História Letters To Camila - Segunda Temporada - Our Day

Paro em frente ao apartamento de Camila e coloco a chave, que havia ganho algum tempo atrás, na fechadura, abrindo seu apartamento logo em seguida.

Para ser bem sincera sempre gostei mais de estar no apartamento de Camz do que no meu, o meu por ser muito grande fazia eu me sentir sozinha, seu apartamento era pequeno e extremamente confortável.

Como eu não estava presente sempre em New York Camz havia me dado a chave da sua casa para que eu pudesse lhe fazer visitas quando chegasse no meio da noite ou quando quisesse apenas estar em sua companhia em um dia qualquer, assim como ela tinha a chave do meu para fazer o mesmo. Mas eu sabia que Camila nunca aparecia na minha casa, o principal motivo é porque eu nunca estou lá, vez ou outra aparece para pegar alguma roupa minha, algo que ela sempre gostou de fazer.

- Camz? – Chamo e não escuto nada – Amor?

- ESTOU AQUI. – Grita e eu paro em frente do corredor, vendo ela aparecer e correr em minha direção, pulando no meu colo em seguida.

- Hey. – Rio quando ela começa a lotar o meu rosto de beijos – Aqui agora. – Faço um bico e Camila rouba vários selinhos.

- Você finalmente chegou. – Me abraça apertado e eu sorrio, a abraçando de volta.

Camila abraçou meu pescoço e deixou seu rosto bem próximo do meu, suas pernas envolviam minha cintura e eu sentia seu aperto gostoso para tentar matar toda a saudade que sentia de ter passado tanto tempo longe. Abracei sua cintura e puxei seu corpo para mais perto do meu, suspirando profundamente, aproveitando o contato de nossas peles.

Após o casamento de David tivemos que sair em turnê de divulgação sem ele, na verdade, enquanto estava em lua de mel nós começamos a divulgação do novo álbum com um guitarrista temporário. Fui em todos os programas de televisão possíveis, Simon estava investindo demais no meu quinto álbum, cantava meu single e dava entrevistas divertidas para pessoas que eu realmente gostava de passar um tempo, sempre lembrando a todos as datas da minha turnê.

Acontece que David acabou pedindo duas semanas a mais de férias, ou seja, meu amigo só estaria conosco na segunda semana da turnê, que estava próxima de começar.

- Estava morrendo de saudades. – Sorrio, beijando seu pescoço, roçando meu nariz naquela região.

- Eu também, amor. – Suas pernas continuam em volta da minha cintura, entretanto se afasta para que possa olhar para mim, suas mãos acariciam meu rosto.

- Já posso começar a chorar antes de você entrar em turnê? – Murmura sem graça, fazendo um beicinho adorável.

- Não pode chorar nem agora e nem depois. – Sorrio – Vai passar bem rápido, sem falar que você pode me visitar quando quiser, sempre que eu tiver um descanso entre os shows volto para ficar com você... – Beijo seu queixo e roço nossos narizes.

- Quando você vai? – Seus dedos acariciam minha nuca.

- Daqui a dois dias... – Sorrio triste – Voltamos para New York para fazer um ensaio geral da turnê e pegarmos novas roupas. – Mas, hoje eu sou toda sua e no dia que eu for. – Ela suspira frustrada.

- E amanhã? – Deita a cabeça no meu ombro.

- Amanhã você trabalha. – Camila funga frustrada, rio baixo.

- Tinha me esquecido disso. – Não consigo conter minha risada e ela ri junto – E se eu faltar, posso ver o ensaio geral? – Arqueio as sobrancelhas e ela morde o lábio inferior nervosamente, abro um largo sorriso.

- É claro que sim. – Colo nossos lábios.

As mãos de Camila se juntaram na minha nuca e ela puxou ainda mais meu rosto contra o seu, nossos lábios se roçavam de uma forma gostosa. Minha namorada sorriu contra meus lábios e eu sorri contra os seus, sentindo uma enorme felicidade me consumir. Quando nossas línguas se encontraram minhas mãos automaticamente se espalmaram em suas costas novamente, a trouxe para mais perto e mim e fiz questão de garantir que ela não parasse de me beijar tão cedo assim.

Amava de tudo que envolvia beijar Camila. Amava o fato de nossos lábios encaixarem tão perfeitamente. Amava ainda mais o fato de nossos toques serem aceitos de bom grado por ambas partes. Amava tanto o fato de todo meu corpo ficar em alerta com um único beijo. Mas nada superava o fato de eu amar a forma que meu coração acelerava da mesma forma que acelerou com o nosso primeiro beijo.

- Laur... – Ri, afastando nossos lábios, começo a descer os beijos para seu pescoço – Amor, é sério... – Rio quando ela aperta meu ombro – Você está com fome? Eu posso fazer algo para você comer...

- Eu tinha pensado em comer outra coisa, mas... – Me dá um tapa e eu solto uma gargalhada alta – Estou brincando. – Beijo sua bochecha – Já comi no avião, podemos fazer o que você quiser.

- Eu vou apenas salvar o trabalho que eu estava fazendo e já volto, pode ficar à vontade. – Desce do meu colo e rouba um selinho antes de continuar andando em direção ao corredor.

Liguei a televisão e não demorei nada para entrar no Netflix, deixaria Camila escolher o filme que iriamos assistir. Ajeitei o sofá para que ele ficasse mais espaçoso e desse para nós duas deitarmos juntas bem mais confortáveis. Nossas tardes eram sempre assim, gostávamos de aproveitar nosso tempo juntas e sozinhas, na nossa bolha, com toda a privacidade e segurança que encontrávamos sempre em nossas casas.

Minha namorada não demorou nada para voltar para a sala, sorri quando reparei que ela usava uma blusa minha, depois de sair da cozinha com um potinho que continha uvas Camila ocupou o lugar ao meu lado e entregou o controle para mim, mandando eu escolher qualquer filme que eu quisesse ver.

Depois de bons minutos acabamos optando por assistir Friends. Nós sempre sentamos na mesma posição, é confortável para ambas as partes e uma posição que nos permite ficar perto e agarradas uma na outra. Abraçava Camila por trás, enquanto minha namorada tinha os olhos fixos na televisão e dividia suas uvas sem semente comigo, fazendo questão de dar na minha boca.

- Você acha que a desculpa de Ross tinha razão para dormir com a mulher lá? – Camila pergunta.

Era a cena que Rachel e Ross, o casal mais ioiô já criado, terminavam pela primeira vez por conta de Ross ter dormido com uma mulher após Rachel pedir um tempo para que ela pensasse no relacionamento deles.

- Não. – Respondo rapidamente – Rachel fala que acha que eles deveriam dar um tempo, eles nem ao menos estavam em um tempo, tecnicamente falando. Pode ver que ele sai antes dela decidir se realmente quer um tempo ou não. – Camz coloca uma uva na minha boca – Então nada justifica ele beber e dormir com uma mulher qualquer, só porque estava triste. – Entrelaço nossas mãos – E você?

- Concordo com você. – Comenta, enfiando uma uva na boca – Mas eles continuam sendo o melhor casal da série.

- Você está doida? Chandler e Monica são muito melhores juntos. – A olho chocada.

- Claro que não. – Me contraria com um sorriso.

Camila amava discordar em coisas desse tipo, porque sabia que eu me irritava facilmente quando era contrariada.

- Claro que sim. – Rosno e ela prende uma risada.

- Não.

- Sim.

Nós começamos nossa discussão super infantil e eu tentava dar meus argumentos para que ela passasse a gostar de Chandler e Monica, mas Camila apenas revirava os olhos e prendia a risada com a minha frustração, o que me deixava mais irritava e a divertia ainda mais.

Quase grande parte do tempo que estamos juntas parecemos duas adolescentes, fazemos questão de viver provocando uma a outra, sem falar que amamos fazer coisas que duas crianças amariam passar a tarde fazendo, como passar a tarde vendo desenho e fazendo competições bestas. Da última vez que nós havíamos nos vistos acabamos transando boa parte da tarde e depois da maravilhosa maratona de sexo ficamos jogando Just Dance no meio da minha sala somente de calcinha e sutiã.

É maravilhoso estar em um relacionamento no qual eu posso ser eu mesma tendo alguém que é ela mesma comigo, não temos vergonha uma da outra, somos muito sinceras uma com a outra e por querermos tanto que nosso relacionamento de certo somos maduras o suficiente para lidarmos com nossos problemas de forma sensata, tendo em mente que conversa e sinceridade é a solução para manter nossa relação saudável.

- Aí Lauren. – A gargalhada gostosa de Camila ecoa pelo cômodo – Você precisa parar de me morder. – Levanta ainda rindo.

- Mas eu amo te morder, você poderia brigar comigo se minhas mordidas fossem fortes, mas elas não são. – Reviro os olhos, me esparramando no sofá.

- Amor? – Tombo a cabeça, vendo ela parada ao lado do sofá - Vamos sair? – Pergunta.

- Sair? – Caminha em minha direção e senta em cima do meu ventre – Onde você quer ir?

- Nós podíamos ir em um parque de diversões, estou morrendo de vontade de comer algodão doce e Hailee ficou falando desse parque de diversões que foi com a prima dela aqui. – Sorrio quando ela deita seu corpo sobre o meu, deixando nossos rostos bem próximos.

Gostava de poder observar seu rosto tão perto assim. Amava o fato de ver seus longos cílios darem a expressão angelical para seus lindos olhos castanhos, sempre contornados pelas sobrancelhas bem tiradas. Seu nariz perfeitinho totalmente compatível para o seu rosto conseguia a deixar ainda mais linda. Mas nada superava seus lindos lábios rosados, com traços tão perfeitos que pareciam ter sido feitos a mão.

- Tudo bem, nós podemos ir. – Coloco uma mecha atrás da sua orelha.

- Sério? – Abre um largo sorriso que faz meu coração acelerar.

- É claro que sim. – Rio e logo começo a ser lotada de beijos

Uma coisa que mesmo depois de meses de namoro Camila não havia perdido era a sua insegurança de sair em público. Era muito difícil quando nós saíamos, a não ser quando era para fazer coisas rápidas e onde era quase impossível de alguém nos ver, mas quando nós saíamos para fazer compras ou apenas sair para ter uma noite romântica sempre ocorriam pequenos tumultos. Ainda queria que Camila fosse o menos exposta o possível, seu trabalho era muito importante e não queria que a enorme atenção que sempre estava em cima de nós a prejudicasse de alguma forma.

Logo após ela me explicar onde era liguei para Big Rob, que ficou totalmente inseguro e um pouco bravo com a escolha do lugar, mas não reclamou, combinamos um horário para ele nos encontrar lá embaixo. Como sempre acontecia quando saía com Camila ou meus amigos, meus seguranças não iriam ficar conosco, mas ficariam por perto para garantir nossa segurança.

- Liguei para ele. – Entrei em seu escritório e vi a enorme zona que estava lá, Camila deveria estar estudando para alguma coisa, como sempre fazia.

- Tudo bem. – Murmura, fazendo alguma anotação – Você quer fazer o que agora? – Questiona soltando a caneta e se virando para mim, sorrio e me sento em seu colo, abraçando seu pescoço.

- Quero te beijar. – Colo nossos lábios e sinto minha namorada sorrir contra a minha boca.

- Eu te amo. – Sussurra afastando nossas bocas.

- Eu também te amo. – Acaricio seu rosto – O que é isso? – Pergunto erguendo uma folha que tinha vários esquemas.

- Meu projeto. – Sorri, abraçando minha cintura – Tenho que fazer várias leituras por semana.

- Eles pedem para você? – Questiono olhando a enorme quantidade de livros que estavam empilhados em sua mesa.

- Não, eu leio porque passo a entender mais coisas, meus superiores indicam. – Comenta, colocando a mão por debaixo da minha blusa, acariciando minha cintura – Então o que eu leio anoto nesses papeis para ficar mais fácil.

- Um resumo? – Concorda com a cabeça – Interessante, fazia isso quando estudava, a muito tempo atrás. – Coloco tudo de volta no lugar – Não sei como você aguenta estudar tanto e ler todas essas coisas.

- É porque eu gosto do que faço, amor. – Ri, beijando minha mão – Você não ama de subir no palco, cantar para aquelas multidões, dançar e fazer todas essas coisas? Não precisa ensaiar para ter um melhor desempenho? – Concordo com a cabeça, sabendo onde ela queria chegar – Eu amo ficar em um hospital, fazendo de tudo para salvar a vida de pessoas e se ler, estudar mais um pouco vai me ajudar a ter um desempenho melhor, porque não?!

Admirava esse lado de Camila, o dinheiro sempre foi de menos para ela, tudo bem que Camz sempre foi rica por causa de sua mãe, mas minha namorada realmente gostava de fazer o que fazia, amava poder salvar tantas vidas e fazer o básico para tornar a vida dos seus pacientes melhor. Podia muito bem usar seu tempo livre para fazer outras coisas, afinal ela era rica, mas sempre separava no mínimo duas horas dos seus dias de descanso para ler sobre alguma coisa ou pesquisar sobre outras relacionadas a sua profissão.

- Eu tenho muito orgulho de você. – Murmuro, beijando sua testa, ela sorri.

- E eu de você. – Beija meu queixo.

Depois que terminamos anos atrás sempre procurei alguém que me apoiasse do jeito que Camila sempre me apoiou, o que não deu muito certo, já que as pessoas que namorei por um curto período sempre queriam algo de mim ou então não estavam dispostas a me dividir com minha profissão, exceto Zac, mas aquilo não pode ser considerado um namoro.

Mas aqui estava Camila novamente, que eu sei que deseja o meu sucesso mais do que qualquer pessoa, sempre faz de tudo para me animar em relação a minha música, sempre me instiga a conhecer meus fãs e entende todos os pontos negativos/positivos que acabaram vindo com a minha profissão.

Por conta de todo esse apoio dela, desde sempre, me sentia mais do que na obrigação de apoiá-la em seus estudos e em sua profissão, passei muito tempo longe e não pude ser o apoio que talvez Camila precisasse naquela época para sentir mais vontade de estudar e não desanimar, mas me sentia muito bem por poder ser isso agora.

- Acho que vou tomar banho e deixar você terminando aqui, assim podemos ir cedo para o parque. – Sorrio, colando nossos lábios rapidamente.

- Tudo bem. – Me beija novamente e eu sorrio, quando estava por perto Camz amava enrolar para fazer suas coisas – Pode ir. – Aperta minha cintura, me impedindo de ir realmente, rio.

- Eu iria, se você me soltasse.

- É que eu quero mais um beijo... – Rio baixo e seguro seu rosto, a beijando novamente.

Informei que iria tomar banho e minha namorada optou por ligar no hospital, informando que não poderia trabalhar amanhã, do que continuar seus estudos, algo que fui de acordo já que mais cedo ou tarde teria que interromper para tomar seu banho e se arrumar para nosso passeio. Logo depois do meu banho abri o armário de Camila, vivia esquecendo roupas lá, tanto que minha namorada havia feito questão de deixar uma gaveta só com as minhas roupas.

Enquanto Camila ia tomar um banho fiquei escolhendo qual roupa iria vestir, optei por um short jeans de cintura alta, uma blusa regata preta e uma camisa branca que era que era grande, se eu a abotoasse as outras peças de roupa que eu usava embaixo iriam sumir. Calcei o coturno que havia vindo e esperei na sala, colocando meu celular para carregar.

Olhei o relógio e me levantei, caminhando em direção ao quarto de Camila, conseguindo ver ela ajeitando a calcinha que vestia, sorrio de canto e me jogo na cama.

Uma das minhas coisas favoritas de fazer era observar Camila se vestir, gostava da forma que pacientemente ela escolhia suas peças, da forma que seus lindos olhos castanhos checavam incansavelmente se suas escolhas haviam sido boas o suficiente e amava principalmente a forma que ela se vestia, fazendo questão de rebolar a peça de baixo e demorar mais um pouco quando tinha consciência que eu a observava atentamente.

- Amor... – Resmungo – Vai ficar tarde e não vamos conseguir aproveitar nenhum brinquedo do parque... – Rolo pela sua cama.

- Eu só não sei que roupa vestir. – Rosna e uma nova saia voa no chão de seu quarto.

- Você vai ficar linda com qualquer roupa. – Murmuro sincera e ela se vira, sorrindo de canto.

- Vou fingir que acredito nisso, ok? – Apoio minha cabeça na mão e ela se vira para o seu guarda-roupa – Já sei o que vou vestir.

Após ouvir aquelas palavras minha namorada optou por vestir uma calça jeans com alguns detalhes rasgados, um suéter na cor creme que ficava bem soltinho e deixava seus ombros aparecendo parcialmente, calçou seu Converse branco e correu para o banheiro, provavelmente para se maquiar.

Finalmente prontas descemos para o térreo e saímos do edifício, onde Big Rob já nos esperava dentro do seu carro, que estava estacionado perto do meu. Entramos no meu carro e assim que saímos de lá e Camila ligou o rádio Sledgehammer começou a tocar, o que fez nós duas rirmos e ela começar a cantar animadamente, me arrancando boas risadas e vários sorrisos, ela sabia a letra de trás para frente se duvidar.

Bons minutos a caminho do parque de diversões nós finalmente chegamos, mesmo sendo uma quarta-feira o parque estava bem lotado, estacionei em um lugar que havia uma vaga ao lado, onde Big Rob estacionou. Assim que descemos recebemos as instruções de sempre, entrelacei minha mão na de Camila e fomos na frente, tendo Travor e Big Rob logo atrás, mas alguns metros de distância.

- Onde você quer ir primeiro? – Questiono olhando para tudo, fazia muito tempo que eu não ia a um parque de diversões.

- Eu não sei, nós podemos deixar a roda gigante por último. – Comenta, me puxando pela mão.

- Você quer comer primeiro ou...?

- Não, vamos nos brinquedos que podemos ir antes de comer, assim não passamos mal. – Ri me puxando para a fila.

Passamos dez minutos na fila, o brinquedo tinha cinco “cabines” com espaço para seis pessoas em cada, essa “cabine” girava no próprio lugar, subia um pouco e ficava girando por todo o espaço coberto. Girava bem rápido e deixava qualquer um bem atordoado, você ficava preso por um cinto de segurança e podia segurar no suporte que ficava pregado no meio de sua cabine. Um garoto que estava com a sua namorada a minha direita arrancou boas risadas minhas já que ele rezou para todos os santos possíveis durantes os minutos que ficamos girando naquilo.

- Tudo está girando ainda. – Camila ri se apoiando em mim, assim que saímos do brinquedo.

- Eu acho que o menino que estava ao meu lado vai vomitar. – Solto uma risada ao ver o mesmo correndo para uma lixeira que tinha por lá – Foi uma excelente ideia não comer antes de entrar aqui. – Passo a mão pelo cabelo – Vamos naquele! – Aponto para um elevador.

- Achei que você tinha medo de altura... – Camila comenta.

- E eu tenho, mas supero, aquele parece divertido. – Começo a puxa-la pela mão – Vamos, Camz, está com medo? – Sorrio arqueando as sobrancelhas.

- Você que vai gritar como uma menininha, Lauren. – Ri entrando na fila.

Na fila daquele brinquedo eu fui reconhecida por uma fã, tirei foto com ela e nós conversávamos enquanto nossa vez não chegava finalmente. Assim que nos sentamos nos devidos lugares pude sentir meu coração a bater extremamente rápido, ainda mais quando o homem passou checando a segunda vez as travas de segurança. Assim que o brinquedo começou a subir lentamente a senti a mão de Camila alcançar a minha, escutei seu grito quando do nada o brinquedo ameaçou a fazer a queda livre, me segurei para não gritar e apenas fechei meus olhos, sentindo aquilo subir novamente, até que escutei o estalinho que dava quando anunciava que nós estávamos no topo.

A vista de lá era maravilhosa, dava para ver o parque todo perfeitamente e até mesmo os edifícios enormes que ficavam bem longe do parque e algumas casas por perto.

Todo mundo soltou um grito alto e agudo quando começamos a cair rapidamente para baixo, Camila esmagava minha mão e eu queria soltar sua mão para poder agarrar na trava de segurança. Antes de chegarmos lá embaixo nós paramos na metade do brinquedo por poucos segundos e antes que pudemos questionar o que estava acontecendo começamos a cair novamente, gritando ainda mais alto até que finalmente chegamos no chão novamente.

- Você gritou que nem uma menininha. – Murmurei assim que o homem tirou nossa trava de segurança.

- Olha quem fala, você gritou mais alto que eu. – Sorrio de canto.

- Acho que você acabou com a circulação da minha mão, apertou muito forte, puta merda. – Massageio meus dedos e Camila ri, beijando minha bochecha enquanto nós saíamos do brinquedo.

- Vamos na montanha-russa agora? – Concordo com a cabeça e olho sob meus ombros, vendo Big Rob comendo um cachorro quente enquanto caminhava logo atrás de nós.

O instrumental de uma música tocava pelos autofalantes do parque, podia ver as barracas de comida e jogos lotadas, nós definitivamente iriamos passar lá depois. Caminhamos em direção a fila, que estava um pouco comprida, entramos na mesma e fiz questão de abraçar Camila por trás, apoiando meu queixo em seu ombro e abraçando mais apertado.

- Nós parecemos duas crianças nesse parque de diversões, você tem noção disso, não tem?! – Questiono em seu ouvido.

- Tenho sim, mas não tem problema algum nisso. – Sorri, se virando – Estamos aproveitando nosso tempo juntas, de uma forma que nós duas gostamos e nos divertimos, isso que importa, não é?! – Sorrio, abraçando sua cintura e concordando com a cabeça – E você sabe, tanto quanto eu, que nós provavelmente nunca vamos deixar de ser duas crianças.

Camila tinha razão. Acho que todo mundo, mesmo que esconda, tem sua parte de adolescente e criança ainda escondido, nunca vamos de deixar de ser. Quando fazemos as coisas mais bobas do mundo sem se importar quem irá ver, sentimos felicidade fazendo/vendo as coisas mais banais, ou então quando somos nós mesmos sem medo de ser feliz é quando nós provavelmente voltamos a ser crianças.

Quando somos crianças fazemos tudo sem pensar porque sabemos que se quebrarmos a cara sempre vai ter alguém para apoiar nossa loucura e mente fascinante. Quando somos adultos e cometemos loucuras, é porque definitivamente encontramos nós mesmos e encontramos alguém que está disposto a ser louco com você.

Sinto seus braços rodearem meu pescoço e suas mãos se esconderem entre minhas mechas, puxando meu rosto para perto do seu, puxo seu corpo para ainda mais perto e coloco minha mão por baixo do seu suéter, acariciando sua cintura fina e delicada, podia sentir sua respiração se misturar com a minha e seus lábios quase tocarem os meus.

- Lauren? – Escuto a voz de uma garota e eu viro o meu rosto, com o canto do olho vejo Camila abaixar sua cabeça – Oi... – A garota loira baixinha sorri sem graça.

- Hey. – Sorrio de volta, ainda abraçando possessivamente a cintura de Camila.

- Será que você pode tirar uma foto comigo? – Questiona e eu sorrio, concordando com a cabeça.

- Eu posso... – Camila estende a mão, pegando o celular da menina. Abraço a menina e sinto seus braços envolverem a minha cintura – Digam ‘X’.

- X. – Eu e a menina falamos ao mesmo tempo, sorrindo.

- Prontinho, ficou ótima. – Camila sorriu entregando o celular.

- Muito obrigada. – A garota sorri largamente – E desculpa...

- Oh, não, tudo bem. – Rio sem graça, sentindo Camz entrelaçar nossas mãos.

Pude perceber algumas pessoas da fila ficarem me encarando e apontando depois do ocorrido, assim como vi meus seguranças mais próximos do que antes para garantir meus seguranças. Acontece que na fila daquele brinquedo muitas pessoas pediram para tirar fotos comigo, o que me deixou meio sem graça e um pouco aborrecida por ter que deixar Camila de lado para atender todo mundo.

Entramos no brinquedo e eu fiz questão de sentar o mais próximo de Camila que eu podia, pude perceber seus olhos ansiosos por estar no brinquedo, nós estávamos sentadas no segundo carrinho.

- Me desculpa por... – Faço um sinal com a cabeça antes que o brinquedo comece a funcionar.

- Lo, nós já falamos sobre isso, são seus fãs e alguns nunca te viram na vida, é justo eles quererem tirar uma foto com você e...

- Mas é nosso encontro, e além do mais você também não me vê sempre. – Camila sorri gentil, segurando minha mão.

- Mas vejo mais do que eles. – Ri divertida, roubando um selinho – Não precisa se preocupar, sério mesmo. É o seu trabalho, Lo, e essas pessoas realmente te amam, não quero que tenham uma impressão errada de você, apenas por você não querer tirar uma foto com eles quando está comigo. – Sorrio timidamente, mas logo me ajeito melhor no assento quando o brinquedo começa a andar.

Essa conversa sempre acontecia, acontece que não conseguia evitar de tocar nela. Não queria que Camila se sentisse deslocada ou que preferia dar atenção a todos os meus fãs do que ela, apenas tinha medo de que ela odiasse toda aquela atenção que sempre acabávamos recebendo por eu ser eu.

A montanha-russa foi bem divertida, era extremamente rápida, diferente de Camila eu ri o caminho todo enquanto ela gritava e me tirava muitas risadas. Camz morria de medo, mas amava ir nesse tipo de brinquedo ou fazer coisas que ela se arrependia depois e chamava por ajuda, como no mês passado, quando Normani foi ensinar ela plantar bananeira e Camila não conseguia descer de volta, ficou gritando por ajuda enquanto Dinah se matava de rir segurando as pernas não deixando ela voltar ao normal.

As duas voltas no brinquedo foram dadas e as travas de seguranças destravadas para que todo mundo começasse a descer do brinquedo, até a saída fiquei zoando Camila, que tinha um biquinho adorável e parecia extremamente frustrada por só ela ter gritado durante todo o trajeto da montanha russa, sendo que eu só tinha gritado na hora da descida.

- Vamos comer algo salgado e então podemos comer o tão desejado algodão doce.

- Apoio. – Sorri largo quando abraço sua cintura e a puxo para perto de mim, beijando sua bochecha.

Camila optou por ir em uma das várias barracas, a não tão cheia, sentamos em um dos banquinhos altos e fizemos nossos pedidos, dividindo uma garrafinha de água enquanto esperávamos.

Minhas bochechas doíam de tanto que eu ria e sorria, Camila me contava as histórias cômicas que aconteciam no hospital, assim como me contava das chamadas divertidas que andava fazendo com Sofia no Skype. Falando em família comecei a contar das minhas conversas com Taylor, minha irmã estava namorando também e estava muito feliz com o namorado; meus pais estavam de férias no Caribe e Chris havia finalmente conseguido se tornar capitão do time de basquete da sua faculdade.

No começo da minha carreira foi insuportável ficar longe da minha família, sempre fui muito apegada a todos eles, principalmente em Taylor, afinal nós vivíamos grudadas e uma vivia mais no quarto da outra do que no próprio quarto, só que foi algo que eu passei a acostumar. Fazia questão de estar com eles em todas as datas importantes, inclusive no final do ano, algo que era totalmente sagrado para mim.

- E a sua avó? – Questiono.

- Oh ela está muito melhor. – Camila sorri aliviada – Ela fez uma consulta com outro médico e agora anda tomando remédios melhores para a sua situação, então é bem difícil ela ficar ruim novamente, ainda mais com a alimentação saudável que está tendo. – Morde seu lanche – Diferente de mim. – Rio, limpando o canto da sua boca – Mas e a sua vó? – Pergunta depois de engolir sua comida.

- Taylor disse que uma vez por semana vai almoçar na casa dela, ela está indo jogar bingo sempre e vive se encontrando com as amigas. – Sorrio sincera – A depressão dela parece que foi embora e não pretende voltar tão cedo.

- Isso é ótimo. – Camz sorri sincera – E quando você vai vê-la?

- Quando for para Miami, ela quer ir no meu próximo show lá. – Rio negando com a cabeça – Mas tenho certeza que nós vamos ter que dar protetores de ouvidos para ela. – Camila ri, concordando com a cabeça.

- Com licença... – O senhor da barraca de comida nos interrompe – Eu te conheço? – Me olha fixamente e eu sorrio.

- Não sei...

- Você é uma das amigas de Jenna? – Questiona e eu franzo o cenho – Minha neta.

- Sinto muito, não conheço nenhuma Jenna. – Franze o cenho e continua me encarando.

- Como você se chama? – Insiste.

- Lauren, Lauren Jauregui. – Murmuro e seus olhos se arregalam.

- JÁ SEI. – Sorrio – É a mulher de preto que ela tem espalhada por todo o quarto. – Ri negando com a cabeça, olhando pra Camila – Acredita que tem até foto dela no teto? – Camila e eu arqueamos a sobrancelha – Ela fica colocando vídeo seu quando vai lá em casa, não deixa ninguém ver televisão.

- Ah sim. – Rio sem graça.

- Você se importaria de ligar para ela? – Questiona sem graça e eu sorrio de canto.

- Claro, porque não?

Liguei para Jenna, que deu bons gritos me obrigando a afastar o celular de seu avô da minha orelha, nós conversamos um pouco e eu descobri que ela não tinha conseguido comprar ingressos para o meu show em Nashville, onde ela mora, pedi o seu Twitter e informei que iria entrar em contato para dar o ingresso, o que fez a garota começar a chorar ainda mais e me fez rir, após dizer que a amava desliguei o telefone e entreguei ao seu avô, que sorria largo e agradecia, alegando que nem precisávamos pagar a conta.

Terminamos de comer e antes que pudéssemos comprar o doce que minha namorada tanto queria sentimos a obrigação de parar em uma barraca onde tinha vários jogos de mira para ganharmos algum bicho de pelúcia. Claro que eu queria ganhar o maior urso de todos, que provavelmente era do tamanho dela, um pouco menor, mas para isso eu precisaria acertar todas em duas rodadas e pagar duas vezes para jogar, algo que eu acertei o desafio.

Após tentar três vezes, jogando duas vezes cada, eu finalmente consegui ganhar o enorme urso de pelúcia para ela, o que fez ela rir e me lotar de beijos. Pedir para que Travor levasse o bicho de pelúcia para o carro enquanto nós íamos no carrinho bate-bate, meu segurança apenas concordou com a cabeça e pegou o animal enorme, o que arrancou boas risadas nossas já que Big Rob teve uma crise de risos ao ver o enorme homem careca com um bicho de pelúcias enorme e extremamente fofo.

Na fila do carrinho bate-bate tinha um homem fumando bem atrás de mim, enquanto eu guardava fila para nós, Camila havia ido no banheiro a um tempo e eu estava com medo de que ela não voltasse a tempo, algo que felizmente não aconteceu. Porém assim que se aproximou fez uma cara feia logo depois de me abraçar e se afastou, me fuzilando com o olhar.

- O que? – Franzo o cenho confusa.

- Você estava fumando? – Arregalo os olhos.

- O que? Não! – Me defendo apavorada – Eu não fumo a tempos. – Ergo as mãos em rendição quando ela semicerra os olhos – Eu juro, o moço aqui atrás estava fumando. – Surro a última parte e ela olha para o homem atrás de mim.

- Hum. – Me abraça novamente – Acho bom, porque senão você dormiria sozinha na sua cama hoje. – Rio baixo.

- Aí que mulher brava essa que eu fui arrumar. – Camila morde o meu ombro e eu gemo baixinho de dor, rindo em seguida – Eu prometi que ia parar e eu parei. – Beijo sua cabeça, a abraçando pelos ombros.

Ficamos um bom tempo na fila, já que o responsável pelo brinquedo deixava as pessoas irem duas rodadas seguidas, já que o tempo não era muito. Brincamos um bom tempo no carrinho bate-bate, bati várias vezes no carrinho de Camila, que toda hora que tentava fugir de mim acabava batendo em outra pessoa, o que me fazia rir e perder a concentração várias vezes, fazendo outras pessoas baterem no meu carrinho.

Após irmos em mais um brinquedo fomos comprar o algodão doce que Camila tanto queria comer, minha namorada fez questão de escolher o que tinha a cor verde, alegando que era para combinar com os meus olhos, o que me fez sorrir e beijar a sua bochecha. Íamos dividindo o algodão doce, que era muito bom mesmo, enquanto caminhávamos sem rumo, apenas para aproveitar a companhia uma da outra enquanto conversávamos.

- São seis meses? – Camila comprime os lábios, jogando o objeto que havia segurado o algodão doce.

Ela se referia a turnê. Minha turnê que estava quase completamente esgotada em todos os shows, os quinze primeiros já haviam sido vendidos completamente, o que me fazia ficar ainda mais ansiosa para me apresentar e percorrer ao redor dos Estados Unidos. Tinhamos estabelecido uma rota, primeiro iriamos divulgar pelo país, então no final da turnê já iriamos agendar datas para cinco cidades do Canadá e depois de no mínimo três meses de férias nós poderíamos finalmente fazer uma turnê mundial.

Uma das minhas exigências é que tudo o que tivesse nos Estados Unidos, desde produção de palco até mesmo os artistas que estavam fazendo a abertura dos meus shows, caso quisessem iriam fazer parte da minha turnê mundial. Tori Kelly, Bea Miller e Little Mix iriam abrir os meus shows, todas elas eram pessoas maravilhosas e eu mal poderia esperar para conhece-las melhor, exceto Tori, porque né.

- São. – Sorrio triste – Mas eu tenho dias de férias e, como eu já disse, você pode me visitar onde quer que eu esteja quando quiser. – Paramos de andar – E nós vamos nos falar todos os dias, podemos fazer chamadas por Skype por quantas horas der e todas essas coisas. – Passo a língua pelos meus lábios e seguro sua mão – Nós vamos fazer dar certo.

- Eu sei que vamos, é só que... – Comprime os lábios e eu vejo seus olhos brilharem ainda mais, começavam a ficar marejados. Respira fundo duas vezes antes de me encarar e continuar falando – Eu vou sentir muitas saudades de você. – Sorrio, a abraçando.

Beijo sua testa e suspiro.

- Eu também vou sentir saudades, amor. – Roço meu nariz em sua bochecha e então seguro seu rosto.

Capturei seu lábio inferior e senti o delicioso gosto de açúcar, seus lábios estavam um pouco grudentos por conta do doce, mas continuavam beijáveis. Passei lentamente minha língua sobre seu lábio e senti seus braços envolverem a minha cintura ainda mais, fazendo com que nossos corpos ficassem ainda mais próximos um do outro. Suguei seu lábio e não demorei nada para invadir a sua boca com a minha língua, iniciando nosso beijo cheio de afeto, amor e uma pequena pitada de saudade de uma partida que ainda nem havia acontecido.

Enceramos nosso beijo com alguns selinhos e eu sorri, encostando seu corpo contra a barra de ferro que tinha. Estávamos em um lugar onde tinha uma divisão por suportes de ferros para proibir a entrada de um brinquedo que estava fechado. Colei nossos lábios mais uma vez e sorri contra sua boca, Camila fez questão de morder meu lábio inferior.

- Camz? – Ela suspira, deitando sua cabeça no meu peito – Daqui alguns meses as premiações começam...

- Premiações? – Levanta a cabeça – De música? – Assinto com a cabeça.

- Essas mesmo. – Sorrio – Eu gostaria bastante que você me acompanhasse em uma. – Murmuro, acariciando seu rosto – Sei que você não gosta dessas coisas, mas você tem tempo para pensar e se programar, pode ficar um tempo comigo em Los Angeles. – Suspiro – Nós podemos ficar sozinhas na minha casa lá, matando a saudade e ficando juntas...

- Eu vou pensar... – Comprime um sorriso, sabia que aquilo já era um sim.

- Pensa com carinho. – Começo a distribuir beijos em seu rosto – Quero te dar um vestido maravilhoso e posar no tapete vermelho com a namorada mais linda do mundo todo ao meu lado. – Beijo seus lábios e ela ri, sorrindo contra a minha boca.

- Acho que mais beijos conseguem me convencer... – Murmura segurando meu rosto.

- Mais beijos? – Pergunto colando nossas bocas em um selinho longo – Assim? – Nega com a cabeça – Assim? – A beijo mais rápido e ela nega com a cabeça rindo.

- Quero um beijo de verdade, Laur. – Me puxa pela gola da camisa.

Nós ficamos nos beijando por um longo tempo, sem se importar com quem iria ver ou o que iriam pensar, afinal estávamos em um lugar bem escondido e as chances de alguém estar nos vendo eram mínimas.

Não estávamos fazendo nada de errado, apenas nos amando as escondidas.