História Let's make a baby? - Novo integrante da família.

Capítulo 2 ─ Novo integrante da família.

Misaki chegara acabado em casa. Jogando a bolsa em qualquer canto, ele subiu até o quarto, gritando pelo marido enquanto pegava uma muda de roupas para tomar um banho. Caminhando até o banheiro, ele divagava sobre a conversa que teve com Onodera, um amigo de trabalho, tanto que nem viu o brinquedinho barulhento no chão e pisou nele, fazendo com que o som agudo e estridente ecoasse por todo o apartamento.

Sem raciocinar direito tamanho era seu cansaço, ele continuou andando, até perceber que não haviam motivos para aquele brinquedo de cachorro estar jogado ali no corredor. Na verdade, não haviam motivos nem para que tivessem um brinquedo de cachorro ─ nem cachorro eles tinham.

─ Usagi-san! ─ Misaki gritou, descendo a escada correndo e indo possesso até o escritório de seu marido que, para sua surpresa, estava trancado. ─ Usami, abra essa porta já! ─ ele batia sem dó nem piedade na madeira. ─ Akihiko Usami…

O Takahashi pegou fôlego para começar uma série de xingamentos e ameaças pra cima do namorado, mas não foi necessário; o Usagi abriu a porta com um sorrisinho presunçoso nos lábios, e uma bolinha de pelos aninhada nos braços, com um grande laçarote vermelho em sua cabeça.

─ Antes que comece o monólogo “50 motivos para não ter um cachorro”, eu vou explicar. Você disse que não estava preparado e que tinha medo de ter um filho, mas eu acredito que se treinarmos, vamos ver que o futuro familiar é claro e brilhante para nós.

─ Usami, onde nós vamos colocá-lo? ─ Misaki respirou fundo, contando até mil para não berrar. Usagi-san não tinha mesmo noção, mas ia dar aquela chance para ele ─ queria vê-lo quebrar a cara. Mesmo que já fossem dois adultos formados, não eram responsáveis ou zelosos o suficiente para cuidar de um cachorro.

─ No quarto de hóspedes, por enquanto  ─ respondeu. ─ Eu já providenciei tudo; brinquedos, caminha, tapetinho para o xixi…

O mais novo pegou o filhotinho no colo, para observá-lo melhor. Aparentemente, era um Poodle. Ele dormia, porém, naquela movimentação, o cachorrinho (ou cachorrinha, Misaki ainda não sabia) acordou, e logo começou a se agitar. O rapaz, o soltou, já que as pequenas garrinhas estavam o arranhando, e, uma vez no chão, o filhote começou a correr, se escondendo num lugar onde só Deus sabia.

Seriam tempos agitados.

×××

─ Nós deveríamos chamá-lo de Mike ─ Akihiko comentou, enquanto ele e Misaki assistiam ao noticiário jogados no sofá, com o filhotinho no meio deles.

─ Claro que não, nós deveríamos chamá-lo de Makkachin, como o poodle do Viktor ─ Misaki discordou, acariciando o cachorro ainda sem nome.

─ Nah, é muito longo… que tal… Usaki?

─ Usaki?

─ É, como Usami junto à Misaki.

─ Que brega, Usagi-san! ─ o Takahashi esbravejou, rindo.

─ Diga um nome melhor, então!

─ Hm… Thanos, como o da Marvel? É um nome forte, perfeito para o nosso corajoso!

Foi a vez do Usami rir.

─ Thanos, Misaki? Para um poodle? ─ debochou. 

─ Ei, não é porque são pequenos que não podem ser intimidadores!

─ Poderia ser chamado Hachiko, como de Sempre ao seu Lado; nós dois gostamos desse filme, e aquele foi um cão fiel até o fim, como creio que este aqui será! 

─ Então você não é completamente inútil, Usagi-san! ─ Misaki debochou, rindo. ─ Hachiko é um bom nome.

─ Estamos decididos? ─ indagou e logo foi respondido com um aceno. Se aproximou mais do companheiro e lhe abraçou de lado, este que pegou o pequeno cachorrinho e pôs ele entre os dois.

─ Bem-vindo à família, Hachiko!

×××

Na manhã seguinte, Misaki saiu cedo para o trabalho, deixando um embrulho com o café da manhã para Akihiko.

O Usami, assim que acordou, fez suas higienes matinais e, em um bocejo, ele foi até a cozinha e tomou seu café. Ele estava quase indo para o escritório quando ouviu o barulhinho irritante de unhas se arrastando na porta de madeira, e, num estalo, se lembrou do pequeno Hachiko, preso no quarto de hóspedes.

Rapidamente ele foi até o cômodo, destrancando a porta para o cachorrinho que saiu como um raio, dando voltas e mais voltas pelo apartamento. Quando se cansou e foi beber água, Usagi achou que não haveriam problemas então deixou o poodle deitado com seu brinquedinho na sala e foi escrever um pouco mais do seu novo trabalho.

E ele só parou de digitar quando ouviu Misaki chegando de seu emprego, quase à noite. Antes que pudesse chegar à sala para cumprimentá-lo, ele começou a gritar.

─ Hachiko, seu menino mau, muito mau! Como você conseguiu fazer isso? E o Akihiko, onde está? Aquele desgraçado, inconsequente! Compra você pra ficar enfurnado no escritório! Ah, Usagi-san…

─ Ei, pra quê tanto ódio, Misaki?

─ Pra quê? Talvez para o túnel que o SEU cachorro fez no MEU sofá.

Assim, Usami finalmente reparou; além dos pedaços de papel higiênico espalhados pelo chão, os cadarços enrolados no tapete e das folhas das plantas mordidas, o sofá adquirira um pequeno buraco em um de seus lados.

─ Mas… mas o senhor me disse que era uma raça fácil de se adestrar!

─ Talvez ele tenha feito isso porque NÃO ESTÁ SENDO ADESTRADO! Usagi-san, é melhor você dar um jeito nisso, senão…

No fim, o pequeno Hachiko nunca saiu daquele apartamento, e nunca foi devidamente adestrado.