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História Let Me Love You Until The End? - 1.7


Escrita por: AlascaVozizer

Capítulo 17 - 1.7


Narrador.

Dezesseis anos atrás.

— Karla, vem colocar essa roupa logo, não vou pedir de novo. - Camila, como gostava de ser chamada, corria de um lado para o outro com sua calcinha rosa de babadinho, deixando sua mãe mais doida do que já tinha deixado. - Karla...

— Não, mamãe. - A pequena Camila acreditava que poderia voar se pegasse velocidade o suficiente, por isso estava correndo. - Espera um pouquinho, mamãe.

— Karla Camila, se você não colocar esse macacão agora, você vai perder a sua festa. Vamos, menina. - Sinuhe gostava de admirar a imaginação fértil de sua filha, mas já estavam atrasadas. - Karla?

— Não, mamãe. - Sinuhe observou os movimentos de Camila com mais atenção, se preparando para quando a menina fosse passar do lado da cadeira outra vez. Em um, dois, três. O grito assustado que saiu da garganta de Camila fez a mulher rir, causando o mesmo na criança. - Assim eu não avuu, mamãe.

— Eu deixo você tentar voar mais tarde, lá em casa. Agora por favor, Kaki. A mamãe está te pedindo para colocar logo esse macacão e sair desse quarto para aproveitar sua festinha, com seus amiguinhos.

— Agora eu vou colocar meu macacãozinho, mas só porque você acertou meu nome, mamãe. - Sinuhe colocou a filha no chão, sabia que a menina não correria depois de ser chamada como gostava. - Eu sempre serei Kaki, Karla é nome de gente grande.

— As vezes esqueço que foi eu que te ensinei a fazer isso, nem parece que só tem seis anos.

— Já sou super grande, não é, mamãe? - Camila finalmente se enfiou dentro da roupa, vendo como sua mãe fechava os botões. - Não sou super grande?

— Você ainda é a minha bebê, sempre será, não importa a idade que tenha.

— Não, mamãe. Eu sou grande, não sou bebê. - Camila cruzou os braços fazendo bico, ficando ainda mais adorável. - Não quero ser bebê.

— Gente grande não precisa de bolo de dragão. Eu vou devolver o bolo e vou acabar com a sua festa. - Os olhos da menina quase pularam para fora, aquilo sempre funcionava com ela. - O que foi? Por que está me olhando assim?

— Você não pode fazer isso, mamãe. É o meu último aniversário de dragãos.

— Dragões, querida. Já que você não está mais querendo aniversário de dragões, vai querer qual?

— Nenhum, mamãe. Eu não quero mais aniversário, igual a Vero. Ela fez sete anos e não quer mais aniversário. Ela disse que já é grande e eu também sou. - Sinuhe ria da filha enquanto amarrava seu tênis, a cada dia ela tinha uma pérola nova para soltar. - Gente grande não faz festa.

— Ta bom gente grande. Agora vamos sair porque você enrolou demais e eu tenho certeza que seus convidados já estão todos aí. E mais uma coisa. Cuidado na hora que estiver correndo com a Vero.

— Mamãe? - Camila a chamou antes de abrir a porta, ela tinha uma dúvida desde o dia que tinha escolhido seu bolo. - Posso fazer perguntas?

— Quantas quiser, querida.

— O Shawn disse que dragões são para meninos e que é errado eu gostar de dragões. É muito errado, mamãe?

— Não, Karla. Ninguém pode falar que meninas só podem gostar de fadas e meninos de dragões. Não tem nada de errado gostar de dragões, meu bem.

— Então eu posso gostar de dragões? - Se tinha uma coisa que Sinuhe gostava de ver, era o brilho nos olhos de Camila, a felicidade que a menina levava dentro de si. - Posso, mamãe?

— Você pode gostar e brincar com o que quiser, Kaki. Quando alguém falar que você não pode gostar das suas coisas, você fala que a sua mamãe deixa tudo, até mesmo gostar de dragões e pipas.

A festa de aniversário dela não era de contos de fadas ou bonecas como seu amigo Shawn tentava deixar claro. Camila gostava de dragões e sua festa não poderia ser diferente do que ela gostava. Sinuhe gostava de fazer os gostos da filha, não todos para ela não crescer uma criança mimada, isso incluía festas com tema de dragões. Se ela quisesse um aniversário com o tema de futebol, ela teria também.

Tudo parecia funcionar perfeitamente bem, como Sinuhe tinha planejado desde o final do ano anterior. As crianças corriam de um lado para o outro gritando, seus pais conversavam com a boca cheia de comida e bebida, uns até mesmo cantava as músicas que tocavam.

Sinuhe observava Camila de longe, sua filha estava quietinha enquanto a moça que pintava o rosto das crianças dava o seu melhor. Alejandro parou ao seu lado por alguns minutos até alguém chamar por seu nome, o homem não viu quando Camila se virou para mostrar sua nova obra de arte. Ela era metade borboleta e metade sapo, não tinha um que não olhasse para ela, mas a menina não se importava com mais além de sua mãe.

Dias atuais.

Lauren, Camila e Sofia terminavam de colocar seus sapatos em silêncio, mas o silêncio que habitava entre as três era só um silêncio de cansaço e felicidade. Poderiam dizer que foi produtivo toda aquela brincadeira delas, tudo perfeito.

Heloisa com muito custo conseguiu colocar as três para almoçar e segurá-las por um tempo antes de saírem correndo para os brinquedos outra vez. Lauren tinha entregado seu celular para Camila tirar fotos dela com a irmã, mas ao contrário do que Lauren pensava, Camila a puxava para sair em todas as fotos. Era mais um jeito de ver os olhos de Lauren através da câmera do celular.

Tinha fotos de Camila e Sofia. Fotos de Lauren e Sofia comendo bolo. Fotos de Camila e Sofia fazendo guerra de bolo. E fotos das três com os rostos sujos de bolo, entre as outras que Lauren já tinha tirado e Camila nem sabia.

No final do dia, Lauren tinha avisado que já era hora de irem embora e se Sofia gostaria de levar seus doces e seu bolo embora. Sua resposta não poderia ser diferente de um belo sim. Enquanto Sofia abria os presentes que Lauren tinha esquecido de entregar, Camila pedia para dividir os doces e o bolo em dois. Poucos minutos depois elas já estavam no carro, rumo a casa das irmãs.

— Lauren, você teve muitas festas de aniversário quando criança? - Camila perguntou enquanto se enchia com os doces outra vez. - Isso aqui está muito bom.

— Fico feliz que gostou. Meus pais deixavam dinheiro para fazer a festa que eu quisesse, mas eu nunca queria, preferia deixar a Maria guardar no banco. Então ela mesmo fazia meu bolo e comíamos nós duas, todos os anos. Ela nunca deixou passar um aniversário em branco.

— Então nunca teve uma festa?

— Tive várias depois que conheci a Dinah e a grande família dela, nunca vi gostarem tanto de festas como os Hansen. Esse ano eu tenho que inventar uma desculpa para não comemorar...

— Então não gosta de festas? - Camila cobriu a boca ao falar, quase cuspiu tudo o que comia, fazendo Lauren rir. - Desculpa.

— Quando você passa a ter uma coisa que tanto queria e não tinha, é impossível não gostar, ainda mais com a família da Dinah envolvida. - Lauren parou em um sinal vermelho, rindo mais ainda quando viu Camila se matando de comer todos aqueles doces. - Nada contra as festas, mas esse ano eu realmente não quero saber de fazer bagunça com eles.

— E quando é o seu aniversário? Eu mesma posso fazer seu bolo, assim eu como a metade.

— Eu só posso contar se prometer que vai esquecer mais tarde.

— Meio difícil. - Camila encarava todos aqueles doces dentro da caixa que estava em suas pernas, pensando em qual pegaria. Ela não sabia qual Lauren gostaria mais, então pegou o que estava perto de sua mão, mordeu metade e colocou a outra metade na boca de Lauren. Qualquer docinho de chocolate era uma delícia. - Eu posso tentar, mas talvez eu seja boa com datas no geral.

— Tenho certeza que esse doce que me deu é de nutella, eu amo nutella. - Camila colocou mais um doce na boca de Lauren enquanto ela acelerava o carro mais uma vez, repetindo mais duas vezes. - Meu aniversário é dia vinte sete de junho, mas até lá, eu espero que você tenha esquecido.

— Quando chegar o dia do seu aniversário, eu vou fingir que esqueci, assim eu te deixo mega feliz. Pode ser?

— Você não precisa de muito para me deixar feliz, Camila. - Se Lauren tivesse olhado para o lado, ela teria visto como Camila ficou vermelha, mas ela tinha que desviar dos outros carros. - Com certeza não precisa se esforçar.

— Não mesmo?

— Não mesmo! Eu fico feliz por te ver sorrindo, hoje você sorriu bastante, então me deixou muito contente. Se você está feliz, eu estou feliz.

— E por algum acaso sabe quem mais está feliz igual você? - Lauren parou em outro sinal vermelho, ô cidade que tinha semáforos espalhados. Em uma completa sincronia, as duas se viraram para olhar a garota no banco de trás, que dormia agarrada ao novo urso de pelúcia. - Não sabe quanto tempo eu não via Sofia rindo e brincando como ela fez hoje. Não sei como posso te agradecer por tudo o que fez por ela.

— Eu já sei como pode fazer isso. - Camila segurou todo o ar que soltava de seus pulmões quando seus olhos encontraram os verdes de Lauren, nunca tinha visto de tão perto, eram ainda mais bonitos. As duas se olhavam com grandes interrogações desenhado em suas testas, tinha alguma coisa rolando entre elas. Camila sentiu seu corpo se arrepiar todo quando Lauren tocou o canto de sua boca e depois lambeu o próprio dedo. - Pode ser com seu sorriso? Você fica linda quando sorri.

Oito anos atrás.

— Eu não posso te ajudar se você não me contar o que aconteceu, Camila. - Sinuhe olhava sua filha deitada na cama inquieta desde a hora que passou correndo pela sala e subiu. - Camila?

— Não é nada, mãe. - Camila afundou seu rosto ainda mais entre seus travesseiros, mostrando que o seu nada era um tudo. - Só quero dormir.

— Eu sei que aconteceu alguma coisa. Te conheço muito bem para você me dizer que não está acontecendo alguma coisa. O que foi?

Não vai ficar brava comigo? Eu juro que não tive culpa, mãe. - Camila se levantou com lágrimas nos olhos, assustando sua mãe. Saber o que tinha acontecido já tinha passado de uma simples pergunta. - Promete?

— Filha, agora eu quero saber mais ainda o que aconteceu. Me fala o que foi? Não precisa chorar, eu não vou ficar brava com você, te prometo. - Sinuhe sentou na beira da cama de Camila para segurar sua mão, lhe passando confiança. - Sabe que pode me contar tudo sem medo.

— A Vero... - Camila poderia sentir o corpo todo de sua mãe relaxando ao saber que envolvia Verônica e não um estranho. Tomando cuidado para não acertar a barriga de sua mãe, ela sentou corretamente na cama. - Sem enrolar?

— Eu já sei o que vai dizer, minha filha.

— Se você já sabe, eu não preciso falar. - A garota tentaria esconder o rosto novamente se sua mãe não tivesse segurando suas mãos.

— Eu quero ouvir da sua boca, Camila. Pode me contar sem medo, não haverá julgamentos ou xingamentos, te apoio em tudo nessa vida.

— A Verônica me beijou. - Sem julgamentos e xingamentos, mas nada impedia Camila de pensar que levaria um tapa de sua mãe.

— E o que você fez?

— Eu sai correndo até aqui igual uma covarde que sou. - Sinuhe sorriu quando Camila cobriu o rosto com as duas mãos, ela nunca levantaria um dedo para sua filha. - Eu sou uma idiota.

— Você deixou a menina lá sozinha, Karla? - Camila estremeceu ao ouvir seu primeiro nome, ela não sabia que sua mãe se divertia bem na sua frente. - Olha para mim e responde o que perguntei, do jeito que te ensinei.

— Deixei. - Sinuhe sentiu seu coração doer quando Camila se encolheu de medo dela, seu sorriso se foi só de pensar que sua filha tinha aquele tipo de medo dela, mesmo sem nunca ter levantado a mão. - Eu não sabia que ela ia me beijar, eu me assustei com ela e corri. Não conta pro meu pai, por favor, eu já ouvi ele falando que isso tudo é uma pouca vergonha quando passa na novela...

— Vamos com calma. Você achou que eu ia te bater ou fazer alguma coisa do tipo? - Sinuhe não precisou de uma resposta para saber que sim, sua filha pensou que apanharia. - Sabe muito bem que eu não levantaria a mão para você, nem mesmo por beijar uma garota. Eu sei o que está passando e sentindo, sou sua mãe e estou aqui por você... Agora me diga, você pensa como o seu pai?

— Não sei.

— Sabe sim, Karla. Você acha ou não acha que é uma pouca vergonha o que passa nas novelas?

— Não, eu não acho. E você?

— Claro que não, Kaki. Não é errado você beijar uma menina, não é errado uma mulher amar outra, assim como não é errado um homem amar outro homeme. Cada um pode gostar ou amar qualquer pessoa, não importa se for homem ou mulher. Você gosta de meninas?

— As vezes eu acho que sim e depois eu vejo meu pai falando que é errado, mas eu não acho errado. Estou confusa, mãe. - Confessar aquilo para sua mãe era um verdadeiro alívio para Camila, o peso que carregava estava menos pesado. - O que eu faço?

— Você gosta dela? Da Verônica?

— Ela é a minha melhor amiga, eu gosto dela. - Camila se deitou no colo de sua mãe, encarando sua barriga, aproveitando o cafuné que ganhava.

— Então vai atrás dela e conversem, ela também pode ter se assustado com o que fez e com o que anda sentindo. Mostre que ainda são amigas.

— E se ela não quiser falar comigo?

— Você consegue tudo o que quer quando sorri, minha vida. Dê seu melhor sorriso e ela vai querer falar com você. Eu espero que a nossa pequena aqui venha com um sorriso igual o seu. Só de falar ela já se mexe, sabemos que ela é isso intrometida igual a irmã mais velha.

— Sofi, você ouviu a mamãe. Você tem que nascer com o mesmo sorriso que eu e ser menos intrometida. - Camila passou a mão sobre a barriga de Sinuhe, recebendo um chute em troca. - Ou ela tem ciúmes ou ela gosta da minha voz.

— Eu amo a sua voz, assim como a Sofi. Agora vai e não se esqueça. Você fica linda quando sorri. Te amo. 



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