História Letters To Camila - Segunda Temporada - The Project

Foi praticamente impossível conter a minha vontade de responde-la, ela se abriu na carta, além de contar sua experiência falou de seus sentimentos e ainda sentiu coragem para compartilhar seus problemas pessoais, tive que responder.

“Camila,

Fiz o que estava ao meu alcance naquele momento, mas você pode ter toda a certeza que eu vou ajudar ainda mais, tem muita coisa que é possível fazer para divulgar esse projeto e não é difícil conseguir atenção para ele. Após ler sua carta me senti na obrigada de dar toda a ajuda possível para esse projeto, espero poder ter o prazer de conhecer uma dessas pessoas.

Para colocar a divulgação em prática entrei em contato com Candece, ela é a mulher responsável por cuidar da minha imagem de certa forma, ela conversou com o meu advogado e ambos após analisarem tudo o que eu disse para eles concordaram que seria algo positivo para todos, então apoiaram já que não haveriam quaisquer problemas. Eles adoraram o projeto e até mesmo doaram. Mas acho que você tem conhecimento deles, afinal ambos entraram em contato com o pessoal do hospital e fizeram um acordo para esclarecer melhor as coisas.

Saiba que o pessoal do hospital permitiu que eu fosse a porta-voz do projeto, espero que você não se importe com isso. Sei que o projeto foi ideia sua e sempre vou deixar muito claro que a ideia dessa ação jamais foi minha, porém que eu tive a honra de poder ajudar com a minha influência. Caso você queira acompanhar passo a passo do que eu vou fazer para promover todo o projeto você pode acompanhar tudo pelas minhas redes sociais, já conversei com alguns conhecidos e eles toparam fazer parte dessa bela ação para que ela tenha uma repercussão ainda maior.

Queria te agradecer por me dar a oportunidade de me envolver com projetos sociais novamente e me dar a chance de ajudar de alguma forma, me sinto muito bem fazendo isso.

E sobre Sofia: você sabia que uma hora ela iria querer saber sobre tudo, é algo inevitável, ela tem o direito de saber. Porém não agora. Sua avó não está passando por uma boa fase e ela já está tendo dificuldade em lidar com isso, se você contar tudo o que aconteceu pode piorar a forma dela lidar com tudo e as coisas começarem a desandar sem que você tenha controle. Espere até a hora que achar que certa. Se você precisar de ajuda eu posso encontra-la e conversar um pouco, tentar entender o que se passa com ela.

Tudo tem o seu tempo.

Lauren Jauregui.”

Com auxílio de Candece eu recebi as instruções para começar a divulgar o projeto. A primeira parte foi bem simples, eu divulguei no meu Instagram, fiz um vídeo falando rapidamente sobre o projeto, dando mais detalhes na descrição colocando links e números para facilitar para todas as pessoas que decidissem ajudar. Alguns minutos depois entrei em meu Twitter e divulguei ainda mais o projeto, postei até uma foto segurando uma plaquinha e segui as pessoas que me mandaram prints comprovando que fizeram a doação, foi uma forma que eu achei de instiga-los a ajudar no projeto.

Conforme os dias foram passando amigos meus famosos começaram a apoiar o projeto, publicando fotos e fazendo vídeos divulgando tudo e até mesmo fazendo grandes doações que eu era informada por eles mesmos. Minha forma favorita de divulgação foi a de Andrew e Emma, que saíram de um restaurante segurando um pedaço de papel com o endereço do site e o número que as pessoas deveriam mandar uma mensagem de texto, eles foram fotografados pelos paparazzis e acabaram divulgando de uma forma criativa.

Consegui fazer tudo que estava no meu alcance para que tudo tivesse uma repercussão maior e que as pessoas passassem a se conscientizar, não somente ajudar pessoas que estão longe, porém as que estão por perto e ainda precisam de um pouco de compaixão e solidariedade.

“Lauren,

Queria te agradecer mais uma vez por ter feito o que fez e ter feito tantas pessoas abrirem os olhos para coisas que estão na nossa vida todos os dias e quase ninguém faz nada para mudar. A quantidade de doações que recebemos foi surpreendente –tudo bem que eu já esperava uma enorme quantidade quando você disse que iria ajudar, mas não tantas pessoas assim dispostas para ajudar- é muito bom ver tantas pessoas se importando.

Obrigada por tornar o projeto do hospital um grande sucesso.

Tive o prazer de ser uma das pessoas que conversou com a sua equipe, pessoas adoráveis e muito incríveis, todos estavam muito interessados em ajudar e foram muito prestativos e flexíveis, sem falar que deram ideias para aprimorar e melhorar ainda mais o projeto, então ele tem grandes chances de continuar ajudando muitas pessoas ainda.

Não teriam como não deixar, você é uma pessoa incrível e quando se interessa por qualquer coisa –inclusive essas- você dá tudo de si para dar certo. Eu só dei a ideia, porém todo mundo ajudou a desenvolve-la, não adianta nada eu dar a ideia e não faze-la funcionar, então você deve sim merecer os créditos! E é claro que eu estou acompanhando tudo bem de perto, inclusive a quantidade assustadora de celebridades que estão divulgando o projeto, é assustadoramente legal.

Meus avós fizeram um papel maravilhoso nos criando, porém ainda me sinto em uma maior responsabilidade sobre Sofia e as vezes realmente não sei lidar com uma pré-adolescente, eu deixei de ser uma recentemente. Às vezes eu sinto vontade de compartilhar com ela para que nós possamos partilhar o ódio, mas então eu penso que não é justo, ela ainda é praticamente uma criança e quando crescer quero que seja madura o suficiente para não sentir ódio e sim uma grande indiferença, porque ele não merece qualquer sentimento nosso. Ela sabe o que precisa: que eu a amo e minha mãe a amou muito, isso é mais do que suficiente por agora. Você sabe que pode sempre entrar com ela, Sofia é completamente apaixonada por você e ama passar um tempo contigo, sempre amou.

Obrigada por tudo, Camila.”

Resolvi visitar minha família e passar uma tarde com Sofia. Estava com saudades da minha avó e de meus pais já que eu andava muito ocupada com todos os ensaios e gravações, seria muito bom ficar um tempo com eles e de brinde conversar com Sofia, acho que seria bom ela falar com alguém de fora sobre como se sente sobre absolutamente tudo.

Estacionei o carro e vi o carro de Big Rob estacionando logo atrás, apenas por via das dúvidas para caso eu precisasse de ajuda. Mais cedo havia ligado para Marie e Patrick e perguntei se poderia buscar Sofia na escola e passar um tempo com ela, claro que eles foram de acordo, o que me deixou muito feliz e animada. Escutei o sinal batendo e os alunos começaram a sair, todos entravam nos carros de seus pais, outros iam para os fundos da escola já que provavelmente teriam treinos, outros andavam em direção ao ponto de ônibus na esquina da escola e tinham os que ficavam esperando na calçada.

Desci do carro assim que avistei Sofia parada na calçada mexendo no celular, totalmente despreocupada.

- Ei baixinha, vai ficar ai? – A chamo e ela me encara, dando um largo sorrindo e me abraçando apertado.

- O que você está fazendo aqui? – Ri animada.

- Vim pegar você para a gente passar o dia juntas, estava em Miami e fiquei com saudades. – A abraço pelos ombros e olho para os lados, a guiando para o meu carro – Vamos, nós vamos para a minha casa nos divertir, ou tem outro lugar que você queira ir?

- Hum eu sei que você não pode ir em lugares públicos... – Concordo com a cabeça – Nem na sorveteria? – Rio concordando com a cabeça.

- Tudo bem, nós vamos na sorveteria antes de ir para a minha casa, só vou avisar Big Rob! – Concorda com a cabeça entrando no carro.

Ando até o carro que estava estacionado atrás do meu e informo o local que eu estava indo, meu segurança apenas concorda com a cabeça e eu vou até o meu carro, quando olho para o lado vejo várias pessoas me encarando e apontando em minha direção, apenas entro em meu carro e fecho a porta.

Fiz as perguntas que todo mundo sempre faz quando busca uma pessoa da escola, como havia sido a aula, sobre os seus amigos, professores e sobre todas essas coisas. Sofia estudava na antiga escola de Camila e provavelmente deveria ser inteligente como a irmã. Falava animadamente sobre tudo e sobre suas atividades extracurriculares, explicou que seu avô sempre vinha a buscar e que as vezes pegava carona com uma amiga, mas que preferia ficar estudando na biblioteca da escola ou na biblioteca municipal perto dos seus avós.

Assim que estacionei o carro perto da sorveteria Sofi colocou sua bolsa no banco de trás depois de pegar uma nota de dez dólares e só então desceu carro, sorri para ela e a abracei pelos ombros a guiando para dentro do estabelecimento assim que meu segurança desceu de seu carro.

Pegamos a fila e fomos escolhendo o que iriamos tomar, pude perceber as pessoas começando a me notar a cada instante, por mais que tanto Sofia quanto eu estivéssemos sendo discretas. Duas meninas não demoraram para se aproximar para pedir uma foto, assim fiz rapidamente, voltei para o lado de Sofi e nós escolhemos os sorvetes que queríamos, colocamos muitas coisas em cima e então eu fui bem mais rápida que ela, pagando a nossa conta depois de pedir duas águas. Antes que nós pudéssemos nos sentar tirei foto com mais algumas pessoas.

- Desculpa, isso sempre acontece! – Sofi concorda com a cabeça em compreensão – Big Rob pegue um sorvete para você, por minha conta. – Ele sorri animado e eu rio.

- É estranho, quando eu estou com você, você é tipo a Lauren, não a Lauren Jauregui cantora mundialmente conhecida! – Rio e ela sorri pegando uma colherada do seu sorvete.

- Isso é muito bom, não gosto que antigos conhecidos e amigos íntimos me vejam como uma cantora famosa, apenas como amiga. – Sorri fraquinho – Eu sempre trazia sua irmã aqui... ela dizia que o sorvete de morango daqui era o melhor sorvete do mundo, sempre me fazia provar ele, mas acontece que o sorvete tinha o mesmo gosto que os outros! – Rimos e ela sorri.

- Ela tem essas coisas, Camila só me deixa comprar um tipo de jujuba porque diz que as outras são ruins. – Concordo com a cabeça rindo – Ela ficou muito feliz com a sua ajuda no projeto...

- Eu sei, ela me contou! – Sofia arregala os olhos – Nós estamos trocando cartas. – Abre a boca.

- Oh, é mesmo? Como antigamente? – Faço mais ou menos com a mão – Como assim “mais ou menos”?

- São sobre assuntos profissionais e não sobre nossas vidas, já sabemos o básico que precisamos saber uma da outra e eu comecei com essa coisa de cartas anos atrás justamente para saber coisas sobre ela...

- Mas a alguns dias atrás você disse que não a conhecia mais e ela também não te conhecia mais, que vocês são completas estranhas. Veja bem, não acha que essa seria uma ótima forma de vocês voltarem a ter um contato? – Arqueio uma sobrancelha e ela desvia o olhar para o sorvete, Sofia estava empurrando sua irmã para mim.

- Sofi muitas coisas aconteceram comigo e com a sua irmã e não vão ser cartas que vão resolver isso. – Sussurro e ela morde o lábio inferior, me levanto e cumprimento a menina que tinha acabado de parar ao lado da nossa mesa, tirando uma foto com ela.

Falei um pouco com a garota e logo voltei a me sentar, Sofia mudou completamente de assunto e eu agradeci mentalmente por isso.

Camila sempre foi uma pessoa maravilhosa para manter um relacionamento, não me refiro a namoro, ela é sua amiga sempre e a cima de tudo, faz de tudo para ver o seu sucesso e te apoia sempre, te escuta e sempre está lá quando você precisa. Camila Cabello é uma ótima pessoa para se ter por perto, porém eu não conseguia mais tê-la por perto, não consigo vê-la como uma amiga e sempre que penso em me encontrar com ela para colocar os pingos nos i’s um mal estar me atinge e eu me sinto extremamente enjoada e atordoada.

Sei que o que nós tínhamos acabou a seis anos atrás e eu que já deveria ter superado, deveria ser algo que eu deveria olhar para trás e falar “Wow foram ótimos 16 meses”, e realmente foram ótimos meses, só que o último acabou uma bosta por conta de falta de comunicação ou até mesmo comunicação demais, o que me frustra e me trava é o fato da desconsideração dela por ter terminado tudo daquele jeito.

Eu peguei um certo trauma, com medo de me apegar em alguém e acabar do nada e de supetão, sem que eu possa correr atrás e tentar concertar ou fazer uma nova chance acontecer. Acontece que eu construí a mesma barreira em volta do meu coração que eu destruí de Camila a sete anos atrás, não permito que alguém novo me faça sentir da mesma forma tão intensa para que meu coração seja tão machucado da mesma forma que foi.

Em meio a algumas interrupções e muitas risadas Sofia e eu acabamos o sorvete e decidimos que estava na hora de ir embora. Queria leva-la para a minha casa, mais cedo havia passado na sua casa de seus avós, Marie havia preparado uma mochila com o que eu havia pedido para que Sofi se sentisse mais confortável em casa e não houvessem problemas.

Atravessamos a rua e pude ver a praia lotada quando dei a volta para abrir a porta do carro para Sofia, fecho a porta e sinto algo batendo em minha perna, gemo de dor baixinho e olho para baixo vendo um disco.

- Desculpa! – Me abaixo e pego o disco no chão – Pode jogar de volta? – Subo o olhar e arregalo meus olhos.

- Kate? – Pergunto receosa.

- Lauren? – Abre a boca desconcertada e eu a encaro chocada.

- Você voltou para Miami! – Exclamo e ela concorda com a cabeça, andando até mim – Acho que isso é seu... – Estendo o disco – Você está ótima! – Sorri colocando uma mecha atrás da orelha.

- Você também... você vai ficar na cidade? – Nego com a cabeça – Uh... bom, quando voltar e caso você queira sair para jantar ou algo do tipo é só vir aqui as sextas, sempre estou por aqui.

- Tudo bem. – Rio concordando com a cabeça – Foi bom te ver!

- Digo o mesmo. – Morde o lábio inferior e eu aceno, do a volta no carro e entro no mesmo.

- Uma fã? – Questiona.

- Não, uma ex-namorada! – Me olha surpresa e eu rio – Eu te conto essa história, agora nós temos que ir porque senão não vai dar para aproveitar a piscina.

Abaixamos os vidros e o vento bagunçava os nossos cabelos enquanto eu começava a minha história.

Para ser bem sincera eu não lembrava muita coisa de Kate, nós tivemos um relacionamento de alguns meses, ela foi o meu primeiro amor. Por ser quatro anos mais velha é claro que ela tinha muita mais experiência e é claro que me envolvia muito com a maturidade que eu achava que ela possuía, com as suas curvas acentuadas e seus olhos azuis intensos. Nosso relacionamento era basicamente centrado no sexo e eu me deixava levar, fazia as coisas que ela queria e fazia coisas que a impressionassem.

Em nosso relacionamento minha ex-namorada não fez absolutamente nada para me agradar ou qualquer coisa do tipo, Kate não gostava dos meus amigos, detestava a ideia de eu leva-la para conhecer a minha família e ou ela me levar para seus amigos mais íntimos –nesses momentos dizia que eu era apenas uma criança- e sua família, gostava tanto dela que deixei minha personalidade ir embora para agrada-la.

Porém Kate era quatro anos mais velha, tinha muitos planos e ela sonhava muito alto, após alguns meses terminou comigo do nada –acho que é a marca registrada das pessoas que namoram comigo, terminar do nada-. Ela havia ido para a California atrás da fama e do dinheiro, Kate apenas se mudou para lá por conta de sua amiga ter uma vaga em um apartamento, sem pensar duas vezes me deixou para trás e nunca se preocupou em entrar em contato.

De certa forma Camila e Kate tinham algumas coisas em comum, mas diferente de Camila, Kate sempre se preocupou consigo mesma e status, deixando isso muito claro.

- Não vai procurar ela, hein! – Sofia me repreende e eu a encaro segurando uma risada.

- Eu não vou, mas porque você disse isso? - Pergunto rindo

- Porque está na cara que ela só falou isso porque você é famosa e rica agora! – Levanto uma sobrancelha e Sofi faz uma cara engraçada, provavelmente notando o que havia acabado de dizer – Porque se ela gostasse de você naquela época ela teria conversado direitinho.

- Concordo.

- Ela quer que você seja a Suga Mama dela! – A encaro com uma sobrancelha levantada e Sofi ri – É uma gíria...

- Diga isso de novo. – Paro o carro na frente do portão da garagem de casa.

- Suga Mama?

- ISSO! – Pego meu celular e entro no gravador - But I can't be your suga mama... Your suga mama baby – Canto e rio – Sofia você me deu uma ótima ideia!

Abro o portão e estaciono o carro berrando para ela pegar suas coisas no carro e ir se trocar que eu tinha que fazer uma anotação. Corri pela casa e corri em direção a sala de música que ficava na parte de baixo com uma parede de vidro para a piscina/jardim. Peguei o caderno que estava em cima do piano e comecei a escrever algumas frases soltas e então sorri quando vi que poderia terminar isso mais tarde.

Sai do quarto e chamei por Sofia, fui tirando minha roupa já que estava com o biquíni por baixo, quando sai na parte exterior de casa vi Sofia enrolada na toalha encarando a enorme piscina, joguei minha blusa e shorts no sofá e sai correndo, pulando na piscina e me arrependendo logo em seguida por conta da água estar muito gelada, levantei a cabeça rapidamente e Sofia ria da minha cara, porém ela não demorou para jogar a toalha para qualquer lado e pular na piscina comigo.

Havia especificado para o caseiro deixar as coisas dentro da piscina, e foi o que ele havia feito, haviam algumas boias e haviam três tipos diferentes de bolas na área mais rasa da piscina, nadei até lá e peguei a boia que imitava uma miniatura de uma cesta de basquete e peguei a bolinha pequena.

Sofia e eu brincamos de tudo o que fosse possível, apostamos corrida, jogamos vôlei e depois que eu precisei usar o banheiro coloquei algumas músicas animadas para a gente ouvir. Quando o sol começou a se pôr sugeri que nós saíssemos para tomar um banho e então comer alguma coisa gostosa antes de eu leva-la de volta para a sua casa. Não me importei em tomar um banho demorado já que eu havia informado Sofia que ela poderia ficar muito à vontade em casa e que poderia fazer o que sentisse vontade.

Chamei por seu nome e como ela não respondeu deduzi que ela estivesse fazendo alguma coisa no andar de baixo, desci as escadas e entrei na sala de jogos aonde ela analisava a minha coleção de jogos.

- E ai, quer fazer o que agora? – Questiono e ela me olha assustada – Quer comer alguma coisa, jogar algum jogo, ver filme, quer ir para a sua casa?

- Podemos comer algo? Estou faminta! – Declara e eu sorrio.

- Claro que sim, tem preferência? – Nega com a cabeça e eu sorrio – O que acha de comer um yakisoba? – Da de ombros e eu sorrio – Vou preparar o melhor yakisoba que você já comeu na vida e você vai ser minha ajudante hoje! – Sorri largo e eu a guio para cozinha.

Fomos para a cozinha e eu entrei na dispensa, peguei algumas coisas que iria precisar, as coloquei em cima de uma das bancadas e depois fui para a geladeira, pegando outros ingredientes. Prendi o meu cabelo e lavei minhas mãos, sendo copiada por Sofia nesses gestos. Dei os legumes para ela ir lavando e então fui preparando a carne que seria usada.

Enquanto preparávamos a comida podia perceber que ela viajava em seus pensamentos, por mais que eu fosse conversando com ela sobre coisas totalmente aleatórias e que pessoas da idade dela gostam, qualquer um poderia perceber o quão longe ela estava. Fiquei com medo de que tivesse sido algo que eu havia dito ou feito, isso me deixou meio apreensiva.

- Sofi? – Ela me encara – Algo aconteceu? Você pareceu ficar um pouco triste de repente...

- Ah... só estava pensando em algumas coisas... – A encaro por um tempo e ela desvia o olhar, se virando para ajeitar o lugar que nós iriamos comer – Lauren? – A encaro – Você sabe alguma coisa sobre o meu pai? – Dessa vez eu desvio o olhar.

- Não. – Sou rápida – Não sei muito dele, ele nunca aprovou o meu namoro com Camila e eu estava começando a viajar quando vocês se mudaram para seus avós! – Minto descaradamente, evitando qualquer contato visual.

- E sobre a minha mãe, você sabe alguma coisa? – Questiona e diminuo a velocidade em que eu mexia os ingredientes na panela.

- Eu sei que ela era uma mulher maravilhosa, linda, inteligente e que amava você! – Sofia morde o lábio inferior e concorda com a cabeça.

- Camila não me fala deles e eu não me lembro, não consigo me lembrar de nada quase, nem ao menos das vozes! – Suspira um pouco angustiada – Eu lembro de Camila chorando e de conversas por de trás de portas, mas eu nunca lembro por inteiro, não lembro o motivo dele ter ido embora.

- Sofia? – A chamo e ela me encara – Eu sei que não deve ser fácil para você, não ter os pais e ter tantas perguntas assim... mas eu acho que você deveria se importar com o agora, entende? Sua avó precisa de você nesse momento e eu sei que talvez seja demais para uma garota de doze anos aguentar, mas nós duas sabemos que você é muito forte! – Respira fundo e eu faço uma pausa para buscar as palavras certas – Um dia quem sabe você pode voltar a ir atrás e procurar respostas, mas acho que por agora é bom ficar do jeito que está.

- Mas Lauren... – Olho para ela – Minha mãe morreu e eu só sei coisas dela pelo que me falam, já o meu pai foi embora, sumiu e eu não sei, ninguém me diz o porquê disso. Porque ninguém me fala dele?

- Porque as vezes não há o que ser dito! – Respondo automaticamente – Quando chegar a hora certa você vai descobrir tudo, você é merecedora da verdade. Mas por agora me prometa que você vai parar de procurar. – Pensa por alguns instantes e então concorda com a cabeça.

- Eu prometo. – Sussurra um pouco emburrada.

 – Se você estiver passando por qualquer dificuldade e precisar conversar eu quero que você me ligue, ok? Não importa a hora ou qualquer coisa do tipo, me ligue e eu vou fazer o que estiver ao meu alcance para te ajudar. – Desligo o fogão e me aproximo calmamente para abraça-la – Não quero que você se preocupe com essas coisas, ok? – Concorda com a cabeça ainda agarrada em mim.

Ficamos abraçadas por um longo tempo e então puxei a cadeira para que Sofi pudesse se sentar, peguei a panela depois e servi um pouco para ela, me sentei ao seu lado e então nós comemos. Mesmo o assunto sendo fresco e Sofia ter ficado meio tensa consegui quebrar o gelo e fazer voltar a ficar solta aos poucos, até tiramos mais algumas fotos.

Depois do jantar a levei para conhecer o lugar aonde eu compunha quando vinha para cá, cantei Over para ela com o acompanhamento do piano e então depois mostrei o rascunho da música que ela havia me ajudado a começar, o que fez Sofi rir por eu usar da sua gíria.

A pedido de Sofia a levei para a sua casa, dessa vez não entrei, apenas a abracei apertado e fiz questão de deixar meu número registrado em seu celular e na discagem rápida ainda. Assim que ela entrou em sua casa sai de lá e dirigi de volta para a minha, estacionando o carro na garagem e indo para a sala de música pegar o meu caderno, porém ao invés de ficar trancada dentro da sala vou para fora e me sento no sofá, olhando a piscina e jardim iluminados com as luzes.

Meu celular apita assim que eu me sento, era uma mensagem de Mani “Não esqueça de comprar o meu presente para Dinah, a festa de aniversário dela é sexta que vem e eu não consegui achar essa maldita camisa de futebol americano aqui.” Rio da mensagem e respondo que iria fazer isso amanhã.

A ideia de encontrar Camila nessa festa andava me perseguindo, por isso tentava me preparar psicologicamente todos os dias, mas isso nunca acontecia. Não queria parecer uma covarde e fugir dela como se eu a temesse, mas também não queria ser cínica e trata-la como se nada tivesse acontecido, mas eu acho que só descobriria como seria quando eu finalmente a visse mais uma vez.

Acabei decidindo parar de pensar naquele momento até finalmente acontecer.

Entro Instagram, seleciono a minha foto favorita com Sofia, uma que ela estava apoiada em meus ombros e tinha a bola de vôlei em mãos enquanto sorria largamente e eu ria junto olhando para câmera. Por conta de estarmos na piscina meus olhos estavam bem claros e nossos cabelos bem escuros, a foto estava linda. Rapidamente digito a legenda e a marco na foto, jogando meu celular de lado para tentar continuar a composição de Suga Mama.

LaurenJauregui: “Great day with the Jujuba Lover”.