História Letters To Camila - Segunda Temporada - Friends

Pedi a ajuda de Lea para fazer as compras comigo em um empório, iria fazer uma janta com a sua ajuda porque hoje meus amigos iriam em casa pela primeira vez em muito tempo, estava animada e totalmente ansiosa para recepciona-los já que eu quase nunca recebia pessoas em meu apartamento de New York para festas ou jantares.

Estava na parte de vinhos e tentava escolher o que eu mais gostava, havia aprendido muito sobre vinhos em uma viagem que eu fiz para a Itália alguns anos atrás, a minha noção por vinho se aperfeiçoou quando minhas viagens passaram ser ainda mais frequentes para a Itália a procura de férias prolongadas.

- Com licença, posso te ajudar? – Encaro a mulher que tinha um largo sorriso para mim e eu sorrio fraco.

- Não precisa, já achei, muito obrigada! – Pego duas garrafas de dois vinhos diferentes, mesmo já tendo um estoque com outros vinhos em casa – Você sabe me informar a quanto tempo esses vinhos estão aqui? – Questiono ainda analisando as prateleiras.

- Separamos do mais recente para o mais antigo, porém todos os vinhos ficam um ano armazenados em um estoque especial para depois serem colocados aqui. – Informa e eu sorrio concordando com a cabeça.

- Ótimo, obrigada pela informação...

- Sem problemas, Sra. Jauregui. – Sem dar muita atenção eu começo a procurar Lea.

- Lea eu peguei esses vinhos e não sei se pego mais um para preparar a carne, ela fica mais macia e saborosa se acharmos o vinho certo, porém eu tenho quase certeza que já tenho em casa, então não vamos ter com o que nos preocupar... – Concorda com a cabeça – Precisamos escolher os aperitivos e decidir a entrada.

Minha governanta e eu íamos discutindo na fila enquanto esperávamos a nossa vez para pegar a carne que seria preparada para o jantar de hoje. Big Rob estava um pouco longe garantindo que ninguém iria se aproximar se não fosse necessário, porque mesmo eu estando com óculos de sol e cabelos presos não é difícil de me reconhecer.

Fui pegar as coisas que Lea havia me instruído e uma prateleira chamou a minha atenção, havia coisas que seriam perfeitos petiscos antes da janta ser servida, prontamente chamei o atendente que ficou me encarando todo chocado enquanto pegava o que eu pedia para ele. Pedi informação sobre a diferença entre os queijos e o garoto não conseguia falar muita coisa, porém soube dizer o básico sobre a diferença de cada queijo.

Após alguns minutos já tinha as coisas que precisava em mãos, estava andando em direção a Lea quando fui parada por uma mulher com a idade da minha mãe, disse que era grande fã da minha música e perguntou se eu podia tirar uma foto com ela para que ela mandasse para a sua filha, rapidamente parei ao seu lado e nós tiramos a foto, me despedindo e indo em direção a Lea.

Nossa compra não demorou muito para acabar, passamos no caixa e cada uma pegou um pouco das sacolas, tendo Big Rob nos guiando para fora do empório apenas para que não houvessem maiores problemas. Coloquei as coisas no porta-malas do carro e dei a volta, esperando Lea entrar no carro.

(...)

Durante parte da tarde eu havia ficado na cozinha com Lea, a ajudando com os preparativos do jantar e nós tentávamos decidir em qual das três mesas o jantar iria ser servido, acabei optando pela mesa que fica atrás da sala de televisão, porém os petiscos iriam ser servidos na mesa da sacada até que todos chegassem e o jantar estivesse finalmente pronto.

Perto do horário combinado eu subi para escolher as músicas que iriam tocar durante o tempo que eles estivessem aqui e como era uma pequena caixinha eu poderia colocar ela aonde nós iriamos ficar. Ajeitei as luzes da forma que eu queria e então fui para o meu quarto tomar um banho já que eu precisava me arrumar.

Assim que fui para o meu closet enrolada na toalha, liguei as luzes e fui em direção a parte aonde minhas roupas intimas estavam, peguei um conjunto qualquer e deixei a toalha no chão indo para a área das calças que eram separadas pela cor do tecido, peguei uma calça jeans que tinha uma lavagem escura indo para o branco, caminhei até a parte das blusas e peguei uma bata preta simples que dependendo do meu movimento faria a minha barriga aparecer.

Sai do quarto e encontrei Ally saindo do seu com um top cropped branco rendado e um short preto de couro que tinha a cintura alta, ela estava linda e com um sorriso radiante no rosto.

- Ei sumida, não te vi o dia todo! – Sorrio de canto e ela fica sem graça.

- Fiquei trancada no quarto planejando algumas coisas e acho que já tenho um protótipo quase pronto para te apresentar daqui a dois dias de uma estrutura legal para um palco! – Sorrio animada e concordo com a cabeça – Você parece bem melhor...

- E eu estou, não vou deixar nada ou ninguém afetar o que eu tenho feito nesses últimos dias...

- Você não acha que vocês deveriam conversar? – Questiona e eu suspiro pesado, havia contado para Ally das cartas.

- Provavelmente, mas não é algo que eu quero, entende?! – Concorda com a cabeça.

- Tem medo de encontrá-la? – Penso um pouco e fico em silencio – Você não vai poder fugir para sempre, Lauren, ela e Dinah são grandes amigas e você vai acabar a encontrando em alguns eventos!

- Eu sei que sim. – Passo a mão pelo meu cabelo – É só que o quanto eu puder evitar, eu vou.

- Você quem sabe... – Me encara por um longo período e antes que pudéssemos continuar o assunto escuto passos.

- Nem para recepcionar os convidados você faz, que coisa feia, Jauregui! – Normani aparece rindo, com um enorme sorriso e eu rio – Quero ótimas bebidas, agora você é rica e não tem desculpa para servir os melhores champanhes...

- Champanhes são para comemorações, o que estaríamos comemorando? – Questiono andando em sua direção.

- A nossa união e o trabalho duro dos últimos dias! – Exclama.

- Lauren? – Fico em frente a escada e vejo Dinah subindo – Como um apartamento pode ser tão enorme assim? Se eu me perder aqui de novo a culpa não vai ser minha! – Sorrio animada.

Levei as meninas para fora aonde os petiscos estavam a mesa e suportes com gelos seguravam os mais variados tipos de bebidas, elas foram ficando a vontade, David não demorou a chegar sorrindo e todo animado abraçado de Lea, que tinha uma bandeja com frios. Meu melhor amigo pegou uma cerveja e se sentou em um dos sofás engatando uma conversa animada com Ally. Só faltavam mais duas pessoas e eu estava bem ansiosa com isso.

Dinah conversava com Mani sobre uma série que elas assistiam em comum, comecei a ficar tão ansiosa por não estar conversando com ninguém e ouvindo sobre quanto um ator era maravilhoso que pensei seriamente em pegar um cigarro para fumar, porém logo a porta de vidro da sacada foi arrastada por Lucy, que tinha um sorriso tímido, me aproximei e abracei, olhando atrás dela.

- Ela... ela não vai vir... – Lucy comenta e eu a encaro sem expressão, tentando não demonstrar o quão decepcionada eu havia ficado.

- Ah... – Olho para o chão e então encaro minha amiga, levando minha mão até as suas costas – Tudo bem, ainda vamos nos divertir... – Sorrio timidamente – Fique à vontade para se servir da bebida que quiser e pegar o que quiser para comer, fiz questão de preparar coisas vegetarianas para você. – Lucy sorri.

- Obrigada, Laur...

Eu havia convidado Veronica para vir ao jantar já que Lucy havia me informado que ela estaria aqui em New York para uma reunião de negócios na parte da tarde e só pegaria um avião na manhã seguinte, só que aparentemente eu ainda não havia sido desculpada totalmente por ela. Pelo modo que Lucy me informou que ela não viria e a julgar a personalidade da minha velha amiga sei que Vero jamais iria dispensar uma oportunidade de estar reunida com os amigos, ainda mais sendo essa turma.

Nosso grupo sempre foi muito ligado, nós vivíamos um na casa do outro, era quase impossível todos se separarem e nas férias nós não passávamos nem meia hora direito em casa já que saíamos para acampar ou então fazíamos festas de pijama na casa de alguém... chegava a ser um pouco decepcionante e deprimente ver o nosso grupo afastado do jeito que estava.

As pessoas que nós namorávamos sempre eram acolhidas para que não ocorressem riscos da turma se afastar por relacionamentos, assim como suas amizades, Dinah era a prova viva já que depois que namorei Camila ela virou grande amiga de Veronica e Normani, nunca tivemos um motivo para nos separarmos definitivamente e acabou acontecendo, porém eu faria o que estivesse ao meu alcance para recuperar anos perdidos.

Quando cada um foi para uma faculdade acabamos nos distanciado bastante, porém eles nunca ficavam um ano sem se ver, Normani e Ally foram as únicas que continuaram a ter o mesmo contato de sempre mesmo vivendo em estados diferentes. David sempre foi muito amigo de Ally, já que sempre foram os mais velhos da turma e tinham muito em comum. Lucy sempre foi muito ligada a Normani e por isso estavam sempre saindo juntas. Porém eu não me encaixava mais naquilo tudo.

- Era a coisa mais ridícula de todos os tempos! – Lucy ria alto enquanto segurava a taça de vinho.

- Eu concordo, nós deveríamos dar uma mochila nova para ela e fazer ela usar o tempo todo. – Normani conclui fazendo todo mundo rir.

- Lauren teve um trabalho enorme para tirar ela da lixeira, a mochila fez com que Ally ficasse ainda mais presa no latão. – David ri me encarando.

- Foi um presente, era uma mochila fofa! – Ally se defende e eu solto uma gargalhada – Vocês são muito maus.

- A mochila não podia ser tão ruim assim... – Dinah fala e Ally sorri agradecida.

- Era roxo e tinha algumas coisas parecendo espinhos, eu não sei definir aquilo... mas definitivamente seria algo que minha irmã iria usar na idade de oito anos! – Comento e todo mundo ri.

- Eu lembro quando Tori derrubou refrigerante na mochila da Vero e ela teve que pegar essa mochila emprestada! – Normani lembra e todo mundo explode em risadas.

- Eu nunca vi a Iglesias correr tão rápido para o carro. – David ri dando um gole em sua cerveja.

O que mais nós tínhamos era histórias para contar, passamos por tantas coisas juntos e meus amigos são pessoas que você ama e consegue amar mil vezes mais as memórias que faz junto deles, porque eles são umas dessas pessoas maravilhosas que vale a pena lutar para manter em sua vida.

Lea apareceu nos chamando para jantar, já que a comida já estava posta na mesa e nos aguardava. Agradeci mentalmente por isso apenas pelo frio que fazia lá fora, assim que entramos cada um pegou um lugar na mesa e fomos nos servindo enquanto Dinah continuava a tagarelar sobre uma de suas viagens da universidade e das festas que tinham lá. Antes de me servir da comida que tinha um cheiro maravilhoso fui até a caixinha de som e selecionei a pasta de John Mayer no meu iPod, fazendo o ambiente ficar ainda mais aconchegante e gostoso.

Ally elogiava a comida e eu informava os melhores ingredientes que haviam sido selecionados especialmente com aquela ocasião, até sugeri o vinho que eu havia comprado para acompanhar a refeição, todos aceitaram uma taça e passaram a degustar ainda mais o excelente jantar que Lea havia preparado.

Uma das coisas que havia descoberto durante toda essa correria que minha vida havia sido nesses anos foi o meu amor pela culinária, me descobri uma apreciadora de vinhos e uma completa apaixonada por entradas especiais. O fato de eu viajar ao redor do mundo e poder experimentar os mais variados tipos de comidas e me surpreender com a coisa mais esquisita de todas ser uma das mais deliciosas que eu já havia provado.

- Então eles comem na hora? – Concordo com a cabeça – Como vocês conseguiram engolir aquilo sem vomitar? – Dinah questiona horrorizada e eu rio.

- Nós comemos coisas que jamais iriamos dizer ser comestíveis! – David me encara e eu concordo com a cabeça – Parte por ser legal experimentar coisas novas e outra parte por não ser educado negar a cultura de alguns países.

- Eu lembro uma vez que o David estava quase vomitando o jantar dele e mesmo assim não deixou de comer, ele passou mal a noite toda no hotel! – Rio negando com aquela lembrança – Tudo bem que aquele polvo não era a coisa mais deliciosa do mundo, porém...

- Deve ser legal viajar ao redor do mundo sempre! – Mani me interrompe animada.

- Por parte é muito legal, porém nem tanto assim... – Confesso – É incrível ver as mais variadas culturas, conhecer tantas pessoas e ver lugares maravilhosos, porém as vezes bate uma saudade danada de ficar quietinha em Miami com familiares e os amigos. – Sorrio falando a última parte, sendo acompanhada por todo mundo.

- Eu amo conhecer os lugares, diferente de Lauren eu tenho uma facilidade muito maior de sair e conhecer melhor o país, porém ela tem que ficar presa para não ocorrer tumultos e essas coisas, por isso é mais chato para ela. – Rio concordando com a cabeça – Uma vez ela tentou sair para ir na praia de Copacabana no Rio de Janeiro e só faltaram arrancar as roupas dela.

- Eu fiquei assustada aquele dia. – Todo mundo ri do modo que eu falava – É sério, gente, alguém rasgou o bolso da minha camisa xadrez. Os fãs brasileiros são meio que muito calorosos, mas definitivamente são os melhores, quando vou fazer show lá não consigo nem ouvir a minha própria voz.

- Então vamos para o Brasil! – Ally fala animada – Eu sempre quis ir para lá.

- Você poderia gravar partes do seu filme lá... – Lucy sugere dando um pequeno sorriso.

- Isso ai é só porque vocês querem ver eles arrancando a minha roupa! – Todo mundo ri.

- Se eu quiser ver um ponto branco é só eu encarar a parede. – Normani provoca enquanto pegava sua taça, semicerro os olhos e todo mundo solta gargalhadas altas.

O jantar continuou sem maiores problemas, as provocações começaram a ficar mais evidentes e aos poucos antigas piadinhas internas eram usadas e novas eram criadas. Todo mundo estava se soltando e eu podia ver claramente a intimidade voltando aos poucos, porque querendo ou não nós sempre fomos muito chegados e é quase impossível não deixar que os velhos costumes do passado voltem à tona quando estamos juntos.

Após o jantar nós começamos a rir de tudo já que várias taças de vinho haviam sido tomadas e a intimidade estava ficando bem evidente, Lea subiu com a sobremesa e aos poucos eles começaram a pegar um pouco de cada.

Inevitavelmente começamos a conversar sobre trabalho e futuras ideias que com certeza seriam colocadas em prática. Lucy conversava com David sobre a nossa agenda para que ela pudesse começar a filmar, tanto que ela até pediu permissão para entrar em contato com Keyci e descobrir quais coisas ela poderia filmar e quais ela não poderia. Normani conversava com Ally sobre a estrutura do palco que poderia ser facilmente ajustada as coreografias e surpresas que poderiam ser adicionadas para deixar tudo mais legal. Dinah e eu conversávamos sobre uma futura reunião só minha com os bailarinos para que as roupas começassem a ser planejadas.

Os pratos menores estavam sujos com o que havia sobrado da torta maravilhosa de chocolate e as taças agora estavam em cima da mesa, algumas vazias, outras ainda cheias pela metade e outras com apenas um pouco do liquido escuro. Dinah ria alto, acompanhada de Normani, Ally tentava conter as lágrimas por conta das risadas, Lucy tinha os cenhos franzidos acompanhado de uma expressão irritada e eu encarava meu melhor amigo com vergonha alheia enquanto ria.

David havia rido tanto com Lucy contando uma das suas aventuras com Veronica ele havia afogado com a água que bebia e babado no colo de Vives, o que gerou um momento um tanto quanto cômico e nojento, e de certa forma inesquecível já que sempre iriamos ter uma imagem de Vero correndo pelada do quintal da casa de Lucy.

- Lauren você tem videogame? – David questiona.

- Chris quando vem aqui gosta de ficar jogando, então eu comprei os dois favoritos dele e tem uma gaveta cheia com os mais variados jogos, porque?

- Podíamos fazer uma competição! – Sugere animado.

- Quem topa jogar Just Dance? – Normani dá a ideia.

- Você só sugeriu isso porque sabe que vai ganhar! – Dinah reclama e eu rio concordando com a cabeça.

- Vai nada, eu tenho certeza que acabo com a Kordei. – Lucy sorri prepotente erguendo a taça.

- Eu estou fora porque vocês sempre me disseram que eu pareço um franguinho dançando! – Solto uma gargalhada alta e Ally faz um beicinho.

- Vero dizia isso, eu jamais iria dizer algo maldoso assim... – A abraço.

- Vamos logo, depois nós mudamos de jogo.

Fomos para a sala e cada um pegou um espaço no enorme sofá, não sem antes arrastarmos a mesinha de centro para o canto da sala. Iria começar com Dinah e Normani, o que seria uma batalha interessante já que ambas dançam muito bem, porém DJ estaria em desvantagem por motivos óbvios.

Na minha vez eu não conseguia nem dançar direito, primeiro por conta das quatro taças de vinho que eu havia tomado e segundo porque tinha uma crise de riso a cada comentário que traçavam das minhas reboladas em frente ao sensor que registrava os movimentos e mostravam os pontos. Como eu ganhei a batalha contra Ally iria enfrentar Normani, foi então que selecionei Reflection e todo mundo gritou animado.

- Se eu perder para você a coreografia que eu danço por seis anos eu me jogo desse andar!

- Fala menos e rebola mais, Laurenza! – Normani ri animada rebolando no refrão.

A gente dançava em perfeita sincronia e fazíamos as mesmas pontuações, porém Mani errou um passo e foi quando eu ri animada com a ideia de ganhar a batalha dela, David começou a berrar mandando Normani acabar comigo, porém eu havia entrado no ritmo e me recusava a perder aquela batalha, dançando a minha própria música.

Foi então que a batalha acabou.

- O QUE? – Grito – ISSO FOI ROUBADO, NÃO É JUSTO, VOCÊ ERROU VÁRIOS PASSOS! – Todo mundo se contorcia de rir, isso só me deixava mais irritada – VOCÊ DEVERIA TER PERDIDO, NÃO EU.

- CHUPA LAUREN! – Mani grita fazendo uma dancinha – A campeã vai parar de humilhar vocês, joguem entre vocês, perdedores! – Se joga no sofá e eu cruzo os braços.

- Essa porcaria tem que estar quebrada, é a minha música, eu vou ligar para o criador desse jogo maldito e mandar ele revisar a minha coreografia mil vezes só para... – Dinah joga uma almofada em mim.

- Cala a boca, perdedora. – Todo mundo ri e eu reviro os olhos.

- Amanhã nós teremos uma revanche, eu comi muito... – Me sento e todo mundo me encara prendendo a risada – Gente é sério, eu não poderia ter perdido! – David ri.

- Você nunca vai mudar, né? Sempre foi e sempre vai ser uma péssima perdedora. – Mostro a língua e ele me bate com uma almofada.

Lucy havia ido no banheiro e não havia voltado ainda, então me levantei para chama-la já que David estava indo embora e falou que iria oferecer uma carona para ela, foi então que eu vi minha amiga parada na frente das prateleiras do corredor, aonde meus prêmios estavam, Lucy estava concentrada lendo a descrição de cada prêmio e eu sorrio me aproximando, colocando as mãos no bolso.

- São muitos prêmios... – Sorri, assim que nota a minha presença – Você deve ter mil prêmios iguais... – Concordo com a cabeça – Você deixa isso exposto, porquê?

- É o meu ego que precisa ser massageado, gosto da reação que as pessoas têm com esse corredor! – Sorrio sem graça – Mas é principalmente pelo fato de todos os dias me levantar e olhar para isso, lembrar do porquê de eu estar aqui e ter tudo o que eu tenho e que tudo isso aqui... – Aponto para os prêmios – Jamais seriam possíveis sem aqueles que me apoiam todos os dias. – Sorrio de canto e ela sorri.

- Você ama seus fãs, não fala da boca para fora, né? – Concordo com a cabeça.

- Eles nunca me abandonaram e me apoiam cegamente, é assustador a forma que eles acreditam em mim até mesmo quando eu não tenho forças para isso. – Passo a mão pelo cabelo e a puxo para o meu primeiro prêmio – Esse daqui foi o começo de tudo, como não tinham muito deles, eles tiveram que passar horas e mais horas votando sem parar...

- Então esse seria o hall da fama de vocês, não seu? – Concordo com a cabeça.

- Mas eles têm um cantinho especial, só deles! – Exclamo animada – É a minha sala dos presentes, quando não estou bem eu venho aqui... – Abro a porta do cômodo e ela abre a boca.

- Isso tem que estar no seu filme... – Rio e concordo com a cabeça.

- LUCINDA, VOCÊ VAI PRECISAR DE CARONA? – Escuto David berrar.

- ESTOU INDO, VAI DAR PARA QUEM? SÓ PODE SER ISSO PARA ESTAR COM TANTA PRESSA! – Solto uma gargalhada e ela ri olhando pela última vez no cômodo – Acho que precisamos filmar na sua casa também! – Concordo com a cabeça.

Acompanhei Lucy para fora do cômodo e vi meus amigos olhando os prêmios e comentando, Normani tirava uma foto de Dinah, que segurava um e fazia uma cara “muito obrigada, vocês são muito gentis e eu não mereço isso”, o que me fez rir. David lembrou de algumas premiações e conversando sobre isso fomos descendo as escadas e eu fui acompanhando todo mundo até a porta de saída, me despedindo deles e desejando uma boa noite, meus amigos agradeciam o jantar enquanto mandavam beijos e se empurravam para dentro do elevador.

Fechei a porta e Ally me abraçou, se assustando quando viu Lea parada um pouco atrás, pedi para que ela apenas guardasse as sobras e deixasse para limpar tudo amanhã e fosse descansar, já estava um pouco tarde. Minha amiga e eu subimos as escadas entre risadas e lembranças da noite maravilhosa de hoje, sugeri que fossemos sentar na enorme sacada, ela foi pegar uma blusa de frio e eu apenas peguei meu maço de cigarro e o isqueiro.

Arrastei a porta e peguei o cinzeiro que estava na ponta da mesa, cruzei a enorme sacada e me sentei em um dos sofás, estiquei minhas pernas enquanto acendia o cigarro e dava uma longa tragada gostosa, olho para cima e vejo a enorme quantidade de nuvens, iria chover.

Uma sensação tão maravilhosa estava em meu corpo, não era o estômago cheio, muito menos o fato das taças de vinho e o cigarro terem me relaxado. Era o fato de ter aquela sensação reconfortante de ter pessoas que você ama com tudo de si por perto, te apoiando e vivendo novos momentos incríveis com você.

Ally arrastou a porta e fez cara feia quando me viu fumando, dei um sorriso torto e traguei o cigarro uma última vez antes de apaga-lo no cinzeiro. Os cabelos castanhos claros de Ally estavam bem enrolados e se balançavam com o vendo gelado da noite, ela estava encolhida em um suéter cinza e tinha uma expressão bem serena em seu rosto angelical.

- Eu não me sentia bem assim a muito tempo... – Confesso e ela me encara – Senti muitas saudades de estar com todos vocês.

- Nós também sentimos falta de estar com você, Laur... você fez muita falta! – Sorrio de canto.

- Ainda não me conformo com o que eu fiz... afastei todos vocês e fui direto para o poço, quase joguei toda a minha carreira no lixo. – Coço a testa, sentindo uma vontade absurda de acender um novo cigarro, falar daquilo me deixava nervosa – Nunca gostei de ficar sozinha, que pessoa que cresceu rodeada de pessoas quer ficar sozinha em um apartamento desse tamanho?! – Rio sarcástica.

- Ei, você precisa parar de se culpar, ok?! – A encaro ainda em dúvida – Lauren todos nós estamos fazendo questão de esquecer tudo o que aconteceu para nos afastarmos, olha a noite maravilhosa que tivemos, todo mundo riu e se divertiu como a muito tempo não fazíamos. Por isso passado tem esse nome, porque é passado, aproveite o presente e de valor a ele.

Fico em silencio, sem saber o que dizer ou como me expressar, porém eu sabia que poderia dizer qualquer coisa que Ally iria me escutar pacientemente e iria me aconselhar da melhor maneira possível.

- Laur... olha para mim. – A encaro – Ninguém vai te atacar ou julgar, todo mundo que estava aqui você se redimiu e eu sei que teve mais de uma conversa, se estavam aqui hoje é porque te desculparam e querem tentar ser seus amigos novamente, não precisa sentir medo de se envolver com a gente de aproveitar o tempo com os seus melhores amigos... – Se aproxima e me abraça – Você é meio chatinha, mas a gente te ama, sabe? – Rio e ela ri junto – Tudo vai voltar a ser como era, porque amor é convivência e o que nós mais sabemos fazer é conviver um com o outro...

- Isso é verdade! – Rimos e eu a abraço – Obrigada, Allycat. – Ela me abraça apertado.

– O que acha de dormir? Amanhã vai ter a reunião bem cedo e...

- Eu já vou, antes eu vou fazer uma coisa, pode ir! – Concorda com a cabeça e beija a minha bochecha – Boa noite, baixinha. – Acena.

Me levantei e me debrucei na beirada da sacada e sorri encarando aquela cidade, que dessa vez não parecia tão vazia e sem sentido como antes.

Se pararmos para pensar quantas pessoas entram e saem em nossas vidas ficaríamos loucas. Quantas pessoas já vimos na fila do supermercado? Para quantas pessoas nós já sorrimos na rua? Quantos garçons nos mais variados restaurantes nos atenderam? Quantas pessoas já foram nossos amigos? Nossos inimigos? Muitas.

Algumas pessoas significam tudo, outras não significam absolutamente nada. Porque esse é o ciclo da vida, uma fila interminável de pessoas que ainda vão passar por você e uma transição de fases que vão definir as pessoas que vão ou não ficar em sua vida para garantir o ser humano que você vai se tornar no final da sua missão na Terra.

Naquele momento, olhando para uma parte de New York, tendo acabado de ter uma noite maravilhosa com os meus amigos consegui sorrir feliz, tendo a certeza que havia tido a confirmação das pessoas que queria para sempre em minha vida e que essa fase que estou vivendo não será uma que passará rapidamente, mas uma que passará lentamente o suficiente para que eu descubra quem eu quero ser dali para frente.