História Letters - Akai Ito

Naquela noite, Jimin sentiu-se reconfortado. O rapaz imediatamente se levantou e foi procurar uma caixa. Assim que a encontrou, voltou para seu quarto e abriu a gaveta da cômoda, ao lado de sua cama, onde se encontravam as outras cartas enviadas pelo anônimo.

"Eu só vou jogá-las fora caso encontre alguém que me faça te esquecer", foi seu pensamento enquanto terminava de colocar a data de recebimento das cartas em seus envelopes. Logo em seguida, rapaz colocou-as na caixa e guardou-a no alto de seu armário de roupas.

Park não estava apaixonado por letterboy, ele estava apaixonado por sua intensidade e palavras. Todos se encantam quando conhecem os sentimentos mais profundos de algúem, afinal, há algo mais intenso e emocionante do que revelar seus sentimentos mais íntimos? Só se pode revelá-los de forma intensa, não há outro modo. Acredite em mim: os seres humanos são atraídos pela profundidade das palavras.

Jimin estava atraído pela profundidade das palavras de letterboy.

Park voltou a se deitar, dessa vez, com um sorriso no rosto. Mal sabia ele que, naquele dia, seus sentimentos por uma determinada pessoa haviam começado a mudar. Logo, eles se tornariam muito mais intensos.

Enquanto Park dormia tranquilo, Jeongguk estava sentado ao lado da janela de seu quarto pensando sobre o dia que teve. Muitas vezes, ele teve que se conter para não abraçar Jimin, porque sabia que se o fizesse, aquele seria um longo e terno abraço de quem ama, mas Jeon não queria que o menor soubesse de seu amor... bem, pelo menos não de forma tão direta.

Jungkook não parava de pensar sobre o fato de que Park já havia olhado para alguém daquela forma. Ele tinha medo. Para o rapaz, só se olhava daquela forma para uma única pessoa na vida. 

Pelo visto, Jeongguk ainda não havia visto o modo como Jimin pousava seu olhar sob as cartas escritas por ele.

***

Park havia acabado de deixar a faculdade. O rapaz sentiu-se bem ao acordar pela manhã e decidiu que iria comparecer ao local.

Enquanto caminhava, ainda perto da faculdade, o de cabelos castanhos ouviu alguém chamá-lo. Jimin imediatamente se virou para ver quem o chamava e viu Namjoon, que correu para alcança-lo.

— Jimin, eu preciso ir para um lugar hoje e é pelo caminho da sua casa. Tudo bem se eu for com você?

— Claro! — O menor abriu um sorriso e logo os dois rapazes se puseram a andar. — Soube que você e o Jin saíram ontem, como foi? Quero saber dos detalhes! — O mais velho não pôde conter um sorriso ao se lembrar da noite anterior.

— Foi ótimo! A gente foi para uma cafeteria, um lugar que não fosse muito formal e tivesse um clima confortável. Conversamos bastante sobre nós mesmos, sabe, coisas que nós gostamos e histórias que aconteceram conosco... esses assuntos que surgem quando a conversa flui normalmente.

— Vocês basicamente conversaram como amigos?

— Mais ou menos, a nossa conversa foi amigável, mas em momento algum eu pensei que estivesse apenas com um amigo, entende?

— Ah sim, entendo. — Jimin lançou um olhar para Namjoon, que riu envergonhado. — O que aconteceu depois?

— Nós fomos embora da cafeteria e começamos a caminhar pela cidade, nisso conversamos sobre nosso relacionamento. — Nam passou a mão por seus cabelos púrpuros enquanto recordava-se de sua conversa com Seokjin. — Ele me perguntou como seria dali pra frente. Respondi que havia reparado muito em cada um de meus sentimentos naquela noite e comecei a falar sobre eles.

— Qual foi a reação do Jin?

— Ele olhou em meus olhos e sorriu. Logo, também começou a falar sobre os sentimentos dele e eu finalmente soube como seria dali pra frente. A gente se abraçou e depois voltamos a caminhar, só que, dessa vez, de mãos dadas. Como a casa dele é antes da minha, chegamos lá primeiro, e então a gente se despediu...

— Namjoon, eu estou curioso, então vá direto ao ponto: vocês se beijaram ou não? — Perguntou Jimin, fazendo com que Namjoon risse novamente.

— Sim, a gente se beijou. — O maior imediatamente olhou para o chão e sorriu um pouco tímido, porém, não deixando de demonstrar sua felicidade.

— Era isso que eu queria ouvir! E depois? Aconteceu mais alguma coisa?

— Não, ele entrou em casa e eu fui pra minha.

— Deu tudo certo, eu estou tão feliz por vocês! Quando vão oficializar o namoro? — O mais velho riu da empolgação do menor.

— Eu posso te dizer que não vai demorar tanto. — Nam logo parou de andar. — É aqui.

— Essa não é a lanchonete em que o Seokjin trabalha?

— Exatamente, vim fazer uma visita. Até amanhã, Jimin. — Park acenou para o maior, que logo entrou na lanchonete.

O de cabelos amarronzados continuou o caminho de sua casa, dessa vez pensando sobre Jin e Namjoon.

Ele queria viver uma história de amor com alguém, mas acabava não se preocupando muito com isso, afinal, tinha fé de que a vida providenciaria alguém para ele.

O rapaz, quando ainda era uma criança, ouviu falar sobre Akai Ito: uma lenda chinesa que diz que quando uma pessoa nasce os deuses amarram um fio vermelho (invisível para os humanos) nos dedos das pessoas que estão destinadas a ser a alma gêmea uma da outra. A pessoa com quem estamos destinados a passar o resto da nossa vida, não importando a situação. "Um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se, independentemente do tempo, lugar ou circunstância... o fio pode esticar-se ou emaranhar-se, mas nunca irá partir".

Para Jimin, aquela lenda fazia todo o sentido. Se você souber da história de alguns casais, parece que eles foram totalmente destinados. Park amava histórias, talvez esse fosse o motivo da última carta de letterboy ter mexido tanto com ele.

Ou talvez, porque Jimin e letterboy fossem conectados por um fio vermelho, invisível aos seus olhos, e tudo o que fizessem mexeria com o outro, porque os dois estavam destinados a ficarem juntos.