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História Let me be your lover - Ona


Escrita por: redheadtheory

Notas do Autor


Oieeeeeeee...
Olha quem voltou também... hihihi
Informações sobre o capítulo pra que ninguém se perca pelo caminho...
Salma sumiu em 2016 e o capítulo termina na virada do ano 2017 para 2018...
Então acho que podem entender como se passa o tempo hahaha...
A capa é uma foto do lugar onde acontece maior parte do capítulo... E o título, vocês vão entender ao longo dele...
Espero que gostem...
Beijos e...
Boa leitura!

Capítulo 11 - Ona


Fanfic / Fanfiction Let me be your lover - Ona

POV Salma

Desembarquei na Cidade do Cabo depois de horas de voo, o sentimento dentro de mim é preocupação. Não poderia ter viajado com um pequeno bebê na minha barriga e a incerteza sobre a sobrevivência dele ou dela também estava me deixando aflita.

Peguei minha mala na esteira e respirei fundo. Era hora de reencontrar meu número de emergência depois de alguns anos. Fui caminhando devagar em direção ao portão do desembarque.

Avistei ela logo, que sorriu ao me ver também e apressou o passo até mim. Me abraçou como se estivesse guardando aquele abraço há muito tempo, forte, quente, carinhoso.

-Salma... Você tá viva mesmo... Eu não estou acreditando que você finalmente me procurou...-Alice falou me apertando.

-Alice... Fico feliz em te ver também... Alguém que não vai ficar brigando comigo e me falando mil coisas... Senti sua falta...-Eu revidei.

Nos soltamos.

-Deixa eu te olhar...-Ela disse com os olhos cheios de lágrimas.

-Deixo...-Eu falei sorrindo.

-Continua tão linda... –Alice revidou e me abraçou outra vez.

-Você que continua linda e continua sem saber mentir também...-Eu disse.

Ela me soltou.

-Sua beleza não é digna de mentiras... Bem vinda a África outra vez... Não vou falar terra... Por que nossa terra é Durban...  Fiquei tão feliz que me ligou, claro não entendi o desespero de vir logo pra cá... Mas eu te prometi que seria sempre seu número de emergência... Então, cumpri minha promessa e te trouxe...-Ela falou.

-Eu nem sei como te agradecer... Mas eu precisava ficar com alguém que nunca julgou minhas escolhas...-Eu revidei.

-Você sabe que nós duas como melhores amigas sempre concordamos em respeitar uma a outra... Lembra?-Alice disse.

-Lembro... Espero que esteja pronta pra ouvir tudo o que eu tenho que te contar...-Eu falei.

-Amanhã não vou trabalhar... Então estou te dando atenção de hoje até amanhã... Vamos pra um velho lugar que você conheceu muito bem anos atrás...-Ela revidou puxando minha mala.

-Franschhoek...  Vinícola La Motte... Onde bebíamos vinhos escondidas na adolescência, debaixo de parreiras...-Eu falei lembrando da cena.

-Isso... Podemos relembrar os velhos tempos amanhã...-Alice disse enquanto caminhávamos pelo aeroporto.

-É , talvez... Só que agora sem seus pais pra ficar gritando pela gente... Já que sumíamos lá...-Eu revidei.

-Infelizmente... Sinto falta mais disso, os dois gritando por mim no meio das parreiras...-Ela falou.

-Lembro da primeira vez que visitei a vinícola de vocês e comi  meio cacho de uvas, e tive dor de barriga naquela noite... Seu pai ficou no quarto me explicando toda a história do vinho, a produção e por fim me deu o aviso final de que uvas de vinícola não são uvas de mesa que podemos comer a vontade...-Eu disse.

Alice riu. Saímos do aeroporto.

-Ah, mas não se preocupe agora, por que eu comecei o cultivo de uvas de mesa há um ano... Então, dessa vez poderemos comer uvas diretamente das parreiras...-Alice revidou.

-Que maravilhoso... Já que...-Eu falei quando chegamos ao carro.

-Já que o que?-Ela perguntou colocando minha mala no bagageiro.

-Alice... Eu viajei grávida... –Eu respondi de uma vez.

-O que?!?-Ela revidou incrédula.

Comecei a chorar. Alice veio até mim.

-Eu não sei se ainda estou... Eu não deveria ter viajado... Mas eu não sabia o que fazer....-Eu falei soluçando.

Alice me abraçou.

-Salma... Só não me diz que você  viajou na intenção de matar o bebê...-Alice disse.

-Não...  Eu preciso te contar tudo...-Eu revidei trêmula.

-Calma... Entra no carro, vou dirigindo e você me conta, alguém fez algo muito ruim com você?-Ela falou me encarando.

Entrei no carro, Alice deu a volta e entrou também.

-Não... Ninguém fez algo muito ruim... Eu apenas não me cuidei como deveria... –Eu disse.

-Amanhã, primeira coisa que vamos fazer no dia é ir ao médico, ver como tudo está... Agora pode me contar tudo...-Alice revidou dando partida no carro.

Alice sempre foi minha amiga desde os nove anos de idade, estudamos juntas quando eu morava em Durban onde as escolas são consideradas melhores. Ela e a mãe passavam a semana toda na cidade e nos finais de semana voltavam pra Cidade do Cabo, onde ficavam na vinícola do pai dela.

As vezes eu era convidada e adorava viajar pra lá. Continuamos juntas na adolescência na mesma escola até que eu viajei para o intercâmbio, depois disso tivemos alguns reencontros e num deles fizemos uma promessa de amizade. Mais da parte dela, que se apegou muito a mim quando perdeu os pais um atrás do outro.

Nossa promessa era simples, o que acontecesse comigo e eu precisasse dela, eu devia procurá-la, como um número de emergência. Uma promessa injusta, mas era como Alice achava que conseguiria me ver.

Alice herdou a vinícola sozinha, diferente de mim, é filha única e me considera uma irmã. Acho que o que mais nos une é que somos simples. Eu mais que ela, que as vezes percebo muita elegância no modo de viver e se vestir. Mas de resto quando estamos sozinhas é capaz de comer sorvete do pote.

Contei toda a história a ela.

-Então eu te liguei e aqui estou ...-Eu falei.

-Salma, deveria ter me falado que estava grávida... Teria ido pra lá, em vez de deixar você vir... Grávidas não viajam com tão poucas semanas...-Ela disse.

-O médico me falou, mas eu não tinha escolha... Se eu ficasse, o que iria fazer?-Eu revidei.

-A Inglaterra é tão grande... Não que eu não quisesse te ver, mas pra ver um bebê salvo... Eu preferia que tivesse ido pra outra cidade... De ônibus, trem.. Sei lá... Menos de avião... Ainda mais com horas de voo...-Alice falou.

-Se eu fosse pra outra cidade, ele me acharia... Não sabe como Loris é insistente...-Eu disse.

-Você fala como se ele fosse um monstro... Estou começando a achar que você fugiu dele não só por causa da mãe e a gravidez...-Ela revidou.

-Mas e você? Casou?-Eu perguntei.

-Não... E não tenho compromisso em mente... A vinícola me toma todo o tempo... Acho que casei com todos aqueles vinhos maravilhosos  que infelizmente você não vai poder degustar...-Alice respondeu.

-Alice... Alice... O que aconteceu com a namoradeira que eu conhecia na adolescência?-Eu revidei.

-Acho que namorei tanto naquela época... Que acabou minha cota... Deve ser por isso que ainda estou solteira...-Ela disse e riu.

-Seus tios ainda moram lá na fazenda?-Eu falei.

-Moram... Meus tios, meus primos... Ninguém me larga... Só você mesmo...  Mas agora eu acho que terei você por perto muito tempo... Mandei preparar um quarto maravilhoso pra você , era o meu... Já que eu fiquei com o dos meus pais...-Alice revidou.

-Bom, eu não quero ficar a toa na sua casa... Eu quero em troca, a cozinha... Eu cozinho e você me abriga...-Eu disse.

-Tudo bem... Mas Salma... E seus pais?-Ela falou.

-Estão bem... Morando na Inglaterra... Uma casa imensa, maior que a de Durban... Maior que qualquer casa que já tivemos...-Eu revidei.

-E Asher?-Alice continuou.

Eu sorri. Alice na adolescência uma vez confessou que tinha uma paixonite pelo meu irmão.

-Asher continua solteiro a procura... Quer o número dele? Posso te dar, mas tem que prometer que não contar a ele que estou aqui...-Eu falei.

-Imagina... Asher nunca nem olhou e nem vai olhar pra mim...-Ela disse.

-Por que não? Já se olhou no espelho Alice? Eu acho que os convites do casamento ficariam lindos com duas letras A...-Eu revidei.

-Só você pra imaginar uma coisa dessa....-Alice falou.

-Aposto que ele gostaria de ficar com alguém trabalhadora, inteligente, linda e dedicada como você... Deveria ligar qualquer dia, e perguntar pro mim a ele...-Eu disse.

-Você é doida... Sem tirar nem por...-Ela revidou.

-Tirar...-Eu sussurei.

Respirei fundo.

-Pensou em tirar o bebê... Afinal como se sente agora?-Alice disse.

-Alice, eu não tenho o menor jeito pra ser mãe...-Eu falei.

-Você já foi mãe? Teve alguma experiência semelhante? Não e não, por que nem animais de estimação você teve... Então não tem como saber...-Ela revidou.

-Eu estou com muito medo...-Eu disse.

-Qual o seu medo? De não ter mais um bebê aí? Ou de não saber  como ser mãe?-Alice falou.

-Acho que os dois... Eu deveria ter tirado...-Eu revidei.

-Salma... Se você não tirou, não foi nada que te impediu... Você teve sentimento... Talvez medo, talvez amor...-Ela disse.

-Não sei, Alice... Não sei... Minha cabeça está muito confusa...-Eu falei.

-Você quer o bebê?-Alice perguntou.

-Você quer?Se ainda tiver um bebê aqui, você quer ele ou ela pra você?-Eu respondi.

-Vamos fazer um acordo... Se ainda tiver um bebê aí... Você vai tê-lo... Vou te dar todo apoio que precisar... E tempo pra descobrir se quer ele na sua vida ou não... Se nesse tempo, você tiver certeza que ser mãe não é algo pra você... Eu fico com a criança... Eu crio ela... Como minha... Feito?-Ela revidou séria.

-Feito. Só posso confiar em você... E eu tenho certeza de que a criança terá um lindo futuro aqui... –Eu disse.

-É como eu imaginei...-Alice falou e riu.

- O que?-Eu perguntei confusa.

-Nada... Nadinha Salma... Mas então... Quero ver a cara do pai dessa criança... Ela respondeu.

-Te mostro quando chegarmos a  fazenda... Você comprou o chip de celular que pedi? Por que cancelei o meu e joguei no rio Mersey...-Eu revidei.

-Sim... Está lá no quarto...-Alice disse.

Continuamos conversando durante o caminho até a cidade de Franschhoek, a uma de hora da Cidade do Cabo.  Quando chegamos, me senti na França, era sempre assim, já que o a cidade foi colonizada por franceses.

Chegamos à fazenda e já era bem tarde da noite, Alice me levou para o quarto, eu me estiquei na cama.

-Eu esperei você chegar pra gente jantar... Então... Toma um banho e desce..-Alice falou e saiu do quarto.

Fiz isso e desci. Encontrei ela na sala, e fomos comer na cozinha mesmo, numa mesinha pronta pra nós duas.

-Olha... Esse é o insistente...-Eu disse mostrando a foto de Loris no meu celular.

Uma foto de nós dois na Irlanda.

-Essa é a forma do seu bebê? Salma, o que você tem na cabeça? Ele é lindo... E não parece ser um  cara que iria fazer uma confusão por causa de um bebê... Não da pra ver isso nos olhos dele...-Alice falou.

-Esse é a razão pelo qual perdi a cabeça e fiz sexo loucamente, apenas pensando em satisfação mútua... Resultado... Um bebê...-Eu revidei.

-Mas é muito lindo... Já pensou nascer um menino com essa mesma carinha? Aposto que você vai se apaixonar a primeira vista... Foi a primeira vista?-Ela disse.

-Não... Foi gradualmente... E teve até pedido de namoro na frente dos pais dele... A mãe é que foi um problema, pelo que já te contei...-Eu falei.

-Algumas mães as vezes não merecem os filhos que tem...-Alice revidou.

Senti a indireta dela. Mas decidi não revidar.

-Ele é ótimo e me defendeu com unhas e dentes... Mas então pediu um tempo, depois que eu esfriei na relação... Não me procurou mais, decidi partir...-Eu disse.

-Decidiu fugir, como fugiu do seu pai... Sumir... E se ele te procurar?-Ela falou.

-Acho que não vai... Quinze dias se passaram e nem notícias dele... Acho que ele se tocou que eu era apenas um temporal... E tive fim...-Eu revidei.

-Eu ainda acho que sua forma de se sair das pessoas é justamente como falou, um temporal... Quando vai embora com certeza deixa algo destruído... –Alice disse.

-Ele é rico... Com dinheiro é fácil reconstruir...-Eu falei.

-Você também é... E não deveria pensar que dinheiro conserta tudo...-Ela revidou.

Começamos a comer.

-Eu falo assim... Com dinheiro, num estalar de dedos ele consegue uma garota nova pra amar...-Eu disse.

-Ai, ai Salma... Tão vivida, mas tão imatura... O que eu faço com você?Na verdade, eu não posso fazer nada, mas a vida te ensina...-Alice falou comendo e olhando as fotos no meu celular.

-Acho que você se daria bem com ele... Homem  jovem e refinado... Até tenho a impressão que foi criado dentro da minha família... Sendo que o coração é mais humano... E o maior problema... Jogador de futebol... Goleiro do time da cidade...-Eu revidei.

-Vocês faziam um casal bonito... As fotos todas tem uma presença e você parece feliz com ele...-Ela disse.

-Fui feliz com ele... Até descobrir a gravidez...-Eu falei.

-Salma, talvez a gravidez fosse motivo pra vocês dois serem mais felizes ainda...-Alice revidou.

-Não sei, Loris não queria um filho agora... E a mãe dele faria um inferno na minha vida achando que eu estivesse dando um golpe da barriga... Mais fácil os homens tentarem dar esse golpe em mim...-Eu disse e ri da ideia.

-Você dando um golpe da barriga? Como ela poderia achar isso de você? Sendo você a bilionária da história...-Ela falou.

-Ela não sabe... E ninguém além de você sabe da minha mesada mensal que eu não uso... Eu poderia começar a usar o dinheiro que o meu pai insiste em me dá todo mês... Mas vai contra os meus princípios... Prefiro ser ajudada por você a usar aquele dinheiro sujo...-Eu revidei.

-Por um momento sou a favor dos seus princípios... Se fosse usar o dinheiro, aposto que seria usado pra tirar o bebê... Não gosto muito da ideia...- Alice disse.

-Meus princípios são mais fortes que as minhas necessidades... Essa comida está boa... Só falta o vinho...-Eu falei.

Alice sorriu.

-Tem suco de uva integral...-Ela revidou.

Lembrei de Loris, o suco favorito dele.

-Eu aceito...-Eu disse.

Alice levantou e foi até a geladeira, pegou uma garrafa e voltou a mesa, colocou taças e serviu.

-Não é vinho, mas mesmo assim servido em taça de cristal, pra não perder a elegância...-Ela falou.

-Vamos brindar ao nosso reencontro...-Eu revidei levantando a minha taça.

Brindamos, continuamos a conversa até terminar o jantar. Então cada uma foi para o seu quarto, escovei os dentes e me deitei na cama.

-Você ainda está aí?-Eu perguntei tocando minha barriga.

E claro sem resposta alguma.

-Se eu te fiz algum mal,  me desculpe... Eu tive que correr o risco... Se estiver tudo bem, que é o que vamos descobrir amanhã, então eu vou me dedicar ao seu bem estar,  você não tem culpa de nada...  E acredito que a Alice vai ser uma mãe maravilhosa... Ela é fantástica... Acho que posso aparecer aqui pra te visitar quando eu puder...-Eu falei.

Continuei conversando com a minha barriga e acabei adormecendo.

Pela manhã não levantei tão cedo, mas a Alice me chamou logo pra irmos ao médico, sem mesmo tomar café da manhã pra fazer logo exames de sangue  caso fosse necessário, sem ter que esperar mais um dia pra isso.

Foi o que aconteceu, no hospital coletaram meu sangue e logo em segui o médico solicitou uma ultrassonografia, Alice me acompanhou no exame.

-Eu estou aqui para o que der e vier, certo Salma?-Alice falou pegando minha mão.

-Olá... Salma,  não é?-O médico disse entrando na sala.

-Sim...-Eu confirme.

-Vamos começar Salma... Vou levantar sua blusa só um pouco... Aplicar um gel geladinho pra poder ver  o que se passa na sua barriga...-Ele falou e fez o que disse.

O exame começou. O  médico concentrado olhando pra tela e apertando alguns botões na máquina, outras vezes pressionando o aparelho contra a minha barriga.

-Diz alguma coisa, doutor...-Alice disse ansiosa.

-Quase oito semanas... Parece tudo bem... Vamos ouvir o coração...-Ele revidou e o barulho começou.

-Graças a Deus está tudo bem com ele!-Alice falou e beijou meu rosto.

-Está sim... –O médico concordou.

Senti um alívio.

-Pronto  Alice... Não temos mais dúvidas relacionadas a isso...-Eu disse,

-Mais oito semanas e descobrimos o sexo...-O médico falou.

-Aposto que é um menino... Estou com esse sentimento...-Alice revidou me olhando.

-Não importa muito isso pra mim...-Eu falei.

-Não vou dizer o que importa pra você, Salma...-Alice disse em tom de bronca.

-Terminei... Vai pra impressão e vocês recebem com o médico que te atendeu no consultório...-O médico falou limpando minha barriga.

Arrumei minha blusa e levantei, ele saiu da sala, logo em seguida eu e Alice saímos.

-O bebê está bem... Que felicidade...-Alice disse e me abraçou.

-É... Está bem... Já é um sobrevivente...-Eu revidei.

-Vamos esperar ali o outro médico nos chamar, aí vemos o que temos que fazer daqui em diante...-Ela falou.

Fomos esperar perto do consultório. O médico nos chamou, lá dentro ele me deu mil e uma recomendações, incluindo um repouso por uma semana e alguns remédios pra ajudar o bebê.

Assim que saímos do hospital, Alice fez questão de comprar logo tudo pra garantir que eu fizesse tudo certo. Quando voltamos à fazenda, não me deixou dar um volta lá dentro, me fez deitar pra começar meu repouso.

Deitada na cama, Loris tomou conta dos meus pensamentos, se eu estaria nos dele também.

Cheguei bem no final de semana, então no domingo quando fui a sala da casa, me deparei com dois primos da Alice assistindo futebol.

-Salma... O Liverpool vai jogar... O time da cidade que você morava... Nós vamos assistir...-Leo falou.

-Sim, mas lá tem o Everton também...- Eu revidei.

-Você já foi a um jogo?-Théo perguntou.

-Não... –Eu menti me sentando no sofá.

-E nós aqui, Léo... Só vamos vez ou outra a final da Champions League... Se morássemos em um país que vive mais o futebol, com certeza estaríamos todo final de semana no estádio...-Théo revidou.

-Mas vocês, se gostam, por que não vão? Intercâmbio, talvez tenha pra trabalhar em vinícolas de outros países... Aí poderiam  ir aos jogos...-Eu falei.

-As vinícolas não nos aceitariam pelo sobrenome La Motte... É concorrência...-Léo revidou.

-Mas existem outros tipos de intercâmbio...-Eu disse olhando pra TV.

Então vi Loris, a câmera filmava ele no campo. O jogo não havia começado ainda.

-Temos um problema de estações do ano... Quando tiramos férias daqui, é inverno na Europa, e não gostamos de frio...-Théo falou.

Mas eu nem prestei atenção, fiquei apenas olhando pra TV. O olhar do Loris parecia distante e melancólico.

-Salma , você trabalhava em que mesmo?-Léu falou.

Nem ouvi perdida nos meus pensamentos.

-Salma? Está tudo bem?-Théo perguntou me cutucando.

-Hã?-Eu respondi confusa.

-Eu perguntei em que você trabalhava...-Léo revidou.

-Ah, como cozinheira... E em breve voltarei a ser... Quando meu repouso acabar... Vou cozinhar nesta casa...-Eu falei orgulhosa.

-Cozinheira? E a Beatrice? Ela trabalha pra gente há anos...-Léo falou.

-Vamos trabalhar juntas...-Eu disse.

-Shh... O jogo vai começar...-Théo nos interrompeu.

Paramos a conversa e o jogo começou.

Os dois faziam comentários sobre os jogadores a atuação dos dois times.

Então o Liverpool tomou o primeiro gol. Pela imagem, Loris parecia perdido.

Fiquei calada, mesmo que dentro de mim tivesse um torcida por ele. Em vão, apesar do Liverpool conseguir empatar no começo do segundo do tempo, na metade, tomaram o segundo.

-Nossa... Que erro desse goleiro...-Théo disse.

-Um erro gigantesco...-Léo revidou.

-Tive a impressão que ele foi pro mundo da lua e só voltou quando a bola já  já tinha passado por ele...-Théo falou e riu.

-Senti pena agora...-Léo disse.

Eu também. Pensei. O jogo acabou sem mais nenhuma mudança de placar, Liverpool perdeu. Léo e Théo continuaram comentando entre eles dois enquanto os melhores momentos do jogo era reprisado.

-Matou a saudade, Salma? Da cidade?-Théo perguntou.

-Mais ou menos... Eu só via uma multidão de vermelho ou azul aos finais de semana... E eu ficava meio que distante dos estádios...-Eu respondi e ri.

-Mulher numa cidade futebolística é um desperdício...-Léo revidou.

-Pode ser... Bom, adorei assistir o jogo com vocês... Agora vou respirar um ar ali na varanda...-Eu disse levantando.

-Fique à vontade, Salma...-Théo disse.

Eu saí da sala e fui pra varanda que dava pra ver as parreiras. Minha vontade era tirar os sapatos e caminhar entre elas descalço, como eu fazia com Alice na adolescência, sentindo a terra úmida.

POV Loris

O resultado do jogo havia sido minha culpa, fui para o vestiário irritado sem falar com ninguém, mas no impulso tirei as luvas e joguei com força em alguma direção.

-Ei! Não pode sair jogando as coisas por aí...-Simon falou.

-Desculpe... Como eu deixei aquilo acontecer!?!-Eu revidei irritado.

Meus colegas começaram a entrar, Simon me fez sentar no banco e também sentou ao meu lado.

-Loris...Acontece...-Simon disse baixo.

-Acontece?!? Foi ridículo... Onde é que eu estava com a cabeça?-Eu falei.

Eu sabia a resposta.

-Desde ontem no treino... Você não parecia bem... Aconteceu alguma coisa?-Ele revidou.

Eu não tinha comentado com ninguém.

-Problema meu, Simon... Preciso de um banho e ir pra casa, que a semana tem que ser um pouco melhor...-Eu falei e levantei.

Fui para o chuveiro, quando terminei, me vesti e Klopp me chamou pra uma conversa mais reservada.

-Loris, eu vi que você saiu muito incomodado com o que aconteceu no jogo... Eu só quero dizer que pode acontecer e acontece muito... Não vou dizer um culpado exato... Por que além de termos levado gol, o resto do time não fez grandes coisas pra fazer mais gols pra gente... Então vai pra casa, relaxa, janta e fica com sua namorada... Faz bem e aí na terça voltamos ao treino com tudo está bem?-Klopp disse amigavelmente.

-Obrigado... Até terça...-Eu  revidei e saí.

Não estava pra conversa, peguei meu carro no estacionamento, queria mais sair de lá, mas não fui pra casa, fiquei rodando a cidade tentando achar Salma, um pouco de esperança de ainda encontrá-la pela cidade.

Já tinha ido até uma loja da operadora do chip do celular  e o último registro de localização havia sido pelas margens do Rio Mersey, já havia procurado por ela ali no dia anterior e fui novamente.

Nada dela. Liguei outra vez pra Jim, e nenhuma novidade.

Fui pra casa frustrado, sem a menor ideia de como achá-la. Me senti descartável e depois péssimo, por ter me envolvido com ela sabendo o que poderia acontecer, porém eu não queria que estivesse acontecendo aquilo, queria ela comigo, mas a culpa era parcialmente minha, eu pedi o tempo, eu afeitei Salma de alguma forma pra que ela partisse sem dizer nada.

Outro problema do sumiço dela, é que não poderia ir à polícia, se fosse seria um escândalo e talvez eu seria suspeito do suposto desaparecimento dela.

Salma sendo discreta e experiente em fazer aquilo, sumiu na velocidade da luz.

Procurei o Instagram dela, tinha visto o perfil dela noite passada, mas agora havia sumido também.

-Salma, onde você se meteu? Por que fez isso?-Eu perguntei olhando nossas fotos no meu celular.

 

POV Salma

Completo meus dois meses de gravidez comecei enjoar, então nem consegui trabalhar na cozinha, pedi uma vaga dentro da produção do vinho a Alice, ela deixou que eu ajudasse a embalar os vinhos. Trabalhando ali comecei a aprender cada vez mais sobre a produção, apesar de não poder beber uma gota sequer.

Théo e Léo sempre me contando alguma curiosidade sobre os vinhos da vinícola e histórias engraçadas ocorridas ali. Um dia , pouco antes do amanhecer, os dois me acordaram pra irmos a colheita, era a hora mais apropriada pra fazer isso.

Claro que fui, escondida de Alice, me diverti ajudando e não tive problema algum. E o trabalho foi bem compensado com o lindo nascer do sol, tão único da África do Sul.

Nós três sentados ali na grama, olhando o sol sair.

-Salma, pra quando é o seu bebê?-Théo perguntou.

-Pelas minhas contas, estou com dois meses...-Eu respondi e comecei a contar.

-Junho...-Léo falou.

-É...-Eu concordei.

-Você deve estar morrendo de curiosidade pra saber o sexo...-Théo disse.

--Você sabe quem é o pai? –Léo revidou.

-Léo!-Théo exclamou.

Eu ri.

-O que?-Léo falou olhando pra ele.

-Que pergunta hein?-Théo disse.

-Mas é a pergunta que não quer calar... Você também morre de curiosidade...-Léo revidou.

-Não briguem...-Eu falei.

-A Alice disse que não é pra tocar nesse assunto...-Théo disse.

-Eu sei quem é o pai... Só não vem ao caso contar quem é... Por que vocês não vão conviver com ele... Nem o bebê...-Eu revidei.

-Já pensou no nome? Se for menina... Se for menino...-Léo falou.

-Se for menina... Sam... Ou Maya... E menino... Se for menino é Daren..-Eu disse.

-Sam de Samantha? Théo perguntou.

-Não, apenas Sam... Nomes pequenos como o meu...-Eu respondi.

-E como os nossos também...-Léo falou.

-Olha lá... Uma das principais razões que pela qual não deixo a África do Sul... O nascer do sol e o pôr do sol...-Théo disse.

Olhamos na direção, uma vista incrível.

-Não posso negar... Nosso país é lindo...-Eu falei sorrindo.

-Apesar de vivermos nas áreas de colônias... Sabemos que o país e até mesmo o continente é lindo...-Léo revidou.

-Queria que fosse mais lindo... O continente tem muitos problemas... Nós sabemos bem...-Eu disse.

-Salma, depois que a criança nascer, já está pensando para qual lugar vai?-Théo perguntou.

-Acho que está na hora do continente asiático... –Eu respondi.

-Queria ter coragem como você...-Théo revidou.

-Tenha... Vamos comigo... Vocês dois, por um mês, o que acham? Desbravando um pouco do continente asiático...-Eu disse.

Théo sorriu um pouco tímido e Léo arregalou os olhos.

-Eu gostaria de ir pra Bali na indonésia... Fica entre a Ásia e a Oceania...-Théo continuou.

-O nosso problema é que somos muito caseiros e acomodados... Viajamos raramente...-Léo falou.

-E não temos coragem... Dá até um pouco de vergonha, por que você viaja muito e sozinha...-Théo disse.

-Ah, mas deveriam viajar... Pelos menos de três em três meses... Faz bem pra alma...-Eu revidei.

-Então vamos planejar uma viagem... Pra depois que o bebê nascer... Não assim que nascer... Você precisa cuidar dele... Aí quando estiver no tempo certo... Viajamos, por um mês... Conhecemos a Ásia  e já que é perto da Oceania, vamos por lá também... E entre os dois continentes... Vamos a Bali...-Léo falou empolgado.

-Pronto... Vamos os três... Por um mês, eu vou aceitar companhia... -Eu disse.

-Bem que a Alice falou... Iríamos conhecer a Salma adorável e a Salma com garras afiadas...-Théo disse rindo.

-Ela falou do meu canivete?-Eu perguntei.

-E que você ameaça as pessoas com ele? Claro que sim...-Léo respondeu se divertindo.

-Porém, você tem sido muito agradável desde que chegou...-Théo falou.

-É que estou na África, em um lugar muito familiar pra mim... Com pessoas em que confio... Então, não tenho como ser muito desagradável... Exceto na hora do café da manhã, em que quero comer, mas meu estômago... E eu prezo muito por comida... –Eu disse.

-Logo deve passar...-Léo falou.

-Assim espero...-Eu revidei deitando na grama.

-Dá pra ver que você preza muito comida... As tatuagens...-Léo disse e riu.

-Essa é um navio?-Théo perguntou tocando a minha tatuagem do Titanic.

-É o Titanic...-Eu respondi.

-Bem diferente...-Léo falou.

-Ela é única... Um amigo lá de Liverpool desenhou e aí eu fiz... Foi a última que fiz...-Eu disse sorrindo e olhando a tatuagem.

Sentei novamente, minha mente viajou de volta até aquele dia que fiz a tatuagem Loris desenhando e depois ao meu lado suportando meus apertões.

-Iiiih... Esse amigo era bom então... Pra você sorrir desse jeito...-Théo falou.

-O pai do bebê... Era meu amigo, boa pessoa... Talvez eu tenha estragado tudo...-Eu revidei.

-Salma, veja pelo lado bom... Alice está numa felicidade só com você aqui... E nós também temos gostado muito de conviver com você... Se não fosse isso, estaríamos numa mesmice...-Léo disse e me abraçou.

-Apesar de ter o hotel bem do lado... Ficamos mais aqui do que vamos lá... É uma preferência... Somos os ricos mais bicho do mato do mundo...-Théo revidou.

-Mas aqui é tão tranquilo... Eu gosto desse clima... Apesar de ter ficado em Liverpool por mais tempo do que eu esperava, eu gostava de lá por que tem um clima bem interior também...-Eu falei.

Ficamos ali até o dia clarear.

-Vamos voltar para a casa... Tenho que tomar café da manhã, por que se não me engano... Tenho três visitas guiadas pela vinícola marcadas pra hoje...-Théo  disse.

-São hóspedes do hotel?-Eu perguntei enquanto Léo me ajudava a levantar.

-Sim... Eu faço uns serviços de lá também... Por que nossos pais tomam conta da administração, como você sabe, pra Alice não ficar tão sobrecarregada de trabalho... Já que ela cuida da vinícola... Nada mais justo, afinal nosso pai e nossa mãe herdaram o hotel...-Léo respondeu.

-A mãe de vocês que era irmã do pai dela né? Tinha que herdar uma parte também...-Eu revidei.

-Sim... –Os dois disseram em coro.

Fomos caminhando de volta a casa. Chegamos e cada um foi para o seu quarto, ainda era muito cedo, coloquei o pijama outra vez e me deitei.

Peguei meu celular pra fazer o que mais fazia no quarto, procurar notícias do Loris, apesar de não entender quase nada de futebol, as notícias que me apareciam sobre ele eram relacionadas ao desempenho, Loris não estava indo bem. Queria saber se ele já tinha uma nova pessoa, Jim poderia me ajudar a descobrir, mas ele daria com a língua nos dentes e Loris saberia que eu havia dado notícias.

-Melhor morrer de curiosidade... Mas será que isso pode fazer mal a você?-Eu falei tocando minha barriga.

Respirei fundo.

-Como será que vai ser quando você começar a mexer de uma maneira que eu possa te sentir?-Eu perguntei fazendo carinho na minha barriga.

Levantei um pouco a blusa do pijama, e me virei para o lado pra observar o tamanho que estava.

-Seu pai é grande, será que vai ser um bebê grande também?-Eu continuei.

Eu ri. Com a conversa acabei dormindo.

O tempo foi passando, quando completei quatro meses Alice me levou a mais uma consulta da minha rotina de gravidez na Cidade do Cabo.

Depois de uma conversa com o médico, ele nos levou pra sala de ultrassom, finalmente saberíamos o sexo, minhas mãos estavam frias devido a minha ansiedade e nervosismos.

Ele começou o exame, eu e Alice acompanhávamos pela tela. Ainda era estranho pra mim.

-Está indo muito bem... Crescendo no tempo correto e bem grandinho na verdade...-O médico disse.

-O pai é bem grande...-Eu falei e sorri.

-Explica-se agora... Prontas pra saber o que vem?-Ele revidou.

Alice me olhou sorrindo e confirmando com a cabeça.

-Sim...-Eu disse.

O médico mexeu no aparelho e sorriu olhando pra tela.

-É menino... É um menininho...-O médico falou.

Meus olhos se encheram de lágrimas.

-Um menino! Que maravilhoso!-Alice disse animada.

-Era a preferência?-Ele perguntou.

-Não...-Eu respondi.

-Não e sim... É que sendo menino pode vir muito parecido com o pai dele...-Alice revidou.

-Uma pena... Imagine uma menina sair linda que nem a mãe, com todo respeito...-O médico disse.

-Mas sendo menino também pode ser parecido comigo... Eu prefiro...-Eu falei.

O médico riu.

-Ninguém vai saber por enquanto...-Ele revidou.

Ele terminou o exame, conversamos mais um pouco sobre o meu filho e então eu e Alice saímos de lá.

-Bom, é um menino, já pode começar a pensar no nome...-Alice falou quando entramos no carro.

-Já escolhi... Quero dizer, o pai escolheu em uma das nossas poucas conversas sobre filhos... Vai se chamar Daren...-Eu disse.

-Mas Daren... Daren não é aquele funcionário do seu pai?-Alice revidou.

-É... Eu falei sobre Daren a Loris... E ele gostou do nome, disse que se tivesse um filho, colocaria esse nome... Então... Nosso filho se chamará Daren...-Eu falei.

-Salma, Salma...-Ela disse rindo.

-O que foi?-Eu perguntei.

-Nada não... Mas gosto do nome... Daren  é muito simpático, lembro que você falava sem parar dele... E quando me apresentou, vi o porquê gosta tanto dele...-Alice respondeu.

Toquei minha mão com o anel, olhei e  lembrei exatamente como Daren me deu aquela pedra.

-Ás vezes sinto falta daquela minha inocência e ingenuidade...-Eu  falei.

-Talvez isso esteja aí dentro de você, mesmo que não perceba... Salma, mudando de assunto... Já que seus enjoos foram embora... O que você acha de trabalhar na cozinha do restaurante do hotel? Pelo menos meio período... O chef é francês... Acho que terão muita coisa em comum...-Ela disse.

Eu sorri com a ideia dela.

-Você me pergunta o que eu acho de trabalhar numa cozinha de restaurante com um chef francês? Que pergunta boba...-Eu revidei rindo.

-Tem duas estrelas Michelin...  E chef Hector  tem trabalhado muito pra conseguir a terceira... Quem sabe com você lá, consigam isso mais rápido...-Alice falou.

-Nossa... Claro que quero trabalhar lá... Primeira vez em um restaurante com Estrelas Michelin... Escuta, eu até lavo louça, você sabe que odeio ter que fazer isso, mas se só tiver essa função, eu encaro sorrindo...-Eu disse.

Alice riu.

-Não se preocupe... Andei conversando com a minha tia... E com o próprio chef que está bem ansioso pra te conhecer... Você vai fazer o que tiver pra fazer, menos lavar louça, limpeza e sempre que precisar de uma pausa durante o trabalho, você pode parar e descansar... Não quero que aconteça nada que prejudique o seu filho...-Ela revidou.

-Pode ser da tarde para a noite? É que seus primos prometeram me ensinar a dirigir...-Eu falei.

-Sim... Que bom que está empenhada a fazer várias coisas... Quando chegou aqui te achei muito triste e desmotivada...-Alice disse.

-Eu sem trabalho, apesar de que trabalhei com os vinhos, mas ali não é a minha alma... Eu amo a cozinha...-Eu revidei.

-E receberá por isso...-Ela falou.

Eu sorri  pensando na possibilidade voltar a juntar dinheiro outra vez.

-Um shopping... Quanto tempo não vejo um...-Eu disse olhando pela janela.

-Quer ir lá? Não... Vamos lá... Precisamos olhar umas coisinhas de bebês... Quem sabe comprar  algo...-Alice revidou.

Eu concordei com a cabeça e nós fomos para o shopping. Alice não só comprou coisas para o meu filho, me fez escolher roupas novas, eu não recusei pela necessidade, o mais estranho foi comprar algumas peças do vestuário de grávidas, na verdade eu ri muito ao experimentar as roupas.

Me diverti com Alice, depois das compras, fomos a um restaurante  de culinária da África, comemos e fomos embora.

-Não sei onde vou colocar todas essas coisinhas de bebês...-Eu falei ao entrarmos no quarto.

-Eu tenho malas guardadas, vamos colocar em malas... Não sei se devemos montar um quarto... Talvez comprar um berço... E colocamos aqui mesmo...-Alice revidou.

-Não vai querer um quarto pra ele?-Eu perguntei confusa.

-Por enquanto não... Qualquer coisa, quando você decidir que é hora de partir, algo que não quero... Colocamos o berço no meu quarto...-Ela respondeu.

-Estranho...-Eu revidei me sentando na cama.

Peguei meu celular e por força do hábito fui procurar novidades do Loris. Nem percebi quando Alice se aproximou, eu olhava as fotos dele no instagram com uma conta que criei apenas pra isso.

-Assim o bebê vai sair bem igual ao pai...-Alice falou.

Eu bloqueei o celular e soltei em cima da cama rapidamente.

-Isso não foi nada...-Eu disse me esticando na cama.

-Você gosta dele... E eu sinto que ele gosta de você também... E olha que nem conheço ele... Salma... Você está numa fase da gravidez em que pode viajar... Não quer voltar e viver tudo como deve ser? Ao lado do pai do seu filho... Ao lado de quem você é apaixonada?-Ela revidou sentada a beira da cama.

-Não quero voltar, Alice...  Estou bem aqui, a não ser que você queira que eu vá...-Eu falei voltando a ficar sentada.

-Não... Se você fosse voltar, eu viajaria com você... – Alice disse.

-Eu vou ficar... Mas então... Quando posso conhecer o restaurante e o chef Hector?-Eu revidei.

-Vamos lá agora, se não estiver cansada...-Ela falou levantando.

-Vamos...-Eu disse acompanhando ela.

O hotel era perto, mas para o transporte interno da propriedade usamos um carrinho de golfe. Entramos pela entrada de funcionários,  muitos cumprimentavam Alice com muita simpatia enquanto caminhávamos até o restaurante. Chegamos e sem cerimônia entramos na cozinha, estava funcionando, mas tranquila, pois o pique do almoço já havia passado.

Eu sorri vendo a preparação de um prato por um dos funcionários, ele sorriu de volta pra mim.

-Coq au...-Ele falou me olhando.

-Vin...-Eu completei.

Alice riu.

-Nossa, sempre quis que alguém completasse o nome de um prato quando eu tentasse falar...-Ele disse.

-Ah Christopher... Pratos franceses... É com a Salma mesmo... Mas vocês vão ter muito tempo pra brincar de completar nomes de pratos... Agora precisamos falar com Hector...-Alice falou me puxando.

Eu acenei pra ele acompanhando Alice, chegamos ao escritório, entramos e um homem falava ao telefone, sobre os produtos que ele precisava no restaurante. Esperamos um pouco até que ele desligou, nos sorriu e levantou. Pude ver melhor o rosto dele, no dólmã estava bordado Hector Burnier.

Um homem muito bonito.

-Alice, que bom vê-la por aqui...-Ele falou estendendo a mão pra ela.

-Até parece que não me vê aqui sempre, trazendo os vinhos...-Alice revidou rindo e apertando a mão dele.

-Você sabe que sou um francês tentando ser africano... Ou seja, simpático...-Ele disse.

-E essa é a Salma, uma africana que tentou ser francesa, mas se tornou mesmo uma cidadã do mundo...-Ela falou tocando meu ombro.

Hector sorriu e estendeu a mão pra mim.

-A famosa Salma... Mas acho que Théo e Léo mentiram pra mim... Disseram que você era bonita... Só que estou vendo que é linda...-Hector disse e levou minha mão até a boca dele.

Beijou.

-Acho que eles mentiram no momento que disseram que eu era bonita... Por que não me sinto como dizem...-Eu revidei.

Ele soltou minha mão.

-Cuidado Salma... Hector é muito bom de lábia... Francês... Você conhece bem as peças...-Alice falou.

-Que bom que você já sabe Salma... Que os franceses são amantes incríveis...-Ele revidou.

-É... Eu sei bem...-Eu disse lembrando de René.

E lembrando bem que franceses como bom amantes, podem amar mais de uma ao mesmo tempo.

Conversamos sobre o restaurante, depois Hector me mostrou toda a cozinha. Me falou dos pratos e me apresentou a equipe. Deixei claro que gostaria de começar o quanto antes, mas ele queria uma teste, marcamos para o dia seguinte, eu cozinhar alguns pratos pra ele experimentar.

E foi assim, no dia seguinte eu cozinhei orgulhosa e feliz, isso contagiou meus pratos que ficaram maravilhosos segundo Hector. No outro dia comecei a trabalhar de verdade.

E Christopher não desgrudava de mim, como souz-chef, Héctor pediu que ele me orientasse nos primeiros dias. Cozinhar ali ia me enchendo cada  vez mais de  alegria.

Na minha segunda semana de trabalho, ali mesmo dentro da cozinha, senti pela primeira vez Daren se mexendo.

-Eu estou te sentindo...-Eu falei parando o que estava fazendo.

Toquei minha barriga com as mãos sujas por cima do avental, meus olhos se encheram de lágrimas.

-Salma... Está tudo bem?-Christopher perguntou parando ao meu lado.

-Sim... Daren está se mexendo... Ainda não tinha sentido...-Eu respondi pegando a mão dele.

Coloquei sobre a minha barriga e encarei ele sorrindo.

-Oi Daren... Queria que você visse a carinha da sua mãe de felicidade... Está se mexendo mesmo...-Christopher disse perto da minha barriga e então me olhou.

-Está mexendo muito...-Eu revidei ainda sentindo.

-Pode ser o cheiro da comida... Não teve desejos ainda, Salma?-Ele falou.

-Não... Vou terminar isso aqui e dar uma pausa... Pode ser?-Eu disse.

-Pode... Termina, aí vou com você... Preciso tomar água e um ar também...-Christopher revidou tirando a mão.

Voltamos ao trabalho, terminei o que estava fazendo e saí da cozinha.

-Oi Daren... Acordado?-Eu falei tocando minha barriga.

Ele mexeu e eu ri. Christopher apareceu.

-Sobrou do almoço... Esses profiteroles... –Ela disse me oferecendo os doces numa vasilha.

Peguei dois. Sentamos ali do lado de fora.

-Sabe que eu comeria um caminhão de profiteroles pra saber qual a sua história de verdade...-Christopher falou.

-Que história você imagina sobre a minha vida?-Eu perguntei de boca cheia.

Ele sorriu.

-Uma mulher que talvez tenha saído de um relacionamento abusivo, porém quando já havia fugido, descobriu que estava grávida... Então veio parar aqui, um esconderijo... Só que tudo isso se desfaz na minha cabeça quando você fala francês... Entende muito de cozinha francesa... E quando começo a descobrir que já viajou pra vários lugares... E eu vejo uma certa força em você que destrói mais ainda essa coisa de relacionamento abusivo.... Então realmente não sei o que aconteceu na sua vida pra ter caído nessa cozinha de paraquedas ... Até por que  fico curioso em como conhece Alice, já que se dizem amigas de infância... Pode ser filha de algum funcionário muito antigo da vinícola... Por isso conviveu com ela... É isso que acho...-Christopher respondeu.

Eu ri, e muito de ficar vermelha, ele me olhando confuso.

-Você pensou tudo isso ao meu respeito?-Eu falei.

-É que desde quando apareceu aqui... Sei lá... Me senti muito bem com sua presença... E como não fala muito da vida pessoal... Acabei criando várias possíveis respostas para as minhas perguntas...-Ele revidou.

-Então por experiência minha, posso falar que você tem sido muito melhor que os outros souz-schefs os quais já trabalhei...-Eu disse.

-Ah... Muito obrigado... Se um dia você precisar de um souz-chef, me liga que eu vou adorar trabalhar com você...-Christopher falou animado.

Parece que você sabe que vou embora depois um tempo. Pensei.

-Quem sabe um dia?-Eu revidei.

-É... Por que parece que sua cabeça ainda não está aqui... Sempre que posso te observar, vejo você longe e distante...-Ele disse.

-Quando você me ver assim, por favor, não deixa, me traz de volta... Por que preciso trabalhar...-Eu falei.

-Tá bom...-Christopher revidou.

-Falar nisso... Vamos voltar pra cozinha... Quem sabe depois te conto um pouco mais sobre onde já estive...-Eu disse.

Nós voltamos pra cozinha. Continuamos trabalhando e eu sentindo Daren em meia a movimentação da cozinha. Quando o expediente acabou, Christopher foi me deixar na casa.

Fui para o quarto silenciosa e decidi tomar um banho de banheira pra relaxar e estava com muita vontade de conversar com Daren. Enquanto esperava a banheira encher, peguei meu celular pra mais uma vez procurar notícias de Loris.

Meu coração ia acelerando a cada foto que eu olhava, mesmo que velha, aqueles olhos que eu gostaria de encarar outra vez e que eu não queria ter deixado de encarar. Meus pensamentos foram interrompidos por Daren se mexendo dentro de mim.

-Oi menino... Seu pai é quem se estica todo assim... Sabe que ele é goleiro? Daren, eu ainda não sei o que realmente fazer, você não tem culpa de nada... Nós adultos é que somos muito estúpidos pra resolver as coisas... Eu estou com medo... Mas deixa que eu vou me esforçar pra fazer tudo certo... E você chegar aqui com muita saúde...-Eu falei fazendo carinho na minha barriga.

Ele continuou a se mexer.

-Sinto falta do urso... O que será que ele sente por mim? Christine é que deve estar toda feliz já que eu deixei o urso...-Eu continuei.

Daren também.

-Já o seu avô, pai do seu pai... O meu pai não... Bom, o pai do seu pai é uma gracinha... Já a minha mãe, também... Sabia que você tem vários tios e tias?-Eu falei e ri.

Levantei e fui para o banheiro, tirei a roupa e me olhei no espelho.

-Eu estou enorme... Não sei mais o que é barriga, quadril e bumbum... Já eram grandes, agora então... E os meus seios?-Eu disse me olhando.

Parei com aquilo e entrei na banheira.

Durante o banho continuei sentindo Daren se movendo, agora mais devagar.

-Se eu não estivesse tão cansada do trabalho, nós assistiríamos a um bom filme... Mas a mamãe vai ficar te devendo...-Eu falei sem pensar muito.

Segui com a conversa até terminar o banho, me enxuguei, me vesti e me deitei finalmente pra começar a minha luta em encontrar a melhor posição pra dormir.

O tempo foi passando, aprendi a dirigir  com os primos de Alice e então os dois me levaram até a Cidade do Cabo pra que eu tirasse a habilitação. Fiz as duas provas e passei.

No início do ano novo, tive uma suspeita de que Loris estava namorando, aquilo mexeu muito comigo, entrei numa tristeza e raiva.

Christopher percebeu no trabalho, eu estava irritada e vez ou outra saía da cozinha e ia chorar do lado de fora, ele sempre indo atrás pra tentar me acalmar sem saber exatamente o porquê.

Em casa a mesma coisa, porém Léo e Théo sentiram mais isso.

Nos reunimos para um almoço, eu, Alice e os primos.

-Vocês dois precisam sair mais daqui, senão vão acabar casando um com o outro....-Alice disse e riu.

-Seria mais fácil se viesse mais mulheres interessantes para a cidade...-Théo falou.

-Sim... No hotel se hospedam mais casais e famílias...-Léo falou.

-A verdade é que vocês homens, são todos iguais... Fazem e acontecem com as mulheres... E o pior sempre tem outra esperando por vocês... Ainda mais se tem dinheiro...-Eu revidei irritada.

Alice riu.

-Assim você ofende nós dois, Salma...Olha pra gente... Temos dinheiro e não conhecemos muitas mulheres...-Théo disse.

-Quem garante que você está falando a verdade?-Eu falei irritada.

-Nem vale a pena discutir com você, está grávida e seus hormônios estão bem agitados...-Léo revidou.

-É que não querem ouvir a verdade... A verdade dói... E a verdade é que vocês são todos uns safados capazes de esquecer uma mulher que dizem amar em um estalar de dedos...-Eu disse.

-A verdade é que Salma está com ciúmes, quem ela ama, tem supostamente uma nova namorada... E ela está numa fase que não aceita isso...-Alice falou e riu.

Léo e Théo arregalaram os olhos.

-Shhh Alice... Não é nada disso... A verdade é que homens são todos safados...-Eu continuei.

Os dois riram.

-Talvez esse cara de quem você gosta seja... Salma, você apenas foi gostar do cara errado... Eu nunca que faria isso com alguém como você...-Théo disse.

-Que afinal, se soubéssemos quem ele é... Em uma outra conversa, nós dois concordamos que se soubéssemos, viajaríamos até Liverpool e daríamos uma surra... Mas como você faz muito mistério sobre quem é o pai do seu filho... Não podemos fazer isso...-Léo revidou.

-Agora é que ela não conta mesmo.... Vocês ameaçando ele...-Alice falou  se divertindo.

-Pra mim a conversa já deu... Porém a comida, não... Vou comer no meu quarto...-Eu disse levantando.

Peguei meu prato e fui saindo dali, pude ouvir os três rindo, mas nem liguei.

Comi no quarto conversando com Daren.

-Espero que você seja um bom homem no futuro... Não faça nada de errado... E que não tenha nenhum traço da personalidade do meu pai...-Eu falei.

Com os meses passando e a barriga pesando, consegui trabalhar até completar oito meses então a única coisa que me permitiram fazer era repousar e comer uvas das parreiras de uvas de mesa.

Léo e Théo todo dia me apareciam com um cacho de uvas frescas, na cozinha da casa eu às vezes me metia e levava broncas da Beatrice se quisesse ir além do que eu deveria fazer. Daren sempre se mexendo parecendo querer sair dali, e realmente já estava me incomodando os movimentos dele.

No dia do aniversário do Loris fiquei o dia todo com o celular lendo comentários, em busca de uma namorada ali deixando claro o romance com ele. Sem sucesso.

Quando foi mais a noite, já deitada na minha cama senti uma dor insuportável, eu gritei. Segundos depois Alice entrou desesperada no quarto.

-Salma? O que houve?-Ela perguntou vindo até mim.

-Eu senti uma dor aqui... Bem aqui...-Eu respondi tocando o pé da minha barriga.

Senti outra vez. Resmunguei tentando me ajeitar na cama. Alice puxou o meu cobertor.

-Deve ser a hora, não?-Ela revidou.

-Não sei... Nunca tive um filho antes... Ai...-Eu disse sentindo outra vez.

Agora me senti molhada.

-Respira fundo... Eu vou me trocar pra irmos ao hospital...-Alice falou ajeitando os travesseiros nas minhas costas.

-Acho que fiz xixi na cama...-Eu revidei.

-Acho que não é xixi... E sim Daren querendo sair daí... Mantenha a calma... Vou mandar alguém aqui pra ficar com você enquanto me troco...-Ela disse e foi em direção à porta do quarto.

Saiu. Continuei sentindo, querendo me contorcer na cama até que Beatrice entrou no quarto de uma vez.

-Salma... Para de fazer isso, pode prejudicar ele... Respira...-Ela falou se aproximando.

Fiz o que ela pediu, mas a vontade  de me contorcer era quase inevitável.

-Dói tanto assim? Você tem filhos Beatrice... Você deve saber...-Eu disse.

Gritei outra vez com a dor. Léo entrou no quarto.

-Salma está tudo bem?-Ele perguntou segurando a porta.

-Saia Léo... Nos deixe sozinhas!-Beatrice gritou.

Ele saiu como um menino levando bronca.

-Acho que desisto... Quero que façam a cirurgia...-Eu falei.

-Vou tirar sua calcinha, pra ver como está aqui embaixo... Não fique com vergonha... Tenho a mesma coisa que você...-Ela revidou.

-Do que adianta tirar minha calcinha?-Eu perguntei já ajudando ela.

-Eu já fiz dois partos das minhas irmãs... Preciso ver se já tem algum sinal do Daren saindo...-Beatrice respondeu.

Tirou a minha calcinha. Manteve minhas pernas afastadas e olhava.

-Que coragem...-Eu revidei e resmunguei da dor.

-Salma... Desde que horas você tá sentindo? Por que  eu acho que não vai dar tempo de chegar a hospital não...-Ela falou.

-Como não? Eu só senti uma dorzinha de barriga que achei que fosse outra coisa, fui ao banheiro e não fiz nada...-Eu disse ofegante.

-Qualquer dor nesse tempo de gravidez tem que ficar alerta... Respira... Consegue empurrar?-Beatrice revidou.

-Empurrar? Aqui?-Eu falei incrédula.

-É... Ou quer ter o seu filho no meio da estrada?-Ela disse.

-Vamos Salma? Théo já tirou o carro... Ele vai com nós duas...-Alice falou entrando no quatro com outra roupa.

-Não vai dar tempo Alice... Daren tá pra sair...-Beatrice revidou.

Eu gritei, estava suada, ofegante e com uma dor que nunca havia sentido antes.

-Ai meu Deus... O que eu faço?-Alice disse preocupada.

-Liga para o médico dela e pede pra ele vir preparado agora mesmo... Eu faço o parto... Mas ela vai precisar ser costurada aqui embaixo depois e tem que cortar o cordão... É melhor que o médico faça isso...-Beatrice falou.

-Tá...-Alice concordou e saiu do quarto.

-Você tem que ajudar ele um pouco... Empurra, Salma...-Beatrice disse.

Eu empurrei com força e gritei.

-Daren, por favor... –Eu falei ofegante.

-Continua Salma... Empurra... Respira fundo e empurra...-Ela revidou.

Fui seguindo as orientações de Beatrice.

-O médico está vindo...Como está indo?-Alice falou entrando no quarto.

-Já estou  vendo a cabeça...-Beatrice disse.

Comecei a chorar, de dor, agonia, preocupação, estava cansando. Continuei empurrando, Alice ao meu lado fazia carinho no meu cabelo.

-Estão todos no corredor esperando... Vai Salma... Você consegue...-Alice disse.

Eu respirei fundo e empurrei com toda força, em seguida senti esquentar entre as minhas pernas, gritei e o alívio veio seguido do choro.

-Nasceu...-Beatrice falou sorrindo.

Fechei meus olhos respirando ofegante, meu coração acelerado e embalado pelo choro do meu filho.

-Parabéns...-Alice disse e beijou meu rosto.

Abri meus olhos e olhei pra frente. Beatrice segurava Daren e olhava com carinho.

-Meu filho... Deixa eu ver meu filho...-Eu falei chorando.

Beatrice me sorriu  e veio com ele por cima de mim, ainda com o cordão umbilical nos ligando, Daren chorando foi se acalmando quando se acomodou nos meus braços.

-Que cabeludinho... Loirinho...-Alice falou nos olhando.

-Bem vindo, meu filho... Não precisa mais chorar... Eu estou aqui...-Eu disse beijei a cabeça dele sem me importar com o sangue.

-Coloca ele pra mamar, Salma...-Beatrice revidou.

-Já pode? Ele acabou de nascer...-Eu falei.

-Não só pode, como deve...-Ela disse me ajudando.

Daren agiu como se tivesse feito aqui por muito tempo, aceitou o peito e foi uma das coisas mais esquisitas que senti no momento.

-Você é bem grande...-Eu sussurrei pertinho dele.

-Olhou tanta foto do pai, que o cabelo já veio na cor...-Alice falou.

Ficamos as três olhando Daren mamar e fazer alguns movimentos bem suaves. Até que  bateram na porta um tempo depois., falamos pra entrar, era o médico e uma enfermeira, ele fez os procedimentos do pós parto e examinou Daren. Pediu que fôssemos ao dia seguinte pra uma consulta mais detalhada.

Quando foram embora, deixaram Daren limpo e vestido e agora eu que teria que passar por isso, Beatrice e Alice me ajudaram. O colchão foi salvo por uma capa impermeável que Alice colocava em todos os colchões da casa por gostarem muito de beber vinho nos quartos e em caso de derramar não ter problema. Aquilo facilitou muito, Alice me ajudou a tomar banho enquanto Beatrice arrumava a cama Daren ficou no berço montado no meu quarto.

Logo depois do banho me deitei outra vez e segurei Daren novamente, eu só consegui sorrir pra ele. Léo, Théo e os pais deles  entraram no quarto pra nos ver, estavam animados, mas falavam baixo pra não incomodar Daren. Já estava amanhecendo quando me deixaram sozinha no quarto com ele.

-Que engraçado Daren... Você nasceu um dia depois do aniversário do seu pai... –Eu sussurrei.

Ele dormia, e algo em mim não queria soltá-lo pra nada. Fiquei conversando baixinho até me cansar, coloquei ele de volta ao berço e fui dormir.

Depois de uns dias do nascimento do meu filho  me vi apaixonada por ele. E minha mania em procurar por notícias do Loris não parava, vi que ele viajou pra vários lugares durante as férias, até bateu uma ponta de esperança  ao pensar que talvez a ida a tantos lugares fosse uma busca por mim, mas já faziam meses.

No mês seguinte continuei acompanhando Loris á distância , ele viajou com o time pra outros lugares e Daren sendo meu melhor companheiro o tempo todo apesar do trabalho que estava sendo cuidar dele.

Meu programa favorito com ele era passear entre as parreiras e conversar.

-Daren, eu falei que Alice seria uma boa mãe pra você... Mas o que acha de mim? Não estou me saindo muito mal...  Será que ela vai ficar  brava comigo se eu disser que não quero mais deixar você aqui? Nós temos nos dado muito bem... E acredito que não vai me atrapalhar nas viagens... E aposto que Théo e Léo vão gostar muito de te ter como nosso mascote de viagem...-Eu disse.

Decidi naquele passeio com ele falar logo com Alice depois do jantar.

Ela foi para o meu quarto.

-Sobre o que você quer conversar Salma? Sobre a documentação do Daren?-Alice perguntou sentando na cama.

Meu coração acelerou enquanto eu colocava ele no berço.

-Também...-Eu respondi com frio na barriga.

-Então pode falar...-Alice revidou.

Eu sentei, respirei fundo e encarei ela.

-Alice...-Eu comecei.

-Sim...-Ela falou pegando minhas mãos.

Segurou.

-Não sei por onde começar...-Eu revidei com os olhos cheios de lágrimas.

Medo da reação dela.

-Fala logo... Você sabe que não há segredos entre nós duas...-Alice disse.

-Alice... Você vai ficar brava comigo se eu ficar com meu filho?-Eu perguntei com o coração apertado.

Alice começou a rir.

-Só isso? Esse desespero todo só pra isso... Salma, você não muda... Continua dramática...-Ela respondeu rindo.

-Como só isso? Eu dei ele a você...-Eu revidei confusa.

-Salma, lembra quando me perguntou por que eu não iria montar um quarto para o Daren? Então... Eu já previa que você, quando a criança nascesse, desistiria de deixar ele aqui... E eu acho que o melhor pra ele é ao seu lado... Claro que eu não vou ficar brava com você... Eu já esperava, você tem mostrado muito apego a ele... E acho que isso se deve também ao fato de você não conseguir esquecer o pai dele... Salma, vai atrás dele... Deixa os dois se conhecerem... E faz isso não só pelo Daren, mas por você também... Tenta ser feliz, ter uma família... Faz tudo diferente daqui pra frente...-Alice falou.

Me surpreendi.

-Vou fazer diferente,  estou esperando ele completar mais alguns meses, e vou viajar com Daren e seus primos... E até ser preciso ele ir à escola, nós viajaremos pelo mundo... Só não espere que eu procure o Loris...-Eu revidei.

-Tá bom... Procure só na internet por notícias dele... Quer saber o que você vai falar ao Daren quando ele começar a fazer perguntas sobre família...-Ela disse e riu.

-Aí eu digo que você é minha família... Mostro fotos de todos aqui e até venho visitar assim que possível...-Eu falei.

-Certo Salma... Acho que você ainda tem muito tempo pra pensar sobre isso... Mas Daren já é a prova de que agora saberá o valor de uma família... Pois vocês dois são os bens mais preciosos um do outro...-Alice revidou.

-É... Eu vou aprendendo...-Eu disse.

-Bom,  fica tranquila, seu filho é seu... Vou dormir que amanhã tenho muito trabalho e você também precisa descansa raté a próxima chamada do seu bebê...-Ela falou  e me abraçou.

Então levantou e saiu do quarto, um alívio tomou conta de mim, fui até o berço e olhei Loris mais uma vez, sorri.

-Eu te amo...-Eu sussurrei e beijei a cabeça dele.

Quando Daren completou seus cinco meses, minha forma estava quase recuperada então eu e os primos de Alice adiantamos nossa viagem,  passamos um mês viajando pelos lugares que havíamos combinado e de última hora chegamos depois do natal a Londres, os dois queriam ir a um jogo de futebol da Premier League, nos hospedamos em um bom hotel.

-Só vocês pra me fazerem vir à Londres por um jogo de futebol...-Eu falei quando entramos no quarto.

-Mas é que já que estávamos no meio do mundo mesmo... Melhor aproveitar antes de voltar pra África do Sul...-Léo revidou colocando as malas por ali.

-E ainda bem que tem jogos em dezembro no campeonato inglês... Não tem aquelas longas pausas como em outros lugares... E olha que é inverno...-Théo disse.

-Agora fiquei um pouco com dó... Sem folga para as festas de fim de ano...-Eu falei.

-Mas os jogadores são pagos pra isso... O jogo é amanhã... Você vai ficar livre de nós dois, pelo menos por um tempo...-Léo continuou.

-Vou aproveitar e passear com Daren... Mostrar o que conheço de Londres a ele...-Eu revidei e ri.

-Ona... Ona...-Daren disse.

Ona foi como eu ensinei a ele me chamar de mãe, em uzbeque, que no momento era o mais fácil pra ele falar que as outras formas, apesar de ser a língua mãe do meu pai . Com seis meses ele já estava tentando chamar Léo e Théo também que sempre estavam dispostos a ter uma longa conversa com Daren e eu me divertindo sempre com isso.

-O que foi meu bebê? Fome?-Eu perguntei balançando ele devagar.

-Nós vamos para o nosso quarto, Salma... Qualquer coisa, ligue ou grite... Vamos deixar você à vontade...-Théo falou.

-Tá bom... Obrigada rapazes...-Eu revidei.

Os dois saíram do quarto, fui cuidar de Daren, dei um banho e amamentei, ele dormiu e eu pude dar um jeito em mim depois de horas dentro de um avião, então pedi o jantar pelo serviço de quarto e fui para o banho com minha cabeça atordoada por um pensamento, minha mãe.

Terminei o banho e não pensei mais, agi, liguei pra Evin.

Ele ficou surpreso com minha ligação e concordou em me ajudar a encontrar minha mãe como sempre fazia, marquei o lugar e a hora, enquanto os rapazes estariam no jogo eu falaria com minha mãe e mostraria Daren a ela.

Depois do meu jantar, me deitei ao lado de Daren. Já era possível ver os traços de Loris nele.  A boca, o nariz, o cabelo e principalmente os olhos. Outro detalhe que me assusta são as manchinhas no corpo, exatamente como as dele.

Adormeci e só acordei no dia seguinte com Daren me chamando, aquilo sempre me fazendo sorrir antes mesmo de abrir os olhos, troquei a fralda dele e amamentei.

Então fomos os dois para o banho, era complicado, porém uma forma pra não deixar ele sozinho por alguns minutos, então nos arrumamos e  saímos do quarto para o café da manhã.

Fui para o restaurante, encontramos Léo e Théo já comendo, deixei Daren com eles enquanto eu me servia, voltei a mesa e fiz uma papinha com mamão pra dar ele.

-Tem certeza que não quer ir com nós dois e levar Daren ao seu primeiro jogo de futebol?-Léo perguntou.

-Tenho... Vou fazer outras coisas com Daren...-Eu respondi.

-Mas é Arsenal e Crystal Palace...-Théo revidou animado.

-Pra vocês é muito importante... Pra mim não vale muito a pena... Acreditem, eu vou fazer coisa melhor..-Eu falei.

-O jogo é só à noite, então temos o dia pra aproveitar juntos, não é Daren?-Léo disse.

Comemos e saímos pela cidade. À noite, Léo e Théo foram ao jogo como se fossem torcedores dos dois times há anos. Eu me arrumei e deixei Daren bem charmoso, então segui para o restaurante.

Sentei a mesa nervosa com Daren no meu colo.

-Como será que a vovó Olga vai reagir ao te ver hein bebê? Espero que ela não fique brava comigo e só tenha olhos pra você... Sei que sou suspeita, mas você está muito lindo hoje meu amor...-Eu disse.

Esperamos mais um pouco, então vi Evin entrando, ele segurou a porta e minha mãe apareceu, eu gelei. Ela deu uma observada e parou os olhos em mim, sorriu e veio apressada.

-Salma... Minha filha...-Ela falou ao se aproximar.

-Mamãe...-Eu revidei com os olhos cheios de lágrimas.

Levantei, nos abraçamos com Daren entre nós duas, até que ela me soltou.

-E quem é esse? Está trabalhando de babá agora? Onde você estava? Sumiu há mais de um ano... Me deixou aflita sem notícias... –Minha mãe disse sem quase respirar e agora parecia brava.

-Mãe, não sou babá... Este é o Daren... Meu filho...-Eu falei um pouco nervosa.

Ela arregalou os olhos.

-Seu filho? Ele é seu filho?-Ela perguntou incrédula.

-É... E espero que considere ser seu neto...-Eu respondi.

-Daren?-Minha mãe revidou com os olhos cheios de lágrimas.

Eu concordei com a cabeça e ela foi pegando ele.

-Eu estava na Cidade do Cabo... Morando com a Alice... Tive um filho e agora por detalhes não tão relevantes cheguei a Londres e decidi vê-la...-Eu falei sentando.

Ela sentou com ele no colo, e olhava sem parar, meu filho bem amoroso abraçava e soltava alguns beijos.

-Você é tão lindo... E é meu netinho... Mas... Ele é filho de quem?-Ela disse e me olhou.

-Meu... Só meu, mãe...-Eu revidei.

-Não pode ser só seu... Seria só seu se fosse a sua cara... Mas não tem nada que seja do seu físico... Mas Salma, você esteve grávida esse tempo todo e não me disse nada...-Minha mãe falou.

O garçom nos interrompeu, pedimos água e quando ele saiu de perto continuamos a conversa.

-É só meu, tive ele sozinha... E estou muito bem assim...-Eu disse.

-Salma, não vem querer enganar sua mãe... Não... Não pode ser... Não... Claro que pode ser.... Esses olhos azuis... Seu namorado... Loris...-Ela revidou.

Senti um frio na barriga.

-Loris não tem nada a ver com isso... Deixa ele fora dessa história...-Eu falei.

-Meu Deus... Salma, ele me procurou depois que você sumiu Me contou que vocês tinham dado um tempo e quando ele foi atrás de reatar o namoro, você evaporou da cidade... Desesperado por notícias suas, totalmente desconsolado... Ele chorou no meu ombro... Você não tem vergonha de fazer o que faz, filha? Sumir sem se importar com quem se importa com você... E eu Salma? Morrendo com todos os pensamentos sobre coisas ruins que poderiam estar acontecendo com você...-Minha mãe disse.

-Eu sei mãe... Mas é a minha natureza ruim mesmo... Já me conhece, se eu tivesse morrido, a notícia chegaria rápido aos seus ouvidos...-Eu falei.

-Salma, vou fingir que não ouvi uma baboseira dessas... Nem vou quebrar minha cabeça brigando com você... Estou feliz em te ver viva e com essa novidade tão linda... Tão maravilhosa...-Ela revidou mexendo com Daren.

-Obrigada...-Eu disse.

-Então... Daqui de Londres vai a Liverpool? Para pai e filho se conhecerem?-Minha mãe perguntou.

-Não... Eu não sei quem é o pai... Pronto, falei... Fiquei com um e outro, engravidei e não sei quem é o pai...-Eu menti.

Minha mãe riu.

-Salma... Você não sabe mentir... Primeiro, que o rosto dele não nega a paternidade que tem...-Ela disse.

Respirei fundo.

-Mãe, eu vou criá-lo sozinha... Só queria te ver e mostrar ele...-Eu falei.

-Salma, você quer fazer igual o que faz com seu pai? Não vou deixar, o seu filho não merece isso, o pai dele não é um monstro pra que exista essa privação...  Tenho como falar com Loris... Se você não for lá e falar com ele, eu vou contar...-Minha mãe revidou séria.

-Não, mãe... Por favor... Não me pede isso...-Eu disse com o coração acelerado.

-Por favor, digo eu... Não prive o seu filho do pai dele... Faça um favor ao seu filho e apresente ao pai dele...-Ela insistiu.

-E se Loris não quiser?-Eu perguntei.

-Se Loris não quiser,  aí você segue com a sua vida... –Minha mãe respondeu.

-O problema não é ele em si... O problema é a mãe dele... Que sempre me acusou de ser interesseira quando eu namorava o filho dela... Com um filho então... Vai fazer minha vida um inferno...-Eu revidei.

-Não me diga que sumiu por causa disso...-Ela falou.

 Pedimos  nosso jantar e eu expliquei toda história a minha mãe e o que fiz na África do Sul. Quando terminamos, eu fui cumprimentar Evin e então me despedir da minha mãe por enquanto.

-Não conte ao meu pai sobre Daren... Não quero que dê notícias minhas a ele...-Eu falei abraçando ela.

-Não prometo nada, Salma... Eu amo seu pai e compartilhamos da mesma dor da sua ausência...-Ela disse e beijou meu rosto.

-Devo ficar aqui até passar a virada para o ano novo... Eu te ligo pra nos vermos antes de eu voltar a África...-Eu revidei pegando Daren dos braços de Evin.

-Vou esperar... E espero aquela outra coisa também... Se não fizer... Eu mesma faço...-Minha mãe falou e entrou no carro.

Me despedi de Evin e eles foram embora.

Voltei ao hotel, minha dupla dinâmica ainda não tinha voltado do jogo, fiquei esperando pra saber como havia sido. Chegaram um pouco bêbados e fascinados como se nunca tivessem ido a um jogo de futebol, eu ri deles me contando tudo.

Depois fui dormir.

Calculando a minha viagem de volta a África no dia dois de janeiro, decidi ir pra Liverpool no dia trinta e um de dezembro, Léo e Théo perguntaram sobre o que faria lá e eu disse que iria visitar a casa de repouso e ajudar no jantar de virada do ano.

Fui de trem com Daren, quando cheguei já era final da tarde, dentro do táxi a caminho do hotel vi a cidade bem movimentada, dia de jogo do Liverpool, muita gente com aquelas camisas vermelhas pelas ruas, mas eu sorri mesmo quando avistei o Albert Dock.

Cheguei ao hotel, fiz o check in e subi para o quarto, tomei banho com Daren e ficamos prontos pra sair novamente. Mais um táxi e fui para a casa de repouso.

Quando entrei, uma música tocava, mas na sala não tinha quase ninguém, imaginei que estariam todos se preparando pra o jantar, segui para a cozinha sem cerimônia. Entrei e parei na porta, com Daren nos meus braços.

-Ona...-Ele falou e chamou atenção de Jim.

Ele olhou em nossa direção.

-Sal-ma...-Jim disse com os olhos arregalados.

-Oi Jim... Precisa de uma mão aí?-Eu revidei e sorri.

Os outros funcionários olharam surpresos, Jim veio até mim.

-Onde você se meteu, Salma?-Ele perguntou e me abraçou com um pouco de força.

-Por aí Jim... Por aí... E você não me disse se precisa de ajuda ou não...-Eu respondi.

-Preciso... Nossa, você está linda... Arrumada... O que fizeram com você? E quem é esse bebê?-Jim revidou.

-Se você me arrumar alguém pra ficar de olho nele... Eu te conto tudo enquanto te ajudo aí...-Eu falei.

-Claro...-Ele disse me puxando pra fora da cozinha.

Fomos para o refeitório, e as senhoras estavam lá, fizeram festa ao me ver, e eu apresentei Daren a elas que não se importaram em ficar com eles, achei estranho a falta dos homens ali, mas deixei pra lá e fui pra cozinha com Jim como nos velhos tempo.

POV Loris

O último jogo do ano e eu não fui titular contra o  Newcastle, vencemos e eu fiquei animada pois não estava tão sozinho no estádio, trouxe todos os moradores da casa de repouso, as senhoras dispensaram um passeio e marcaríamos algo depois eu e elas, a ideia me fazia rir.

No vestiário, depois das considerações finais do Klopp, tomei banho, me arrumei, me despedi dos meus colegas e fui buscar meus convidados na área VIP pra pegarmos o ônibus que aluguei e voltarmos pra casa de repouso. Estavam todos animados, mesmo com o frio no ônibus a bagunça continuou o caminho todo até lá, eu prometi ficar para o jantar e então depois encontraria Emre e meus amigos pra comemorarmos a virada do ano.

Chegamos a casa, entramos todos, os senhores decidiram se trocar pra ficar no mesmo nível das senhoras, segundo eles, fui para o refeitório e encontrei elas todas lá, bem arrumadas em volta de algo que eu não consegui ver até chegar mais perto.

Meu coração acelerou de uma forma estranha, senti um frio na barriga.

A senhora George me viu e sorriu.

-Loris... Que bom vê-lo... Venha... Venha... Venha ver o bebê da Salma...-Ela falou ainda sorrindo sinalizando pra que eu me aproximasse.

-Salma...-Eu sussurrei incrédulo.

Me aproximei, entre elas um menino loiro  com olhos azuis. Ele me encarou e sorriu pra mim me fazendo sentir frio na barriga mais uma vez.

-A Salma voltou... Linda, com um bebê... E já está na cozinha com Jim... Salma não perde tempo...-Uma delas disse.

Saí de lá apressado em direção à cozinha, com sentimentos confusos dentro de mim, raiva, surpresa, curiosidade.  Entrei de uma vez, ela estava lá e parou o que estava fazendo, me encarou com aqueles olhos amendoados.

-Loris... Jim... Você não me disse que ele estava vindo pra cá...-Ela falou com a voz nervosa.

Os olhos dela se encheram de lágrimas. Eu me aproximei segurei nos ombros dela.

-Onde você estava?!?-Eu gritei com raiva olhando nos olhos dela.

Nem me importei com quem estava na cozinha.

-Loris... Calma...-Jim falou tirando minhas mãos dela.

-Responde! Onde você estava?!?-Eu insisti gritando.

-Loris... Eu sinto muito...-Ela disse chorando.

-Não é isso que eu quero saber!-Eu falei batendo com força sobre a pia de aço.

-Calma Loris... Vão para o escritório... Conversem...-Jim revidou tentando me afastar dela.

-Ela vai falar aqui e agora! Fala Salma! Me diz! Onde você se meteu?!?-Eu gritei mais uma vez.


Notas Finais


Sistema FROZEN agora.. Let it go... Let it go... Não... é melhor terminar que nem Avenida Brasil, congela e começa a tocar oi oi oi KKKKKK...
E aí minhas queridas e queridos? Como foi a tensa experiência? Ouço os gritos de Loris com voz de Batman ecoando na minha mente...
Ele tem razão pra tanta raiva? Uma parte eu acho que sim... E vocês?
E Daren? merece aplausos por ter conquistado a Ona dele, sim ou claro? hahaha
É isso aí... Até o próximo capítulo para o desenrolar desse amor/ barra/ desamor complicado.
Obrigada por acompanhar!
~Bear hugs


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