História Letters To Camila - Segunda Temporada - Jaureguers and Camila

Vestia meu conjunto rendado de roupas intimas pretas enquanto passava minha maquiagem, tendo certeza de que estava contornando meus olhos perfeitamente, dando um lindo destaque a eles, que estavam extremamente verdes no dia de hoje.

- ACHEI! – Dinah grita animada – Aqui, quero você usando esse coturno com salto, tem que fazer bonito hoje. – Sorri divertida – Você realmente leva a sério essa coisa de ser toda emo, até sua lingerie é preta. – Solto uma gargalhada alta e ela ri.

- Tenho que parecer que sou brava. – Faço uma cara de má e ela revira os olhos.

- Todo mundo iria te levar muito a sério de lingerie. – Rio andando até o sofá que minha roupa estava separada.

Dinah sabia do meu encontro com Camila hoje, nós iriamos almoçar juntas e então iriamos fazer compras para que pudéssemos escolher os presentes de Sofia. Para o dia de hoje minha estilista pessoal havia escolhido uma calça preta de cintura alta, uma blusa preta que tinha franjas e uma estampa legal em preto e branco, minha jaqueta favorita de couro também preta e os coturnos com saltos altos.

Quando terminei de vestir a roupa, Dinah manda eu dar uma voltinha e então começa a ajeitar minha roupa, indo para a sessão de óculos de sol e escolhendo um para que eu usasse conforme eu caminhasse pelas ruas.

Olhei para meu reflexo no espelho e abri a boca, eu havia ficado muito bem naquela roupa, se eu fechasse a expressão realmente parecia que eu estava de mau humor e se eu sorrisse iria parecer que era apenas uma bobona extremamente bem vestida.

- Está gostosa e pronta para seu encontro. – Sorri maliciosa – Agora ande logo, Camila deve estar fazendo um buraco no chão do apartamento enquanto te espera.

- Ela falou algo sobre o nosso encontro de hoje? – Pergunto como quem não quer nada.

- Você está zoando, né?! – Ri negando com a cabeça – Quando nos vimos ela ficou gritando uma meia hora que vocês tinham se beijado e combinado de sair novamente, parecia a Camila de anos atrás. – Tento conter uma risada baixa – Não fique se achando, não.

- Mas eu não fiz nada. – Dinah arqueia as sobrancelhas, me empurrando para fora do quarto.

- Espero que vocês se divirtam hoje... – Murmura – Gosto de ver vocês juntas, a felicidade é inegável e fica completamente estampada nos olhos de vocês... – Mordo o lábio inferior.

- Vou me atrasar! – Mostro a língua e ando mais rapidamente.

Assim que chegamos no final da escada pudemos ver Big Rob rindo com Ally, Dinah se joga em cima da nossa amiga e começa apertar suas bochechas, hoje elas iriam passar o dia juntas para discutir sobre trabalho, tenho certeza que DJ iria deixar Allyson de cabelos em pé. Big Rob se levanta do sofá e nós nos despedimos, assim que saímos do apartamento meu segurança informa que sempre estaria no carro de trás com os outros seguranças para que Camila e eu pudéssemos ter mais privacidade.

Havia escolhido a BMW preta para o passeio de hoje, era o modelo X6, havia comprado aquele carro com a ajuda de Chris no começo daquele ano. Me sento no banco do motorista e do a partida no carro. Estava um pouco nervosa, desde que nós havíamos nos beijado Camila não havia mudado seu comportamento e até mesmo agia como se nada tivesse acontecido, o que comprovava a minha teoria que ela me deixaria acostumar com tudo.

Mesmo que Dinah a entregasse quase sempre como ela se sentia realmente.

Assim que estacionei o carro na frente do seu edifício mandei uma mensagem, descendo do carro e caminhando em direção a entrada, a porta já estava destrancada por Camila ter visualizado a mensagem. Meu celular vibra fazendo sua mensagem biscar em minha tela “Já estou descendo, não precisa subir xX”.

Ajeito melhor minha jaqueta e tiro meus óculos de sol, fico sem saber onde colocar as mãos e acabo optando por fingir que lia alguma coisa interessante no celular. A porta do elevador abre e rapidamente levanto o meu olhar, dando de cara com dois caras rindo e conversando entre si, descaradamente sou analisada por eles e apenas ignoro conforme somem do cômodo.

Na segunda vez que a porta do elevador é aberta Camila aparece sorrindo, sorrio de canto e discretamente analiso sua roupa. Ela também estava com uma calça jeans escura –não preta como a minha-, seu top cropped era amarelo de mangas compridas com detalhes em branco, seus saltos altos a deixavam do meu tamanho, tinha uma bolsa pendurada em seu antebraço que combinava perfeitamente com sua roupa.

- Hey!

- Hey...

Por um momento fico estática, eu daria um selinho ou beijaria sua bochecha?

Assim que para em minha frente me curvo e acabo optando por beijar o canto de sua boca, o que a faz rir baixinho e sorrir de canto para o meu ato. Pega seu óculos de sol e rapidamente coloca, fechando sua bolsa, sua mão procura a minha e as memsas não demoram para se entrelaçarem, em um ato completamente automático, involuntário e extremamente confortável.

- Eles vão nos seguir o dia todo, você sabe, não sabe?! – Murmuro, Camila me encara por alguns instantes.

- Eu imaginava que algo do tipo ia acontecer... – Ri bem-humorada – Não me importo, Laur...

- Sei que eles andam já te acompanhando em alguns momentos. – Haviam saído algumas fotos de Camila indo para o meu apartamento ou com Dinah - Como vamos caminhar e entrar e sair para vários lugares eles vão realmente ficar o dia todo junto, apenas para garantir a melhor foto.

- Se você não me deixar sozinha com eles eu não ligo de ser fotografada. – Sorrio de canto, colocando meus óculos.

- Então vamos, Sra. Cabello, se você fingir que eles não existem eles deixam de incomodar. – Começamos a andar em direção a porta.

Assim que Camila puxou a porta de entrada do edifício pude ver Big Rob, Travor e Rick por perto, mesmo que os paparazzis estivessem do outro lado da rua alguns deles sempre tentavam se aproximar de supetão. A guio até o carro e abro a porta do passageiro, ajudando Camz se sentar, fechando a porta logo em seguida. Dou a volta e entro no carro, olho para o lado e vejo que eles juntavam as coisas e corriam para seus carros, Big Rob apenas dá uma batida em meu carro e eu saio de lá.

Enquanto dirigia para o restaurante pedi para que Camila escolhesse uma música qualquer, após alguns instantes a voz de Lana Del Rey invadiu meu carro, Camz me perguntou sobre o show e totalmente sem graça informei que não havia tido a oportunidade de assistir Lana por conta dos acontecimentos dos últimos dias, o dia da apresentação de Lana havia sido o dia que fomos fazer o piquenique e eu estava proibida de sair em público para não causar mais tumulto.

Hoje iria leva-la para um dos meus restaurantes favoritos, David havia me apresentado o local a um tempo atrás, nesse estabelecimento serviam um tipo de comida mais caseira, não havia toda aquela frescura de pouca comida no prato e muito menos coisas que você não sabia o que estava comendo por um preço absurdo.

Estacionei e as portas do carro foram abertas para nós, entreguei minha chave para o manobrista e caminhei em direção a Camila, levando meus óculos de sol para o topo de minha cabeça. Assim que paramos na frente da mesa do gerente o homem não demorou para sorrir largo para mim e fazer um sinal para que nós o acompanhássemos.

Nos sentamos em um lugar longe de qualquer janela e até mesmo um pouco escondido, apenas para que tivéssemos mais privacidade e ninguém nos interrompesse no meio do almoço, como acontecia as vezes.

- Quando decidirmos o que vamos comer chamamos, por enquanto apenas duas águas. – Deixo meu celular e óculos em cima da mesa, o garçom assente, se afastando – Desculpe o local, é apenas para que ninguém nos incomode e para que os paparazzis não fiquem tirando fotos enquanto comemos.

- Lo, relaxa. – Ri divertida – Sei como é sua vida agora, já disse que não precisa se preocupar...

- É só que... – Me calo quando o garçom serve as águas nas taças – Sei como é chato a princípio, apenas isso. – Sorri de canto.

Uma pessoa que se recusava a sair em público comigo era o meu irmão, Chris, ele sempre teve medo de multidões e das poucas vezes que saímos juntos depois da fama fomos cercados e eu quase não pude dar atenção, o que sempre o deixou meio revoltado. Hoje em dia Chris só fica em minha companhia em lugares que tem certeza que não poderão ocorrer tumultos, tudo por conta do seu pânico. Então toda vez que uma pessoa saí comigo em público sempre pode acontecer muitas coisas, meu medo é de que pessoas que eu gosto se afastem de mim por conta disso tudo, algo que aconteceu com meu irmão.

Antes de decidirmos o que iriamos pedir contei algumas histórias engraçadas sobre tumultos e assuntos envolvendo paparazzis, o que tirou boas risadas de Camila. A minha história favorita foi o dia que David perdeu o seu tênis no meio da multidão e Travor teve que arrasta-lo, mesmo sem sapato, para dentro do hotel.

Fizemos nossos pedidos e Camila realmente se interessou sobre aquelas coisas, me perguntou sobre os lugares que eu mais havia gostado de fazer show, o lugar mais lindo que eu já havia visitado e coisas do gênero, fazendo uma enorme quantidade de memórias incríveis invadirem minha mente.

Mesmo perdendo muitas coisas trabalhando com o que trabalho e tendo vários pontos negativos, jamais iria trocar aquela vida, foram seis anos maravilhosos.

Nossas entradas chegaram e o assunto focou completamente em família, falei um pouco sobre Taylor e Chris, comentei sobre minha avó e até mesmo um pouco sobre meus pais. Após comentar que havia visto fotos minha com eles Camila disse que minha mãe havia visitado sua vó, provavelmente por conta de eu lhe informar que Marie andava um doente. Então falamos sobre Patrick e seu amor por esportes, assim como passamos para Sofia e seu amor por música.

- Ela tentou aprender piano, mas passou para violino e acho que vai ficar nisso mesmo! – Ri divertida – Está juntando para comprar um, quando me ofereci para lhe dar um pude vê-la ficar ofendida pela primeira vez. – Morde o lábio inferior – Ela tem uma excelente poupança para se virar sozinha na faculdade, uma que ninguém mexe. – Passa a mão no cabelo - Mesmo meus avós dando tudo o que ela precisa sei que as coisas são meio apertadas, sempre mando uma quantia legal de dinheiro para ela passar o mês sem ter que ficar pedindo nada á eles, sei que ela gasta com as amigas e não consegue juntar para comprar o violino. – Rimos.

- Humm. – Já havia descoberto o que lhe daria de aniversário - Isso é incrível, música é algo que se for levado a sério e com muita prática pode ter um excelente retorno, fico feliz que Sofia esteja determinada. – Sorrio sincera – E o ballet, ela parou?

- Sim, ano que vem pretende entrar nas líderes de torcida na nova escola. – Sorrio.

Sofia sempre foi uma criança que amava fazer todas as cosias ao mesmo tempo, sua energia sempre foi muito contagiante, não me surpreendia que isso não iria sumir com o tempo. Camila me contou o que planejava toda vez que se encontrava com sua irmã, Sofi queria muito entrar em um colégio interno e isso iria acontecer no próximo ano, soube das suas cinco aulas semanais de violino e das suas práticas solitárias aos finais de semana para o ballet.

Minha ex-cunhada continuava com a sua mania involuntária de querer provar o quão boa era, conheço muito bem para saber que ela faz tudo um pouco porque gosta, mas faz principalmente para que Camila e seus avós sintam orgulho do ser humano que ela está se tornando.

Sempre viveu para impressionar, cresceu tendo em mente que para ser aceita precisava mostrar que era boa o bastante.

- Quando eu a vejo me sinto tão velha... – Confesso e rimos.

O garçom coloca nossos pratos bem a nossa frente.

- Sei exatamente como você se sente! – Da um gole em sua água – Mas me sinto realizada quando vejo que mesmo com todas as dificuldades Sofia conseguiu se tornar um ser humano maravilhoso e a cada dia que passa consegue se aproximar de ser uma mulher incrível.

- Ela teve excelentes exemplos. – Concluo – Sofia sempre foi muito esperta e madura para sua idade, não sei porque seria diferente agora. – Corto minha comida, Camila sorri.

Começamos a conversar sobre possíveis presentes para a pequena, entretanto desde o começo da conversa eu já havia decidido o que iria levar para ela. Terminamos de almoçar e como Camz optou por não tomar sobremesa acabei fazendo o mesmo, o almoço havia me satisfeito o bastante.

Conversamos mais um pouco decidindo onde iriamos primeiro, pedi a conta e não demorei para mandar uma mensagem para Big Rob, que deveria estar por perto e daria um sinal quando nós pudéssemos sair. A conta chegou e o gerente entregou para mim, apenas olhei o preço e puxei minha carteira de dentro da jaqueta, sinto a conta escorregar de minhas mãos e parar nas mãos de Camila.

- O que pensa que está fazendo? – Questiono.

- Vendo quanto a conta custou. – Da de ombros como se fosse obvio – Nós podemos dividir...

- Não, eu faço questão de pagar!

- Lauren eu sei que você gosta de pagar, sempre foi assim, mas eu continuo com velhos hábitos também. Nós vamos dividir a conta. – Fala decidida e eu levanto uma sobrancelha – Divida a conta em dois e passe metade em cada cartão. – Estende seu cartão ao gerente, que me encarava esperando algum tipo de aprovação, apenas concordei com a cabeça.

Quando Camila e eu namorávamos sempre dividíamos a conta, uma pagava tudo somente quando a outra estava distraída ou saia para fazer outra coisa, não dando tempo a outra de pedir para que a conta fosse dividida. Confesso que estava acostumada a pagar as contas de todos os encontros que tive nesses seis anos, exceto os que eu tinha com Zac, ele sempre gostava de pagar.

Meu celular vibrou informando que Big Rob estava na posição com os outros seguranças, coloquei meus óculos no topo da minha cabeça, guardei meu celular no bolso de dentro da jaqueta e me levantei, sendo acompanhada por Camila. Acenei para o garçom que havia nos atendido maravilhosamente bem, me despedi do gerente enquanto levava minha mão até as costas de Camz, para guia-la em direção a saída.

Desci meus óculos e pude ver Camila fazer o mesmo com os seus, os paparazzis por estarem por perto faziam um corredor em direção ao meu carro, que estava apenas alguns passos da saída do restaurante. Assim que a porta se abriu pude ter uma visão melhor da confusão, eles tiravam as fotos e gritavam perguntas para Camila e eu, enquanto meus seguranças tentavam mantê-los afastados para que ninguém se machucasse.

Mesmo o carro estando tão perto tivemos que abaixar nossas cabeças para que não ficássemos cegas com a enorme quantidade de flashes. Encosto minha mão livre no carro e puxo a maçaneta, abrindo a porta para Camila e a ajudando entrar no carro. Para que não ficassem tirando fotos dela Travor ficou na frente da porta do passageiro, Big Rob começou afasta-los enquanto Rick me ajudava a caminhar para a porta do motorista.

Sai daquele local o mais rápido possível.

Camila não parecia tão assustada como das outras vezes, enquanto dirigia pude perceber sua cabeça erguida observando a linda cidade, completamente abarrotada de pessoas, perguntei o seu lugar favorito de fazer compras na cidade, para que o clima não ficasse tenso e ela ficasse menos tensa com toda aquela invasão. Sabia exatamente o quão difícil é ser ter sua privacidade retirada de você dentro de alguns poucos minutos.

Pelo retrovisor vi que não estávamos sozinhas, além dos meus seguranças alguns paparazzis nos seguiram também, o que não era de total surpresa. Eles ficariam atrás de nós o dia todo apenas por não terem nada melhor para fazerem e serem um bando de desocupados.

Estacionei o carro em uma vaga qualquer, Camila havia indicado aquele local para que nós começássemos nossas compras.

Pude ver o pavor consumir seus olhos castanhos quando ela viu a velocidade absurda que os fotógrafos desceram das vans e apontaram suas câmeras para nós. Estendi minha mão e Camila as entrelaçou, fechei o carro e começamos a andar sem qualquer pressa, eu sabia que Big Rob conseguiria os conter e nós poderíamos tentar agir normalmente.

- Está nervosa? – Murmuro.

- Um pouco... – Confessa – Eles me assustam as vezes. – Rio baixo e acaricio sua mão com meu polegar.

- Não tem com o que se preocupar, meus seguranças vão dar um jeito. – Passo a mão pelo cabelo – Está pensando em comprar sapatos ou alguma roupa para ela? – Olho a vitrine de uma loja que nunca tinha visto.

Tentei ignorar os passos apressados contra o chão e os barulhos das câmeras.

- Acho que sapatos... um coturno. – Camila olhou com o canto do olho, totalmente distraída e apreensiva.

- MENINAS? – Escuto o barulho insuportável das câmeras– O que pretendem comprar?

- Como o almoço estava? – Outro grita.

Percebo o aperto de sua mão ficar um pouco mais forte, Camila estava muito tensa ao meu lado, eram muito deles e cada vez eu conseguia escutar mais passos apressados se aproximando, da mesma forma que ouvia meus seguranças pedirem educadamente que eles se afastassem.

Os fotógrafos esperavam um furo de reportagem, uma foto de nós duas nos beijando ou algo simples –que seria grandioso aos olhos deles-, não iriam nos deixar em paz e se isso acontecesse sabia que meu dia de descanso com a companhia de Camila seria jogado no lixo. Então acabo optando por fazer algo que eu não fazia a muito tempo, apenas para tentar acalmar um pouco as coisas.

- Nós ainda não descobrimos. – Falo em um tom mais alto – E o almoço estava muito bom. – Continuo de costas – Entre na loja, estarei bem atrás de você... – Sussurro em seu ouvido.

Camila caminha sozinha e empurra a porta do estabelecimento, entrando no local.

- Ei cara, para trás! – Travor empurra um dos paparazzi que tenta se aproximar de Camila.

- Tem como vocês se afastarem? – Questiono – Nós só queremos fazer nossas compras em paz e não tentar chamar atenção, aproveitar o lindo dia de hoje. – Peço gentil, olhando para eles.

A muito tempo eu não tentava ter uma conversa civilizada com eles, nunca achei certo eles invadirem meu espaço e muito menos eu ter que ser educada e gentil com sanguessugas para que pudesse ter o mínimo de privacidade que eu merecia.

- Você para mais tarde para algumas fotos com ela? – Comprimo meus lábios.

Sanguessugas interesseiros.

- Se vocês nos respeitarem durante o dia de hoje... – Minto na cara de pau.

Alguns ponderam por um pequeno momento, entretanto acabam levando minha última frase como um “sim”, o que não era totalmente verdade, jamais iria fazer o que eles queriam. Enquanto se afastavam continuavam batendo fotos minhas, quando tomam uma boa distância me limito a fazer um sinal a Rick, que apenas concorda com a cabeça e abre a porta do estabelecimento para mim.

A loja ficava completamente exposta já que a parte da frente era visível com a vitrine e porta de vidro, então eles com certeza conseguiriam tirar fotos nossas. Estava mais quente na loja do que do lado de fora, por uma grande quantidade de luz do dia entrar pelo vidro a loja não tinha muitas luzes, o que tornava o ambiente legal.

Olhei ao redor e retirei meus óculos de sol, caminhando diretamente a Camila, que estava ao lado de uma vendedora tendo dois pares diferentes de sapatos em suas mãos. Camz parecia extremamente indecisa em qual deveria escolher, por isso fazia algumas perguntas para a vendedora, que as respondia com toda paciência do mundo. Olho sob o ombro e vejo as outras vendedoras, que estavam todas amontoadas perto do caixa, nos encarando surpresas.

Silenciosamente Camila me encara, pedindo minha opinião em qual dos sapatos eu preferia. Os analiso e aponto para o estilo que eu mais gostava, um coturno preto. Mesmo parecendo algo que Sofia iria gostar de usar, sabia que não seria algo que ela usaria frequentemente, minha ex-cunhada gostava de coisas mais delicadas.

Outros estilos de calçados me chamam atenção, me afasto um pouco de Camila e encaro os saltos altos, que ficavam do lado das sapatilhas e rasteirinhas do outro lado. Eram lindos calçados, entretanto sentia que nada ali parecia ter realmente a cara de Sofia.

Senti a presença de alguém atrás de mim, me limitei a virar lentamente, vendo Camila analisar minuciosamente a sessão que eu me encontrava.

- Acha que ela vai gostar mais desses? – Questiona.

- Não. – Sou sincera – Sofia ao que me parece gosta de usar All Star ou então aquelas rasterinhas... – Comento e Camila ri – Ela mora em Miami, garanto que usara raramente um coturno.

- Não vejo porque não usar, são extremamente confortáveis e estilosos. – Arqueia as sobrancelhas – Você morava em Miami e sempre os usava. – Estalo minha língua.

- Mas só porque eu gostava muito, entretanto sempre quando tinha oportunidade ficava descalça... – Rimos.

- Isso é verdade. – Torce a boca - Sofi disse que quer mudar o estilo dela, só que é difícil agrada-la, ela está naquela fase de “eu gosto de tudo e nada, ao mesmo tempo”. – Bufa.

Encaramos um salto alto enorme e entortamos a cabeça ao mesmo tempo, acho que havíamos chego a mesma conclusão: não iriamos achar nada para Sofia naquela loja.

– Tem uma loja ainda nessa rua que só vende coisas da Converse... – Sussurra e eu rio.

- Os novos modelos de tênis que foram lançados recentemente estão bem legais... – Comento discretamente olhando para as vendedoras que nos encaravam fixamente, quando percebem o meu olhar desviam os seus – O que acha?

- Moça? – Camila se vira, tendo atenção de todas – Nós vamos dar mais uma olhada e então devemos voltar, obrigada. – Sorri gentil, entrelaçando nossas mãos, com a mão livre eu aceno para as vendedoras, que acenam de volta.

Quando saímos da loja não estava a mesma confusão de antes, eles estavam do outro lado da rua, dando espaço para que nós caminhássemos mais livremente. Meus seguranças estavam logo atrás e andavam discretamente, mesmo sendo três armários ambulantes eles conseguiam se misturar bem. Podia perceber as pessoas nos encarando, outras apontando e algumas até tirando fotos, era sempre assim.

Rick e Travor foram instruídos a entrar na loja conosco, já que haviam uma boa quantidade de pessoas dentro. Big Rob estava do lado de fora, apenas para ficar de olho nas coisas e assegurar que tudo estaria bem durante a nossa compra.

Eu nunca havia estado naquela loja ou naquela rua, geralmente fazia compras em outras lojas, então era tudo bem novo e até mesmo um pouco estranho. Me sentia extremamente normal já que quase ninguém estava me notando dentro da loja. Olho ao redor mais uma vez e acabo tirando meus óculos de sol, feliz por ninguém nos notar.

Para que continuássemos daquele jeito faço um sinal para meus seguranças, que começam a circular pelo local.

Camila e eu não demoramos para achar a sessão de tênis que tinham o número de Sofia, apontávamos para os que a aniversariante iria gostar de usar, eliminando alguns que tinham estampas bem estranhas e cores extremamente berrantes. Enquanto escolhíamos começamos a conversar sobre assuntos aleatórios, o que gerou algumas boas risadas já que estávamos bem mais soltas e confortáveis, não havia ninguém para nos incomodar.

Gostava desses momentos com Camila, era como se quando eu estivesse com ela eu voltasse a anos atrás, quando eu era uma completa desconhecida e tinha minha privacidade intacta.

Após bons minutos Camila finalmente escolheu o modelo que iria levar de presente para sua irmã. Chamamos um vendedor e só então minha presença foi notada, o olhar dele queimava sobre mim, parecia extremamente surpreso e levemente chocado. Nos acompanhou até o caixa, onde agradeceu a preferência e acenou com um largo sorriso, Camz abriu sua bolsa e começou a procurar sua carteira enquanto esperávamos na fila.

Fazia muito tempo que eu não pegava uma fila para pagar ou pegar algo.

Travor fez um sinal para mim e eu apenas pedi licença para Camila, quando eles me chamavam era para tomar alguma medida de segurança ou algo do tipo. Antes que chegasse a ele fui parada por uma mãe e sua filha. Olho para trás e vejo Camz distraída, Travor se aproxima e então eu analiso as duas que me observavam atentamente. Enquanto pedia por uma foto pude notar que a mãe estava mais animada em me ver do que sua filha, o que me deixou com uma certa vontade de rir.

- Travor? – O chamo – Você pode tirar a foto? – Concorda com a cabeça.

Ajeito melhor meus óculos no topo da minha cabeça e me posiciono entre as duas, dando um sorriso discreto para a câmera do celular apontada em nossa direção.

- Muito obrigada! – A mulher loira exclama animada.

- Não há de que... – Rio divertida, sua filha puxa sua mão.

- Nós já vamos, obrigada pela foto. – Aceno com um pequeno sorriso – Mal podemos esperar para que Sledgehammer fique disponível no iTunes. – A mãe fala e eu não consigo conter a risada divertida.

A filha da mulher começou a puxa-la pela mão, acenando envergonhada para mim. Com o canto do olho pude ver que Camila estava ao lado de Rick, apenas esperando a minha interação com as fãs acabar, me aproximei e dei um pequeno sorriso para a minha linda companhia que tinha os olhos brilhando.

- Podemos ir? – Questiono – Ou tem mais alguma loja que você gostaria de ver nessa rua?

- Oh não, é só isso mesmo, o outro presente de Sofia está em casa. – Concordo com a cabeça.

Assim que saímos pude ver o quanto havíamos demorado dentro da loja, haviam algumas pessoas do lado de fora com celulares na mão para tentar tirar fotos minhas, acontece que se parasse para tirar com uma pessoa teria que tirar com todas e acabaria ficando ali por bastante tempo.

Levei minha mão até as costas de Camila e começamos a andar com a ajuda de meus seguranças, eu sorria e acenava conversando com algumas pessoas que puxavam assunto, neguei foto para várias pessoas e me desculpei por não poder parar. Me sentia extremamente desconfortável, não gostava quando essas coisas aconteciam.

Entramos no carro e as pessoas começaram a se afastar a pedido dos meus seguranças, Camila olhava para elas com uma expressão completamente confusa.

- O que? – Questiono baixinho, levando a chave para a ignição.

- Não vai conseguir tirar foto com eles?

- Eu queria, mas se eu começasse não iria parar mais, mais pessoas iam chegar e então nosso passeio iria acabar. – Comento sem graça e Camila comprime seus lábios.

- Oh, sim. – Sorri em concordância – É que eles ficaram esperando você sair e...

Nós havíamos levado quarenta minutos dentro da loja, mais por termos ficar conversando do que realmente escolhendo o que iriamos levar, algumas pessoas nos acompanharam enquanto caminhávamos em direção a loja e realmente devem ter ficado esperando do lado de fora. Sinto a minha consciência pesar e começo abaixar o vidro, colocando meu corpo parcialmente para fora.

- Pessoal? – As pessoas que eram contidas pelos meus seguranças começam a prestar atenção em mim – Eu sinto muito por não poder parar para tirar foto com vocês. – Alguns deles sorriem e começam a acenar – Mas eu amo vocês e aprecio o carinho. – Sorrio largo e aceno.

- Ela precisa ir, sem fotos hoje. – Big Rob fecha a expressão e me encara feio.

Aceno mais uma vez e então acabo ligando o carro para sair de lá, subindo o vidro em seguida.

Me senti no dever de explicar para Camila como as coisas geralmente funcionam com os fãs.

Muitos dos que sempre me param só querem mais uma foto para a coleção ou algo do tipo, vejo muito os mesmos fãs em New York por conta de frequentarem os mesmos lugares que eu, apenas para que nós nos encontremos. Não ligo de passar tempo e ser amigas deles, entretanto alguns realmente passam da linha do bom senso e não se tocam o quão invasivo podem ser. Nem sempre dá para parar e tirar foto com todo mundo, por conta de tumulto, por conta de eu ter outros compromissos ou então ter tanta gente que não dá para atender a todos, então acabo optando por não tirar com ninguém do que deixar alguém sem. Cabe a eles entenderem isso.

Durante todo o caminho pude perceber o enorme interesse que Camila teve sobre meus fãs, contei animadamente sobre tudo o que me recordava do que eles haviam feito, a lista por ser enorme gerou assunto até que chegássemos na loja que eu tanto queria chegar.

Por não ter nenhum fotógrafo, fã ou meus seguranças nós finalmente ficamos sozinhas pela primeira vez desde que havíamos saído de seu apartamento. Entrelaçamos nossas mãos e caminhei em direção a enorme loja de música onde eu geralmente comprava meus instrumentos musicais.

Abri a porta e pude perceber a expressão chocada de Camila, a loja era enorme e tinha dois andares com os mais variados tipos de instrumentos musicais, haviam várias pessoas pelo local e vários vendedores os atendendo. Caminhamos lado a lado em direção a bancada, onde o meu vendedor favorito se encontrava.

- Sra. Jauregui! – Sorri largo.

- Hunter, como você está? – Questiono animada.

- Melhor agora. – Rimos – E essa linda moça, quem seria? – Encara Camila.

- Está é Camila. – Faço a apresentação – E nós viemos em uma missão: encontrar o seu melhor violino. – Pude perceber o olhar dela se fixar em mim.

- O que? Lauren você vai dar um violino para Sofia? Você sabe quanto um violino custa? – Questiona exasperada, passo a língua sobre os lábios e rio – Tenho certeza que ela vai...

- Amar. – Olho no fundo de seus olhos – Eu insisto em lhe dar seu primeiro violino. - Acaricio sua mão com o meu dedão - Hunter, você poderia por favor me mostrar os seus melhores modelos?!  – O senhor concorda com a cabeça.

Instrumentos musicais são bem caros, mas são o presente mais maravilhoso que qualquer pessoa poderia ganhar. Ainda mais uma pessoa que o deseja tanto. Sofia é uma pessoa muito especial para mim e se eu lhe der o objeto que ela precisa para fazer o que tanto ama é mais do que animador, vai ser um dinheiro muito bem gasto.

Caminhamos entre os corredores e podia perceber Camila ainda surpresa com o presente que eu havia escolhido a dar para sua irmã. Sua boca se abriu quando chegamos na parte dos violinos, haviam milhares deles, de todos os tipos, cores e jeitos. Hunter caminhou em direção a um violino que estava em certo destaque.

- Esse é o melhor da loja, quantos anos a pessoa que vai tocar tem?

- Vai fazer treze. – Analiso o instrumento.

- Então é esse daqui. Um 4/4. – Pega o mesmo e me estende – Tem preferência na cor?

- Essa está perfeita. – Estava ansiosa para ver a cara de Sofi ao receber o presente.

- É só isso? – Questiona.

- Oh, não eu... – Olho para Sofia – Você sabe quais artistas ela gosta de ouvir? – Camila pega seu celular e começa a mexer no mesmo.

- Ela me manda prints de vídeos que eu devo escutar. – Fala sem graça – Esses daqui. – Mostra timidamente.

Hunter conhecia todos os artistas que Sofia escutava, por esse motivo não demorou para achar os CDs de cada um. Escolhi cinco artistas e comprei o CD de cada um para que ela pudesse sempre ouvi-los, mesmo o mundo sendo todo tecnológico eu ainda aprecio e instigo as pessoas para que gostem de ter CDs.

Assim que terminei de escolher tudo Hunter pediu licença, ele iria pegar um violino que estava no estoque e iria embrulhar tudo para presente, nos deixando a vontade para ver qualquer coisa da loja. Arrastei Camila para perto dos CDs de música, eram cantores e bandas que eu sabia que ela gostava, isso gerou uma conversa amigável e boas lembranças.

Fomos interrompidas quando um grupo de quatro meninas se aproximou, todas muito animadas e surtando por me verem, Camila completamente sem graça se afastou discretamente enquanto eu comecei a conversar com as garotas. Tirei foto com cada uma delas e até mesmo assinei coisas, me sentindo incomodada por deixar Camz de lado.

Hunter apareceu novamente e eu pedi licença, falei que ficaria mais um tempo por ali e que depois acertaria tudo. O senhor se despediu e agradeceu pela compra, informando que estaria por perto caso eu precisasse de mais alguma coisa. Quando me virei pude ver duas das meninas conversando animadamente com Camila enquanto as outras duas estavam meio afastadas.

- É um curso bem difícil, mas é uma experiência única. A faculdade é enorme e tenho certeza que você vai gostar. – Camila sorri gentil.

- Espero ser aceita ano que vem. – A menina ri nervosa.

- Tenho certeza que você vai. – Camila e eu falamos ao mesmo tempo, nos encaramos e rimos.

- Meninas nós já vamos... – Comento – Foi um prazer conhecer vocês. – Sorrio gentil.

- Obrigada por conversar com a gente e tirar as fotos! – Acenam enquanto a gente se afastava.

Era impressionante como Camila lidava bem com o fato de eu dar atenção para os meus fãs e até mesmo me instigava a fazer isso, entretanto sentia uma enorme dificuldade de lidar com os paparazzis e com essa invasão. De certa forma eu me sentia aliviada por ela entender tudo de uma maneira tão receptiva e principalmente tratar tão bem aqueles que admiravam minha música, até mesmo me instigando a passar um tempo com eles e tirar ao menos uma foto, mesmo tendo em mente que o tempo entre nós duas é sempre curto.

Deixei Camila sozinha por alguns instantes, apenas para pagar tudo e pegar as compras. Não demorei absolutamente nada, peguei tudo e surgi ao seu lado, entrelaçando nossas mãos para que pudéssemos finalmente ir embora. Ela abriu a porta e então começamos a caminhar de mãos dadas em direção ao carro.

O sol batia em nossa direção, assim como a brisa gelada.

- LAUREN? CAMILA? – Olhamos para os paparazzis e eu fecho a expressão.

Por uma pequena fração de segundos fui besta de acreditar que o resto da nossa tarde poderia ser sem o lado negativo de tudo o que eu havia conquistado. Mas não. Eles sempre estariam ali, em todos os momentos e sempre fariam questão de fotografar o que quer que fosse e jamais nos permitiriam ter um dia comum.

- Não faça essa carinha, Lo. – Ela sussurra após analisar minha expressão – Eles são chatos, mas uma pessoa inteligente uma vez me disse que se você passa a ignora-los eles não incomodam tanto. – A encaro, tentando conter um largo sorriso.

Nós nos olhamos por alguns instantes e o sorriso que eu tanto tentava segurar acabou escapando.

(...)

Durante todo o caminho até a casa de Camila nós conversamos sobre as coisas mais aleatórias o possível, isso incluía algumas músicas horríveis que ela gostava de ouvir e eu não conseguia não criticar por conta de serem extremamente ruins. Descemos do carro e fiz questão de levar a sacola que continha o presente de Sofia, entramos em seu prédio e subimos para seu apartamento.

Camila me ofereceu tudo o que tinha para comer e beber em sua casa, após aceitar um pouco de água optei por me acomodar em seu sofá. Me entregou o copo pediu licença, dizendo que já voltava, sumindo pelo corredor em seguida. Olhei ao redor e permaneci sentada, observando o ambiente que era extremamente aconchegante e obviamente tinha cada traço de Camila.

O apartamento dela é algo pequeno, discreto e prático; extremamente limpo e com pequenos detalhes que se você não presta muita atenção ou os nota. Não haviam fotos espalhadas pelos cômodos que eu já havia estado, exceto uma única foto –a que Camila estava com Sofia em sua formatura- na mesa de centro da sala de televisão, entretanto haviam vários pôsteres com frases legais e lindos objetos que decoravam o ambiente.

- Achou meu vaso interessante? – Olho assustada para o lado, vendo Camila.

Ela havia trocado de roupa, suas lindas pernas estavam expostas por conta do short.

- Sim, muito interessante! – Brinco e ela ri, se sentando ao meu lado – Eu só estava observando sua sala, é diferente...

- Diferente? – Franze o cenho – Diferente como?

- Não sei... – Faço um bico e ficamos um tempo em silencio – Porque você não tem fotos por aqui? – Suas costas vão de encontro com o encosto do sofá.

- Acredito que fotos são tiradas quando queremos registrar momentos dos quais queremos lembrar para sempre. – Me olha – E as melhores fotos gostamos de colocar em lugares que podemos ver sempre, para que possamos vivenciar novamente, mesmo que por alguns instantes, aqueles momentos. – Sorri timidamente – Venha. – Se levanta.

Franzo o cenho, completamente confusa, ela não havia respondido a minha pergunta.

Pela mão me puxa em direção ao pequeno corredor, onde vejo algumas fotos com seus familiares, em destaque uma com Sofia e sua mãe. Camila abre uma das portas e entramos em seu escritório, havia um mural cheio de fotos e fotos, dos mais variados tamanhos, espalhadas no meio de suas coisas.

- Eu nunca gostei de recordar momentos, mas uma pessoa me fez gostar de fazer isso! – Sussurra – Odiava tirar foto, aparecer nelas... então nós namoramos e você vivia tirando milhares de fotos nossas, em todas elas eu sorria e quando as via novamente me lembrava do quão feliz estava naquele momento e acabava sorrindo novamente. – Murmura.

Haviam várias fotos de Camila durante aqueles seis anos em seu mural, com pessoas que eu não tinha a menor ideia de quem eram, haviam fotos com seus avós, muitas com Sofia, algumas com parentes, várias com Dinah, algumas com Ally, tinha até mesmo algumas fotos com Tori.

No centro do mural havia a primeira foto que nós havíamos tirado juntas, no dia em que nos conhecemos. Ao lado daquela foto estava uma em que Sofia estava nas minhas costas, Camila estava ao nosso lado, nós sorríamos muito largo na foto e estávamos bem próximas uma da outra. Eu sempre amei aquela foto.

- Compartilhar a felicidade é bom, mas as vezes é melhor deixar apenas para nós mesmos. – Para ao meu lado, encarando o mural – Essas são as minhas memórias favoritas, são muitas, não daria para coloca-las todas lá... por isso opto por deixa-las aqui, escondidas e em um lugar que somente eu possa ver todos os dias. – Murmura – Minha vida toda está aí, e não sei se você se lembra, mas eu ainda gosto de ser misteriosa e guardar algumas coisas para mim.

Quando namorávamos lembro que Camila raramente contava de suas memórias, acontecimentos singelos ou qualquer besteira que ela dizia ser bobagem, mas que tinham uma enorme importância. Naquele mural estavam registrados festas, almoços, jantares e momentos triviais do cotidiano ao lado das pessoas que realmente importam algo para ela, não era algo totalmente esclarecedor, entretanto era algo que me dava uma boa ideia de suas principais lembranças favoritas.

Vindo de Camila era algo surpreendente e chocante. Ela estava expondo seus sentimentos de uma forma inovadora e diferente, de uma vez só. O simples ato de compartilhar aquelas fotos mostra que hoje em dia Camz não tem mais problemas em mostrar aquilo que lhe faz feliz ou o que/quem fez e ainda faz parte de sua história de vida.

Sua mão delicada foi em direção a primeira foto que tiramos juntas e a despregou do mural. Camila se virou para mim e sorriu timidamente, mostrando a foto.

- Essa é a minha memória favorita... – Morde o lábio inferior – A melhor de todas.

- Dentre todas essas aqui, essa é a sua favorita? – Pergunto séria.

- Não poderia ser outra. – Sorri de canto - Foi nesse dia que a minha vida mudou para sempre. Eu realmente acreditava que era um encontro casual e momentâneo, mal eu imaginava que você iria virar meu mundo de ponta cabeça, fazer meu coração bater tão rápido, nem nos meus maiores sonhos iria sonhar que teria forças para confrontar meu pai e correr atrás de coisas que realmente amo. – Nós estávamos bem próximas - Quando tiramos essa foto não passava pela minha cabeça que eu estava encontrando a pessoa que eu mais amaria no mundo todo. – Olha no fundo de meus olhos.

Estava completamente sem palavras diante daquela declaração, eu não conseguia nem ao menos sorrir de tão surpresa que estava.

Mesmo recebendo milhares de mensagens, cartas, fotos e vídeos todos de centenas de fãs expressando seu amor e afeição por mim não há como não se sentir mexida ao ouvir isso de alguém que você esperou tanto singelas declarações como essa. Quando namorávamos Camila dificilmente se declarava para mim, quando fazia era algo que me deixava sorrindo para as paredes. Hoje ela conseguia causar o mesmo efeito, entretanto, se declarando de uma forma bem melhor.

- E sabe qual a melhor parte? – Murmura enquanto roçava nossos narizes.

- Qual? – Sussurro, quase sentindo seus lábios em contato com os meus.

- Essa é a única memória que eu não preciso ter uma fotografia para me lembrar sempre, é algo que eu não iria esquecer nem se eu perdesse minha memória. – Olha no fundo de meus olhos.

Ela acreditava que eu havia sido a razão de ter mudado sua vida, quando na verdade quem mudou tudo foi ela, eu apenas dei um pequeno empurrão para que Camila não temesse mais ser quem era e consequentemente se escondesse atrás de muros de sentimentos trancafiados e sufocados, sentimentos que não a deixavam ser plenamente feliz.

– É uma lembrança que me persegue a cada segundo do dia, apenas por ser a lembrança que mais afetou minha vida.

Aquelas palavras foram ditas praticamente em cima dos meus lábios, o que as tornou ainda mais impactantes.

Minhas mãos se apossaram de sua cintura fina, trazendo seu corpo para perto do meu e finalmente colando sua boca na minha. Camila segurou meu rosto e sem qualquer cerimonia chupou meu lábio inferior demoradamente, passando a ponta de sua língua por cima do mesmo. Uma sequência de longos selinhos apenas no meu lábio inferior me deixou com mais vontade ainda de aprofundar aquele beijo.

Afastei rapidamente nossas bocas, apenas para cola-las novamente, entretanto dessa vez não deixei que nossas línguas demorassem tanto para se encontrarem. Meus dedos da mão direita se emaranharam nas mechas grossas do seu cabelo enquanto os dedos da mão esquerda estavam espalmados em suas costas, a trazendo para mais perto de mim.

Beijar Camila sempre era como um vício maldito, impossível de resistir. É como se nossas bocas tivessem imãs e sempre precisassem estar juntas. O gosto de menta, os lábios macios, língua aveludada e os toques suaves de suas mãos eram como atrativos impossíveis de resistir.

Nosso beijo foi se tornando cada vez mais lento, até que por fim separamos nossos lábios. Ambas sorríamos e eu ainda não conseguia acreditar nas coisas que ela havia me dito, podia sentir o meu coração bater tão acelerado que não iria me surpreender nada se Camila dissesse que conseguia ouvir meus batimentos cardíacos.

Entretanto, ao invés de dizer isso ela disse algo me deixou ainda mais nas nuvens.

- Espero que criemos novas memórias juntas... – Sorri com os olhos fechados – As tendo em fotografias ou não.

Eu sabia e sentia, assim como ela.

Nós ainda faríamos muitas memórias novas, dessa vez, inteiramente juntas.