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História Lethe - Aliança


Escrita por: Vyvs

Notas do Autor


Genteeeee esse é o penúltimo capítulo. Era pra ser o último mas eu parti ele e terminei o outro. Agora a noite vou postar o último capítulo e o epílogo.
Me desculpe se eu não responder todos os comentários agora.

Capítulo 31 - Aliança


 

Mesmo sem abrir os olhos o cheiro insuportável de álcool, soro e remédio indicava que Jiwoo estava em um hospital. O motivo talvez fosse a dor horrível em sua cabeça como  se duas mãos apertassem seu cérebro de maneira firme. O odor de éter infectava suas narinas. 

— Parece que ela está acordando — uma voz masculina familiar disse. Jiwoo abriu os olhos e encarou o quarto pesadamente branco do hospital. Estava deitada em uma maca com alguns aparelhos ligados em si monitorando sua respiração e batimentos cardíacos. 

Ali perto dela estavam Somin, pálida de preocupação, e o doutor Cha que vinha acompanhando Jiwoo desde o acidente de carro. Era um senhor calvo e bastante simpático, além de ser um dos neurologistas mais famosos do país. 

Foi então que a cena da cafeteria lhe voltou a mente: Somin narrando fatos esquecidos da sua vida, o cérebro superaquecendo e por fim ele desligou. Mas naquele momento várias pecinhas de um quebra-cabeças imenso começaram a se encaixar e, pouco a pouco, formaram a paisagem dos anos que foi privada de se lembrar. 

A dor da indiferença de BM, a felicidade de estar nos braços dele, a tristeza ao saber que ele partiu. Os bons momentos passados ao lado de Somin e o distanciamento da mesma. As investidas de Jay, fracassadas em sua maioria. A briga com o mesmo depois de negar-se a passar uma noite com ele. 

Tudo voltou para a mente da loira como uma enchente. 

O acidente que tirou a vida do taxista e a deixou dias em coma no hospital. 

A mentira que Jay inventou para sua família, dizendo que era seu namorado. Aquilo fez um instinto quase assassino aumentar dentro da professora. 

Por que Taehyung e BM não lhe contaram a verdade logo de cara? 

— Jiwoo você está bem? Seu rosto está vermelho — perguntou Somin. 

— Por que aqueles dois idiotas não me contaram a verdade? — esbravejou a loira arrancando todos os aparelhos e mangueiras do seu corpo, levantando-se da maca. Queria matar Tae e BM. 

— A senhorita pode ficar quietinha onde está — avisou o médico, repousando-a novamente na cama. — Você deu um susto e tanto na sua amiga. O que aconteceu?

— Eu me lembrei de tudo — confessou ela sentindo o peso de suas palavras. Ela finalmente parecia inteira. Não faltava mais um pedaço de si, como anteriormente. 

— Quer que eu contate seu noivo? — Dr. Cha perguntou. Jiwoo negou de forma veemente. Ainda não sabia como iria abordar Jay para contar que havia se lembrado de tudo, inclusive das mentiras contadas pelo desgraçado, fingindo ter algo com ela. 

Não parecia uma má ideia estrangular o noivo. Se Jay tivesse lhe contado a verdade, provavelmente estaria feliz com Matthew. Agora ela precisava terminar um noivado falso, confrontar BM e J.Seph e depois agarrar o amor da sua vida. E quem sabe ele a ajudaria a estrangular Jaebum? 

— Nós vamos fazer alguns exames e, se tudo tiver bem, eu te dou alta. Ok? É muito raro alguém em sua condição lembrar-se de tudo de uma vez — o doutor propôs. Jiwoo concordou. 

 

Depois de passar ruminando por todos os exames a loira foi liberada do hospital depois de algumas horas em observação. Somin a esperou por todo tempo e quando rumaram para sair do lugar, a morena abraçou Jiwoo de maneira carinhosa. As lágrimas desceram de maneira incontrolável, estragando toda a maquiagem dela. 

A loira devolveu o carinho. Sentia tanta falta da melhor amiga que todos os erros foram esquecidos. Não queria ficar guardando mágoas das pessoas que lhe eram importantes. Que culpa Somin tinha por ter se apaixonado por Matthew e querer ser amada por ele? 

Foi errado sim ter ficado com ele quando sabia de todo o amor da melhor amiga. Mas a morena sempre foi tratada como um objeto e Matthew foi o único que a tratou diferente.

Não compensava guardar raiva. 

A noite já estava escura e o vento frio ajudou a secar as lágrimas que as duas derramavam, abraçadas em meio à escuridão e iluminadas apenas pelas luzes da cidade e pelos faróis de ambulâncias barulhentas que chegavam à todo momento. 

— Me perdoa — implorou Somin, engasgando com o próprio choro. Seus braços apertaram a amiga de maneira mais intensa, necessitada. — Eu fui péssima com você. Eu entendo se não quiser mais ser minha amiga, mas me diga que eu tenho seu perdão, por favor — Jiwoo afastou-se da morena e a encarou. 

— Você errou sim, mas eu não sou hipócrita de te julgar por isso. Se não fosse por você eu continuaria vivendo uma mentira sei lá por quanto tempo — segurou as lágrimas, porém foi inútil. — Você abriu meus olhos para a verdade. Tirou-me do esquecimento. Obrigada por isso. 

— Eu senti tanta falta de você! — gritou Somin, a voz embargada pela emoção. 

Naquela noite Jiwoo não recuperou só a memória, ela recuperou sua melhor amiga também. 

 

Jay ainda estava no trabalho quando a loira chegou ao apartamento que dividiam. Aproveitou para pegar uma mala bem grande e enfiar todas as suas roupas dentro dela. Não conseguia suportar a ideia de ficar mais uma noite ao lado daquele mentiroso. Porém ainda pensaria no que fazer para terminar o noivado. 

Enfiou a mala embaixo da cama assim que Jay destrancou a porta da frente. Ela pegou o pijama separado encima da cama e entrou no banheiro da suíte, onde tomou um banho rápido para tirar a maquiagem borrada do seu rosto. 

Por mais que aparentasse estar tranquila Jiwoo estava uma bagunça por dentro. Tudo ocorreu de forma tão repentina que o cérebro dela tinha dificuldades em acompanhar tudo, processar toda aquela bagunça. 

Em uma hora ela brigou com Matthew, na outra encontrou Somin e então ela estava no hospital por ter desmaiado. As memórias que antes estavam escondidas, naquele momento afloraram e estavam novamente onde deveriam estar, como se nunca tivessem saído. 

Agora se sentia a verdadeira Jeon Jiwoo, completa, sem faltar nenhum pedaço de si. E agora que possuía suas memórias de volta nada a impediria de tentar ser feliz com a pessoa que amava. Seu peito estava inflamado de amor e ela não podia ignorar isso. 

— Me desculpe pela demora, meu bem — Jay disse, abraçando e beijando a noiva. Ela não conseguiu retribuir aos gestos. 

— Tudo bem — disse de maneira fria, sem conseguir se forçar para apresentar algo que não sentia. Mas não faria nada enquanto não colocasse a cabeça no lugar. 

— Algum problema? — desconfiou, mas ela negou e disse que estava apenas com uma dorzinha chata de cabeça. — Comprei o jantar para nós.

— E o que é?

— Comida chinesa — os dois sentaram-se juntos à mesa e se serviram com Pato de Pequim e rolinhos primavera. Tudo começou de maneira silenciosa, mas Jay não parecia caber em si e precisou falar:

— Acho que já podemos marcar a data do nosso casamento.

Jiwoo quase engasgou com o rolinho primavera. Não sabia o que deveria dizer ou como deveria agir. Aquele seria o momento propício para jogar tudo na cara de Jay, enfiar os hashis dentro da garganta dele e deixá-lo agonizando no chão.

Só que ela não tinha forças para isso ainda. 

— É uma boa ideia. Podemos ir ver isso amanhã — sugeriu a loira nem um pouco animada com ideia. Mal sabia ele que tudo estava por um fio. 

— Eu estou tão animado! Você finalmente será toda minha e então poderemos viajar o mundo todo em lua de mel. 

— Será ótimo. 

— Claro que será! Vamos aproveitar muito — Jay acariciou o rosto da noiva e sorriu.

Sorriu porque não sabia o que se passava na mente dela.

 

Na manhã seguinte Jiwoo ligou para o colégio e explicou que se ausentaria. Disse que esteve no médico na noite passada e não se sentia bem o suficiente para trabalhar. Por sorte Jay saiu bem cedo para trabalhar, caso contrário ele faria perguntas desconfortáveis. 

Não conseguiu pregar os olhos durante toda a noite. A cabeça funcionava a mil e a ansiedade não a deixou dormir. O corpo não se sentia cansado, na verdade a loira sentia-se energizada. 

Durante a parte da manhã ela ficou treinando formas de dizer para Jay que não teria casamento. Dar continuidade àquela mentira ia contra seus preceitos.

Não sabia se poderia ser delicada e tentar terminar tudo numa boa tipo: “eu não amo você e não quero ou continuar com isso”. Ou se seria mais direta e fria: “vá mentir para sua mãe, canalha. Pegue esse anel de noivado e enfie você sabe onde”. 

A segunda opção não condizia muito com sua personalidade, mas seu cérebro dizia que era aquilo que o rapaz merecia. 

Mas uma coisa era certa: daquela noite aquilo não passava. 

Ela ainda precisava conversar com Matthew, cobrando e dando explicações sobre a bagunça que seus dias tornaram. Precisava expressar seu amor, coisa que não fez antes de BM partir. Necessitava abraçá-lo e se oferecer para ajudá-lo a enfrentar a morte do pai. 

Ela queria ser o pilar de Matthew, assim como ele seria o dela. Apoiar-se-iam em momentos difíceis e manter-se-iam de pé, juntos. Viveram muito tempo afastados para ignorar o amor que existia entre eles. 

Porém Jiwoo precisava de respostas. Queria saber o motivo de BM não ter lhe contado do passado que viveram juntos. Nem ele e nem Taehyung. Para se livrarem ilesos daquilo, uma boa explicação seria necessária.

O apartamento não parecia cabê-la. A cada minuto a moradia parecia se encolher até que a loira se sentisse presa dentro de um ovo. Ela não conseguia se manter quieta em um lugar. As horas se arrastavam. Dias pareceram passar até que chegasse a hora do almoço. 

A campainha soou, assustando por ser tão rudemente arrancada de seus devaneios. Jiwoo estava de pijama ainda, mas não tinha cabeça para se preocupar em trocar de roupa. Apenas amarrou os cabelos de forma desajeitada no topo da cabeça. 

Abriu a porta. 

O rosto do visitante quase fez ela cair. Aquela expressão sempre faria suas pernas fraquejarem. 

Só BM poderia fazer aquilo. 

— Ouvi falar que você estava no hospital ontem à noite — Matthew parecia preocupado e as olheiras abaixo dos olhos só serviam para acentuar isso. — Eu nem dormi essa noite. Precisamos conversar... — ele silenciou-se repentinamente.

Jiwoo não deu tempo para ele completar a frase. 

Agarrou-o pelo colarinho da camisa e beijou-o como sempre quis fazer, trazendo-o para dentro do apartamento. Sentia tanta falta daquilo. Daquela vez ela não se sentia culpada, apenas cada vez mais sedenta por senti-lo. 

Matthew demorou alguns segundos para sair de seu torpor e finalmente pôde beijá-la sem temer ser rejeitado. Era inesperado ser beijado daquela forma, mas longe dele querer reclamar. 

Queria mais atitudes inesperadas como aquela. 

Pelo visto Jiwoo estava melhor do ele imaginou. 

Aquela era uma mulher estranha. Em um dia brigava com ele, o ofendia e no outro o agarrava daquele jeito. Dentro do apartamento do noivo dela. 

— Você está consciente do que está fazendo, não está? — BM perguntou para ter certeza que Jiwoo possuía plenos poderes de si. Ela sorriu. O sorriso mais belo que o professor se recordava de ter visto em todos aqueles vinte e tantos anos de vida. 

— Eu tenho certeza do que estou fazendo. Eu quero você mais do que tudo — confessou, e, não se aguentando, puxou Matthew para mais um beijo lento e sensual. 

Aqueles beijos que fazem todos seus pelos se arrepiarem, o corpo esquentar e o coração acelerar de uma hora para outra.

Era daqueles beijos que você só acha com uma pessoa. 

E essa pessoa geralmente é o amor da sua vida. 

O mundo parou para admirar aquele casal. O tempo deu uma pausa para que aproveitassem o momento. O oxigênio não se fez mais necessário do que a necessidade de se beijarem. Das línguas se tocarem. Das peles se arrepiarem juntas. Dos corações baterem no mesmo ritmo frenético. 

Naquele momento tiveram certeza que eram um só. 

— Jiwoo? — os dois se assustaram e logo em seguida se separaram. Atrás de Matthew estava Jay, estupefato. — Você, seu miserável?!

— É um prazer revê-lo também, Jay — BM provocou com um sorriso sarcástico. 

Jay jogou a pasta de couro com documentos no chão e aproximou-se do rapaz a passos largos, vermelho de raiva. Agarrou-o pelo colarinho da camisa, mas aquilo não surtiu muito efeito já que BM era quinze centímetros mais alto que Jay. 

— Por que você estava agarrando a minha noiva? — indagou o noivo traído, furioso. 

— Ele não me agarrou — interrompeu Jiwoo, fria. — Eu o fiz. 

— Como assim, você o agarrou? — Jay soltou BM e se dirigiu para Jiwoo, agarrando-a pelos braços e a sacolejando de maneira violenta. O rosto sempre sereno estava vermelho de raiva. 

— Por que você está tão agitado? — Jiwoo aumentou o tom de voz. — Eu não estou traindo ninguém. Pelo que eu me lembro eu nunca aceitei ser sua namorada!

—  E do que você se lembra? Você não se lembra de nada!

— Eu me lembro de tudo seu mentiroso descarado! — Jay aumentou a intensidade do aperto, sorrindo malévolo quando viu a careta de dor que Jiwoo fez. — BM sempre foi o amor da minha vida! Você que se contentou em ser minha segunda opção. 

— Cale a boca! — Jay berrou. Uma mão agarrou a nuca do moreno como se ele fosse um filhote de gato. BM olhava enfurecido para Jay. 

— Solte a garota e resolva o que você quiser comigo — sibilou o mais alto. 

Jiwoo quase suspirou de alívio quando as mãos opressoras soltaram seus braços finos, que agora iriam possuir marcas de dedos. Ela odiava ver homens brigando por isso quase se desesperou quando viu Matthew e Jay se encarando como dois cães raivosos. 

— Você é um desgraçado — Jaebum apontou para o professor, que se limitou a semicerrar os olhos. Não era fã de brigas, mas só de ver aquele maldito sacudindo Jiwoo sua vontade era esfolá-lo vivo. 

— Pelo menos eu não preciso mentir para nenhuma mulher para ela ficar comigo — provocou o professor, mal percebendo o soco que lhe acertou no supercílio. 

Levantou-se do chão mais possesso do que nunca esteve. Fechou a mão direita em punho e acertou em cheio a boca de Jay, que caiu sentado no chão. O mais baixo cuspiu sangue no carpete e olhou enfurecido para seu agressor.

— Vamos embora Matthew — chamou Jiwoo. Essa desapareceu apartamento adentro e logo depois apareceu com uma mala prateada de rodinhas, onde estavam suas roupas. 

Antes de sair pela porta Jiwoo retirou a aliança do dedo e jogou-a em Jay, ainda espalhado no chão. Olhou para ele pingando desprezo. 

— Enfie essa aliança no seu rabo — a loira rosnou.


Notas Finais


Tenho que agradecer ao meu migs Felipe que me deu uma ideia muito ótima para esse capítulo, no caso a briga entre Jay e BM. Valeu pessoa linda ❤


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