História Letras Douradas - Capítulo Dois

 Jungkook até tentou voltar para o trabalho depois daquela conversa, mas não conseguiu manter o foco em nenhum dos contratos, ficava reproduzindo as palavras de Jimin em sua cabeça. Quando teve certeza de que não conseguiria mesmo fazer nada, pegou sua pasta, chaves e celular e deixou o prédio sob os olhos curiosos de seus funcionários, que em anos naquela empresa nunca viram o chefe deixando o trabalho mais cedo. 

 Por um longo tempo ele pensou que era quem fazia tudo por Jimin, inclusive era seu sustento, pensou que Jimin não era nada sem ele, não podia estar mais enganado. 

 Uma semana havia se passado, uma semana em que ele mal conseguia pregar os olhos, começava a acreditar que o chá que Jimin o oferecia todas as noites tinha alguma coisa haver com sua, agora, falta de sono, tentou todos os tipos de chás que encontrou no armário da cozinha, mas nenhum adiantou, o que ele colocava de tão especial nesse chá? Como se não bastasse, a cama parecia muito fria sem a presença do corpo pequeno e quente de Jimin. 

 Uma semana de fast food, já que não havia mais quem cozinhasse para si, e quando tentou quase incendiou a cozinha de Jimin... A sua cozinha.

Uma semana de lençóis embolados pois ele se quer era capaz  de estende–los sem que ficassem amaçados, depois da quinta tentativa frustrada, ele desistiu.

  Uma semana de roupas mal lavadas, já que não havia mais um pequeno ser que as lava e as pendurava com um jarro cheio de narcisos contra o vento para que pudessem ficar cheirosas quando secas. Mas é claro que ele não sabia sobre as flores, nunca se importou com elas, tanto que elas não eram regadas à uma semana.

[...]

– Jiminnie, você precisa comer alguma coisa, mal tocou no seu almoço! – Taehyung choramingava segurando uma bandeja com um copo de suco de laranja e uma fatia de bolo de morango.

– Tae, eu já disse que não estou com fome – Tenta argumentar.

– Você está dizendo isso faz uma semana! Será que não percebe a quantidade de peso que perdeu? – O mais novo estava indignado com a situação.

– Tudo bem, me dê aqui – Estendeu a mão para a bandeja e essa foi cuidadosamente colocada em seu colo.

– Hyung?

– Hm? – Murmurou enquanto bebia um pouco do suco.

– Essa sua decisão... É definitiva? – Perguntou receoso.

– Infelizmente sim, Tae. Eu já comprei uma casa em Busan, me mudo amanhã cedo.

– Vou sentir sua falta – Taehyung funga baixinho.

– Tae! Não é como se nunca mais fossemos nos encontrar, vocês podem ir para lá quando quiserem, assim como eu virei visitá–los, não precisa chorar – Coloca a bandeja sobre a mesinha e puxa o mais novo para um abraço apertado.

– Eu queria que tivesse sido diferente, que o nosso grupo não precisasse ser desfeito.

– Eu também Tae, mas ele fez as escolhas dele, e eu fiz a minha, a vida continua, certo? Eu marquei uma prova para o curso que sempre quis fazer. Eu vou ser fotógrafo, Tae! – Diz empolgado.

– Sim, um dos melhores, hyung.

– E eu serei seu modelo, já que minha beleza é única! – Yoongi se joga no sofá arrancando risadas dos dois mais novos e acabando com o clima triste que ficou ao falarem sobre ele.

[...]

– Essa foi a última, Minnie – Hoseok colocou a caixa sobre o sofá e foi em direção à cozinha tomar água.

Jimin observava a sala de sua nova casa, odiava apartamentos. A casa já era mobilhada e tinha um quintal grande, uma estufa para seus preciosos narcisos, quatro quartos e um pequeno salão, onde Jimin pretendia montar seu estúdio fotográfico. Aos poucos ele ia mudando a decoração e deixando com mais cara de lar. Por muito tempo ele não precisou mexer na herança de seu pai, mas naquele momento era importante ter como se sustentar sozinho. Fechou a porta que Hoseok deixou aberta e também se dirigiu para cozinha, onde o trio de namorados já se pegavam.

– Na minha cozinha não, por favor – Passa por trás de Hoseok e deixa um tapa fraco em sua cabeça, indo atrás de ingredientes para o almoço.

– Jin e Namjoon hyung não virão? – Taehyung se senta na bancada com a ajuda de Yoongi.

– Vão sim, mas quando eu liguei pra perguntar, Jin ainda estava preso na floricultura, ele recebeu muitas encomendas para hoje, e Namjoon iria ajudá–lo para terminarem mais cedo, então vão demorar um pouco.

– Certo, precisa de ajuda? – Hobi indaga indo em direção a geladeira e tirando de lá uma jarra com suco, pegou um copo no armário e serviu do líquido vermelho e entregou para Tae, deixando um beijinho em sua testa.

– Vocês são tão lindos – Jimin sorri enquanto observa Yoongi abraçar Hoseok e beijar seu pescoço.

– Somos, não somos? – O mais velho sorriu.

[...]

Jungkook tentava se concentrar no documento que lia, mas estava à mais de quine minutos lendo o mesmo parágrafo e não conseguia manter o foco. Merda!  Vou acabar falindo, pensou. Duas batidas soaram na porta antes dela ser minimamente aberta.

– Senhor Jeon, sua mãe está aqui – Era sua secretária. 

Junkook suspirou, ainda não tinha contado para sua ela sobre o fim de seu relacionamento, ela ficaria arrasada. Mas não mais do que ele estava.

– Peça para que ela entre, por favor.

– Com licença, senhor – A porta foi fechada para segundos depois ser novamente aberta e uma sorridente senhora passar pela mesma.

– Omma – Jungkook levanta de sua cadeira e vai de encontro à ela.

– Meu amor! – O moreno é envolvido em um abraço acolhedor e um perfume doce invade suas narinas – O abraço é findado e a senhora se afasta – O que aconteceu com você? Parece que não se alimenta à dias.

– Sente–se mãe – Puxa a confortável poltrona para que sua mãe se sente, da a volta na mesa e se senta novamente em sua cadeira – Preciso te contar uma coisa.

– Não me diga que você tomou vergonha na cara e finalmente pediu o Jimin em casamento? – A mais velha mal podia conter o sorriso, já estava pensando nos detalhes, ligaria para a mãe de Park para combinarem tudo – Isso é ótimo, eu já estava pensando em um lugar bem bonito, ao por do sol como o Jimin gos–

– Mãe, Jimin e eu terminamos.

[...]

– Jimin? Estamos entrando – Jin chama abrindo a porta com uma mão enquanto segurava uma caixa contendo vários Tteok que Namjoon comprou antes de fecharem a floricultura e rumarem para a casa de Jimin, Busan ficava cerca de 4h 30m de Seul, sorte que não tinha muito transito.

– Estamos na cozinha – Hoseok grita enquanto terminava de arrumar o jogo de pratos sobre a mesa.

– Hobi hyung! Cuidado com esses pratos, eram da vovó Park – Jimin repreende o amigo ao vê–lo colocar um dos pratos na ponta da mesa.

Jin e Namjoon adentram a cozinha e o Kim mais novo pega delicadamente a caixa das mãos do marido a guardando na geladeira, logo voltando para perto do mesmo, o abraçando pela cintura, ganhando um beijinho na testa, Namjoon amava o quão doce Seokjin era, na maior parte do tempo. Por que quando ficava bravo com algo, sobrava até para seu dongsaeng.

– Dia cheio na floricultura? – Jimin pergunta entregando o refratário com Kimchi para que o mais velho colocasse sobre a mesa.

– Sim, está perto do dia dos namorados, então os pedidos estão uma loucura, muitas encomendas também, sorte que Namjoonie saiu da gravadora mais cedo e foi me ajudar hoje, ou ainda estaria perdido entre as flores – Jin ri enquanto tenta colocar discretamente o dedo dentro da panela de Doenjang jjigae que Yoongi colocara sobre a mesa, queimando o dedo e fazendo um bico fofo, que logo é desfeito quando Namjoon gentilmente beija seu dedo queimado e em seguida seu bico.

– Entendo – Sussurra enquanto coloca o recipiente de Kongnamull no centro da mesa.

– Não tem Jeon? – Tae pergunta olhando os pratos, mas se dá conta do que perguntou – Desculpa, Minie, eu não tive a intenção–

– Não, tudo bem, a culpa não é sua Tae, é apenas o nome do prato – Jimin sorri compreensivo.

– Vamos comer? To morrendo de fome – Jin se senta logo após Namjoon puxar sua cadeira, sim, mesmo depois de casados ele ainda fazia coisas do tipo.

[...]

– Ela falou mesmo isso? – Yugyeom ria enquanto colocava mais um pedaço do Bulgogi na boca, já cheia.

– Falou, minha mãe sempre gostou do Jimin como se fosse um filho, eu já espera esse tipo de ameaça dela – Jungkook suspirou ainda sem tocar em seu prato, desde que Jimin tinha ido embora,  mal se alimentava, e das vezes que comia, era porque Yugyeom praticamente o obrigava.

– Jungkook você não vai atrás dele? 

– Eu... Não sei se devo – Suspirou –  Yoongi me disse que ele se mudou para Busan novamente, que está finalmente feliz com a casa dos sonhos e fará o curso dos sonhos... Sabe Yugie, ele sempre quis ser fotógrafo, quando nos conhecemos ele estava tirando uma foto da cerejeira que tinha na nossa antiga escola, naquele dia eu finalmente criei coragem e fui falar com ele, pedi pra ver a foto, porque ele segurava a câmera de jeitos diferentes e fazia expressões engraçadas, então quando eu pedi pra ver a foto, me surpreendi, parecia que havia sido tirada por um profissional, ele conseguiu tirar uma foto incrivelmente bela – Jungkook aponta para um quadro atrás de Yugyeom, o loiro se vira e se depara com o enorme quadro de uma cerejeira na parede da sala.

– Sério que essa foto foi a que ele tirou? Eu venho aqui faz uns cinco anos e sempre vejo esse quadro na parede e as vezes me perguntava quantos mil teria custado – Sorriu ainda admirando o quadro.

– Por que eu não insisti quando ele desistiu desse sonho pra poder vir embora pra Seul comigo? Por que eu não o matriculei aqui? Agora eu finalmente vejo o quão egoísta eu sou, ele desistiu de tudo por mim, e eu não dei valor – Jungkook abaixou a cabeça e chorou em silencio – Será que ele... Ainda me ama?

[...]

Jimin andava apressado pelos corredores do enorme prédio onde cursaria Fotografia, tinha uma bolsa nas costas, sustentada apenas por um dos ombros, e nas mãos uma pasta com todos seus horários e documentos, já estava atrasado pois se perdeu nos vários corredores, quando virou uma das muitas "esquinas" esbarrou em alguém, o impacto foi tão grande que Jimin foi arremessado ao chão e seus papeis voaram para todos os lados. Ainda um pouco tonto, Park se levanta e tenta juntar os papeis no chão, mas notou que entre eles faltava seus horários, ia se desesperar quando uma mão o estendeu o papel, seguiu até o rosto da pessoa e se deparou com um garoto de cabelos roxo sorrindo pra si.

– Me desculpe, não foi minha intenção.

– Tudo bem, também tenho que me desculpar, estou atrasado e não acho minha sala, estava olhando para as identificações nas portas e nem olhei por onde andava – Jimin sorriu sem graça.

– Me deixe ver – O outro olhou seus horários, uma vez que já estavam em sua mão – Park Jimin, lindo nome, sua sala é para o outro lado, vem, eu te levo, minha sala é pra lá também, à propósito – Estende a mão – Lee Taemin.