História Let's play a game - Final level

LEVEL 10

BOSS

Ela já estava perdida, ele sabia disso. A julgar pelo seu jeito estranho, com olhar vazio e não mais responder quando chamavam o seu nome, Yoongi teve certeza de que Lee não era mais a mesma. Ela caiu em um poço sem fundo e precisava ser salva.

Depois que tocou a campa da saída, não era hora nem momento para ficar com raiva por causa daquela traição descarada da menina, mesmo que ele não tivesse visto nada, mesmo nem seus amigos terem comentado sobre. Entretanto, o esverdeado não se conteve a transparecer todo os seus ciúmes e indignação, apesar de nem sequer confirmar a história de Jimin. Assim que viu Lee sair na escola, saiu na frente e ela o seguiu atrás. Como nos velhos tempos.

Sabia que se falasse com ela era capaz de piorar as coisas.

Foco. Ele repetia.

Uma estratégia.

Caminhava pela calçada e tentou clarear a mente. Começou pensando nos problemas que os cercam.

Primeiro, a mãe e o casamento mentiroso.

Depois, o padrasto. Ele pensa que Yoongi é o culpado pelos problemas de Lee.

Por último, Lee. Ele sente a obrigação de ajudá-la, mas ainda falta uma peça nesse quebra cabeça.

Que ele vai descobrir agora.

Chegou em casa e logo foi para o seu quarto. Precisava pensar no próximo passo. Ele já havia colocado na mesa os problemas, o que restava fazer a seguir era achar uma solução. Pode soar estranho, mas era como se ele estivesse arquitetando em seu caderno tudo o que iria fazer.

Escreveu no papel todas as evidencias que tinha sobre os ataques de Lee, tudo em sequência, porém tinha uma palavra que destoava de tudo o que fazia: Song Hye.

Esse nome simplesmente não encaixava em nada. Yoongi tinha clareza de que já escutara antes, no desastre que foi na festa, mas não levou a sério. Ficou tanto tempo tentando conectar os fatos com as evidencias que não chegou a lugar nenhum. Acabou dormindo por cansaço em cima da mesa.

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Toc toc toc.

Acordou com leves batidas na porta.

Suga abriu os olhos como se levasse um susto e passou a mão no rosto, até pensou que sonhou com o som vindo da porta, porém mudou de ideia ao ouvir novamente.

Ele abriu a porta ainda sonolento e nem passou pela sua cabeça quem poderia ser o porquê de virem até a porta de seu quarto e bater assim tão de leve com medo de assustar lhe ou de machucar as mãos.

Ficou surpreso ao ver que Lee estava bem ali na sua frente e por mais que fosse a própria menina que o procurou, parecia perdida. Ela passou um tempo olhando o corredor na sua frente até notar que o rapaz já havia aberto a porta.

“Ah... Oppa. ” Ela falou ao vê-lo.

Yoongi levantou uma sobrancelha estranhando um pouco aquela visita inesperada, apesar de eles dormirem a aproximadamente 3 metros de distância. Observava ela um pouco cansado, ainda não tinha esquecido o que aconteceu na mesma manhã. Mesmo sem provas, ele se dava o benefício da dúvida se ela o fez ou não. Beijar Jimin, no caso.

Ele estava quase fechando a porta novamente, convencido de que ainda não queria falar com ela quando Lee agarrou o seu braço impedindo de concluir a ação. A menina tinha os olhos arregalados e parecia querer lhe falar algo.

“O que foi, Lee? ” O esverdeado falou escorando um braço no batente da porta.

Ela abriu a boca e de repente parou “Eu... esqueci. ”

O menino quase revirou os olhos, mas se conteve. Esperava um ‘Me desculpe’, mas não veio. Suspirou fundo e começou a fechar a porta novamente.

“Bom, se você não tem nada a falar...”

Ela segurou a porta mais uma vez, porém não falou nada. Passou alguns segundos com os dois se olhando. Ele quase a segurou pelo braço e perguntou se ela estava bem. Porém seu orgulho falou mais alto. Lee voltou para o quarto com o mesmo olhar que estava antes de ir à porta de Yoongi, ou seja, perdida.

O esverdeado observou tudo aquilo com a inexpressividade de sempre e decidiu: Já estava mais de que na hora de ir falar com o padrasto. Suspirou mais uma vez e, assim que viu Lee trancar a porta do quarto, entrou em ação.

Antes, deu uma olhada na mãe que estava na sala apenas para localizar todo mundo. Ela era a próxima com quem ele iria falar. Assim, respirando fundo, abriu devagar o quarto onde fora uma vez do casal, hoje apenas do marido.

O homem estava esparramado na mesa sobre alguns papeis e álbuns antigos e Yoongi por instante pensou que ele teve um infarto e morreu ali mesmo daquele jeito. Mesmo o odiando, estava mantendo a calma. O intuito da conversa era esclarecer certas coisas, afinal ele não era o vilão da história como o padrasto pensava. Então, com um frio na barriga, aproximou-se e tocou de leve o seu ombro direito.

Hyun Su levantou o rosto e com as pálpebras pesadas olhou para Yoongi. Foi então que o menino notou uma garrafa de Whisky vazia apoiada no colo dele. Yoongi primeiro viu o homem fazer uma careta, depois abaixar a cabeça e fazer uns barulhos baixinhos. Então entre alguns soluços que ele estava tendo, ouviu baixinho e com a voz falha.

“Hoje não Yoongi, hoje não. ”

“Senhor, eu gostaria de ter uma conversa séria e lhe explicar algumas-“

“Agora não, Yoongi! ” O tom de voz do padrasto foi assustador, porém os seus olhos vermelhos e molhados foi mais ainda.

Sem saber como reagir aquela situação, apenas obedeceu e saiu do lugar, tropeçando na cama antes. Assim que fechou a porta e finalmente podendo respirar depois do susto, Suga notou a mãe escorada na parede com os braços cruzados.

“Me desobedecendo de novo? ” Ela parecia desapontada.

“O que deu nele? Por que ele está... desse jeito? ”

Soo Yun suspirou e finalmente largou a postura seria, mostrando-se cansada.

“Ah, meu filho...” Ela o olhou com um pouco de tristeza “Hoje é o aniversário de morte da mãe de Lee, a Song Hye. ”

Yoongi ficou paralisado por uns instantes digerindo toda a informação.

Song Hye era a mãe biológica de Lee.

Então não foi uma ficha que caiu e sim, um piano.

Levou uma mão a testa se torturando por não ter percebido antes. Então ele descobriu que o nome que Lee tanto repetia era simplesmente a sua mãe. Morta. A 7 palmos do chão. No entanto, o que ele mais se aborreceu foi com o fato de ele ter ignorado Lee o dia inteiro.

“Como eu pude ser tão estupido! ” Soltou sem se envergonhar da mãe bem ali o olhando “Preciso falar com Lee. ”

Antes que desse o primeiro passo foi impedido pela mulher “Você não vai a lugar nenhum. ”

“Mas, mãe, você não entende! Eu ignorei ela o dia inteiro! Preciso falar com ela! ” Ele estava já estava agoniado com a mãe lhe impedindo.

“Eu sei, Yoongi, eu entendo. Está bem? ” Ela estava tentando ser o máximo compreensiva possível, “Mas você não pode ir falar com ela assim, nesse estado. Eu vou falar com ela. ”

“Você?!” Ele parecia confuso. “Você disse pra eu não me envolver com ela e agora vai conversar com Lee? Vai falar pra ela se afastar de mim também?!”

“Não, olha meu filho...”

“Por que você quer me afastar dela?! Não somos irmãos, não somos nada! Caralho, mãe! ” O rapaz se exaltou e chutou a parede. “E não vem me dizer que é por causa de ela ter problemas” Ele fez aspas com as mãos “Porque eu sei que quando estou do lado dela ela é uma pessoa completamente normal! ”

“Tudo bem! ” A mãe levantava as mãos como rendimento “Você ganhou, eu perdi. ” Ela passou a mão no rosto “Só não piore as coisas, meu filho. Deixa que eu converso com ela. ”

O menino xingou mais uma vez e com o silencio que fez a seguir Soo Yun deduziu que ele baixou a guarda e deixou a mãe confortar Lee, quem não havia saído do quarto nem para comer, apenas naquele breve instante que foi ao quarto de Yoongi.

Ele observou a mãe bater na porta da menina e chamar baixinho por ela. Ele já estava inquieto e com os 30 segundos de coragem que se sucedeu, invadiu o quarto em que estava Hyun Su.

Ele ia escutar algumas verdades querendo ou não.

“Eu estou namorando Lee e estou pouco me fodendo para o que você pensa! ” Falou sem gaguejar. “E se você me impedir de ficar com ela, nós vamos embora e você nunca mais vai ver a sua filha! ”

O homem finalmente tomou consciência da situação e levantou um pouco afoitado da cadeira “Você ficou louco?! Você deve estar enchendo a cabeça dela de merda com essa ideia de namoro. Eu sei o que você faz! Eu também já fui adolescente! ”  Hyun Su segurava a garrafa de vidro vazia e a usava para apontar para o menino.

“Você não sabe nada de mim! Nunca se interessou! ” Yoongi balançava os braços e confrontava o padrasto.

“Como pode falar isso?! Eu te criei desde pequeno, embaixo do meu teto! ”

“Você nunca cuidou de mim como filho. ”

Xeque mate.

Hyun Su foi pego de surpresa e ficou encurralado com o golpe final de Yoongi. Palavras eram inúteis, pois o homem não conseguia formar uma sentença sequer. Os dois se encaravam intensamente, arfantes mesmo sem ter sangue ou mortes nesse duelo. Ainda assim, foi como se o padrasto tivesse levado um tapa na cara e todos haviam de admitir, aquilo doeu.

O mais novo encarava o pai postiço e suplicava com os olhos por uma resposta. Seria ele insensível demais para negar? Seja o que for a resposta, já era tarde, o esverdeado nunca o aceitaria como pai, mesmo que tentasse.

O homem parecia estar em um conflito interno e quando abriu a boca para dizer suas últimas palavras, tudo o que Yoongi ouviu foi:

“ Lee fugiu! ”

LEVEL COMPLETED