Alec queria socar as paredes, mesmo que isso fizesse suas mãos sangrarem.
Depois de ter perdido a cabeça com o padrasto de Magnus, dois policiais o levaram para uma cela, que ele agradecia por estar vazia. Tudo ali era muito cinza e morto, coisa que Alec nunca reclamou, mas depois de começar a namorar com Magnus nada parecia ser o mesmo se não tivesse no mínimo uma cor chamativa. Outra coisa que agradecia era que o seu pai não estava numa cela próxima, até o julgamento Robert ficaria ali. Sentado na cama olhando para a parede oposta, Alec suspirou. Pelo menos ficar na cela o deixava sozinho e isso o fazia pensar com mais clareza. Rezava para que nada tivesse acontecido com seus irmãos, principalmente Max que ainda era uma criança, não merecia ter traumas, sua própria família já era um grande trauma. Ninguém era perfeito, Alec entendia isso completamente, ele mesmo não havia sido o filho dos sonhos dos pais. Escolhera se juntar a um homem ao invés de uma mulher, contrariara o pai milhões de vezes pelos seus atos e fizera dele um monstro para os olhos dos irmãos, apesar disso não ser muito difícil. Seus pais sempre brigaram, discutiam menos antes, mas quando Max nasceu eles passaram a brigar constantemente e isso já era o suficiente para deixar crianças assustadas. Mas comparando os Lightwood com o Sr. e a Sra. Lee, não entendia o porque de Jason ser tão ‘problemático’. Este procurava mostrar que sofria por amor e que aparentemente o amor havia o deixado louco, mas não fazia sentido para Alec. Por causa de uma simples rejeição ninguém sequestraria duas pessoas, mandaria fotos com ameaças, as manteria acorrentadas e estaria ameaçando cometer suicídio. Ele imaginava como Jason devia está agora que aparentemente já sabia que pegara a pessoa errada. Magnus dizia que era óbvia a paixão de Alec por Jace, quando esse ainda a sentia, mas Jason decidira que era Jace só por supor que fosse ele? Ele havia visto alguma coisa, e a única que podia indicar alguma coisa que fosse isso foi o beijo que Jace o dera na tarde do ensaio. A janela estava aberta, lembrou Alec e se xingou com todos os palavrões possíveis. Aquele beijo o atormentara, do nada Jace o puxou e o beijou, no momento, Alec sentiu que o mundo havia parado e comparou a sensação do beijo do irmão como a que um dia sentiu quando era criança, havia faltado luz justamente quando ele estava no meio do corredor, voltava para o quarto depois de ir buscar água na cozinha, não conseguia ver nem seus dedos na frente do rosto, ele permaneceu imóvel, o único som que ouvia era o coração, batendo forte como um aviso; Tumdum. Cuidado. Tumdum. Se afaste. Tumdum. Corra! Foi assim que se sentiu quando viu Jace a pouquíssimos centímetros do seu rosto, depois daquilo Jace pediu desculpas e saiu da sala o mais rápido que pôde, deixando um Alec chocado.
A porta se abriu e Alec deu um salto de susto, estava tão perdido em seus pensamentos que por um minuto achou que tinha os dito alto e que Magnus, que estava parado na porta que levava ao corredor de celas, tinha escutado. Ele vinha na companhia de um policial, que procurava em um grande molho de chaves a que abriria a de Alec. Magnus tentou sorrir pra ele, mas pelos seus traços era óbvio que estava completamente desconfortável. Quando finalmente o policial abriu a porta da cela, ele olhou pra Alec tentando ser intimidador, oque não era, e disse:
-Está liberado dessa vez, Lightwood. Mas não tente bater num delegado novamente. -ele se virou para Magnus e acenou com a cabeça antes de sair. -Só encoste a porta da cela quando saírem, não vou me dá o trabalho de procurar essa chave de novo.
Alec se levantou e saiu do quarto cinza, pegou a mão de Magnus e eles saíram. Do outro lado da porta era o corredor que levava para a ‘recepção da delegacia’, ou como aquilo deveria se chamar.
-Tudo bem? -Magnus perguntou baixo, eles ainda estavam perto da porta, só a fecharam para que os presos não ouvissem a conversa e comentassem como sempre faziam. Os presos dali eram como um grupo de entediados que para passar o tempo tentavam ser psicólogos de qualquer um que falassem sobre qualquer coisa que eles pudessem ouvir. Ladrões e acusados, davam dicas de relacionamento, família e economia, se preciso.
-Bem você sabe que não está, mas podia ser pior.
-Conversamos, eu, meu padrasto e a sua mãe, aparentemente temos um plano. -informou calmamente com as mãos ainda dadas as de Alec.
-Sem nem falar comigo?
-Me desculpe, mas… só me ouça. -ele contou tudo que ele e os outros haviam combinado e no fim Alec estava com a testa franzida, mas tinha aceitado a ideia.
-Não é tão mal, acho que desse jeito a menos riscos. -ele suspirou lembrando da noite em que sem querer aparecera na rua de Magnus, se tivesse ficado em casa talvez nada daquilo estivesse acontecendo, ou a essa hora ele já estaria morto, porque com ou sem Magnus, Robert iria tentar mata-lo e sem ter alguém que o protegesse como o professor, a essa hora já estaria em outro plano.
-Eu sinceramente não concordo muito, me sinto inútil com ele.
-Você nunca foi inútil. Ficando aqui vai estar fazendo algo bom para mim. -disse Alec levantando o rosto pra ele, era óbvio que ele não estava gostando nada da idéia, mas aceitara por não ter um jeito melhor.
-Vou ficar aqui esperando notícias suas e se algo ruim acontecer eu não vou poder fazer nada para impedir. Força de pensamento não ajuda contra uma bala, Alec, principalmente de longe.
-Não vai ter que me proteger de bala nenhuma, porque não vai ter.
-É oque eu espero.
-X-
Jason estava num quarto da casa, o qual ele havia escolhido para ser o seu próprio pelo tempo que estava afastado da família e escola, que talvez não voltasse a se aproximar tão cedo ou talvez nunca. O quarto era mobiliado apenas com uma cama, uma mesa e uma cadeira, placas de madeira cobriam a janela, para evitar oque o própio não sabia. Jason estava sentado na cadeira, com um caderno de desenhos a sua frente, rabiscava algumas coisas de acordo com oque pensava no momento. Com um suspiro ele parou o desenho no meio e olhou para a faca ao lado do caderno, ela ficava ali para lhe dá confiança, ou confusão. Parou a olhando por um longo tempo, até que bateram na sua porta, ele se levantou e a destrancou, do outro lado estava Kevin, um homem alto e forte, com uma barba escura mal aparada e cabelos longos amarrados para trás, trazia uma arma no cinto e outra escondida nas costas.
-O que foi? -perguntou mal-humorado
-Tem alguém vindo para cá. -Jason franziu a testa e correu para a entrada, que era fechada por portas duplas de ferro, ele tirou a barra que a fechava e puxou às portas, elas se abriram e ele correu para a outra grade que circundava a casa e então o viu.
Alec estava parado um pouco longe da casa, mas olhava fixamente para Jason, ele ergueu a mão esquerda o pedindo que esperasse e levou a outra às costas de onde tirou uma arma, ele a descarregou e a jogou no chão.
-Podemos conversar?
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