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História Letters To Camila - Segunda Temporada - Personal


Escrita por: itscamren-yo

Notas do Autor


Hey pessoal,
Hoje o capítulo de hoje não ficou tão grande quanto eu achei que ficaria, e olha que eu acrescentei coisas, mas ele ficou exatamente do jeito que eu queria!! Espero que vocês gostem dele tanto quanto eu <3
Queria dedicar esse aqui para a Rae (a palhaça mais chata de todas), para a Rebeca que tem se mostrado uma amiga incrível e PARA A MALU QUE É FODA PRA PORRA E SEMPRE ME AJUDA EM TODAS AS HORAS COM LTC (to te devendo crepes).
Para o capítulo de hoje eu sugiro as músicas: Personal e Confetti da Tori Kelly; depois Love Will Come My Way do Ryan Beatty; Close Your Eyes da Meghan Trainor; Red da Taylor Swift. No Worries, All About You e The Heart Never Lies do McFly; We Own The Night da Selena Gomez; por último e não menos importante Bleeding Love e Footprints in the Sand da Leona Lewis (a letra dessa música é maravilhosa).
Boa leitura:

Capítulo 31 - Personal


Fanfic / Fanfiction Letters To Camila - Segunda Temporada - Personal

Assim que a música parou de soar em meus ouvidos comecei a escutar os aplausos e soltei uma gargalhada, batendo palmas e pulando no lugar. Nós finalmente havíamos acabado de gravar meu quinto álbum e eu podia sentir uma felicidade fora do normal se instalar no meu corpo, era mais do que gratificante terminar um projeto grande como aquele.

- Agora eu fico com o trabalho pesado, Laur. – Julian fala e todo mundo ri.

- Não acredito que nós finalmente acabamos! – Abraço David assim que saio da cabine.

Acontece que nas últimas semanas nós havíamos focado totalmente na gravação das últimas músicas, Spencer e eu ficávamos até tarde fazendo treinamentos vocais que auxiliavam muito a deixarem a música muito melhor e ainda mais fácil de ser cantada. Assim como a minha agente havia feito um tempo atrás, quando eu havia apresentado algumas músicas para ela, meu técnico vocal sugeriu que eu evitasse cantar determinadas músicas todas as noites durante a turnê para que minha voz não se desgastasse tanto.

- E você não vai acreditar quando o álbum se tornar um enorme sucesso. – Keyci segura o celular e eu concordo com a cabeça – Essa semana nós vamos focar na divulgação de Sledgehammer, tudo bem?! – Faço positivo com a mão.

- O que acha de um almoço para comemorar? – David questiona.

- Eu iria amar, mas tenho que me encontrar com Normani. – Beijo a bochecha dele – Entretanto podemos marcar de almoçar amanhã, o que acha?

- Apoio. – Sorri – Temos que conversar sobre algumas coisas. – Arqueio as sobrancelhas e David ri baixo – Mas agora vá, Mani odeia atrasos.

- Tudo bem, mas você não me escapa. – Aceno para todos – Qualquer coisa vocês me liguem, beijos. – Jogo beijo, pego minha bolsa e saio do cômodo.

Conforme o casamento do meu amigo ia se aproximando podia ver ele ficar cada vez mais nervoso e precisando de um apoio emocional, alguém para acalma-lo e distraí-lo e eu gostava muito de ser essa pessoa. Ashley e David resolveram adiantar o casamento para que desse tempo de eles aproveitarem a lua de mel antes da turnê começar, algo que eu achava muito bom, não queria que meu melhor amigo perdesse a fase inicial do seu casamento para sair em tour comigo.

Passo pela sala onde Tori estava gravando e abro a mesma, vendo minha amiga mexendo no celular e conversando com Jackson, o produtor que estava cuidando da produção do seu EP. Acontece que na semana passada Tori havia se apresentado para uma bancada que Simon montou, todos amaram sua voz, assim como amaram a demo independente que ela havia gravado a um tempo atrás e que estava disponível em vários lugares na internet. As pessoas gostaram tanto que Simon acabou por assinar com Tori, graças a isso minha amiga estava em New York e já havia começado a trabalhar.

- Psiu? – A chamo e ela me encara com um enorme sorriso, se levantando para me abraçar.

- Hey, Laur. – Guarda o celular.

Tori estava descalça, com os cabelos presos, uma calça preta com detalhes rasgados, uma blusa branca que tinha um bolso delicado no lado esquerdo e uma jaqueta jeans por cima. Minha amiga tinha uma expressão abatida, cansada para ser mais exata, só que o brilho intenso de seus olhos mostrava que ela estava feliz em estar ali para trabalhar com o que sempre quis.

- Não vai almoçar? – Aponta para a comida que estava em cima da mesa e eu concordo com a cabeça – Entendi, só vejo você trancada aqui agora. – Ri cruzando os braços – Descanse, sim?

Estar focado em projetos assim poderia ser algo bem exaustivo. No meu primeiro álbum eu fiquei tão animada que odiava ir embora descansar, queria ficar trancada no estúdio para gravar e então lançar qualquer coisa o mais rápido possível, queria todas as pessoas tivessem conhecimento do meu trabalho duro, algo que com o decorrer dos anos eu aprendi a fazer com moderação e calma.

- Pode deixar... – Ajeita a jaqueta.

- E Hannah, chegou bem? – Concorda com a cabeça – No começo é ruim ficar longe, mas você se acostuma! – Ela sorri fraco.

Hannah havia voltado para o Canadá já que ela que iria resolver o pedido de demissão do trabalho da esposa, mandar outras outras roupas e porque também tinha que trabalhar, afinal Tori tinha que focar em sua carreira. Tinha medo de que isso fosse uma das coisas que a fizesse desistir, ficar longe daqueles que amamos é bem difícil, entretanto, um bem necessário para que possamos alcançar nossos sonhos.

- Ela chegou bem. – Esconde a mão no bolso – É tão estranho ficar sem ela.

- Eu sei que sim, mas é algo que você vai ter que se acostumar. – Acaricio seu ombro, suspirando triste.

- Eu estou acostumada, por conta das viagens de trabalho dela. – Suspira – Mas dessa vez é diferente, estamos longe por minha causa. – Percebo o quão tensa ela fica.

- Tori você não está fazendo nada de errado, apenas está seguindo seus sonhos, não se esqueça disso – Minha amiga me encara e sorri, concordando com a cabeça – Tenho que ir, mas estou esperando você ir para a minha casa amanhã à noite.

- Fazer o que? – Franze o cenho.

- Vou te ajudar com algo, vamos gravar alguns covers e ir soltando aos poucos para as pessoas conhecerem melhor sua voz, sem falar que nós podemos gravar algumas originais suas. – Sorri timidamente, concordando com a cabeça – E olha, se você estiver se sentindo muito sozinha pode passar um tempo em casa, Ally não está ficando lá e o quarto de hospedes está vazio.

- Eu agradeço o convite, mas a gravadora está pagando o hotel por enquanto, Simon prometeu me arrumar um apartamento o mais rápido possível, porém Mila quer que eu fique com ela, vou para a casa dela no final da semana. – Cruza os braços, com um pequeno sorriso – Mas amanhã eu apareço em sua casa para gravarmos os covers. – Concordo com a cabeça.

- Agora eu vou, se cuida, qualquer coisa é só me ligar, tudo bem? – Me abraça apertado e eu sorrio.

- Obrigada, por tudo. – Fecho os olhos e abraço ainda mais apertado.

- Não precisa agradecer. – Beijo sua bochecha e então me afasto, acenando e saindo de lá.

Sai da gravadora e andei apressadamente na direção do meu carro, jogando minha bolsa no lado do passageiro, não demorei para sair de lá para ir até a casa de Mani. Iria almoçar com a minha amiga para que nós pudéssemos discutir algumas ideias que ela havia tido para a turnê. Como nesses últimos dias eu estava ocupada demais gravando as músicas finais do álbum Normani tinha montado algumas coreografias das músicas que eu já tinha certeza que estariam na playlist dos shows, Mani tinha gravado os dançarinos que havíamos selecionado meses atrás e iria me mostrar como tudo havia ficado.

Desci do meu carro e subi os degraus, apertando o interfone, não precisei nem completar minha frase, Normani já abriu a porta do edifício para que eu subisse. Assim que pisei em seu andar a porta do seu apartamento estava aberta, caminhei para dentro e senti um cheiro maravilhoso vindo da cozinha, ela provavelmente estava fazendo nosso almoço.

- Se o gosto estiver tão bom quanto o cheiro eu vou jurar de pé junto que você comprou a comida em algum lugar e está apenas encenando para que eu acredite que foi você que cozinhou! – Rio fechando a porta e caminhando em direção a cozinha.

Normani estava perto do fogão e parecia bem concentrada no que fazia, assim que colocou seus olhos sobre mim revirou os mesmos. Minha amiga vestia um short de algodão preto bem justo, uma blusa verde limão que cobria quase o short todo e seus pés estavam descalços, assim como seus cabelos estavam presos.

- Eu deveria deixar você passar fome. – Rosna e eu rio, beijando sua bochecha.

- Precisa de ajuda com algo? – Questiono olhando as panelas.

- Não, já está tudo pronto, estou dando apenas os toques finais. – Concordo com a cabeça.

Arrumei a mesa para que nós comermos enquanto Normani terminava o almoço, minha amiga pediu para que eu colocasse as panelas na mesa enquanto ela pegava o seu computador para que pudesse me mostrar as gravações daquela semana. Assim que ocupamos nossos lugares e servimos comida em nossos pratos Normani começou a conversar comigo.

Detalhes sobre a turnê precisavam ser resolvidos com antecedência, e como era eu que estava arrumando tudo eu precisava de muito tempo para que pudesse ver tudo calmamente, só para que o show saísse do jeito que eu tanto queria. Enquanto comíamos Mani ia me mostrando as coreografias que já estavam feitas e só precisavam de minha aprovação, assim como as mudanças que ela havia feito em várias outras coreografias, até mesmo se atrevendo a pedir para que algumas músicas fossem tiradas do repertório.

- Então você acha que é melhor não colocar? – Franzo o cenho.

- É... veja bem, as pessoas já escutaram essas músicas várias vezes nos shows que foram. – Concordo com a cabeça – E sem mais covers em cima das suas músicas, as pessoas vão no seu show para ouvir você cantar suas músicas e não de outras pessoas. – Solto uma gargalhada alta com a sua sinceridade – Foque mais nas músicas que vão ser lançadas nesse álbum.

- Tudo bem, nós podemos fazer. – Minha amiga sorri – E essa coreografia? – Franzo o cenho.

- Essa foi a coisa que eu estava bolando com o pessoal para ser a vinheta da sua turnê, como vão ter muitos telões um vídeo legal poderia passar antes de você entrar no palco. – Olho atentamente para a tela – E como você pediu três entradas diferentes nós bolamos três finais diferentes, já que cada dia você quer entrar por um lugar diferente. – Concordo com a cabeça e minha amiga sorri – Mas esses são detalhes que nós podemos lidar depois.

- Eu acho ótimo. – Eu nunca iria pensar em algo assim, dou uma garfada na minha comida – Camila adorou a coreografia de Sledgehammer. – Arregalo os olhos quando dou conta do que falei para ela – M-Minha mãe t-também elogiou s-seu trabalho. – Bebo suco e Normani me olha com o canto do olho.

- Diga a tia Clara que eu agradeço... – Olha para seu prato, dando ênfase no nome da minha mãe.

- Mani... – Suspiro – Vocês...

- Lauren eu já sei o que você vai pedir e isso não vai acontecer.

- Porque não?

Mesmo depois de me ouvir falando milhares de vezes sobre Camila com Dinah e Ally, de ver fotos nossas, de nos ver juntas e presenciar a entrevista que eu havia dado, minha melhor amiga não havia se convencido que Camz havia mudado, então Normani não se esforçava nada para ser educada e muito menos fazia questão de Camila.

- Porque ela te magoou, você não se lembra, mas eu sim. – Solta os talheres – Allyson também é uma idiota, nós duas ficamos cuidando de você por semanas, garantindo que você sorrisse e ficasse bem depois dela ter te largado em um chão, no meio da chuva. – Completa e eu suspiro, o assunto sempre parava ai.

David, Normani e Ally tiveram um grande trabalho de me tirar da famosa fossa que as pessoas ficam depois que um relacionamento importante acaba. Quando minhas amigas não podiam estar comigo David não me deixava sozinha, Mani chegou até mesmo matar aulas na faculdade para fazer companhia a minha pessoa em sextas a noite.

Primeiros grandes amores são uma grande fraqueza que todo mundo tem, acontece que Camila conseguia ser a fraqueza das minhas fraquezas, algo que jamais iria conseguir superar por vivenciar tantas coisas com ela de uma forma tão intensa. Eu realmente entendia o ponto de vista de Normani, acontece que eu não consegui resistir, foi muito mais forte do que eu.  Apenas queria que minha melhor amiga se desse bem com Camila, para que todo mundo pudesse sempre se encontrar e consequentemente ficar um clima legal, nada tenso.

- Ela mudou, você saberia isso se você falasse com ela... – Murmuro.

- Mas não muda o fato que foi uma completa babaca com você anos atrás. – Suspira, empurrando o seu prato – Lauren ela...

- Ela é quem eu amo, Normani. – A encaro – É ela que eu sempre vou amar. – Trinco o maxilar – Eu não tenho culpa de ter me apaixonado por ela, de gostar tanto dela a ponto de sentir minhas pernas tremerem só de pensar em estar ao seu lado. – Passo a mão pelo rosto – Eu sei que não dá para mudar o passado, Camila também sabe disso... tanto que está tentando mudar o futuro, ela está realmente diferente e ainda mais incrível, Camila me faz tão feliz e...

- Eu sei. – Cruza os braços, me olhando finalmente – Sei tudo isso, você fica com um sorriso tão babaca no rosto quando está com ela. – Revira os olhos e eu sorrio de canto, Mani me zoando era meio caminho andado.

- Então... você sabe, Mani... eu não consigo evita-la, eu não consigo deixar de ama-la e muito menos deseja-la. – Comprimo os lábios – Não estou pedindo para você idolatra-la, muito menos esquecer o que Camila fez no passado... só tente não a fuzilar com o olhar, tente viver em harmonia... por mim.

Minha amiga ficou em silencio por um longo período, me fuzilando com os olhos e respirando fundo, sabia que ela queria dizer algumas coisas, entretanto apenas negou com a cabeça e comprimiu os lábios.

- Eu vou tentar. – Sorrio largo e a abraço pelo pescoço – Tentar. – Começo a lota-la de beijos demorados – Eca, para de babar em mim, sua nojenta. – Empurra o meu rosto e eu rio, sorrindo largo para minha melhor amiga.

- Obrigada. – Suspiro feliz, contendo um largo sorriso ao ver seu olhar repreendedor.

- Vamos continuar, temos muita coisa para fazer. – Muda de assunto.

Eu sabia que isso não seria nada fácil para Normani, afinal ela era extremamente protetora comigo, porém eu sabia que ela iria se esforçar por mim, minha melhor amiga só visava a minha felicidade e por esse motivo sabia que iria dar uma nova chance para Camila. Então ali ficamos, conversando, rindo e discutindo sobre as mudanças e aprovações sobre as coreografias incríveis que Normani Rainha Kordei Hamilton havia feito.

No caminho arregaço as mangas da minha jaqueta de couro, estava com um pouco de calor mesmo estando com um vestido soltinho e muito confortável para passar o dia, só que eu jamais poderia sair com apenas ele, passaria frio se fizesse isso. Sorri aliviada quando abri a porta da garagem do meu prédio e entrei no mesmo.

Checo meu reflexo no elevador, desço meu olhar para meu celular, apenas para checar mais uma vez o que eu já sabia, franzo o cenho e sem conseguir me conter faço um bico frustrado ao não ver nenhuma mensagem de Camila. Ela não havia conversado comigo desde ontem, muito menos visualizado minhas mensagens, entretanto eu sabia que o que havia mandado tinha sido entregue e que ela tinha entrado para ver outras mensagens no aplicativo, o que me deixou levemente frustrada e magoada.

Ela estava me ignorando.

Assim que abro a porta e fecho a mesma antes que possa pensar em subir as escadas fico parada no lugar, encarando minha governanta sentada em uma das cadeiras que geralmente ficam no andar de cima e na sacada, franzo o cenho ao ver um livro de capa azul em seu colo e seu sorriso ansioso.

- Lea? – Franzo o cenho – O que você está fazendo aí?

Podia perceber que ela não estava agindo normalmente, não somente por estar sentada no meio de um lugar totalmente aleatório, mas por conta de ter um sorriso estranho no rosto.

- Porque essa cadeira está bem aqui no meio da passagem? – Coloco minha bolsa em cima da mesa e cruzo os braços – Se você quiser ler você pode fazer isso em um lugar mais convencional, você sabe... – Tento soar o menos sarcástica o possível.

- Sra. Jauregui... – Ri divertida e eu sorrio sem graça, sem entender a piada - Preste muita atenção, você está numa missão. – Comenta divertida e eu arqueio as sobrancelhas.

Olho novamente para suas mãos e vejo que o livro era A Esperança, o último da saga Jogo Vorazes, havia um papel saindo do livro. A última vez que eu havia visto aquele livro tinha sido quando Camila leu o mesmo ao meu lado nas férias que passamos juntas, antes de terminarmos, ela vivia lendo essa saga repetidas vezes por acreditar que era a melhor de todas.

- O que está acontecendo? – Pergunto séria, minha governanta levanta e entrega o livro.

- Deveria folhar o livro, alguém me disse que é uma excelente trama para poucas páginas. - Era o que Camila sempre dizia.

Com um pequeno sorriso minha governanta pega a cadeira e começa a subir as escadas com a mesma, franzo o cenho e pego encaro o livro. Assim que abro o mesmo vejo um pequeno envelope azul tinha o número um com o meu nome escrito ao lado, em uma caligrafia conhecida. Sinto meu coração bater de uma forma acelerada e rapidamente deixo o livro em cima da mesa, pegando o envelope e abrindo o mesmo.

“Hoje é um dia importante, o dia de uma grande surpresa para você, então leia atentamente as dicas e pense muito bem antes de tomar o próximo passo. Pensei em trazer Miami para New York, pensei até mesmo em voltar no tempo para que possamos relembrar bons momentos. Te desafio a me encontrar. Você acaba de pegar a primeira pista, tente encontrar a segunda. Nosso primeiro beijo aconteceu em uma sala, nada impede do segundo envelope estar na sua, boatos que você sempre foi fã de filmes infantis envolvendo água.”

- Lea? – Subo as escadas, encontrando a senhora com um pequeno sorriso – O que é isso? Camila esteve aqui?

- Sim, senhora. – Fecha a porta – Mas não estou autorizada a dizer nada, isso estragaria a surpresa.

Camila nunca havia entrado em minha casa sem que eu a convidasse, tanto que ela agora sempre me ligava para fazer visitas e grande parte do tempo nós íamos para o seu apartamento e não para o meu. Era estranho e de certa forma ousado ela ter vindo no meu lugar, apenas para bolar algo legal para nos vermos.

– Se eu fosse você começaria a procurar o próximo envelope, boatos que existem vários outros. – Passa por mim e começa a descer as escadas.

Sem entender nada começo a pensar. Filmes infantis? Primeiro beijo? Franzo o cenho e olho ao meu redor, caminhando em direção onde os DVDs ficavam. Meu primeiro beijo com Camila aconteceu depois de passarmos a noite com Sofia, naquela noite eu brinquei bastante com a pequena e nós assistimos um filme para passar o tempo.

Começo a olhar os DVDs tentando lembrar qual filme infantil havíamos assistido, Sofia amava assistir tantos filmes, tanto que Camila e eu passamos boa parte do nosso namoro vendo filmes infantis com a pequena.

Estava curiosa demais para saber onde Camila estava e o motivo para tantos segredos, por essa razão olhava rapidamente cada capinha para procurar o DVD certo, só que não conseguindo me recordar do filme por nada, optei por separar todos os filmes de animação que eu tinha naquela estante para que quando eu visse o nome de um deles iria me recordar de qualquer coisa que desse uma pista ao filme que eu tanto procurava.

Recordo que Camila havia dito algo sobre água, quando vejo o DVD de “A Pequena Sereia” rapidamente abro o mesmo, não encontrando envelope azul algum dentro do mesmo. Continuo procurando, observando atentamente nome por nome, para garantir que eu conseguisse ver assim que colocasse os olhos. Puxo uma capinha que era toda azul e sorrio largo quando noto qual filme era, tendo certeza que era aquele filme que havíamos assistido antes do nosso primeiro beijo.

Abro o DVD de “Procurando Nemo” e sorrio largo ao ver o envelope azul número dois na parte de dentro.

“Além de ser uma grande fã de filmes infantis você sempre foi uma grande fã de piqueniques, tanto que acabou me tornando uma grande fã também. Sua segunda pista é: tínhamos um lugar especial no nosso parque favorito em Miami, e como piquenique sempre foi algo essencial em nossos encontros acabamos por também acharmos um lugar especial para fazermos nossos piqueniques em New York.”

Sem nem precisar me esforçar Central Park vem a minha mente.

Desço as escadas com o segundo envelope em mãos, encarando minha governanta que me encarava com um sorriso engraçado no rosto, peguei minha bolsa e lancei um beijo no ar, saindo do meu apartamento logo em seguida.

Estava um pouco confusa, Central Park era imenso, como eu saberia onde exatamente procurar sua pista? Mesmo que eu fosse para a área que assistimos Grease demoraria meio século para encontrar o próximo envelope azul com o meu nome.

Depois de pegar um pouco de transito, não deixando nem mesmo isso me impedir de continuar, assim que desci do carro peguei os dois envelopes que já tinha e meu celular, checando se ela não havia me mandado mensagem com alguma pista ou qualquer outra explicação para que eu descobrisse do porquê de tudo isso, só que isso não havia acontecido.

Entro no parque e olho ao redor, só então notando que eu não tinha nenhum segurança comigo e muito menos algo para disfarçar que eu era. Tento chamar o menos de atenção que consigo, caminho normalmente até a área que havíamos ficado da última vez para assistir Grease, aproveitando a linda vista do parque enquanto caminhava. Por estar começando a dar indícios que iria escurecer fiquei ainda mais tranquila, a pessoa teria que me olhar por um longo tempo para me reconhecer.

Paro no lugar onde havia acontecido o festival de filmes, olho ao meu redor e então vejo um “armário” gigante parado no meio da grama. Big Rob segurava o próximo envelope azul e devida a sua localização ele realmente estava no lugar onde nossa toalha havia sido estendida quando viemos para cá, solto uma risada baixa e caminho até ele.

- Até você está metido nisso? – Me estende o envelope número três – Deixa eu adivinhar “você não pode me dizer nada”? – Concorda com a cabeça e eu reviro os olhos.

- A garota está tentando fazer algo divertido, não seja estraga prazeres. – Bagunça meus cabelos e eu rio, os ajeitando melhor - Leia logo. – Fala meio curioso e eu rio pelo nariz, dando os outros envelopes para ele segurar e abrindo o novo envelope em seguida.

“Ainda bem que você tem uma boa memória, mas confesso que facilitei ao colocar Big Rob segurando a terceira dica. Ele está envolvido para que você possa transitar nos lugares em público em segurança, entretanto, não pode ajudá-la a lembrar de nada ou facilitar a descoberta das próximas dicas, você tem que se recordar das lembranças e suas memórias, falando em lembranças e memórias, seu quarto envelope está no meio das minhas.”

O escritório de Camila, onde um enorme mural de fotos das suas lembranças e memórias favoritas se encontravam através de fotografias reveladas.

Guardei o cartão dentro do terceiro envelope e juntei os três, fazendo um sinal com a cabeça para que Big Rob me acompanhasse. Dessa vez eu fui parada por um menino, que pediu uma foto para mim, antes de continuar meu caminho ajeitei meu cabelo e então pousei para a foto com ele e depois com a sua namorada, me despedindo dos dois e indo para o meu carro, queria chegar logo no apartamento de Camila, que não era muito longe dali.

Não demorou absolutamente nada para que eu estacionasse no lugar de sempre, pedi para que Big Rob esperasse dentro do carro que eu já voltava ou mandava uma mensagem para ele, aproveitei que um homem saía do prédio para entrar no mesmo, peguei o elevador e subi para o andar de Camila. A porta de seu apartamento estava destrancada, antes de invadir totalmente sua casa chamei pelo seu nome e até dei uma rápida olhada, quando não tive resposta alguma caminhei diretamente para o seu escritório, vendo o envelope azul pregado junto com as fotos em seu mural.

Assim que tirei o envelope pude ver uma foto nova nossa revelada, eu estava de olhos fechados roçando meu nariz em sua bochecha, minha testa estava encostada em sua cabeça, nossos olhos estavam fechados demonstrando o quanto aproveitávamos estar na nossa bolha, uma de suas mãos acariciavam o meu rosto e a outra tirava a foto. Na manhã que passamos juntas antes de eu ir para Los Angeles nós havíamos tirado várias fotos, inclusive aquela, durante nosso café da manhã.

“Fico feliz que você se lembre onde minhas memórias estão, você pode ver que adicionei mais algumas ao mural, me ajude a fazer mais uma memória essa noite, me encontre. O quinto envelope está também com uma pessoa conhecida, se encontra na esquina mais doce e aconchegante da cidade.

P.S: Não se esqueça de pegar a sobremesa do nosso jantar.”

Saio do cômodo com o envelope em mãos e franzo o cenho. Sobremesa? Esquina mais doce e aconchegante? Continuo andando pelo apartamento e apoio minha mão na bancada da cozinha tentando pensar onde era o lugar que Camila havia dito. Olho para a parede de avisos e vejo a anotação dela “comprar café e leite”.

A cafeteria onde nós havíamos tido nosso primeiro café da tarde depois de todos esses anos, também havia sido em uma cafeteria de esquina em Miami que nós havíamos tido a nossa primeira longa conversa depois de termos nos conhecido, certeza que era lá onde minha próxima pista estaria.

Não demoro nada para entrar no carro e rir para Big Rob, ligando o carro e saindo de lá logo em seguida para dirigir em direção a cafeteria. Demorou um pouco, afinal a cafeteria ficava tão distante da minha casa quanto da casa de Camila, fora que a cidade estava mais movimentada que o normal, o que gerava um transito desnecessário nas ruas.

Assim que desço do carro olho para o céu, a noite já estava quase tomando conta de todo o céu daquela cidade linda. Big Rob e eu entramos na cafeteria e eu olho ao redor, indo diretamente para a mesa onde nós sempre nos sentamos, procurando se o envelope estava por ali, entretanto não tinha nada. Vejo que Jessie estava lá, o que não era comum, já que ela ficava na parte da manhã e metade da tarde, depois outra pessoa pegava o próximo turno.

Quando a garçonete coloca os olhos sob mim abre um largo sorriso, faço o mesmo e me aproximo da bancada, sem saber direito o que perguntar.

- Jessie, alguém deixou um... envelope azul em meu nome? – Sussurro.

- Sim! – Ri divertida - Camila também disse que você iria passar para pegar o doce que ela encomendou. – Sorri gentil, entregando o envelope – Vou pegar a sobremesa, já volto.

“Você encontrou o quinto envelope, enquanto Jessie pega a sobremesa você pensa na próxima dica. Quando nos conhecemos você me disse que queria trabalhar com música, quando você veio para New York pela primeira vez, depois de ter assinado com a Syco Records, se apresentou em um dos melhores lugares da cidade naquele tempo, é nesse lugar que o sexto e último envelope se encontra. Não se esqueça de levar a sobremesa com você.”

- Prontinho. – Me entrega o embrulho.

- Quanto ficou? – Pergunto pegando minha carteira.

- Oh não, ela já deixou pago. – Sorri gentil – Mais alguma coisa? – Nego com a cabeça – Tudo bem, tenha uma boa noite, Laur.

- Você também... – Sorrio vendo ela se afastar para atender outros clientes que haviam entrado.

Fazia muito tempo, já havia me apresentado em tantos lugares nessa cidade, não conseguia me recordar de jeito nenhum do local onde eu havia me apresentado pela primeira vez, isso me deixou frustrada, eu nunca esquecia essas coisas. Me apoio na bancada e pego no Twitter, rapidamente digito se alguém sabia me dizer onde havia sido o primeiro lugar que eu havia me apresentado em New York, mas antes que eu possa enviar escuto a voz grossa de Big Rob.

- Vou dedurar você. – Olho para trás, o encarando – É para você se lembrar, não seus fãs. – Bufo frustrada, vendo meu segurança cruzar os braços.

Guardo meu celular no bolso e leio o bilhete mais uma vez, tentando me lembrar de qualquer coisa que me fizesse recordar o nome do primeiro lugar que eu havia me apresentado, ao menos, o endereço. Mas nada vinha a minha mente, eu nem podia pesquisar sem que Big Rob brigasse comigo e fizesse minha consciência pesar.

- Roxy, como você está? – Jessie cumprimenta a cliente que se aproxima do balcão.

Esse era o nome.

The Roxy Theatre era o primeiro lugar que eu havia me apresentado, tinha capacidade para pouquíssimas pessoas, que pareceram muitas na primeira vez que eu havia me apresentado, lembro que tanto David quanto eu ficamos com um frio na barriga com a apresentação e foi o primeiro show que eu chorei, apenas por conta dos meus fãs me surpreenderem durante uma das músicas. Entretanto eu tinha certeza que o lugar havia se fechado, afinal por ser em um lugar afastado de qualquer coisa aberta ao público e no meio de edifícios residenciais o local acabou se tornando um cinema de uma única sala que passava somente filmes antigos.

- Já sei, agora nós podemos ir. – Rio divertida, pegando a sobremesa de cima do balcão e caminhando para fora do estabelecimento acompanhada do meu segurança - É o The Roxy Theatre, certo? – Pergunto e ele continua em silencio, se fazendo de desentendido – Vou levar isso como um ‘sim’.

- Você é rápida. – Coloca o cinto e eu sorrio.

- Acontece que eu tenho uma excelente memória.

- Mas você esqueceu meu aniversário esse ano. – Me encara descrente.

- Exceto para datas. – Rimos baixo e eu digito o nome do teatro no GPS – Sou péssima com datas, porque você acha que eu tenho uma assistente?! Ela me lembra desses pequenos detalhes! – Mostro a língua, saindo de lá, seguindo as instruções do GPS.

O GPS havia dado as coordenadas erradas, o que me fez demorar mais do que realmente seria necessário, entretanto depois de discutir com Big Rob sobre o lugar que deveríamos ir acabamos finalmente achando o The Roxy Theatre. Sua faixada não era tão bonita quanto eu me recordava, os pôsteres dos filmes que passavam durante o dia tinham a hora da sessão, mas não havia qualquer sinal de pessoas por lá.

Big Rob e eu descemos com a sobremesa em mãos, caminhamos até a entrada e eu empurrei a porta para que pudéssemos passar, o loby estava vazio, a única coisa cheia no lugar era a bancada de vidro com os doces a venda, até mesmo a máquina de fazer pipoca estava vazia e brilhando de limpa. O lugar era extremamente limpo, isso pelo menos. Chamei por qualquer pessoa e andei pelo local, tentando procurar o próximo envelope e o sinal de que qualquer pessoa estivesse lá, mas não tive qualquer sucesso.

Entrei em um corredor, escutando os passos do meu segurança logo atrás de mim, a porta que possibilitava a entrada no auditório, onde antes acontecia os shows e agora era uma sala enorme de cinema, tinha o sexto envelope pregado na porta. Olho para Big Rob e desprego o envelope azul da porta, abrindo o mesmo e então retirando o último cartão de dentro.

 “Esse foi o primeiro lugar que você se apresentou, agora se tornou um ótimo cinema e você sabe, nós sempre fomos fãs de cinemas durante a semana. Você me encontrou, mais uma vez. Deixe a sobremesa com Big Rob e então entre no auditório, vou estar te esperando em um bom lugar, sua surpresa está atrás dessa porta.”

Big Rob estende a mão e eu entrego o envelope, assim para que ele pudesse guardar junto com os outros enquanto eu via qual era a grande surpresa que Camila tanto havia dito e despertado tanto minha curiosidade, respiro fundo e empurro delicadamente a porta que dava entrada no auditório.

Camila estava sentada bem no meio do cômodo, silenciosamente caminhei em sua direção, conseguindo sua atenção conforme me aproximava mais do lugar onde ela estava. Camz vestia uma calça jeans branca, top cropped e uma jaqueta por cima, tendo um cachecol em seu pescoço. Ocupo o lugar ao seu lado e ganho um largo sorriso em troca.

Camz se curva e cola nossos lábios, em um rápido selinho.

- O que nós estamos fazendo aqui? – Questiono confusa.

- Silencio, vai começar. – Segura minha mão, sorrindo timidamente, enquanto olhava para trás.

Viro meu corpo e vejo um homem na parte de cima, ao lado de um projetor, olho para a frente e vejo uma contagem regressiva começar a se reproduzir no enorme telão branco. Franzo o cenho quando vejo a imagem que era reproduzida.

“O antigo quarto de Camila na casa de seus avós estava sendo reproduzido na tela do cinema, até que eu entro na frente da câmera e meus olhos puxados em um tom azulado ficam bem no foco da câmera, eu ajeitava o objeto enquanto sorria e escutava Camila rindo ao fundo de qualquer besteira. Não demorei muito para ajeitar melhor a câmera e consequentemente me afastar, caminhando em direção a Camila, que tinha várias caixas a sua volta.

 - Venha, Lauren, eu não consigo erguer isso. – Empurro uma das caixas com o pé – Eu preciso guardar tudo dentro do closet.

- Eu sei, estou apenas ajeitando a câmera, você que teve essa ideia de registrar momentos. – Ando em sua direção e abraço sua cintura, colando nossos lábios – Você é fraquinha, por isso não consegue erguer. – Rio e levo um tapa no braço.

- Me ajude, achei que você tivesse vindo para me ajudar a empacotar e guardar as coisas, não para ficar rindo da minha cara. – Começa a empurrar as caixas para dentro do closet, onde eu estava.”

Havia feito aquele vídeo quando nós decidimos que seria legal começar a gravar nossos momentos juntas, para que assistíssemos quando estivéssemos longe uma da outra, apenas para reviver os momentos e matar um pouco das saudades que provavelmente estaríamos sentindo uma da outra.

Aquele em especial é quando estávamos empacotando suas coisas para que ela pudesse ir para Stanford.

“O vídeo troca quando nós começamos a rir por algo que não dá para ver já que a câmera ainda estava apoiada na cômoda e não dentro do closet conosco. O som de maresia ecoa pelo auditório, junto com risadas distantes e conversas altas, a imagem do mar ocupa a tela do cinema e então eu apareço.

Eu estava bem mais jovem, obviamente, meus cabelos mais claros e minha pele levemente bronzeada, eu estava com uma saída de praia branca e óculos de sol, mesmo estando um pouco escuro no vídeo.

- Lo. – Olho para a câmera e sorrio quando vejo o que ela fazia.

- Está filmando nós duas observando o pôr do sol? – Questiono tirando meus óculos – Isso é algo que você quer se recordar? – A câmera se mexe repetidamente, como se concordasse, rio e então passo a mão pelos cabelos mais claros e mais compridos.

- Que dia é hoje? – A voz de Camila questiona ao fundo.

- Dia 19 de Agosto, é sábado. – Coloco os óculos novamente.

- E o que fizemos hoje? – Pergunta.

- Nós ficamos na praia o dia todo, comendo, nos beijando, rindo e cantando com os nossos amigos. Nós também entramos no mar, por isso meu cabelo está assim. – Caminho para perto da câmera – E por isso que você está com as bochechas rosadas, porque tomou muito sol. – Viro a câmera para nós.

Camila também estava bem mais nova, suas bochechas realmente estavam bem rosadas, sorria largamente e dava para ver que ela estava com um biquíni rosa. Eu a abraçava para trás enquanto eu falava Camila beijava a minha bochecha me fazendo dar um sorriso enorme e contagioso. Aproveitando que eu filmava, Camz fica de costas para a câmera e abraça o meu pescoço, deitando a cabeça em meu ombro, colando seu corpo no meu.

- E o que nós somos? – Questiona em um tom risonho.

- Sabe que eu não sei?! Acho que somos primas. – Rimos e ela me morde – Aí, nós somos namoradas.

- A quantos meses?

- Um ano e dois meses. – Olho para ela e nós sorrimos – Me ama a tanto tempo assim? – Questiono ainda segurando a câmera, entretanto por estar olhando para Camila eu filmava mais o céu do que nós duas.

- Muito mais, amo a mais tempo do que isso.

- Então porque demorou tanto para dizer que também me amava? – Camila solta uma gargalhada e eu faço um bico fingindo estar triste.

- Porque eu precisava ter certeza. – Segura o meu rosto e me beija.”

Havia vídeos de nós em Stanford, na minha casa, eu me apresentando, algumas outras pessoas também apareceram. Todos aqueles vídeos haviam sido gravados quando nós passamos a ficar mais tempo separadas do que juntas, e mesmo tendo sidos gravados a tanto tempo conseguiram causar um reboliço enorme de sentimentos dentro de mim. Antigamente nós duas tínhamos copias de todos daqueles vídeos, entretanto, eu acabei por apagar todas as minhas cópias em um dos meus momentos de raiva após o fim do namoro.

O pequeno filme acabou com um vídeo onde Camila estava no meu colo e nós estávamos dentro da piscina na casa de Veronica, todo mundo estava nadando e quem filmava era Ally, ela gritava pedindo para que todo mundo desse ‘tchau’, então todo mundo começou a berrar os tchaus e acenar para a câmera, Camila e eu acenamos e eu beijo a bochecha de Camila, então o filme acaba.

Olho para Camila ao meu lado, que sorria timidamente e me encarava atentamente, seus olhos entregavam sua ansiedade em me ouvir dizer quaisquer palavras. Solto uma risada baixa e passo a mão pelos olhos.

Talvez eu tivesse me emocionado um pouquinho.

É estranho quando te entregam algo que te faz reviver momentos inesquecíveis e maravilhosos, como por exemplo comer uma comida que te lembra sua infância ou escutar uma música que fez parte da trilha sonora da sua vida. Só que esses vídeos eram como tapas e chutes, como se alguém dançasse em meu coração, assistir esses vídeos seria o equivalente a abrir a minha cabeça e pegar minhas memórias favoritas para colocar tudo em um filme.

Me curvo e colo nossos lábios, a beijando, dessa vez querendo prolongar aquele momento. Os lábios de Camila estavam quentes, macios como sempre. A princípio foi um choque gostoso de bocas, seus dedos delicados acariciavam minha nuca e me puxavam mais para ela. Logo após sugar seu lábio inferior invado sua boca com a minha língua, começando uma batalha que não precisava de um ganhador. Separamos nossos lábios com longos selinhos e quando tentei afastar nossas bocas Camila fez questão de dar uma mordida delicada em meu lábio inferior, puxando para ela e me fazendo suspirar.

- Camz... – Levanto o apoio de braço que ficava entre os acentos, possibilitando nossos corpos de ficarem mais próximos – Porque isso? Porque os envelopes? Esses lugares e esse vídeo?

- Porque eu queria te lembrar de como tudo sempre foi maravilhoso entre nós e para isso eu precisava daquilo que nos uniu: as cartas. – Comprime os lábios – Eu precisei te lembrar, ou tentar, dos lugares que sempre gostamos de ir e todos os melhores momentos que nós fazíamos questão de gravar, apenas para que quando estivéssemos sozinhas soubéssemos que não estávamos sozinhas de fato. – Segura minhas mãos – Nós assistíamos esses vídeos até quando estávamos juntas. – Rio baixo, concordando com a cabeça.

Depois que nós gravávamos gostávamos de ver quais haviam sido os melhores, porque assim a gente já passava para o computador e deixava salvo em todos os lugares, para que quando sentíssemos saudades era só abrir o arquivo e assistir.

- Quando achei esses vídeos a ideia de montar um vídeo só surgiu, mas também minha consciência pesou por me fazer lembrar que poderíamos ter passado todos esses anos assim, recheado de mais lembranças. – Comprimo os lábios e suspiro, desviando o olhar, rapidamente Camila leva a mão no meu queixo e me faz olha-la – Eu sei que nós não podemos voltar atrás e mudar o que aconteceu anos atrás, mas eu sei que posso dar o meu melhor para garantir nossos próximos anos juntas... – Sorri de canto, totalmente apreensiva – Deus, estou tão nervosa. – Ri pelo nariz enquanto respirava fundo mais uma vez para conseguir falar.

- Não precisa ficar nervosa... – Rio baixo e a encaro.

- É claro que é preciso, eu não sei como fazer isso.

- Isso o que? – Franzo o cenho.

- Te pedir em namoro.

Os olhos de Camila arregalam quando ela dá conta do que acaba de dizer, abro minha boca repetidas vezes e sinto meu coração começar a bater mil vezes mais rápido do que antes, percebo que sua respiração fica descompensada e posso ver suas bochechas ficarem extremamente vermelhas, assim como sinto suas mãos começarem a suar.

- Não era para ter saído assim. – Fala apavorada – Deus... – Solta nossas mãos – E-Eu só queria que isso fosse perfeito, porque é para você e você merece algo inesperado e perfeito. – Passa a mão pelos cabelos – Eu nunca consigo fazer coisas nesse nível, mas eu planejei isso por semanas, me esforcei para dar certo e chegar aqui, pronta para falar tudo o que eu quero te falar e você merece ouvir... – Sua voz vacilava, nunca havia visto Camila tão nervosa como naquele momento -  Entretanto eu nem consigo fazer isso, era para ter sido algo bonito e...

- Camila...

- Eu pensei em te levar para jantar, pensei em te levar para algum lugar legal, até mesmo pensei em te levar para Miami para que eu pudesse te pedir em namoro no mesmo lugar que você me pediu... eu pensei em vários presentes... – Começa seus monólogos – Eu pensei em todas as opções possíveis e nada chegava perto do que você realmente merecia para um pedido de namoro perfeito, acabei chegando à conclusão de que eu poderia me esforçar para te dar a melhor coisa do mundo e ainda assim não seria o suficiente para você, porque você merece mais, muito mais. – Entrelaça nossas mãos e passa a língua sobre os lábios.

- Camz... – Coloca o dedo sob meus lábios, me impedindo de falar.

- Ensaiei isso tantas vezes e acho que nem assim vai sair o que eu realmente quero falar... – Ri sem humor – Depois de pensar em todas minhas opções optei por algo complicado e romântico, algo que eu sabia que iria significar muito e seria divertido de fazer. – Acaricio suas mãos com meus polegares, tentando a deixar o menos nervosa possível – Nós duas sabemos que eu não sou a pessoa mais fácil do mundo, nem posso te oferecer grandiosidades, muito menos posso te oferecer um relacionamento perfeito... porque isso não será possível. Mas eu posso te oferecer todo o amor do mundo, posso garantir que sempre vou estar lá para você... mesmo que não seja necessariamente ao seu lado, posso te oferecer o dobro toda a cumplicidade, honestidade, fidelidade e felicidade que qualquer outra pessoa poderia oferecer. – Acaricia meu rosto delicadamente – Eu prometo que jamais vou me atrever a pensar em desistir de nós novamente e que eu vou ser a melhor pessoa que eu posso ser, apenas para que o que nós tenhamos de certo sempre, porque como você já deve estar cansada de saber: eu não sei viver em um mundo onde você não pertence a mim e eu não pertenço a você...

Antes que Camila continuasse falando colo nossos lábios, sorrindo contra sua boca e segurando seu rosto delicado entre minhas mãos, apreciando o gosto saboroso que tinham. Suas unhas arranharam delicadamente meu pescoço, subindo sua mão para que seus dedos se misturassem com as mechas do meu cabelo. Suguei seu lábio inferior e ela fez questão de pedir passagem com a língua, puxando meu cabelo para que cedesse mais rapidamente e nossas línguas finalmente se encontrassem. Enquanto nos beijávamos eu a puxava para mais perto de mim cada vez mais, fazendo com que suas pernas ficassem sob as minhas e nosso beijo ficasse ainda mais prazeroso. Camila não queria diminuir o ritmo do beijo e muito menos parar de me beijar, podia sentir meu peito queimando e implorando por oxigênio, mesmo que minha cabeça implorasse para que eu não desgrudasse nossos lábios.

Nada se comparava a nossos beijos, ao encaixe de nossos corpos e lábios, nada se comparava ao seu gosto e seus carinhos gostosos, sutis e extremamente deliciosos.

Nada se comparava a Camila e eu.

Era disso que eu estava falando para Normani mais cedo, Camila havia mudado sim. Anos atrás se alguém me dissesse que Camila iria bolar algo nesse nível eu iria sorrir e negar com a cabeça, achando bom demais para ser verdade. Camz estava fazendo por vontade o que eu tanto implorei que ela fizesse: deixasse tudo acontecer normalmente, apenas sentisse, sem se preocupar com o resto.

Camila começou a sentir e consequentemente conseguiu ser ela mesma, conseguiu expressar todos os sentimentos que antes não conseguia e isso era o bastante para mim.

- Sim. – Murmuro quando finalmente separamos nossos lábios.

- Sim? – Pergunta alheia, encarando meus lábios e então olhando no fundo dos meus olhos.

- Eu aceito ser sua namorada. – Rio colando nossos lábios, vendo sua expressão de confusão e surpresa – E isso foi a coisa mais maravilhosa que qualquer pessoa poderia ter feito por mim.

Colo nossos lábios em um selinho rápido e quando separo posso ver a expressão chocada de Camila, que ainda parecia descrente da minha resposta.

Não tinha como eu não aceitar, todas as vezes que estávamos juntas era uma surpresa nova e maravilhosa. Camila me tratava como ninguém nunca havia me tratado antes. Eu podia ver e sentir o quanto ela me amava através de pequenos detalhes, gestos e ações. O fato de usar cartas, me fazer ir a todos os lugares que relembraram momentos maravilhosos do nosso namoro e me trazer a tona lembranças tão incríveis havia sido o estopim.

Como eu poderia me atrever a dizer não depois de tudo aquilo?

- Não precisa mais ficar nervosa. – Rio baixo e aperto seu rosto, ela conseguia ser ainda mais adorável do que segundos anteriores – Eu já disse ‘sim’ e você só precisa me beijar agora. – Olho no fundo dos seus olhos, roçando nossos narizes – Se nós nos beijássemos você acha que seu nervosismo ficaria menor? – Camila sorri de canto e eu rio baixo.

- Definitivamente. – Comenta soltando o ar pela boca, relaxando finalmente.

Assim que nossos lábios se encontram mais uma vez fecho meus olhos, sentindo uma sensação maravilhosa tomar conta.

Eu sabia que não seria fácil mantermos um relacionamento, ainda mais diante das câmeras e a distância na maior parte do tempo, mas eu sabia que dessa vez as chances de darem certo eram tão grandes simplesmente por dessa vez nós duas tínhamos em mente como é difícil manter ao nosso lado a pessoa que tanto amamos. 


Notas Finais


O PEDIDO DE NAMORO FINALMENTE SAIU AKSDJBAKJSDB e Camila se superou!!!! Então, o que vocês acharam????
Espero que todos vocês tenham gostado do capítulo, espero que comentem, divulguem para os amigos e escutem a playlist da história que só tem música boa (vdd).
Quero agradecer a cada pessoa que lê e me permite fazer o que eu tanto amo todos os dias, então MUITO obrigada por ler e gostar da minha história, ela não seria nada sem vocês!!!
Qualquer coisinha é só me chamar no twitter (switch5Hearts) ou mandar perguntinha no ask.fm/SushiDaMegan
Com amor,
Natália xX(:


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