.

-Se... Se tivéssemos que nos separar de vez... O que você falaria pra mim?-Ela disse sem olhar nos meus olhos.

-Se eu quisesse terminar com você? Não entendi a sua pergunta...-Eu falei.

-Não... Mas se acontecesse algo que não pudéssemos mais ser o que somos hoje... O que falaria pra mim?-Salma continuou.

-Eu falaria que gosto de você... E que sentiria sua falta, que onde estivesse eu lembraria de você... Principalmente quando eu olhasse pra minha mão e visse a cicatriz da cirurgia que fiz por que quebrou ela, também ia lembrar olhando as fotos da nossa viagem pra Irlanda, e lembraria quando tivesse passando na TV os filmes que nós já assistimos juntos... O Titanic é o primeiro, já que é um pouco obcecada pelo assunto ... E acho que quando alguém mencionar ele em uma conversa, falaria de você...-Eu disse.

Salma sorriu.

-Obrigada... –Ela revidou se aproximando mais de mim.

Virou de costas e eu abracei ela.

-Não vai dizer o que você falaria pra mim?-Eu falei.

-Depois... Agora só quero que você me faça dormir um pouco...-Salma disse.

Fiquei fazendo carinho na barriga dela e nós dois dormimos outra vez.

Quando acordei novamente estava um pouco atrasado,deixei ela dormindo  e um bilhete pra quando ela acordasse.

Fui para o treino, começamos a manhã no fitness.

-Você está muito quieto desde o café da manhã... Algum problema?-Emre perguntou.

Estávamos nas bicicletas.

-Está tudo bem e não está ao mesmo tempo... Difícil explicar... Estou com um pressentimento... Salma esquisitíssima ontem... Annelie ter levado o Hugo mexe com nós dois, mas eu não esperava que aquilo fosse afetar tanto ela...-Eu respondi.

-Esquisita como?-Ele revidou.

-Uma tristeza só, chora, mas diz que não... Está silenciosa, pensativa... Me fez um pergunta estranha... O que eu falaria se tivéssemos que nos separar de verdade... Emre, eu gosto dela, estou começando a ficar preocupado... Eu já te contei, ela é impulsiva, não gosta de ser contrariada, não gosta de se abrir... E aí você me pergunta o que estou fazendo com ela? Eu gosto do desafio de conquistá-la mais ainda... Do jeito doce que ela tem quando quer ou é sem pressão alguma... A simplicidade, a força que demonstra...  Mas ontem, depois de um mês namorando, ela mudou de um jeito... Não sei o motivo...-Eu falei.

-Ah, eu acho ela esquisita mesmo, nunca vem aqui quando é permitida a vinda das esposas, namoradas e família... E olha que você já me disse que convidou várias vezes pra ela conhecer o ambiente... Será que ela é verdadeira com você? Não esconde muitas coisas sobre a vida dela?-Emre disse.

-Ela tem medo de vir e se expor... Eu adoraria te contar sobre a vida da Salma,  só que a confiança dela em mim depende desse segredo entre eu e ela... Porém ela disse que vai ao jogo no sábado...-Eu revidei.

-Bom, você tem que perguntar o que está acontecendo... Então, vai rolar Salma de uniforme verde com o nome Karius no camarote das esposas?-Emre falou e riu.

-Aí você está querendo demais... Vou dar um cachecol a ela pra ver se ao menos isso ela usa no dia... Espero que eu esteja na escala titular... –Eu disse.

-Se quer um conselho pra tentar melhorar essa relação esquisita de vocês dois... Leva ela pra uma noite romântica pela cidade... Compra flores ou um kit de facas de cozinha... Isso deve ser prova de amor pra ela...-Ele revidou e riu outra vez.

Ri da ideia dele.

-Prova de amor... Acho que preciso provar mais que gosto dela e quero ela sempre por perto...-Eu falei.

-Entendi... Temos um problema Houston... Não sinto amor entre vocês pelas coisas que fala... Você só fala que gosta muito, que é apaixonado por ela... Não tem uma convicção maior que isso, gostar dela... Quer dizer não demonstra isso pra mim... Não queria falar, mas é o que eu acho... Que estão juntos por que enfim se sente atraídos, tem carinho um pelo outro... Mas é só isso... É só a minha análise... Você é quem sabe, já que está na relação, não eu...-Emre disse.

-Obrigado Emre... Preciso pensar mais nisso...-Eu revidei.

Ele piscou e sorriu pra mim, fomos interrompidos pelo preparador físico.

Continuamos trabalhando, mas as palavras dele faziam sentido.

 Na sexta meus amigos chegaram , fui buscá-los  no início da noite , Salma ficou na minha casa terminando o jantar pra recebê-los, já sabiam dela, mas deixei a presença dela ser uma surpresa naquela noite.

Quando entramos em casa, Salma estava na sala sentada no sofá, vendo TV.

-Boa noite...-Hani disse indo até ela.

Salma levantou e estendeu a mão pra ele.

-Boa noite... Eu sou a Salma...-Ela falou e sorriu.

-Hani...-Ele revidou.

-Oi Salma...  Boa noite...-Samir disse e também apertou a mão dela.

-Oi... Se ele é o Hani, você é o Samir, certo?-Salma falou sorrindo.

-Acertou em cheio...-Samir revidou.

Me aproximei.

-Oi, eu sou o Loris...-Eu disse sério.

-Oi Loris... Eu sou a Salma...-Salma falou rindo e estendendo a mão pra mim

Puxei ela, beijei e abracei.

-Então... Nós vamos ficar aqui hoje, pedir pizza ou saímos pra comer? Desculpem eu ser assim, mas estou morrendo de fome... –Hani disse.

Salma me empurrou devagar.

-Sair pra comer por quê? Se a melhor comida de Liverpool está pra ser ser servida...-Salma revidou.

-Salma fez um jantar pra receber vocês...-Eu falei.

-Espaguete... Com frutos do mar.. Mas antes tem entrada e depois tem sobremesa também... Ouvi dizer que vocês gostaram quando comeram no Philharmonic...-Ela continuou.

-Sim... Sim... Nossa, vou ficar muito mal acostumado de vir pra cá ter jantar...-Samir disse.

-Não se acostume mesmo, ela adora cozinhar... Mas não é todo dia que tenho essa mordomia aqui... Eu revidei.

-O que estamos esperando?-Hani perguntou.

-Ah, eu finalizar  o prato pra ser comido fresquinho na hora que nem fazia no Philharmonic... Vamos pra cozinha...-Salma respondeu.

Fomos pra cozinha, Salma havia arrumado tudo no balcão pra ela preparar o prato na hora.

-Você não se corta, Salma? Contando rápido desse jeito?-Hani falou observando ela fazer aquilo.

-Raramente... Muito raramente... Quando comecei a aprender a cozinhar, eu me cortava bastante... Agora é mais difícil...-Ela disse.

O cheiro da comida tomou conta da cozinha, vez ou outra era perceptível ela sorrindo pra comida, como se fosse o orgulho dela. Ela fez tudo muito rápido e nos serviu. Comemos na mesa da sala de jantar, Salma estava um pouco melhor, sorria com a conversar e estava interessada em saber mais um pouco sobre os meus amigos e dava respostas vagas sobre ela.

Depois do jantar, ela ficou na cozinha arrumando a bagunça, dessa vez não reclamou, fui acomodando os rapazes nos quartos e depois ficamos na sala jogando vídeo game, Salma apareceu.

-Bird, vem cá...-Eu falei chamando ela com a mão.

Ela veio até mim, eu fiz ela sentar no meu colo, me abraçou.

-Vou embora...-Ela disse tocando meu rosto.

-Por quê? -Eu perguntei.

-É... Por que Salma?-Samir revidou.

Samir e Hani jogavam.

-Vou deixar vocês terem um momento reunião de rapazes...-Ela disse.

-Vou te deixar no apartamento...-Eu falei.

-Não urso... Pede um táxi pra mim que já fico satisfeito...-Ela revidou e beijou meu rosto.

-Tá bom...-Eu disse.

-Vou lá em cima pegar minhas coisas...-Salma falou e  saiu do meu colo.

Foi em direção à escada e subiu.

-Ela não gostou da gente?-Hani disse.

-É que vocês falam muita besteira...-Eu revidei e ri.

-Então como vai ser amanhã? Por que ela vai ficar com a gente no jogo...-Samir falou.

-Estou só brincando... Ela gostou de vocês, só quer mesmo ir pra casa dela... É uma coisa da Salma...-Eu disse.

-Espero que seja isso mesmo...-Hani revidou.

-Pediu o táxi?-Salma perguntou descendo a escada.

-Não... Vamos lá fora e eu peço...-Eu respondi levantando.

Ela concordou com a cabeça.

-Tchau rapazes... Até amanhã...-Ela revidou acenando para Hani e Samir.

-Tchau Salma...-Os dois falaram em coro.

Saímos de casa, pedi o táxi pelo celular.

-Chega cedo amanhã pro jogo... Quero falar com você antes dele...-Eu disse beijei ela.

-Estarei lá... Gostou do jantar?-Ela falou fazendo carinho no meu rosto.

-Feito aqui em casa parece que ficou mais gostoso ainda... Mas queria que ficasse aqui e amanhã iríamos todos juntos ao Anfield...-Eu revidei.

-Melhor eu ir sozinha e encontrar vocês lá dentro... Esses lugares tem fotógrafos e ser vista com você seria um problema...-Salma disse e me beijou.

-Só pra você seria um problema... Eu não ligo...-Eu falei.

-Quem sabe um dia...-Ela revidou.

-E quando vai terminar de pintar o apartamento?-Eu perguntei.

-Jim disse que vai levar o cunhado dele lá pra terminar de pintar, acho que pela metade da semana deve está pronto... Ou antes, já que não é muito grande... E ele não vai cobrar muito...-Salma respondeu e sorriu.

-O que seria das nossas vidas aqui em Liverpool sem Jim?-Eu revidei e beijei ela.

-O Jim é muito especial mesmo... Muito importante pra mim também...-Ela disse cessando o beijo.

-Jim é como se fosse seu irmão mais velho...-Eu falei.

Fomos interrompidos com a buzina do táxi.

-Até amanhã urso... Não fique acordado até tarde...-Salma falou e me beijou.

Abracei ela.

-Até minha bird...-Eu disse.

Ela  caminhou até o táxi e entrou, voltei para os meus amigos, ficamos ali mais um pouco conversando e jogando, então cada um foi para o seu quarto.

No dia seguinte, fomos para o Anfield bem antes do jogo, nós já estávamos na área dos convidados com Salma chegou, eu avistei ela um pouco perdida. E olhando tudo na área vip.

-As mulheres aqui parecem que vão sair pra um jantar romântico...-Salma falou se aproximando de mim.

Abracei ela.

-Bom dia... Como está seu humor hoje?-Eu disse e beijei ela.

-Bom, eu acho... Você está bem bonito usando terno e gravata...-Ela revidou cessando o beijo.

Olhou para o lado, segui o olhar dela, Larissa, namorada do Joel nos observava, ela tinha se tornado amiga de Annelie e provavelmente sabia o que tinha acontecido.

-Quer conhecer o lugar?-Eu perguntei pegando a mão dela pra tirá-la dali.

-Quero... Tenho a impressão que ninguém contava com você e uma namorada nova... Onde estão seus amigos?-Ela respondeu.

Salma estava bem simples, calça jeans, botas surradas, blusa cinza de manga comprida, os cabelos soltos.

-Comendo... Já que é a vontade... Se quiser, podemos ir lá...-Eu revidei.

-Estou bem alimentada, mas posso dar uma olhadinha depois... Me mostra o lugar...-Salma disse entrelaçando a mão a minha.

Fui mostrando o Anfield pra ela,  as arquibancadas iam se enchendo enquanto isso, chegamos ao campo e ela parecia impressionada.

-Espera aqui, bird... Vou pegar uma coisa pra você no vestiário...-Eu falei e beijei o rosto dela.

-Tá certo, urso... Nem ouso me mover daqui... Acho que dá pra se perder...-Ela revidou e riu.

Saí apressado em direção ao túnel, fui para o vestiário, entrei e já tinham alguns jogadores lá.

-Ela veio?-Emre perguntou.

-Sim... Está no campo... Vim pegar o cachecol dela... Pedi que bordassem o nome dela na barra, com a data e o jogo do dia...-Eu respondi mexendo na minha mochila.

-Que romântico... Está tentando seguir o meu conselho?-Ele revidou e riu.

Lembrei da nossa  conversa no meio da semana.

-Acho que sim... Até daqui a pouco....-Eu disse e saí de lá.

Voltei para onde Salma estava.

-Foi rápido... Nem deu tempo de algum segurança vir me tirar daqui...-Ela falou mexendo na minha gravata.

Eu ri.

-Olha, pra você...-Eu disse entregando o pacote a ela.

Salma sorriu.

-Obrigada...-Revidou abrindo.

-Pra você usar agora...-Eu falei.

-Um cachecol....-Ela disse ao tirar do pacote.

Peguei da mão dela e coloquei no seu pescoço.

-Tem seu nome, a data, o jogo... –Eu revidei mostrando a barra pra ela.

-É bonito...-Salma falou e me beijou.

-Agora você pode colocar ele pro alto e cantar You’ll never walk alone...-Eu disse cessando o beijo.

Ela riu.

-Como um torcedora de verdade...-Ela revidou.

-É... Porém tem uma grande diferença sua entre as outras torcedoras...-Eu falei.

-Eu vou fingir ser torcedora de nascença?-Ela perguntou e riu.

-Não... Você vai ser a bird mais linda...-Eu respondi e beijei ela.

-São seus olhos...-Salma revidou quando soltei ela.

-Vou te deixar com Hani e Samir agora... Depois encontro vocês...-Eu disse.

-Então... Eu queria ter trazido algo pra você, já que não trouxe...-Ela falou puxando a minha gravata.

Me beijou.

-Obrigado...Eu revidei quando ela me soltou.

Nós rimos.

-Boa sorte, urso...-Salma falou.

Saímos dali, levei ela de volta ao camarote na companhia dos rapazes, Larissa não tirava os olhos enquanto eu estava lá, parecia me fuzilar, Salma não percebeu mais, Hani e Samir distraiam ela e começaram a falar de comida.

Me despedi e fui para o vestiário. Me troquei, Klopp nos deu instruções, então seguimos para o túnel e enfim para o campo e o jogo começou.

Contra o Hull city, meu primeiro jogo no Anfield foi incrível, cinco a um, um resultado que eu não esperava. Depois que todo mundo se cumprimentou ali no campo, eu fui suado e sujo encontrar Salma e meus amigos.

Ela riu ao me ver daquele jeito, mas não deixou de me abraçar e me beijar, animada com resultado do jogo. Pedi pra me esperaram enquanto eu tomava banho e me trocava, voltei ao vestiário me arrumei e fomos jantar em um restaurante japonês.

A semana foi passando, Salma continuava mais esquisita do que nunca.

POV Salma

Depois de um dos jantares na casa de repouso fiquei no jardim com Loris, ele estava quieto, sem me tocar muito, nossa semana estava sendo estressante, não conseguia sentir tesão, não transávamos desde que passei mal por causa da tinta, e ele tentava me colocar no clima,  e agora há dois dias nem isso.

-Salma, essa semana está sendo insuportável... Você está muito distante de mim...-Ele falou me encarando.

Meu coração acelerou.

-Eu sei... Me desculpe... –Eu revidei.

-E eu não sei o por que... Me diz o que está acontecendo... Eu tenho feito algo errado?-Loris disse.

-Não... Sou só eu mesmo... Não acha? É o meu jeito...-Eu menti.

Eu estava preocupada com a gravidez, eu não sabia o que fazer realmente, se ia pra cirurgia e tirava, mas o que falar pra ele? Como vai me ver se eu falar que estou grávida dele? Pensei.

-Tá vendo? Já está distante outra vez... Está confusa e está me deixando do mesmo jeito... Não sei mais o que está acontecendo entre nós dois realmente...-Ele falou.

Olhei pra ele novamente.

-Não sabe? Você não faz nada de errado Loris... Todo o problema é comigo, não vê? Sou desajustada, ainda não percebeu?  Muitas vezes eu não sei o que ainda estou fazendo no mundo por que eu não tenho uma razão pra estar aqui... Eu não vivo realmente...-Eu revidei.

-Não tem razão?-Loris perguntou.

Eu gelei, será que ele descobriu? Mas como?

-Acho que não...-Eu respondi tentando me fazer de desentendida.

-Eu não sou uma razão pra você então? Salma, você gosta de mim?-Ele revidou.

Eu queria chorar e sair correndo dali, mas tinha que enfrentar a conversa.

-Eu gosto, é claro que eu gosto... E eu tenho certeza disso por que há muito tempo eu não me sentia um pouco melhor até conhecer você...-Eu falei.

Loris respirou fundo.

-Não tenho sentido isso Salma... Acho que é melhor darmos um tempo, aí pensamos, refletimos sobre nós dois...-Ele disse.

Senti como se um balde de água fria tivesse sido jogado sobre mim.

-Tá bom...-Eu falei com os olhos cheios de lágrimas.

-Nos falamos depois então... Se cuida, eu não quero que nada de ruim te aconteça...-Loris revidou me olhando.

-Acho que é isso... Vou pra casa, boa noite, Loris...-Eu disse levantando do banco.

Saí caminhando sem olhar pra trás, comecei a chorar, nem quis pegar minhas coisas no escritório da casa de repouso, pegue um ônibus numa rua ali perto, desci no centro e segui andando até o meu prédio.

Cheguei ao apartamento, tirei as botas e me deitei no colchão. Me senti mais perdida do que nunca, acabei dormindo pelo cansaço e choro.

Pela manhã acordei e continuei deitada por mais um tempo, subi um pouco minha blusa e olhei minha barriga.

-Não sei o que fazer... Por que veio parar bem aqui dentro de mim?-Eu falei tocando.

Peguei meu celular, pra dar uma olhada na agenda, tinha que ver se meu número de emergência ainda estava lá. Liguei pra ver se ainda funcionava. Chamou quatro vezes eu já ia desligar.

-Salma?Salma? É você?-Ela falou ao atender agitada.

Desliguei. Por um momento senti um alívio ao ouvir aquela voz. Levantei e fui para o banheiro, tomei banho pra tentar começar o meu dia normalmente.

POV Loris

Fiquei duas semanas sem contato com a Salma, senti muita falta dela, resolvi ligar na sexta um dia depois de completarmos esse tempo separados. Deu fora de área, deixei um recado na caixa postal.

Até a noite não tive resposta dela. Fui ao prédio, apertei a campanhinha do número do apartamento quatro vezes e não tive sinal dela ali.

Liguei para o Jim ainda na calçada.

-Oi Loris... Você sumiu, está tudo bem?-Ele falou ao atender.

-Oi Jim...Eu apareço na casa próxima quinta, estou bem e você?-Eu disse.

-Estou bem, apareça mesmo... A turma sente falta da sua visita... Em que posso te ajudar?-Jim revidou.

-Você sabe onde a Salma está? Liguei hoje de manhã pra ela, não atendeu... Agora estou aqui no prédio, mas ela não está... E acho que essa hora não está trabalhando, ela comentou com você o que faria hoje por acaso?-Eu falei.

-Não... Ela veio aqui ontem, estava um pouco triste e não quis falar o que estava acontecendo, deixei ela quieta... Fez um jantar incrível... Dançou um pouco com um dos moradores e até comigo no final... Depois fez questão de abraçar todo mundo e foi embora... Acho que estava carente...-Ele continuou.

-Acho que vou ao Baltic Fleet, talvez ela esteja lá... Preciso muito falar com ela...-Eu revidei.

-Vá... Depois me diz se encontrou...-Jim disse.

Desligamos, assim que coloquei o celular no bolso vim um dos moradores chegando

-Com licença, você poderia olhar se Salma está em casa?-Eu falei.

-Salma não está... Aliás, nem vai está tão cedo... Eu sou o proprietário do apartamento... Ela me entregou a chave hoje de manhã, vim ver como ela deixou tudo, uma pena... Ela era um bom inquilino... Disse que deixou uma mala com algumas coisas que se eu não quisesse poderia vender...-Ele disse abrindo a porta.

Não acreditei no que ele falou.

-Salma entregou o apartamento? Onde ela foi morar?-Eu perguntei incrédulo.

-Não sei, mas acho que não aqui... Ela chegou a minha casa com uma mala e mochila nas costas... Quitou tudo  e não disse onde iria...-Ele respondeu.

-Eu quero a mala que ela deixou... Eu compro com tudo que estiver dentro... Te dou duas mil libras...-Eu revidei.

-Fechado, tem o dinheiro aí?-Ele falou.

-Não, mas posso ir ao caixa eletrônico, tiro o dinheiro e pago...-Eu disse.

-Okay, eu fico esperando aqui... –Ele revidou.

Tinha um caixa eletrônico ali perto, fui caminhando mesmo, saquei, voltei apressado e o homem estava ainda La em pé me esperando na entrada do prédio. Entreguei o dinheiro, nós entramos e ele foi contando enquanto subíamos.

Chegamos ao andar e entramos no apartamento, estava tudo limpo, vazio e mala no meio da sala, no lugar do colchão.

-Salma, onde você está?-Eu falei me aproximando da mala.

Deitei no chão e abri, o homem foi andando pelo apartamento.

Havia roupas, no meio dela uma espécie de estojo, abri e tinha as facas dela, no cantinho da mala o perfume, senti o cheiro e junto o frio na barriga. Não mexi mais, fechei a mala. Dei uma olhada no apartamento, nada mais dela. Me despedi do homem, peguei a mala e desci.

Saí e fui caminhando até o carro, coloquei no bagageiro e fui até o Baltic Fleet.

Descobri que Salma havia pedido demissão na quarta feira e não falou onde iria.

Liguei pra Jim desesperado, contei o que estava acontecendo.

-Será que ela foi pra Londres? Ficar com os pais?-Eu perguntei nervoso.

-Não sei Loris... Pelo que me falou e pelo que sei como Salma faz quando vai embora de um lugar... Ela foi embora outra vez...-Jim respondeu.

-Não Jim... Não pode ter ido embora... Ela não pode ter me deixado assim...-Eu revidei.

-Salma entregou o apartamento, saiu do emprego de forma correta... É por que precisava do dinheiro pra ir... Veio aqui ontem abraçou todo mundo... Está fazendo sentido... Se despediu...-Ele falou.

-Não pode ter ido... Eu amo a Salma e eu precisava falar isso pra agora...-Eu disse sem pensar.

Ele fez silêncio por alguns segundos.

-Loris, vai pra casa... Me liga amanhã, nós marcamos em algum lugar e podemos até procurar ela pela cidade...-Ele falou.

-Liga pra ela... Pode ser que ela te atenda...-Eu revidei.

-Já liguei, não atendeu... Liguei logo depois que falei com você...-Jim disse.

-Meu Deus, onde ela se meteu? –Eu falei.

-Só Ele sabe mesmo... Loris, eu gosto muito da Salma, me preocupo, mas tenho que desligar agora, minha família precisa de mim... Vai pra casa, esfria cabeça...-Ele revidou.

-Tá... tchau...-Eu disse e desliguei irritado.

Pareceu não querer me ajudar, entrei no carro e fui pra casa, levei a mala pro meu quarto, abri novamente e nada ali dentro me dava respostas, só lembranças.

-Bird, onde você está?-Eu perguntei sentindo o cheiro do perfume outra vez.

Meus olhos se encheram de lágrimas.


Notas Finais


E aeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeei? Como foi? E agora Lorito? Onde será que sei peixe Salmão foi? Morar com os pais? Ser V1D4 L0K4 em outro lugar? E esse bebê será que fica nessa pancinha de passarinho da Salma? ( Já viram pancinha de passarinho né? É coisa fofa, só não aperto e cutuco por que eles não deixam KKKKKKK)
Então o que acham que a doida vai fazer? Quem é o número de emergência dela?
Me contem se quiserem : D
Obrigada por acompanhar, agora vou esperar dia primeiro de maio chegar por que é mais um aninho de Cocaine e aí eu posso comemorar voltando a escrevê-la YAY ou até antes por que né... Se a vontade e a saudade bater eu volto antes xD
É isso minhas queridas e queridos, sei lá né
Obrigada por acompanhar!
~Bear hugs


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