História Let Me Know - Promessa

Assim que li a mensagem, liguei para o número do celular de Yugyeom, que não demorou a responder, já que há pouco estava me mandando mensagem.

- Praça perto daquela loja legal. Agora – foi o que eu disse, já colocando meus sapatos, pronta para ir para a rua. Desliguei mesmo antes de ouvir alguma resposta dele, mas tendo a certeza de que ele iria.

Eu não costumava dormir de pijama, então isso tornou o processo todo mais rápido. A parte mais demorada foi ter que explicar para a minha mãe onde eu estava indo em uma plena manhã de sábado, sem tomar café da manhã. Expliquei que eu havia esquecido um compromisso, e comi uma torrada rapidamente, para ir para a praça.

Quando cheguei lá, sentei em um dos bancos de madeira que ali tinha e esperei. Olhei no celular umas três vezes para ver se Yugyeom não havia me ligado, e também para verificar o horário. Quando ia verificar pela quarta vez, avistei ele vindo em minha direção. Ele sentou no banco também, quieto.

- Você sabe o que eu vou falar – comecei.

- Eu sei – ele suspirou - Mas, antes que você diga qualquer coisa, eu queria falar que dessa vez a culpa não é minha – ele estava com a cabeça levemente baixa, com um tom de voz triste.

- Então, por favor me explique – eu disse, extremamente curiosa.

- Bem – ele começou – ontem quando cheguei em casa, fui para o computador pesquisar empresas, assim como você. Depois que acabamos de conversar, fui beber água e minha mãe ainda estava acordada.

- Certo. Não era tão tarde assim, na verdade.

- Mas ela costuma dormir cedo. Estranhei. Mas, mesmo assim, eu aproveitei e comecei a falar com ela sobre Jaeyoon ter comentado sobre as inscrições para as audições.

- Ok. E em que parte que você decidiu que não iria se inscrever em nada? – perguntei

- Na parte onde ela começou a me fazer diversas perguntas sobre as empresas e os contratos. Claro, eu não soube responder tudo, mas o que eu sabia foi o suficiente para ela, aparentemente – ele bufou – Ela disse que muitos jovens acabam abandonando a escola para seguir um sonho, e se frustra. E ela não quer que isso aconteça comigo.

- E não vai. Mas, você tem que tentar! – revirei os olhos.

- Eu sei. Sei disso – ele suspirou - Mas ela acha que eu vou abandonar a escola ou algo assim. Eu falei para ela que nunca abandonaria o estudo ou algo assim, mas ela começou a dizer coisas do tipo “É o que todos dizem” e “Onde você vai arrumar tempo para tudo isso?” – quando ele disse isso, começou a imitar o tom que sua mãe fazia quando estava brava, coisa que eu já havia presenciado uma vez. Eu nem me lembrava da ocasião, só me lembrava de ter feito uma nota mental: Não irritar a mãe do Yugyeom.

- Não pode simplesmente fazer isso em segredo? – Arrisquei, mesmo sabendo que era errado.

- Não – ele suspirou – já que ainda sou menor de idade, preciso de uma autorização dos responsáveis para me inscrever. E não sei falsificar assinatura alguma. Mesmo que soubesse, não faria. Não conseguiria encarar ela depois disso.

Assim que ele me contou isso, ficamos em silêncio por alguns minutos, ambos encarando o chão, enquanto eu pensava no que poderíamos fazer. Então, levantei de um salto, ficando de frente para Yugyeom, que olhou para mim, curioso.

- Venha – eu estiquei uma mão para ajuda-lo a levantar – Nós vamos até sua casa.

Já entendendo o objetivo, ele levantou cauteloso, e andou timidamente até sua casa, me guiando. Ele já sabia que de nada adiantaria discutir comigo naquele momento, eu estava totalmente decidida. Quando chegamos lá, ele tocou a campainha, parecendo extremamente envergonhado. Sua mãe veio abrir o portão. Mesmo parecendo curiosa sobre minha presença, nada disse, apenas me convidou para entrar.

Assim que aceitei, Yugyeom me guiou até a sala de estar, onde sentamos no sofá, enquanto a mãe dele fazia o mesmo, ficando de frente para nós, sorrindo.

- Bem-vinda, querida. São raras as ocasiões em que te vi em nossa casa – ela continuou sorrindo, sendo hospitaleira – A que devo a visita? Algo específico?

- Na verdade, sim, confesso – Eu disse, e tomando coragem, continuei – Eu vim dizer que vou acompanhar Yugyeom até as empresas em que ele vai se inscrever, segunda-feira.

- Empresas? – Ela fez uma expressão de dúvida – Que empresas?

- Empresas do ramo musical. YG, SM, JYP, e muitas outras. Você deve conhecer algumas.

- Os nomes não me são estranhos – ela apertou um pouco os olhos – mas o que Yugyeom fará lá?

- Se inscrever para as audições. Para se tornar um trainee – expliquei, calmamente.

- Desculpa – ela parou de sorrir, suspirando – Mas eu não posso deixar.

- Porque? – Eu perguntei. Enquanto isso, Yugyeom só observava, como se estivesse assistindo a uma intrigante partida de ping-pong.

- Eu já vi muitas pessoas fazerem isso. Se inscreverem, achando que serão selecionados, que serão os próximos idols do momento. Vi até mesmo filhos de minhas amigas fazendo isso. E em todos os casos que acompanhei de perto, essas pessoas acabaram largando a escola, mas não debutando. Alguns são trainees até hoje, mesmo depois de muito tempo. Outros desistiram das empresas também, e agora trabalham em lojas simples – Depois, com um ar triste e preocupado, ela completou - Eu não posso deixar isso acontecer com meu filho.

- Na verdade, seu filho tem grandes chances de ser um destaque entre os trainees. A dança dele é excepcional. Além disso, ele não precisa abandonar os estudos. Muitos idols já fizeram os dois.

- Com que tempo? Yuggie vai à escola, faz aulas de danças e depois volta para estudar. Suas notas, com isso, são medianas. E se ele se ocupar mais ainda? Suas notas iriam piorar. Ele vai acabar querendo desistir! – sua voz indicava sua preocupação, coisa que eu entendia. Realmente, isso acontecia com frequência. Mesmo assim, eu sabia que não seria certo se Yugyeom nem sequer tentasse.

- Sendo trainee, ele não fará mais aulas de dança no estúdio, mas sim na empresa – eu expliquei, calmamente - Sendo assim, ele só fará o mesmo horário de sempre. Talvez um pouco mais, é claro, eu não vou mentir. Mas tenho certeza de que ele dá conta.

- Você acredita bastante nele – ela me olhou atentamente, com uma expressão indefinida.

- Sim. Eu vejo ele todos os dias, dançando. Até nosso professor, que é extremamente exigente, acha que ele é talentoso. Eu acho que isso é algo a se considerar.

- Professor? – Ela disse, em dúvida, e logo em seguida perguntou, surpresa - Son Jaeyoon?

- Sim. Jaeyoon. Muitas vezes eu percebo o olhar dele quando olha para o Yug, olhando atento, mas satisfeito. Não é um olhar que muitos alunos recebem por parte dele. Inclusive, ele acha que Yugyeom é o melhor de nossa sala – Assim que eu disse isso, a mãe de Yugyeom me olhava atentamente, procurando ver se eu estava apenas blefando. Ao meu lado, senti Yugyeom murchar um pouco, ele começava a sibilar um “Eu não...”, mas eu continuei:

- Jaeyoon não o escolheu para a competição Hakgyeojee. Tenho certeza de que sabe disso.

- Yugyeom comentou – ela disse, mas eu sabia que tinha muito mais por trás disso. Ela sabia o quão abalado ele havia ficado por não ter sido escolhido – Então, significa que Jaeyoon... – antes que ela pudesse completar a frase, a interrompi:

- Mas eu sei o porque. Ele não queria que Yugyeom se destacasse mais que os outros alunos de sua sala – Ao dizer isso, olhei de soslaio para Yugyeom, que obviamente estava descrente - Se eu colocasse mais gente com ele, não seria justo com essa pessoa. O garoto se destaca, mesmo quando não quer. Foi exatamente o que ele disse. Eu sei, ouvi ele dizendo isso, enquanto falava ao telefone.

- O garoto – a mãe de Yugyeom repetiu, e logo em seguida riu fracamente – poderia ser qualquer um. Ou ele é o único garoto da turma?

- Não, não é o único. Mas ouvi ele dizendo isso: Guarde esse nome: Kim Yugyeom, meu aluno. Ele ainda vai longe. Consigo me lembrar claramente disso – Ambos estavam surpresos. Provavelmente nenhum dos dois sequer havia imaginado que Jaeyoon admirava tanto assim a dança de Yugyeom, em especial ele mesmo.

- Mãe – dessa vez, Yugyeom quem começaria a pedir. Seu tom de voz era firme, ele estava decidido que era aquilo o que ele realmente queria – Por favor. Me dê uma chance. Uma chance de mostrar que eu sou capaz.

Ela se ajeitou no sofá, colocando as mãos sobre o colo, nos fitando. Yugyeom ficou calado, enquanto nos observava. Eu continuei na mesma posição que estava quando comecei a conversar com ela, incapaz de me mexer. Ela poderia simplesmente gritar comigo e me mandar ir embora. Ela poderia não querer que eu e Yugyeom andássemos juntos novamente. E, mesmo me importando muito com isso, eu estava pronta para enfrenta-la, com o máximo de educação possível, claro. Por fim, depois do que pareceram horas, ela sorriu minimamente e disse:

- Muito bem, então. Se você – ela apontou em minha direção - me prometer algo, eu posso assinar os papéis necessários para Yuggie se inscrever nas audições.

- Eu? – Engoli em seco – O que você quer que eu prometa?

- Que vai ajuda-lo nas notas, para que não caiam. Inclusive, seria ótimo se elas aumentassem um pouco também – Eu acenei com a cabeça, e então ela completou, com um sorriso um pouco maior – E que você não deixe de acreditar nele. Se algum dia ele pensar em desistir, você vai pegar no pé dele, não vai deixar isso acontecer em hipótese alguma. Nem desistir da escola, e nem desistir do sonho dele.

- Acho que isso eu posso prometer – Eu sorri, apertando a mão dela, enquanto Yugyeom parecia estar a ponto de chorar de alegria.

- Se algum dia você precisar de um incentivo para incentivar a ele, lembre do trabalho que teve para me convencer disso – Ela piscou para mim, rindo um pouco.

- Farei isso – eu ri também, e olhei para Yugyeom, que finalmente tinha lágrimas escorrendo por suas bochechas, enquanto as mesmas estavam erguidas em um sorriso enorme de satisfação e alegria.

- Obrigado – ele disse, com a voz fraca, abraçando a mãe dele logo em seguida.

- Tome cuidado. E, se um dia precisar de uma advogada, acho bom guardar o telefone de sua amiga para sempre – a mãe dele brincou.

- Eu também penso isso – ele riu, enxugando as lágrimas, que não cessaram tão facilmente assim, mas nenhum de nós via problema nisso. Enquanto as lágrimas dele eram de alegria, ficaríamos tão felizes quanto ele.