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História Letters To Camila - Segunda Temporada - Keep Calm


Escrita por: itscamren-yo

Notas do Autor


Oi pessoinhas curiosas,
Eu ia fazer um mistério maior de duas formas: 1. eu ia demorar mais tempo para postar, já que minhas provas já começaram. 2. não ia revelar o que Camila tem nesse capítulo. Mas ai vocês comentaram demais (110 COMENTÁRIOS E EU TO GRITANDO ATÉ AGORA) e além do mais muitas pessoas já descobriram, então não achei motivos para fazer mais suspense sobre o assunto. Btw meu capítulo não ficou tão grande quanto o de costume!!
Para o capítulo de hoje eu sugiro: It Will Rain do Bruno Mars, Let It Be Me do Ray LaMontagne, Don't Let Me Go do Jai Waetford e Wake Me Up do Ed Sheeran até o final do capítulo.
Boa leitura:

Capítulo 36 - Keep Calm


Fanfic / Fanfiction Letters To Camila - Segunda Temporada - Keep Calm

- Laur? – Sinto alguns cutucões e abro meus olhos, me levantando rapidamente e sentindo uma enorme atordoação me atingir.

- Ei calma. – Tori me segura pelos ombros – Lauren o que houve com...

- Camila? Tiveram notícias dela? – Passo a mão pelo rosto, piscando os olhos várias vezes seguidas, olhando ao meu redor – Eu só estava tirando um cochilo. – Olho para Dinah que estava com os olhos marejados.

- Nós acabamos de chegar... – Murmura encarando minhas roupas, completamente horrorizada, seu olhar deixava isso bem claro – O-O que houve? Porque você está tão suja de sangue assim?

- Nós estávamos discutindo, ela começou a ficar pálida e então caiu na minha frente gritando de dor, começou a sangrar sem parar e eu a trouxe aqui as pressas. – Passo a mão pelo cabelo, cruzando meus braços – Ela não estava acordada quando a gente chegou. – Dinah leva as mãos sobre as bocas e vejo algumas lágrimas rolarem.

- E-Eu vou procurar saber sobre mais coisas. – Tori murmura, se afastando em seguida, um pouco transtornada.

Dinah me abraçou e eu afundei meu rosto em seu pescoço, começando a chorar de novo, dessa vez tendo alguém para me consolar. Minha amiga fazia carinho em minhas costas enquanto eu fazia nas dela, nós duas chorávamos agarradas uma na outra, não nos importávamos de ela estar com um vestido chique e eu estar com roupas simples completamente sujas de sangue, precisávamos daquele abraço.

Acabamos ocupando os lugares que já estava sentada antes. Eu estava completamente encolhida na cadeira desconfortável, abraçando minhas pernas e com a cabeça deitada em meus joelhos para que eu pudesse esconder meu rosto inchado e cansado. Havia fechado os olhos por alguns minutos quando as meninas chegaram afobadas, ninguém havia aparecido para dar qualquer notícia e toda vez que eu me aproximava da bancada para pedir informações a mulher negava com a cabeça e pedia para que eu aguardasse mais um pouco.

Tori apareceu depois de alguns minutos informando que daqui um tempo alguém apareceria para dar mais informações sobre o estado de Camila, pedi o celular dela emprestado, precisava ligar para Keyci urgentemente e depois para Big Rob, sabia que não iria demorar absolutamente nada para que a notícia se espalhasse.

- Você acha que foi minha culpa? – Sussurro, sem conseguir olhar para Dinah.

- Porque seria sua culpa, está doida, Lauren? – Minha amiga franze o cenho incrédula.

- Eu poderia ter chamado a ambulância, ela não teria perdido tanto sangue e...

- Eles teriam demorado, você fez o que achou mais correto. – Comenta sincera – Não se preocupe e nem se culpe. – Olha para mim, um pouco sombria – Nós duas sabíamos que algo estava errado com ela a um tempo, não tem com o que se preocupar.

- Eu só espero que tudo fique bem. – Sinto um bolo se formar em minha garganta e Dinah não demora nada para entrelaçar nossas mãos.

- Tudo vai dar certo, Camila é forte e está em boas mãos. – Sorri confiante, mesmo que o resto de suas feições dissessem totalmente ao contrário - Porque você não vai para a sua casa tomar um banho e trocar de roupa? – DJ questiona assim que entrego o celular de Tori para ela.

- Não. – Suspiro – Vou ficar aqui até alguém dar uma notícia. – Cruzo os braços e respiro fundo, não iria conseguir dormir ou cochilar sabendo que a qualquer momento alguém poderia aparecer para dar alguma informação.

- Ao menos pegue isso. – Dinah abre a bolsa que tinha consigo e coloca um par de chinelos no chão, a encaro – Sempre os levo para deixar dentro da bolsa, saltos machucam meus pés depois das festas e nada melhor do que tira-los. – Concordo com a cabeça, calçando os mesmos, que eram um número maior que o meu.

Dinah e eu estávamos sentadas aguardando notícias, Tori levantava e caminhava de um lado para o outro, indo beber água milhares de vezes para depois usar o banheiro quatro vezes em menos de uma hora e meia. Olho para o relógio na parede e reviro os olhos, já haviam se passado três horas de que eu havia chego e não era possível ninguém ter qualquer informação sobre ela. Me levanto e com passos firmes caminho até a bancada, assim que Jennifer me vê respira fundo, ela continuava paciente mesmo tendo todas nós enchendo seu saco de cinco em cinco segundos.

- Eu gostaria...

- Sra. Jauregui a paciente ainda não saiu da sala, consequentemente todos os profissionais continuam com ela e não apareceram para dar quaisquer informações. – Suspira, repetindo a mesma coisa que havia me dito das outras três vezes – Por favor, espere com suas amigas que logo terá notícias. – Comprimo meus lábios e cruzo os braços.

- Tudo bem, me desculpe por perguntar mais uma vez. – Ela sorri compreensível e eu me viro, olhando pela sala, não encontrando mais o homem que havia me fotografado mais cedo.

Paro de andar quando a porta se abre e Keyci entra acompanhada de Big Rob, ambos caminham apressadamente em minha direção com expressões apreensivas e levemente chocadas, meu segurança olhou ao redor e minha agente me abraçou apertado, a abracei de volta e logo ela afastou para questionar o que havia acontecido.

Depois de explicar tudo uma segunda vez Big Rob se afastou para fazer algumas ligações e em seguida checar o perímetro para bolar estratégias para que nós saíssemos sem ninguém nos incomodar de forma alguma. Minha agente se sentou junto conosco na sala de espera, ela tinha o celular em suas mãos e tentava resolver tudo para mim, como sempre, começando por um helicóptero para transferir Camila para New York, no melhor hospital que ela poderia ter.

Não sabia dizer quem estava mais impaciente para ter notícias, e nós estávamos todas tão apreensíveis que ninguém conseguia conversar ou fazer outra coisa que não fosse ficar em silencio para aguardar quaisquer informações, coisa que só foi acontecer quando o médico que havia falado comigo horas mais cedo apareceu com a sua prancheta chamando pela família de Camila Cabello, fazendo todo mundo levantar.

- Nós, somos nós. – Paro a sua frente, respirando fundo.

Era o mesmo médico que havia a recepcionado quando nós chegamos, ele tinha uma expressão neutra e seus cabelos negros com vários fios brancos estavam ajeitados em um topete bagunçado. Antes de dizer qualquer coisa ele ajeitou seu jaleco e olhou mais algumas vezes para a prancheta, como se escolhesse melhor o que dizer.

- Nós realizamos um ultrassom para ver o que haviam causado as dores que a pessoa que preencheu a ficha escreveu. – Ajeita os óculos – Fizemos outros exames logo após contermos a hemorragia que a Senhorita... – Olha a ficha – Cabello sofreu. Ela perdeu uma boa quantidade de sangue. – Comenta – Mas não o necessário para precisar de uma transfusão. – Keyci acaricia as minhas costas – Ela desmaiou por conta das dores insuportáveis e a perda de sangue, que mesmo não sendo muita já é alguma coisa.

- Ela não tem se alimentado direito e... – Dinah começa a falar.

- Sim, eu ia chegar aí. – O médico sorri – Essa foi uma das coisas que a fez desmaiar mais rapidamente e a deixou tão fraca como está, ela não tem se alimentado nada bem e seu corpo não tem muitos nutrientes. – Levo meu dedo até a boca e nervosamente começo a morder minhas cutículas.

- O que ela tem? – Tori questiona atenta.

- Nós ainda não temos certeza. – Suspira – Realizamos uma bateria de exames e só vamos possuir os exames amanhã para termos certeza do que a paciente tem. – Concordamos com a cabeça.

- E como ela está agora? – Keyci

- Está em repouso no quarto e deve acordar daqui algumas horas, nós vamos fazer novos exames para podermos ter uma visão mais ampla do que ela realmente tem, mas não temos uma resposta nesse instante do que causou tudo isso. – Podia perceber o cuidado com que ele havia dito aquelas palavras.

- Como vocês não sabem o que ela tem? – Trinco meu maxilar – Ela tem vários sintomas e você não sabe o que ela tem? – Tento conter meu tom irritado, sentindo o braço de Keyci envolvendo a minha cintura.

Pude ver que assim que meu tom saiu rude com uma pontada de desespero a postura do médico mudou completamente, pude perceber sua irritação quando ele trincou seu maxilar e me encarou fixamente com seus olhos castanhos escuros.

- Senhora eu não posso dizer o que a paciente tem ou não tem baseado em suposições minhas e de meus colegas. – Me olha sério – Amanhã de manhã você saberá o quadro clinico real da Sra. Cabello, os resultados dos exames vão estar em minhas mãos antes das oito da manhã e então veremos o que devemos fazer para que o que houve essa noite não se repita. – Olha para todas nós e após uma longa pausa me encara neutro – Apenas uma pessoa pode passar a noite com a paciente. Sugiro que vocês vão para casa se trocar, descansar e voltem mais tarde. – Abaixa a prancheta.

- Dr. Jackson o homem do quarto 102 acordou. – Uma enfermeira aparece ao seu lado.

- Eu tenho que ir, qualquer dúvida vocês perguntem a Jennifer. – Aponta para a bancada – Boa noite.

Assim que o doutor saiu me sentei no lugar que eu havia ficado por três horas, aquele médico não disse absolutamente nada que acrescentasse alguma informação útil para nos acalmar. Nós só saberíamos no dia seguinte o que havia acontecido com Camila, algo que era torturante, eu precisava de respostas o mais rápido possível para que o que quer que ela tivesse fosse resolvido e minha namorada ficasse bem novamente.

Após digerirmos o que o médico ranzinza havia dito chegamos à conclusão que iriamos para minha casa, onde iriamos tomar banho e as meninas iriam tentar descansar, eu iria tomar banho e trocar de roupa rapidamente apenas para voltar ao hospital e ficar no quarto com Camila, esperando ela acordar e os resultados dos exames chegarem.

Big Rob me fez sair pelos fundos do hospital, em um lugar que apenas as pessoas que trabalhava no hospital tinham acesso. Meu carro havia sido estacionado lá atrás por alguém do hospital, já que eu havia deixado a chave no contato e corrido para dentro do edifício e o lugar que eu havia estacionado era o mesmo lugar onde as ambulâncias chegavam. Entrei em meu carro junto com Dinah e Tori, nós continuávamos em silencio e pelo retrovisor pude ver que Tori havia se sentado na extremidade que a cabeça de Camila havia ficado, não onde seu sangue estava.

Cheguei em casa e não me atrevi a olhar para o chão, onde eu encontraria mais sangue dela, caminhei rapidamente para o meu quarto e entrei no banheiro, retirando minha roupa e sentindo meus olhos arderem com as lágrimas grossas que já rolavam pelo meu rosto de uma forma descontrolada e apavorante, eu não tinha controle.

Eu chorava alto, sem medo que qualquer pessoa escutasse, chorava sentindo o ar faltar em meus pulmões e minha cabeça latejar de dor. Encarava meu reflexo no espelho e podia ver o sangue dela grudado em minha pele, me fazendo ficar atordoada e conseguindo fazer com que meu estômago embrulhasse, corri para a privada e não demorei nada para vomitar.

Estava tudo dando finalmente certo, nós estávamos tão bem e felizes, todo mundo estava aceitando Camila e minha carreira estava um enorme sucesso, assim como a carreira profissional dela. Não brigávamos como na nossa adolescência por estarmos longe e com saudades uma da outra, o ciúme não acontecia por conta de confiramos tanto uma na outra.

- Laur? – Escuto a voz de Keyci – Está tudo bem? – Passo as costas da minha mão pela boca, engolindo meu choro.

- E-Eu estou bem, já vou sair. – Abaixo a tampa e dou descarga, caminhando em direção ao box para tomar meu banho.

- Se você precisar de algo você me chama. – Murmura em um tom mais baixo e ao invés de responder optei apenas por ligar o chuveiro.

A água quente caía em minha pele, com o sabonete e uma esponja eu esfregava minha pele e unhas, tentando tirar o sangue que havia ficado em mim. A água do chuveiro se misturava com as minhas lágrimas, que não conseguiam parar de rolar pelo meu rosto de jeito maneira. Apoio minha cabeça contra o vidro do box e tento controlar meu choro, eu nunca havia chorado daquela forma desesperada.

Não entrava na minha cabeça Camila estar tão bem uma hora e depois ficar tão mal do jeito que havia ficado, em questão de horas, foi tão repentino e inesperado. Talvez nada disso tivesse acontecido se eu não tivesse saído em turnê e ficado perto dela, monitorando aos poucos as mudanças que Dinah havia notado a tempos atrás, eu poderia ter feito ela se consultar com um médico antes e nada disso teria acontecido.

Desligo o chuveiro e pego minha toalha, me secando e tendo certeza que eu estava limpa e não cheirava mais sangue ou a roupa suja. Enrolo a toalha em meu corpo e antes de sair do banheiro me olho no espelho. Meus olhos estavam em uma coloração azul clara e a sua volta meus olhos estavam vermelhos, meu rosto estava inchado e eu estava com uma expressão abatida.

Eu estava horrível.

Entro em meu quarto e caminho em direção ao pequeno closet que tinha lá, visto uma calça jeans de lavagem clara, visto a primeira blusa que acho e pego uma jaqueta prata, calço meu All Star e não me preocupo nem em amarra-los, passo a mão pelos meus cabelos e saio do quarto apressadamente.

- Você já vai? – Me viro e encaro Dinah no meio do corredor com uma calça e sutiã

- Eu estou indo, qualquer coisa eu...

- Eu vou com você. – Tori sai do seu quarto calçando seu All Star preto de cano alto.

- Eu também. – Dinah entra no quarto e sai vestindo uma blusa.

- Vocês não podem ficar no quarto e...

- Nós vamos ficar na sala de espera. – Dinah me olha – Você sabe que não iriamos conseguir dormir. – Concordo com a cabeça.

- Então vamos. – Vejo que Tori tinha um livro em mãos e na outra seu celular e carregador, assim como Dinah.

Assim que chegamos na sala Keyci nos esperava com Big Rob, que nos acompanhou até o carro para que fossemos com o segurança. Aparentemente o cara que havia me fotografado a horas atrás chegando com Camila havia vendido as fotos e agora elas estavam em todos os lugares, fazendo com que as pessoas começassem a especular o que havia acontecido.

O caminho todo foi extremamente silencioso, era um silencio que todo mundo precisava para refletir, ninguém tinha vontade de conversar ou discutir o que estava acontecendo com a Camila, todo mundo estava assustado demais para fazer suposições e ainda mais assustados com o que poderia sair nos exames do dia seguinte.

Os paparazzis estavam na frente do hospital e como o carro não era um dos mesmos que eu geralmente andava conseguimos passar despercebidos pela parte de trás, para irmos sem incomodo algum dentro do hospital aguardar novidades de Camila. Após passar pela recepção com Big Rob na minha cola consegui pegar o crachá para que eu subisse até o quarto onde a minha namorada estava, enquanto minhas amigas ficariam na sala de espera com Keyci.

Cheguei no andar que haviam me instruído e uma enfermeira estava por lá, ela fez questão de me levar até o quarto quando pedi por ajuda e informei que passaria a noite com a paciente.

O quarto que Camila estava se encontrava escuro, iluminado apenas luz que vinha do corredor. Haviam vários fios ligados nela, monitorando tudo que fosse possível, uma manta azul clara cobria até o seu abdômen e uma roupa hospitalar cobria o resto do seu corpo, seu rosto estava pior que o meu e naquele momento ela parecia ainda mais magra e mais indefesa.

- Camz? – Murmuro mesmo sabendo que ela estava dormindo, tentando controlar meu choro – Eu estou aqui, amor. – Passo a mão pela minha bochecha para limpar as lágrimas – Eu não vou sair daqui até você acordar, teria entrado antes, mas não deixaram. – Acaricio sua mão fina – Eu amo você. – Me curvo e beijo sua testa.

Fiquei alguns minutos ali, apenas a observando, segurando sua mão fina e extremamente gelada. Só me sentei quando uma enfermeira entrou para checar algumas coisas e apontou para o sofá azul que tinha no quarto, dizendo que eu poderia me sentar ali para passar a noite, assim fiz.

(...)

Os raios solares batiam diretamente nas minhas costas, nem mesmo aquela maldita persiana conseguia impedir de que a luz entrasse tão brutalmente no quarto. Olho para o meu All Star e passo a mão pelo rosto, suspirando alto ao ver a hora em meu celular, que estava cheio de notificações de amigos e parentes.

Subo meu olhar assim que percebo uma movimentação sobre a cama, me levanto em um pulo e vejo os olhos de Camila arregalados e totalmente assustados, ela mexia os braços lentamente e encarava a enorme quantidade de fios ligados a ela, paro ao seu lado e nossos olhares logo se encontram.

- Bom dia. – Sussurro o mais baixo possível.

- O... o q-que houve? – Questiona confusa.

- Você passou mal noite passada. – Murmuro segurando sua mão – Vou chamar alguém, sim?!

Saio do quarto às pressas e chamo pela mesma enfermeira que havia me guiado para o quarto na noite passada, ela caminha ao meu lado de volta para o quarto e começa a monitora Camila, que olhava tudo com muita atenção, principalmente as coisas que estavam ligadas à sua veia.

- O doutor já vai vir aqui, nós precisamos fazer novos exames. – A mulher informa – Como está se sentindo, Sra. Cabello?

- Estou um pouco zonza e com ânsia. – A enfermeira anota na prancheta.

- Vou ver o que posso fazer por você, descanse e logo seu médico aparece aqui. – Sorri gentilmente e sai pela porta.

Ficamos em silencio, mesmo sem minha namorada dizer uma única palavra sabia o quão apavorada ela estava, seus olhos corriam a todos os instantes para os remédios que estavam sendo injetados em sua veia e só saiam de lá quando algum barulho perto da porta era ouvido.

Camila parecia mais agoniada e desesperada do que eu.

Levei minhas duas mãos de encontro com a sua, a envolvendo e conseguindo sua atenção, seus olhos castanhos intensos se fixaram nos meus e pude ver sua pupila dilatar. Acariciei delicadamente a sua mão e me curvei, beijando sua testa por um longo período, escutando um soluço dela escapar, indicando que ela chorava.

- Eu estou com medo. – Murmura e eu a olho bem de perto.

- Eu também estou com medo, estaria mentindo se dissesse o contrário. – Acaricio seu rosto e ela fecha os olhos aproveitando o contato – Mas estamos aqui, uma pela outra e você logo vai estar em casa sã e salva. – Sorrio e ela sorri de volta.

O médico de Camila não demorou muito para entrar no cômodo, ele aparentava estar bem mais cansado do que antes, seus olhos pareciam estar tristes e um sorriso triste estava em seu rosto. Ele caminhou até perto de Camz e enquanto checava se tudo estava certinho ia conversando para descontrair o momento, o cara até sorriu animado quando descobriu que Camila também estava quase se tornando uma médica.

- Acho que você, como futura médica, tem consciência que a pior parte do nosso trabalho é dar notícias ruins para nossos pacientes e seus familiares, não é? – Entrelaço nossas mãos e encaro o médico logo depois de Camila concordar com a cabeça – E mesmo depois de anos trabalhando com isso eu ainda não sei como dar essas notícias direito.

- Você poderia por favor ir direto ao ponto? – Camila sussurra ofegante.

- Sua namorada deu entrada no hospital com você noite passada, Camila e ela preencheu sua ficha com as informações que nós necessitávamos para ter uma noção melhor do que podíamos ou não fazer com você do jeito que você deu a entrada. – Me olha pelo canto de olho e eu sinto meu coração bater ainda mais rápido, eu tinha feito algo de errado? – E foi graças a ela que nós conseguimos descobrir mais rapidamente quais exames fazer para descobrir mais precisamente o que você tem.

Quando olhei para Camila ela já chorava, eu não estava entendendo nada, ele nem havia dito e ela já estava chorando assim.

- A quanto tempo você tinha esses sinais? – Murmura antes de perguntar outra coisa.

- E-Eu... dois meses, eu acho. – Passa a mão pelo rosto, limpando as lágrimas, eu a encaro incrédula.

Camila estava sentindo todas essas dores a tanto tempo e não havia procurado ninguém? Não havia informado ninguém? Imagina se ela estivesse sozinha quando o que aconteceu na noite passada acontecesse, não teria ninguém para socorre-la e sabe lá o que poderia ter acontecido.

- Nós iriamos precisar fazer outro exame caso não aparecesse nada, mas ontem já coletamos o necessário para descobrir o que era, por isso demoramos tanto para te trazer até o quarto na noite passada. – Comenta - Você chegou em um estado tão ruim que fomos obrigados a passar seus exames na frente. – Sinto o meu coração começar a acelerar ainda mais conforme ele abria um dos envelopes que tinha em mão – Nós fizemos o ultrassom e encontramos uma mancha em seu ovário esquerdo, que já estava maior do que o normal. – Sinto um bolo se formar na minha garganta e encaro Camila, que tinha os lábios comprimidos e o rosto banhado em lágrimas.

- V-Você está dizendo que... – Passo uma de minhas mãos pelo meu rosto, enquanto a outra permanecia entrelaçada com a de Camila.

- Que Camila está com um tumor no ovário esquerdo. – Comprimo meus lábios e respiro fundo - E pelo formato dele, que já é bem desenvolvido, não demoramos para descobrir que é maligno e não benigno.

Eu não sabia o que dizer, para ser bem sincera. Eu jamais, nem em um milhão de anos iria esperar algo assim. Sabia que para sangrar daquele jeito algo muito ruim havia acontecido, eu só não esperava que seria tão horrível e maldito como aquilo.

- Mas... – Camila o encara – Não pode ser, eu fiz os exames. – Passa a mão pelo rosto – Assim que eu senti as dores eu fiz um ultrassom, eu me consultei. – O encara – Porque não apareceu, porque não mostrou lá e...

- Sra. Cabello o câncer no ovário geralmente é muito difícil de ser identificado e só é detectado quando já está em um estágio mais avançado. – Fala compreensível – Por isso você estava com tantos sintomas, até mesmo teve aquele sangramento assustador e só foi possível detectar depois de dois longos meses. – Engulo meu choro e respiro fundo várias vezes.

Eu queria chorar. Eu queria gritar. Queria até mesmo socar alguma coisa.

Não conseguia acreditar que isso estava acontecendo com Camila, ainda mais com ela que sempre foi tão cuidadosa e sempre prestou tanto atenção para todos os sinais. Ela estava tendo a mesma doença maldita que sua mãe teve.

- Eu vou deixar vocês sozinhas por alguns instantes. – Sussurra – Quando eu voltar iremos fazer um novo exame para aprofundar ainda mais, precisamos já entrar com o tratamento. – Continuo sem me movimentar e ele sorri tristemente, saindo do quarto.

Camila soltou nossas mãos e levou até o seu rosto, escondendo o mesmo e começando a chorar compulsivamente. Dei alguns passos para trás e me sentei novamente no mesmo lugar que havia ficado a noite toda, levo minhas mãos até a boca e cubro a mesma, ficando em completo silencio para tentar digerir aquilo da melhor forma possível.

Não tinha a menor ideia do que iria acontecer dali para frente e mesmo tentando ser extremamente positiva havia uma parte interna de mim que gritava descontrolada e totalmente apavorada. Eu não tinha certeza se seria forte para mim, imagina ser forte para Camila que precisava do meu apoio mais do que nunca.

Passo a mão pelo rosto e me levanto, caminhando para perto dela novamente, assim que me aproximo de sua cama tiro suas mãos de seu rosto e limpo suas lágrimas, começando a acariciar seu rosto e olhar no fundo de seus olhos. Eu não conseguiria falar sem chorar, por esse motivo através do meu toque e do meu olhar tentei passar toda a confiança que ela iria necessitar naquele momento.

- E-Eu não quero. – Fala entre soluços – Eu n-não quero ficar igual a minha m-mãe. Eu não quero, Lauren. – Começa a chorar novamente e eu sinto meu lábio inferior tremer – Não quero morrer. – Seguro seu rosto e ela fecha os olhos.

- Você não vai morrer. – Falo convicta – Camila. – A chamo e ela procura o meu olhar – Você vai sair dessa. – Acaricio seu rosto – Você não pode se desesperar, tudo bem? Nós estamos juntas nessa. – Seus dedos gelados seguram meus pulsos.

- Laur... – Ela sorri triste – Sabe qual é a média de mulher que sobrevivem a...

- Camila sem números ou informações sobre suas pesquisas de estudos para sua faculdade e trabalho nesse momento. – Sinto meu queixo tremer e a olho fixamente – Eu sei que é difícil, mas você vai ser uma exceção. – Respiro fundo antes de continuar falando – Quando ele voltar aqui para fazer mais exames e dar mais notícias eu vou estar com você e você vai usar até mais da mesma determinação que você usou para passar em Stanford para vencer isso. E nós vamos ser fortes, juntas. – Seus olhos brilham e isso aquece meu coração - Você vai ser forte o bastante para vencer isso, estamos entendidas? – Ela comprime os lábios.

- Lauren...

- Você não pode desistir. Você não vai desistir. – Seguro suas mãos.

Camila me olhou por um longo período. Após piscar algumas vezes e respirar fundo limpou os vestígios de lágrimas que rolavam instantes atrás pelo seu rosto delicado. Seus dedos finos e gelados se entrelaçaram com os meus e Camz sorriu de lado, mesmo que não tivesse muita vontade e toda aquela situação dissesse para ela fazer totalmente o contrário.

- Eu não vou desistir. – Murmura.

Após ouvir aquelas palavras eu sorri, mesmo estando apavorada e tremendo de medo por dentro, sorri largo por saber que ela não iria parar de lutar e não desistiria antes de ter que cair.


Notas Finais


Então genteeeee aqui está o tão aguardado capítulo!! É câncer no ovário e quando o médico fala que a Lauren ajudou, significa que ao dizer na ficha médica de Camila que a mãe de Camila teve câncer facilitou na hora do diagnostico dela! Da onde vocês tiraram que a Camila poderia estar gravida?????? Ela teria tanto trabalho para ter a Lauren de volta para trair na primeira oportunidade???? Inseminação sem elas estarem casadas e etc???????
Espero que, apesar de tudo, vocês tenham gostado desse capítulo e eu li que muitas pessoas iriam parar de ler se fosse realmente câncer e eu realmente sinto MUITO por essas pessoas, porque a história vai ficar bem legal e muito interessante agora. Câncer é uma doença lazarenta e muito filha da puta, eu perdi uma pessoa para essa doença e escrever sobre foi a forma que eu encontrei de colocar uma pedra em cima desse assunto! Então, mesmo que o enredo continue sendo triste por alguns -vários- capítulos espero que vocês não abandonem a história, de verdade!!
Obrigada a todo mundo que le, comenta, segue a playlist da fanfic no spotify, fala comigo no tt e divulga a história, vocês moram no meu coração e tem um lugarzinho reservado em uma pizzaria qualquer!
Qualquer coisa é só chamar (switch5Hearts) no twitter ou então mandar coisinhas no ask.fm/SushiDaMegan
Obrigada por tudo, mais uma vez,
Natália xX(:


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