História Letters To Camila - Segunda Temporada - Im Gonna Kill You, Dinah

- DINAH! – Berro estressada, escutando a risada da minha amiga não muito longe dali – EU VOU TE MATAR!

Corro pelo corredor atrás dela e a vejo indo em direção a mesa.

- BOA SORTE COM ISSO, RALPH! – A vejo do outro lado da mesa e semicerro os olhos – Foi só uma fotinha de nada, você não pode reclamar, a foto que você postou de mim hoje foi três vezes pior!

- Eu postei essa foto porque ontem você fez vídeo meu babando o refrigerante depois de rir! – Rosno estressada – Mas se fosse se vingar por causa da foto zoada que eu postei postasse uma foto zoada minha, não essa! – Queria enforcar a minha amiga.

Acontece que nós havíamos voltado no Domingo à noite para New York, entretanto Camila não saiu para jantar conosco pois se lembrou que tinha coisas para fazer, mas nós voltamos juntas no jatinho de qualquer forma, Camz ocupou o lugar ao meu lado e nós fomos conversando e até mesmo nos beijando enquanto Dinah dormia. O que eu não sabia é que enquanto Camila estava me mostrando uma coisa no celular Dinah estava tirando uma selfie que nós duas saíamos no fundo, e a foto não teria nada demais se Camila não estivesse acariciando o meu rosto e sua cabeça estivesse encostada na minha enquanto nós riamos.

Aquele momento era algo bem íntimo por ser em um lugar privado e que ninguém deveria ter acesso ou saber o que acontece dentro, mas assim como as fotos do show beneficentes, que estávamos abraçadas e Camila estava pendurada em meu pescoço, fotos de momentos íntimos e carinhosos entre Camz e eu haviam saído novamente, dessa vez graças da nossa amiga.

- Eu já apaguei! – Revira os olhos – E você deveria me agradecer, poupei você de anunciar algo para todo mundo. – Ri divertida – Vocês estavam fofinhas. – Mostra a foto de novo – E agora os fãs já tem o que shippar, fora uma linda capitã para fazer esse casal ir adiante. – Reviro os olhos.

- Não poste mais fotos assim, eu estou falando sério. – Aponto meu dedo e Dinah arqueia a sobrancelha, prendendo uma risada.

- Como quiser. – Pega a bolsa, em cima do sofá – Como eu tive que apagar espero que goste da foto que eu postei da sua pessoa dormindo ontem. – Solta uma gargalhada e sai correndo escadas abaixo – DEIXEI SUA ROUPA EM CIMA DA CAMA. – Berra ainda mais alto para que eu pudesse lhe escutar.

Rosno irritada.

Olho ao redor da minha casa e pego meu celular, entrando no Twitter e vendo meus fãs comentando sobre a nova foto que Dinah havia postado. Na imagem eu tinha a cabeça deitada na mesa do estúdio, tinha algumas roupas espalhadas por todos os lados –já que ela estava lá para eu experimentar as roupas que usaria na segunda apresentação de Sledgehammer em rede nacional-, as partituras de algumas músicas estavam espalhadas pela mesa e minha mão estava perto de um potinho vazio, que tinha os amendoins de Julian.

Eu ainda iria me vingar de Dinah por ter me exposto com Camila daquela forma, entretanto naquele momento eu só precisava correr para me ajeitar, antes que eu me atrasasse.

Aquela semana havia se arrastado, de certa forma, mesmo estando muito ocupada com o meu trabalho eu não havia tido a possibilidade de ter visto Camila, por conta dela precisar repor os plantões que havia perdido com a ida a Miami. Era meio estranho não a ter no meu dia a dia, Camz andava muito cansada e ocupada, não queria tomar o seu tempo com coisas triviais, então eu não cobrei um passeio ou algo do tipo, usei meu tempo livro para gravar Going Nowhere, a música que eu havia composto em Miami.

Acordei no dia de hoje tendo uma mensagem de Camila, sugerindo que nós finalmente saíssemos, como já tinha planos para hoje à noite acabei optando por incluí-la. O campeonato de basquete iria começar na quarta-feira e sempre que estava em New York não perdia um único jogo dos Knicks, nós iriamos assistir à partida e então iriamos sair para comer alguma coisa depois, apenas para passar um tempo juntas.

- Wow onde você vai, mocinha? – Sorrio colocando o celular no bolso.

- Assistir os Knicks jogarem. – Lea arqueia a sobrancelha.

- E vai tão bem vestida assim?

Eu não estava tão bem vestida assim. Fazia muito frio a noite em New York e Dinah sabia muito bem disso, por conta desse detalhe eu estava vestindo uma blusa branca de algodão, uma camisa xadrez nas cores azul e vermelho, mais uma jaqueta de couro preta por cima, a calça jeans azul escura estava bem agarrada em minhas pernas e meus novos coturnos eram extremamente confortáveis.

- Estou normal... – Sorrio de canto, minha governanta me encara.

- Alguém vai assistir ao jogo com você? – Pergunta como quem não quer nada

- Big Rob, Travor... – Passo a mão pelo cabelo, ela arqueia as sobrancelhas – E Camila. – Ri, negando com a cabeça – Agora eu preciso ir, tchau, Dona Lea, não me espere. – Beijo sua bochecha e saio da cozinha.

Peguei as chaves do Volvo, saindo de casa e entrando no elevador em seguida. Enquanto descia para o estacionamento mandei uma mensagem para Camila, informando que eu estava saindo de casa. Quando cheguei no estacionamento Big Rob já me esperava enquanto ria com Travor, ambos pareciam animados, eles amavam quando eu ia ver jogos já que eles podiam ir comigo e assistir de um bom lugar.

O caminho até a casa de Camila demorou um pouco, tudo por conta da loucura que a cidade estava naquele dia, entretanto assim que estacionei o carro pude ver o carro de Big na frente, com uma das portas abertas. Travor sempre era responsável por Camila quando nós saímos, o branquelo careca era enorme e não deixava que ninguém se aproximasse de Camz, ainda mais quando ficava sério.

A porta do edifício se abriu e Camila saiu com Travor. Sua calça jeans era de cintura alta e escura, usava um top cropped que tinha alguns detalhes brilhantes, a bota com salto alto a deixava um pouco mais alta e uma jaqueta de couro preta que eu havia a emprestado um tempo atrás a protegia da noite fria.

Meu segurança fez questão de abrir a porta para que ela pudesse entrar no carro, assim fez, esboçando um largo sorriso ao colocar seus olhos em mim. Me senti um pouco culpada por estar ocupando seu tempo, Camila estava um pouco abatida e parecia exausta, entretanto seus olhos brilhando me provavam que ela queria estar ali, mesmo estando cansada.

Me curvei e capturei seus lábios em um delicado selinho, ganhando um carinho na bochecha.

- Para onde vai me levar, Sra. Jauregui? – Questiona comprimindo os lábios, enquanto sorria e permitia que eu me afastasse.

- De um a dez o quanto você gosta de basquete? – Pergunto ligando o carro.

- Hum... – Camila dá de ombros, pensando – Não sei, eu gosto de assistir, mas não é algo que eu acompanhe, então não sei regras e muito menos essas coisas do campeonato, também não tenho time. – Fala calmamente, enquanto eu começava a dirigir em direção ao lugar onde o jogo iria ocorrer – Então eu diria um seis? – Conclui em um tom de pergunta, fazendo uma carinha adorável.

- Eu deveria ter te perguntado se você gosta antes, porque eu sempre ganho ingressos para os jogos dos Knicks, é início de campeonato e eu pensei que seria legal se a gente fosse assistir...

A princípio ela sorri e concorda com a cabeça, então quando tenho a oportunidade de olha-la novamente posso ver seu cenho franzido e uma expressão preocupada.

- Mas não tem muitos fotógrafos por lá, muitas pessoas e... – Percebo onde ela queria chegar.

- Bom, levando em conta no que Dinah fez... – Rio e Camila franze o cenho – Esqueci que você não mexeu no celular... ela postou uma foto onde nós aparecíamos no fundo, em um momento comum e normal, mas todo mundo começou a comentar e é. – Sinto minhas bochechas ficarem vermelhas e presto atenção no caminho – Mas se você não estiver com vontade de assistir ao jogo ou aparecer em público nós podemos...

- Não, está tudo bem, eu achei que você não se sentisse confortável em aparecer comigo em público.

- O que? Claro que não. – A encaro, com o cenho franzido – Eu só não quero que você se sinta pressionada ou extremamente invadida, por isso fui aparecendo em público com você gradativamente... – Explico – É horrível, eu sei, eles são extremamente chatos, só queria te acostumar... – Sorri, pousando sua mão em minha coxa.

- Quando eu não me sentir confortável com algo eu te aviso, da mesma forma que você deve me avisar, combinado?! – Concordo com a cabeça, segurando sua mão.

- Então você está ‘ok’ com toda essa situação, mesmo?

- Mesmo. – Assegura, fazendo um carinho com o polegar nas costas da minha mão – Lo, posso fazer uma pergunta?

- Pode.

- Porque tantos carros? – A encaro rindo, foi uma mudança drástica de assunto – Eu acho que não sei mexer no painel de nenhum. – Solto uma gargalhada e ela ri

- Porque eu gosto de carros, demorei para comprar meu primeiro carro.

- Por isso tem vários agora que pode? – Questiona e eu sorrio, a olhando.

- É, vai ver é por isso. – Sorrio, ligando a música – Ou vai ver é porque eu só gosto de andar com um carro diferente a cada dia, sem falar que facilita a confundir os paparazzis.

Estava uma enorme movimentação no estádio, para as pessoas que ficavam perto da quadra havia uma entrada especial que facilitava a entrada para os lugares. Parei atrás de Big Rob e nós descemos do carro, fiz um sinal para o meu segurança que estava tudo bem e que nós nos encontraríamos lá na frente, entretanto pude perceber sua insegurança em relação a esse ato, o que fez ele fazer eu esperar um dos manobristas para estacionar o meu carro em outro lugar, para que ele me acompanhasse.

Entrelacei minha mão com a de Camila, a guiando em direção a enorme barulheira que já havia dentro do estádio por conta dos torcedores loucos. Pude perceber o corpo de Camila se encolher assustado com o grito dos torcedores que apostavam enquanto passávamos por perto, uma mulher mostrou o caminho e apontou nossos lugares, pude perceber as duas cadeiras da frente e mais duas atrás, que seriam os lugares dos meus seguranças.

Ocupamos nossos lugares e Big Rob começou a fazer o caminho de volta para entrar na fileira de trás. Os olhos de Camila percorriam por todo o local, analisava tudo com uma certa curiosidade e admiração. Era algo muito legal de ver, principalmente da onde estávamos sentadas.

Minha acompanhante compartilhou que os únicos jogos que havia assistido ao vivo haviam sido os de Softball quando namorava comigo e os de Futebol Americano que Dinah sempre a arrastou para assistir. Mas confidenciou que amava assistir a liga de Baseball na televisão e nunca havia tido a oportunidade de assistir uma partida ao vivo, por ficar tanto tempo na California nunca conseguiu assistir um jogo dos Yankess –seu time favorito- já que quando acontecia deles jogarem lá nunca dava certo dela assistir.

O primeiro tempo não demorou para começar, enquanto eles jogavam ia explicando as regras e quais as táticas que os Knicks sempre usavam, quais eram os meus jogadores favoritos e o básico que ela precisava saber para entender tudo. Camila, diferente do que eu pensei, ficou muito interessada e até mesmo entrou no clima, assoviando e batendo palmas quando eles faziam cestas.

No primeiro intervalo acabei pedindo para Travor buscar algo para nós comermos, já que eu mesma não podia me levantar e buscar sem causar um certo tumulto. Conversamos mais um pouco e eu expliquei melhor do porquê de ganhar ingressos, da mesma forma que havia explicado para Dinah da primeira vez que fomos assistir um jogo juntas.

- Então é algo positivo para o clube? – Concordo com a cabeça.

- Uma vez sai com a camisa dos Knicks e várias pessoas passaram a frequentar os jogos deles, as mesmas camisas esgotaram nas lojas. – Rio, dando de ombros – E eu sempre apareço no telão. – Sinto a mão de Camila me cutucar e então olho para cima, me vendo no telão – Não disse.

Apenas olho para a câmera e sorrio acenando para a mesma, que ficava do outro lado da quadra, vendo algumas pessoas começarem a acenar e comentar sobre a minha presença. Depois de mim, a câmera foi focada em outros artistas que estavam ali, dirigi minha atenção para Camila e pude ver seus olhos pregados em mim.

- Temos sorte de não ter sido a câmera do beijo. – Sussurro e ela ri, beijando minha bochecha.

- Essa eu sei que aparece no intervalo entre o terceiro e quarto tempo. – Arqueio as sobrancelhas – É a parte mais fofa do jogo todo, a única que eu realmente gostava de assistir. – Concordo com a cabeça, rindo baixo.

Fomos interrompidas pelos gritos animados dos torcedores ao verem os jogadores entrarem em quadra novamente. Após alguns instantes Travor me cutucou no ombro, estendendo o que eu havia pedido, como depois do jogo sairíamos para comer pedi para o meu segurança pegar uma única porção de nachos e dois copos com as bebidas que havíamos escolhido.

O segundo tempo acabou com os Knicks na frente por dois pontos. No intervalo ficou passando algumas propagandas e as músicas ficaram tocando enquanto esperávamos o terceiro tempo começar, o que não demorou tanto para acontecer já que Camila e eu passamos o tempo todo conversando.

Conforme os minutos iam passando podia perceber que ela se soltava e a expressão abatida e cansada não ficava mais tão visível, provavelmente por conta dos enormes sorrisos e risadas altas.

O terceiro tempo foi o mais animado, já que ambos os times voltaram determinados e queriam ganhar, a todo instante uma das duas torcidas vibrava ao ver a marcação de pontos incríveis, a grande maioria de três pontos. Confesso que eu havia me empolgado em algumas partes, assim como Camila havia se assustada em várias já que os jogadores haviam chegado muito perto de nós, assim como a bola.

- Wow esse tempo foi incrível! – Comento ao escutar o apito final – Travor meu time vai acabar com o seu! – Rio divertida.

- Vão nada, Knicks não estão conseguindo manter a posse de bola. – Meu segurança comenta enfiando um punhado de nachos na boca, Camila e eu rimos a ver sua revolta.

- Mas são melhores em arremessos de três pontos. – Big Rob conclui, dando um gole em seu refrigerante.

Me viro e estico meu braço no descanso da cadeira de Camila, a trazendo para mais perto, beijando sua cabeça e sentindo o delicioso cheiro de seu cabelo em seguida. Camz sempre havia sido e provavelmente vai ser uma das pessoas mais cheirosas que eu vou conhecer em toda a minha vida.

De repente a música animada foi diminuindo e a balada romântica começou, subi meu olhar para o telão e pude ver o “Kiss Cam”, o coração já estava sendo reproduzido na tela e todos olhavam para a mesma. O primeiro casal a aparecer foi um casal com a idade dos meus pais, eles riram e não demoraram para se beijar; um casal mais velho riu e ela não demorou para agarrar o pescoço do marido e dar um beijão, fazendo todo mundo do estádio rir e aplaudir; um casal mais jovem apareceu e ambos negaram freneticamente com a cabeça mexendo a boca dizendo que eram irmãos; um casal de homens apareceu e eles sorriram e se beijaram rapidamente; então não pude deixar de arregalar os olhos com as duas pessoas que apareceram no telão.

Nós duas aparecemos no telão, ambas olhávamos para cima já que estávamos esperando que qualquer outra pessoa do estádio se beijasse, menos nós. Pude ver o pavor consumir os olhos de Camila, as pessoas cochichavam a espera de um beijinho simples, Camz estava tensa e totalmente apreensível. Virei para olhar o telão mais uma vez e vi Camila se curvar, beijando rapidamente a minha bochecha, sorri largo. A câmera não saiu de nós, decidida me virei e então colei nossos lábios por alguns instantes, escutando assovios e aplausos.

- Lauren o que você fez? – Sussurra extremamente baixo.

- Fiz o que todo mundo já sabia que a gente fazia. – Rio baixo – Só confirmei que nós beijamos quando ninguém mais está vendo.

- O que isso significa? – Sabia exatamente o que ela queria dizer com aquilo.

Nós não estávamos namorando, porque eu ainda acreditava em pedidos de namoro e todas essas coisas, mas hoje eu havia conversado com Dinah e ela realmente havia feito a minha cabeça –mesmo depois me estressando com as fotos-, talvez assumir que eu estava com alguém não seria de todo o ruim, eles falariam e eu não iria precisar me preocupar com as perguntas constrangedoras de sempre.

- Significa que nós podemos nos beijar em público agora, sem se preocupar com o que as pessoas vão dizer. – Roubo um outro selinho e Camila morde o lábio inferior, prendendo um largo sorriso.

O resto do jogo nós passamos abraçadas assistindo, felizmente meu time acabou com o time de Travor, o que gerou uma super comemoração vinda dos torcedores do Knicks. Tivemos que esperar um pouco para nos levantarmos, Big Rob ficou conosco enquanto Travor foi na frente para abrir espaço, assim fizemos, fomos pelo caminho que havíamos entrado.

Meu carro já estava estacionado estrategicamente para que entrássemos rapidamente, assim fizemos. Antes de sair do estádio informei para Big Rob onde estaríamos, meu segurança apenas pediu para que eu esperasse dentro do carro até ele chegar no local, apenas para não dar nenhum problema. Após a conversa não demorei para sair de lá, enquanto pegava a fila de carros para a saída ia ajudando Camila a mexer no painel do carro, apenas para conseguir tirar das estações de rádio para passar a ouvir as músicas que tinham em meu celular.

- Você tem seus próprios álbuns em seu celular? – Concordo com a cabeça.

- Claro que eu tenho. – Sorrio, conseguindo finalmente sair de lá – Quando é semana de lançamento minha mãe fica louca e divulga melhor que a gravadora, às vezes, ela obrigada todo mundo que tem uma conta no iTunes comprar. – Camila solta uma gargalhada e eu rio – Você ri, mas eu estou falando sério, chega a ser assustador.

- Ela só quer ver seu sucesso! – Ri, selecionando qualquer música – Você tem One Direction aqui?

- Eles são meus amigos. – Eu sempre havia escutado eles, mas na época que Camila e eu namorávamos eu preferia ouvir outras coisas - E além do mais as músicas novas são legais.

- Tudo bem, tudo bem... – Ri divertida – Onde nós estamos indo?

- Para a minha lanchonete favorita! – Sorrio, virando na esquina.

Por saber que Camila estava extremamente cansada não queria perder muito tempo lá, então nós iriamos lanchar e eu a levaria para a sua casa, precisávamos descansar para o dia de amanhã, ela principalmente. Assim que estacionei abaixei o vidro e não consegui ver o carro de Big Rob em lugar algum, entretanto pude ver a van de um dos paparazzis ali.

Começamos a conversar para passar o tempo, foi então que Camila se lembrou que tinha recebido algumas fotos de um amigo seu. A área leste do hospital no qual trabalhava na Ásia havia começado a ser reformado, grande parte de aparelhos mais do que necessários já haviam sido comprados e seriam levados no final da semana para lá, os medicamentos e coisas básicas são levadas de duas em duas semanas. Como o dinheiro havia sido muito o hospital de NY acabou decidindo tirar um pouco para comprar alimentos que haviam sido doados para a grande maioria população que se disponibilizou a pegar nas barracas dos estudantes.

Não sabia exatamente como me expressar naquele momento, o dinheiro que eu havia doado não faria nem um pouco de falta para mim, entretanto estava fazendo uma diferença absurda na vida de tantas pessoas, que teriam uma saúde muito melhor e até mesmo alimentos dignos por um bom tempo. Havia sido uma simples doação e não havia sensação melhor do que aquela, havia ganho minha semana toda com aquela notícia.

Levamos um pequeno susto quando Big Rob deu duas batidinhas no vidro, fazendo um sinal para que nós descêssemos do carro. Travor ajudou Camila, que não demorou para caminhar apressadamente em minha direção, entrelaçando nossas mãos e abaixando levemente a cabeça, já que haviam dois homens nos fotografando sem parar.

Entramos no estabelecimento e Travor se sentou perto da porta, enquanto Big Rob ficou perto de nós o tempo todo. Pegamos fila e esperamos a nossa vez chegar, enquanto Camila e eu voltávamos a conversar. O engraçado é que meus seguranças nunca se deram bem com as pessoas com as quais eu saía, provavelmente por conta de todas elas os verem como seres inferiores apenas por estarem trabalhando para me proteger, Camila conversava com eles e brincava com os mesmos, principalmente com Big Rob.

- Tori disse que dia vai vir? – Questiono passando a mão em meus cabelos.

- Sexta, assim ela fica até Domingo que vem por aqui. – Concordo com a cabeça – Vou pega-la no aeroporto se você quiser vir junto...

- Não acho que vai dar certo. – Coço a testa – Eu estou terminando de gravar as últimas músicas na parte da tarde e não acho que eu vou conseguir sair do estúdio, entretanto nós podemos sair para jantar com elas.

- Hummm tudo bem. – Sorri concordando com a cabeça – Já decidiu o que vai querer?

- Já sim e você? – Concorda com a cabeça.

- Oi, posso ajuda-las? – O garoto fala com a maior cara de tédio do mundo.

Fizemos nossos pedidos e passamos para a outra fila, Camila foi procurar uma mesa para nós e eu fiquei esperando nossos pedidos, o que não demorou muito. Assim que peguei a bandeja olhei para Big Rob, que fez um sinal com a cabeça informando que eu podia ir na frente, procurei Camila com os olhos e a encontrei em um lugar reservado, o que me fez sorrir.

Ela já havia gravado que não deveríamos sentar perto das janelas ou das portas, lugares que podemos geralmente sermos fotografadas.

Os bancos vermelhos eram estofados e davam até para três pessoas sentarem de frente uma para a outra, por esse motivo optei por me sentar ao lado de Camila e não a sua frente. Tudo, como estávamos sentadas e a comida em si haviam me lembrado os velhos tempos, era isso que quase sempre fazíamos quando passávamos um tempo juntas, aproveitávamos qualquer besteira e principalmente a companhia.

- Você ainda não perdeu essa mania? – Arqueio as sobrancelhas, confusa.

- Que mania? – Camila ri.

- Não comer todas as batatas, deixar algumas para poder passar no cheedar do lanche. – A encaro, rindo sem graça, eu nunca havia notado que fazia isso.

- E-Eu nem sabia que fazia isso todas as vezes. – Rimos e ela deita a cabeça em meu ombro.

- Você sempre fez isso, assim como deve ser a única pessoa que eu conheço que não bebe o refrigerante enquanto come, só depois que termina de comer. – Mordo meu lanche e a encaro, escondendo minha boca para poder falar.

- Não sinto sede enquanto como. – Pisco e ela sorri, bebendo seu refrigerante.

Ficamos naquele clima gostoso e descontraído, conversando e comendo sem se importar muito com o horário e muito menos com o possível transito que iriamos pegar depois que saíssemos de lá. Acho que eu nunca havia rido tão facilmente durante aquela semana como naquela uma hora que ficamos lá, Camila e eu mais falávamos besteira do que flertávamos uma com a outra, parecia mais que havíamos continuado nosso relacionamento da onde tínhamos parado do que começado novamente.

Peguei a bandeja e me levantei para jogar os recicláveis no lixo, pude ver Camila encarando o lado de fora por um bom tempo, assim que me aproximei ela disse que já voltava, indo para a fila novamente. Como a fila não estava grande Camz não demorou para fazer o seu novo pedido, o que eu estranhei já que ela havia dito a poucos instantes que estava satisfeita.

Quando pegou a sacola que continha seu pedido eu me aproximei, entrelaçando nossas mãos, Big Rob abriu a porta do restaurante e nós passamos, logo escutei o barulho dos flashes e os mesmos sendo disparados.

- Como estava a comida? – Questiona um deles.

- Se afasta! – Big Rob fica na frente dele.

- Nós só queremos algumas fotos, passamos a noite toda aqui esperando elas saírem.

Abaixo a minha cabeça e começo a andar mais rápido, puxando Camila. Abro a porta e antes que eu tenha tempo de fechar Travor me empurra delicadamente para continuar andando, antes de entrar no carro escuto Camila falar.

- Vocês estão com fome? – Paro de andar e olho sob o capô para ver o que ela fazia.

- Um pouco, ainda não jantamos. – Ele continuava tirando fotos dela, abro a porta do carro e posso ver ela abrindo o saco que tinha os lanches.

- Aqui... – Tira um lanche embrulhado de dentro – Na verdade pode ficar com tudo... – Sorri, estendendo a sacola para o paparazzi – Boa noite, pessoal. – Acena e Travor fecha sua porta.

- Você não ia levar para casa? – Pergunto confusa.

- Não, eu vi eles aqui fora... – Coloca o cinto e cruza os braços – Você pode ligar o aquecedor? - Cruza os braços.

- Mas porquê?

- Porque eu estou com frio! – Ri divertida.

- Não... não o aquecedor, porque você comprou comida para eles? – Aperto alguns botões do painel e logo o ar quente começa a preencher o carro.

- Está frio! E eles passaram um bom tempo nos esperando. – Da de ombros – Não gosto deles tanto quanto você, mas senti pena. – Sorri encostando sua cabeça no encosto.

Antes seria algo que eu faria, entretanto não agora, paparazzis me estressavam e como sempre são invasivos e não me permitem ter um único segundo de privacidade a partir do momento que piso fora de casa não vejo motivos para ser legal com alguém que só tira fotos para quase sempre tentar distorcer e degradar a minha imagem. Admirava a atitude de Camila, entretanto não era algo que apoiava.

Dou a partida e antes de sair de lá seleciono uma playlist que só tinha música calma e mais suave, algo que combinava com o momento. Depois de comer, encontrar um lugar quente e confortável no frio é mais do que relaxante, ainda mais quando se está com sono. Meu carro por ser meio grande tinha os brancos de couro preto grandes e muito confortáveis, Camila que o diga, enquanto eu cantarolava a música e fazia um carinho na parte de cima de sua mão ela acabou pegando no sono, me permitindo observa-la por alguns instantes quando eu era obrigada a parar nos sinais vermelhos.

- Camila? – Sussurro, tirando meu cinto de segurança – Chegamos... – Tiro a franja de seu rosto – Ei, Camz... – Faço um carinho em seu rosto, vendo ela semicerrar os olhos para abri-los por alguns instantes, piscando em seguida.

- Eu... dormi? – Questiona passando a mão pelo rosto, olhando ao seu redor – Meu Deus, eu sou uma péssima acompanhante para encontros... – Rio baixo e ela franze o cenho, fechando os olhos por alguns instantes novamente.

- Tudo bem, eu sei que você está bem cansada... – Abro a porta – Vamos, eu te acompanho até o seu apartamento.

Enquanto dava a volta na frente pude ver o quão perdida Camila parecia, ela não sabia direito o que fazer ou para onde ir, o que me fez rir baixo, abri a porta do carro e a ajudei descer do carro, abraçando sua cintura com um braço e com a mão livre fechando o carro. Caminhamos em direção a porta do edifício e ela observou as chaves por alguns instantes, escolhendo a maior e abrindo a porta em seguida.

Naquele momento, vendo o quão exausta ela se sentia me recordei dos dias que eu estava nesse estado por ter a agenda lotada, Camila mesmo não sendo médica ainda, trabalhava muito no hospital e eu não conseguia imaginar o quão exaustivo deveria ser ter que se lembrar a todos os instantes tudo o que aprendeu em seis anos mais ter a vida de uma pessoa em suas mãos.

- Você quer ficar um pouco em casa? Eu posso fazer um chocolate quente e...

- Eu acho que vou ter que recusar. – Sorrio timidamente – Sei o quanto você está cansada, precisa descansar, seu dia vai ser longo amanhã e eu não quero tomar ainda mais o seu tempo. – Camila franze o cenho e me encara fixamente.

- Tomar ainda mais o meu tempo? – Cruza os braços – Lauren eu amo passar o meu tempo com você, trabalhar no hospital é totalmente exaustivo, estar com você... nem um pouco. – Se aproxima, com um pequeno sorriso – E eu não ligo de perder algumas horas de sono para estar na sua companhia, na verdade, é uma honra não dormir para estar na sua presença.

- Você deve descansar, não quero te prejudicar... – Ela revira os olhos.

- Você deveria calar a boca.

Me puxa pela gola da jaqueta, colando nossos lábios. Meus braços rodearam sua cintura e colaram seu corpo contra o meu, seus braços abraçaram o meu pescoço, fazendo nossas bocas se encontrarem ainda mais. Camila deu um puxão delicado em meu cabelo quando seus dedos se emaranharam em minhas mechas, sua língua invadiu minha boca, totalmente sedenta por um beijo mais profundo. Apertei sua cintura quando sua língua percorreu apenas o meu lábio inferior, suspirei quando Camila sugou o mesmo lábio e o prendeu entre seus dentes, dando uma mordida delicada.

- Você deveria usar sua boca para outras coisas que não sejam falar besteiras como essas... – Cola nossos lábios em um novo selinho, me fazendo rir baixo.

- Não quero te prejudicar...

- Então não se afaste... – Olha no fundo dos meus olhos – Seis anos já bastam, não quero mais você longe de mim... – Roça nossos narizes, passando sua boca sobre a minha de uma forma superficial – O elevador chegou... tem certeza que não quer subir? – Sussurra perto do meu ouvido, trago saliva.

- Tenho. Você precisa dormir, Sra. Cabello. – Roubo um selinho – A gente se vê sexta, boa noite.

- Um último beijo. – Cola nossos lábios por um longo tempo – Hum agora sim, vai ser uma excelente noite. – Ri, entrando no elevador.

A porta se fecha depois de alguns instantes depois dela ter apertado o botão, me viro em direção a saída e sorrio, com toda a certeza aquela havia sido uma excelente noite.