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História Letters To Camila - Segunda Temporada - Remember


Escrita por: itscamren-yo

Notas do Autor


Heeeeeey amigos,
O capítulo de hoje vai finalmente fechar um dos pontos que ficou aberto desde a primeira temporada e eu realmente espero que vocês gostem dele, porque ele foi difícil de escrever e eu acho que eu consegui abordar bem o assunto! Eu finalizei ele ontem, então se vocês acharem ele meio bleh eu vou entender!!
Para hoje sugiro as músicas: I Was Made For Loving You da Tori Kelly feat Ed Sheeran, Misguided Ghosts do Paramore, Infinity da One Direction, For The Love Of A Daugther da Demi Lovato e Hands of Love da Miley Cyrus.
Boa leitura:

Capítulo 44 - Remember


Fanfic / Fanfiction Letters To Camila - Segunda Temporada - Remember

- Lauren como a Camila está? – Abaixo ainda mais minha cabeça, rezando para que meu capuz cubra melhor o meu rosto.

- Ela ficou em casa?

- O que você comprou? – Outro pergunta.

Permaneço em silencio, segurando do melhor jeito que consigo tudo o que tinha em mãos, piscando diversas vezes seguidas já que mesmo estando com os óculos de sol os flashes tinham a capacidade de incomodar meus olhos.

- Por que não tira o capuz para que nós possamos tirar foto do seu novo cabelo?

Respiro aliviada quando noto que finalmente cheguei no meu carro, com o meu corpo empurro um deles que estava entre a porta do motorista e eu, a porta se abre e eu a puxo da melhor forma que consigo, estendo as coisas para Camila segurar e assim que minha namorada pega tudo entro no carro ao som das vozes altas deles enquanto os barulhos ensurdecedores das câmeras tentavam nos fotografar.

Era a primeira vez que saíamos –sem ser para o hospital- depois que as fotos dos nossos cabelos haviam sido espalhadas por toda a internet. Meus fãs haviam ficado loucos ao me verem com o cabelo extremamente curto e Camila sem cabelo algum; alguns fãs odiaram a minha aparência mas conseguiram apreciar o porquê de eu ter cortado; tinham os que amaram o corte e o porquê do corte; haviam os que não se importavam com nada e estavam centrados nas montagens de boyfriend Lauren que poderiam ser feitas agora.

O caminho até o parque não demorou muito, estacionei em uma vaga qualquer e não demorei absolutamente nada para dar a volta e ajudar Camz a descer do carro alto, fazendo questão de segurar as coisas que havia comprado para nós, Camila pegou a toalha e então abraçou o meu braço para que pudemos entrar no enorme parque.

As coisas andavam bem tensas em casa, provavelmente porque a cada dia Camila ficava mais e mais debilitada, a dois dias atrás tivemos que leva-la até o hospital por causa de dores insuportáveis, o remédio que ela precisava tomar em casa não estava conseguindo fazer efeito e as dores abdominais voltavam com tudo.

Mesmo estando com um pouco de vergonha e passado mal na tarde de ontem Camila sugeriu um café da manhã no parque, já que além de acordarmos antes de todos, minha namorada alegava estar muito melhor, além do mais ela provavelmente queria passar um tempo a sós comigo, já que além da falta de privacidade que estávamos tendo a semanas daqui a três dias ela daria entrada definitiva do hospital para fazer a operação, fazer a sua vontade seria o mínimo que eu poderia fazer.

Como o dia de hoje estava mais frio que os anteriores nos agasalhamos muito bem. Camila vestia uma calça jeans escura, botas pretas, uma blusa de algodão e um suéter grosso preto mais a sua –agora- inseparável touca, acompanhada de um cachecol. Eu optei por uma calça jeans de lavagem clara, uma blusa azul, moletom de zíper em um tom azul mais escuro e minha jaqueta de couro preta por cima, mais o All Star branco de sempre. De uma forma surpreendente nossas roupas faziam um contraste legal.

- Segura aqui. – Estendo nosso café da manhã e Camila se encolhe, pego a toalha enquanto ela segurava o café da manhã.

Estiquei a toalha azul e me sentei, Camila não demorou nada para ficar de joelhos sobre a toalha, colocando nosso café da manhã ao meu lado e então se acomodando entre as minhas pernas para que eu pudesse lhe abraçar por trás e consequentemente esquenta-la enquanto ela fazia o mesmo comigo.

- Aqui está o seu chá, madame. – Entrego seu copo e Camz ri baixinho, pego o meu cappuccino e então olho dentro da sacola entregando para Camila o único alimento da cafeteria que não lhe enjoava – Era isso, certo?

- Certo. – Sorri com a ponta do nariz levemente avermelhada.

- Ótimo, não gosto de errar o seu pedido. – Me ajeito melhor atrás dela, a sentindo se acomodar melhor em meus braços.

- Como se você já tivesse errado alguma vez... – Ri com a bebida fumegante perto de seu rosto – Você me conhece como ninguém e sempre acerta tudo. – Beija a minha bochecha e eu sorrio de canto.

Ficamos um curto período em silencio, apenas aproveitando nossas bebidas quentes e nossos bolinhos sem gosto algum, já que não tinham recheio. Quando acabamos de comer e faltava apenas um pouco para nossas bebidas acabarem, as deixamos de lado e ficamos ainda mais abraçadas uma na outra, aproveitando aquele momento.

Qualquer um que a visse hoje saberia que ela não se comparava nada a Camila de meses atrás, a Camila em meus braços estava pálida, muito mais magra e extremamente abatida, era como se eu pudesse ver a cada dia sua doença lhe consumir mais e mais, mesmo com ela lidando com um bom humor excepcional tudo aquilo.

- Está tudo bem? – Murmuro quando a sinto relaxar em meus braços, encosto nossos rostos sentindo o quanto ela estava gelada.

- Uhum... – Murmura brincando com o copo da sua bebida – Seria horrível dizer que estou cansada? – Percebo seu tom cuidadoso e eu sorrio.

- Não, é totalmente compreensível... – Acaricio seu braço tentando a esquentar um pouco, isso a faz se aconchegar ainda mais em mim – Quer ir embora? – Questiono.

- Não. – Responde rapidamente – Não quero ficar dentro de casa, além do mais vou ter que ficar dentro de um quarto de hospital por um tempo, quero aproveitar meus poucos dias de liberdade. – Reviro os olhos.

- Você não vai ficar muito tempo no hospital, vai dar tudo certo e não vai demorar muito para voltarmos para casa e tudo ficar bem. – Sussurro, a apertando em um abraço apertado.

Eu nunca me senti melhor na vida depois de que eu cortei meu cabelo, Camila parecia outra pessoa, como se após ver o que todos haviam feito por ela a comprovação de que Camz não estava mais sozinha houvesse sido dada. Minha namorada passou a ter certeza que sempre teria várias pessoas ao seu lado e por esse motivo não havia porque ficar triste.

- Só quero ficar um pouco no meio ambiente, pode ser? – Pergunta em um tom meio sarcástico e eu rio baixo.

- Como você quiser. – Beijo sua cabeça.

- Mas se eu dormir em seus braços a culpa vai ser toda sua... – Da um novo gole no seu chá – Você é quentinha e toda confortável. – Rimos e eu encosto nossas cabeças.

- Pode dormir em mim o quanto você quiser...

- São os novos remédios, provavelmente. – Resmunga colocando o seu copo ao lado do meu – Eles têm me deixado estranha, você sabe disso. – Reclama e eu suspiro, era verdade.

- Sendo eles, ou não, nada te impede de dormir.

- Sua companhia me impede.

- A minha companhia? – Pergunto confusa.

- É... – Sussurra – Eu gosto demais da sua companhia para desperdiçar meu tempo dormindo.

Nós sabíamos que não seria mais assim dentre alguns dias, todo mundo iria ficar em cima dela dentre alguns dias, praticamente brigando para saber quem cuida de Camila e quem é a melhor companhia para ela em determinado momento e eu sei que não iria conseguir vencer nos argumentos com Dona Marie, ela provavelmente me expulsaria do quarto de Camila para que pudesse cuidar sozinha da neta, como andava acontecendo.

Quanto menos esforço Camila fizesse melhor para todo mundo, já que assim ela não passaria tão mal quando as dores exaustivas viessem com tudo. Minha namorada não estudava tanto quanto antes por conta do cansaço continuo, tarefas simples como se espreguiçar faziam ela se contorcer de dor no abdômen e os remédios fortes sempre a deixavam bem cansada não a deixando muito tempo conosco.

Eram nesses momentos, onde nós ficávamos em silencio, abraçadas e aproveitando o contato uma do corpo da outra que passávamos a não dar a mínima para tudo o que acontecia ao nosso redor, como se fossemos nós na nossa eterna bolha e nada pudesse nos atingir.

- Você acha que eu deveria contar para Sofia? – Sussurra depois de um tempo – Sobre Tori ser nossa irmã? Sobre o meu pai? – Comprimo meus lábios.

- É um direito dela de saber, Camz. – Suspiro.

- Tori vai voltar para o Canadá e depois vai sair em turnê, vamos demorar para vê-la e eu quero contar isso com Tori por perto, ela anda bem próxima de Sofi. – Brinca com a ponta dos meus dedos – Além do mais ela me avisou que ele tem chances de sair ainda esse ano... – Arregalo um pouco meus olhos, surpresa com aquilo.

- Isso é bom? – Respondo em tom de pergunta.

- Não sei. – Resmunga– Provavelmente não. – Fica um tempo em silencio - Não quero que mais ninguém conte para Sofia, se ele realmente sair existe uma grande chance de ele vir atrás dela. – Murmura amargurada - Além do mais eu não sei o que vai acontecer na sala de cirurgia ou até mesmo depois da cirurgia.

- Nada vai acontecer, Camila. – Falo levemente irritada – Vai dar tudo certo e você vai estar segura, saudável. – Da de ombros, não acreditando muito no que eu havia dito.

- Estou pensando em contar do jeito que eu descobri, só que de uma forma mais leve... não quero que ela se magoe e também não quero que ela tenha pena dele. – Trinca o maxilar.

- Ei, acho melhor mudar de assunto, não é? – Apoio meu queixo em seu ombro – Não quero te ver irritada ou aborrecida com isso... – Acaricio suas costas.

- Você fica comigo? – Se senta melhor e se vira para mim, arqueio as sobrancelhas – Quando eu estiver contando para ela, você não precisa dizer nada, só pode apenas estar lá?

- Claro que sim... – Sorrio – Eu sempre vou estar do seu lado, enquanto você quiser. – Sorri timidamente, se aconchegando em meus braços novamente.

O resto da nossa manhã foi bem calma, para ser sincera, calma até demais. Era como se a cada instante o infinito nos preenchesse e uma enorme quantidade de sentimentos indescritíveis fossem ainda mais aflorados, era como se a cada segundo nosso amor aumentasse e nós nem ao menos necessitávamos de palavras para que isso acontecesse.

As onze e meia juntamos nossas coisas por Camila não estar se sentindo tão disposta como antes, entrelaçamos nossas mãos para finalmente ir embora do parque, mesmo com dor Camila ria de alguns meninos treinando naquela hora no parque da forma mais estranha do mundo, enquanto estava agarrada em meu braço.

Antes que pudéssemos chegar a saída do parque uma fã me parou, a menina foi muito fofa e toda educada, alegando que não quis interromper nosso café da manhã e por isso ficou esperando até que nós fossemos embora, Camila ficou quietinha no canto esperando que eu acabasse com tudo aquilo rapidamente, mas a menina perguntou se poderia abraçar Camz antes de irmos, que apenas concordou com a cabeça.

Não sei o que minha fã havia sussurrado ao pé do ouvido de Camila, mas pude ver os olhos da minha namorada se encherem de lágrimas e um pequeno sorriso sincero ficar instalado nos lábios da mesma, assim como fez abraçar a garota mais apertado para logo se afastar.

Tentamos no afastar da menina e a mesma sussurrou para que nós tomássemos cuidado quando saíssemos já que todos os paparazzis estavam grudados no portão do parque, agradecemos seu cuidado e então nos despedimos mais uma vez, caminhando em direção a saída.

Pude perceber o corpo de Camila tremer assustado quando viu a grande quantidade de fotógrafos, ela apenas abaixou a cabeça e abraçou meu braço ainda mais apertado, se deixando ser guiada para mim. Diferente de sempre eles ficaram um pouco afastados, não fizeram nenhuma pergunta desnecessária e até mesmo saiam do caminho.

- Cara se afasta. – Um deles fala puxando o outro quando damos a volta no carro.

- Obrigada. – Camila sorri gentil para o que puxou o outro e eu apenas abro a porta para ela.

- Camila eu espero que você esteja melhor! – Outro grita e eu apenas ajudo ela subir no carro e então fecho a porta.

- Lauren foi difícil cortar o seu cabelo? – Um deles pergunta e eu rio, negando com a cabeça.

- Foi uma das coisas mais fáceis que eu já fiz. – Dou de ombros, abrindo minha porta.

- Por que não tira o capuz para a gente tirar foto dele então? – Apenas entro no meu carro e fecho a porta, colocando o cinto logo em seguida.

- Eu estou surpresa. – Camila murmura e eu a encaro confusa – Você respondendo um deles educadamente, não se estressando, essa é novidade. – Rio baixo e ligo o carro.

- Quando eles são civilizados eu posso tentar ser civilizada com eles. – Não demoro para conseguir sair de lá.

- Eles são chatos mesmo, a maior parte do tempo, mas seus fãs sempre ficam felizes em ver suas fotos... – Da de ombros – E algumas realmente ficam boas. – Encosta sua cabeça no banco, ligando o rádio.

- Eu sei, não gosto quando temos aqueles problemas até para andar, como quando a gente saiu para jantar e Sofia estava junto, eu tive que ir na frente porque estava insuportável a enorme quantidade de flashes. – Viro na segunda esquina, pegando o caminho para casa – Eles até nos seguiram quando a gente parou no primeiro sinal.

- “Dirija com cuidado, você tem uma criança aí atrás” – Camila tenta imitar o paparazzi e eu rio, segurando sua mão, minha namorada fecha os olhos e encosta a cabeça no banco – Ele tentou ser gentil no meio de todos aquelas outros, ele vai ficar feliz quando descobrir que você é uma excelente motorista. – Beija a minha mão e eu sorrio.

Não demoramos muito para chegar em casa, já que o caminho não estava tão lotado, entrei na vaga e então descemos do carro, caminhando em direção do elevador, aguardando o mesmo chegar. Durante todo o trajeto do elevador Camila ficou abraçada em mim, fechando os olhos diversas vezes, demonstrando o quão cansada estava.

Abri a porta de casa e me deparei com Marie e Sofia terminando de tomar café da manhã enquanto Patrick lia o jornal, cumprimentamos todos eles e Camz anunciou que precisava descansar um pouco, algo que ninguém contestou. Me sentei com eles e começamos a falar sobre os assuntos mais banais do mundo, inclusive sobre o tempo, que ameaçava dar uma super chuva.

Quando Sofia terminou de tomar café da manhã me chamou para subir para ver um filme que uma amiga dela havia indicado, assim fizemos, sentamos no sofá e ela entrou no Netflix, escolhendo o que queria ver e então se sentando ao meu lado. Antes do filme começar peguei meu celular e entrei no Twitter, já vendo minhas fotos e as de Camila espalhadas por toda a minha home.

A minha foto favorita havia sido uma que nós estávamos sentadas, enquanto ainda tomávamos café da manhã, estávamos bem abraçadas uma na outra, nossos rostos estavam colados e os narizes vermelhos deixavam bem evidente o frio que fazia, mas nós sorriamos largo e parecíamos bem felizes.

- Que foto fofinha. – Sofia murmura quando vê a foto onde Camila estava agarrada no meu braço e nós duas estávamos de cabeça baixas caminhando para o carro.

- Somos fofinhas. – Sussurro e minha cunhada revira os olhos, me fazendo rir – Eu só vou checar sua irmã antes da gente ver o filme. – Comento me levantando.

Caminho até o quarto e olho dentro do mesmo, vendo Camila deitada no meio da nossa cama agarrada no meu travesseiro e debaixo das cobertas, suas botas estavam largadas no chão ao lado do seu cachecol, ela nem havia se importado de trocar de roupa ou tirar a touca. Apenas me aproximei e a cobri melhor, beijando sua cabeça antes de sair do quarto.

Sentei ao lado de Sofia e nós começamos a ver o filme, só que ele não era tão legal o quanto ela esperava que fosse e isso me fez dormir de qualquer jeito no sofá, já que ela começou a mexer em seu celular. Acordei com Tori berrando no meu ouvido, depois de quase socar minha amiga descemos para o andar debaixo para almoçar.

Tori iria passar o dia conosco hoje antes de voltar para o Canada para aproveitar uma semana inteira com Hannah para que depois pudesse finalmente entrar em uma turnê de rádios, onde iria promover suas músicas para os radialistas, que provavelmente iriam amar Tori e por carinho a ela, tocariam suas músicas.

- Eu vou chamar Camila... – Me levanto da mesa e todos os olhares se voltam para mim.

- Não se preocupe com isso, Lauren. – Marie murmura enquanto colocava um pouco de comida no prato de Sofia – Eu já a chamei e ela pediu que nós a deixássemos dormindo, disse que vai comer mais tarde. – Comprimo meus lábios.

- Tudo bem. – Me sento novamente.

- Tori você já entrou onde Hannah trabalha? – Sofi pergunta interessada.

- Já! Tem muitas pessoas com roupas iguais, muitos aviões e muita barulheira. – Ri colocando um pouco de macarrão dentro da boca.

- Eu acho legal quando usam aqueles caças para soltar aquele pó colorido pelo céu no quatro de julho. – Patrick exclama e eu rio.

- Hannah sempre comanda esses tipos de ensaios quando eles têm que acontecer! – Da de ombros – Mesmo que os superiores dela digam que é perda de tempo, ela gosta.

- Tori ela já te levou para passear de avião? – Marie pergunta interessada e eu a encaro.

- SIM! – Tori fala animada – Tanto que em uma das vezes que ela me levou, me pediu em casamento.

- Ela te pediu em casamento lá em cima? – Sofia pergunta encantada.

- Não... – Tori ri, vendo que havia se expressado mal – Nós demos uma volta bem grande de avião e então quando descemos ela me pediu em casamento.

Minha cunhada mais velha explicou todo o pedido de casamento e então depois contou do pedido de namoro, relembrou de passeios que havia feito com Camila e Sofia lá no Canadá e todas as coisas do tipo, isso me deixou com muita vontade de conhecer como as coisas funcionavam por lá e como era a sua casa.

Depois que Camila mudou para meu apartamento eu não pensei em nós duas casando novamente, porque éramos praticamente casadas, só todo aquele assunto me fez pensar novamente em talvez mudar para uma casa e quem sabe realmente começar uma família, nós poderíamos até voltar para Miami, quem sabe.

Eu tinha muito medo do que a doença de Camila poderia vir a causar, mas eu não conseguia parar de planejar um futuro incluindo o amor da minha vida em cada parte dele, era como se o medo do que poderia acontecer não conseguisse ser maior que a vontade de tê-la ao meu lado pelo resto da minha vida.

Tori subiu as escadas quando escutou seu celular tocar, nós permanecemos à mesa comendo a deliciosa macarronada que Lea havia preparado, continuando a falar sobre casamento e pedidos de namoro, Sofia até me fez contar como o pedido de namoro meu e de Camila havia acontecido, fiz questão de falar o de anos atrás e o mais recente.

Pude perceber Marie e Sofia ficarem inquietas enquanto eu conversava com Patrick, ambas olhavam para a escada esperando Tori voltar, mas isso não acontecia de forma alguma, não demorou muito para Sofia pedir licença dando uma desculpa besta para subir as escadas a procura de Tori, que era seu novo grude.

Minhas cunhadas andavam bem próximas, Tori respeitava o fato de Camila não querer dizer nada sobre Alejandro para Sofia ou que elas eram irmãs, mas qualquer um notava que Tori tinha um carinho todo especial pela pequena e que a cada dia se aproveitava da convivência para se aproximar dela e ter uma irmã menor da forma que podia.

- Nós poderíamos dar uma volta essa noite. – Patrick sugere.

- Eu tenho ingressos para um jogo de basquete beneficente que vai ter, se você quiser assistir... – Murmuro e ele abre um largo sorriso.

- Mas sozinho? – Ajeita o guardanapo no seu colo e eu sorrio.

- Se Camila deixar eu vou com o senhor, o que me diz?! – Ele abre um largo sorriso.

- Eu vou adorar a companhia. – Sorrio.

Patrick me lembrava muito o meu avô, o mesmo jeitão despojado e divertido, apaixonado perdidamente pelos netos, filhos e pela esposa. Tê-lo por perto era maravilhoso, não era um senhor que tornava as coisas difíceis, pelo contrário, tornava tudo ainda mais divertido com o seu espirito jovial.

- Eu vou chamar aquelas duas. – Comento depois de terminar o meu almoço – Estão demorando demais, aproveito para chamar Camila, ela não pode ficar tanto tempo sem comer. – Ambos concordam com a cabeça e eu apenas começo a subir as escadas.

Não havia ninguém na sacada e muito menos na sala de televisão, vi o corredor vazio e então pude escutar vozes vindo do meu quarto, antes que pudesse entrar totalmente no quarto vi Sofia parada estática ao lado da porta aberta do closet, onde as vozes vinham. Meu cérebro começou a trabalhar a mil por hora quando escutei sobre o que Tori e Camila conversavam, sentindo uma vontade imensa de gritar para que mais nenhuma palavra fosse dita, mas antes que pudesse fazer isso Sofia se assustou comigo e deixou um soluço escapar.

Foi questão de segundos, as lagrimas rolavam pelo rosto de Sofia, Camila e Tori não demoraram nada para verem o que era o barulho.

- Sofia o que você estava fazendo? – Camila pergunta apavorada.

- E-Eu... – Minha cunhada mais nova parecia atordoada – Por quanto tempo? – Fica em um silencio, tentando absorver o que tinha escutado - Por quanto tempo vocês iam esconder isso de mim?

- Sofia... – Tori tenta falar.

- Ele está na cadeia? – Passa a mão pelos cabelos – Ele estava na cadeia esse tempo todo e ninguém me disse? – Percebo seus olhos ficarem ainda mais marejados – Eu achei que ele tivesse fugido por não me amar mais! – As lágrimas começam a rolar sem que ela tenha controle.

- Sofia não é nada disso, você precisa se acalmar, nós precisamos... – Camila estava extremamente apavorada com toda aquela situação.

- Eu preciso que você me diga a verdade. – Passa a mão pelo rosto – Porque você nunca faz isso, você me enrolou até agora e não vai mais fazer isso, Camila. – Podia perceber a raiva em sua fala e senti um pavor me consumir, Camila não podia ficar nervosa.

- Alejandro está na cadeia, Sofi. – Sussurra – Por diversos motivos e eu não contei porque não sabia como e estava buscando as palavras certas para fazer isso...

- LEVOU TODOS ESSES ANOS E AINDA NÃO CONSEGUIU? – Explode e eu percebo Tori se encolher.

- VOCÊ ABAIXA ESSE TOM. – Grita de volta e percebo Sofia se encolher, assim como todo o pescoço de Camila começar a ficar extremamente vermelho – Eu vou contar e você vai ficar em silencio, esperando eu terminar para dizer alguma coisa. – Respira fundo – Nosso pai está a sete anos na cadeia, merecidamente. – Fala sem um pingo de compaixão – Ele deixava nós duas sozinhas quase todos os dias, para se encontrar com...

- Com a minha mãe. – Tori intervém – Alejandro tinha duas famílias, Sofia. – Minha cunhada mais velha tinha a voz falha – Ele revezava entre nós e fez isso por muito tempo, por muitos anos e ninguém nunca desconfiou. – Suspira – Ele tinha duas esposas antes mesmo de todas nós nascermos. Quando Camila e eu nascemos que as coisas ficaram mais complicadas para ele, mas não mais impossível. – Cruza os braços.

- Quando a nossa mãe morreu ele desviou todo o dinheiro do seguro de vida dela que estava em nosso nome para o dele. – Camila comenta – Eu não entendi quando descobri isso, mas fui entendendo depois com a ajuda de Lauren... – Me olha e eu dou um olhar significativo, mostrando que eu estava ali, a apoiando – Ele usava o dinheiro para manter Tori e Shay, nós também. – Coça a testa desconcertada.

- Nós descobrimos tudo e então a máscara dele caiu... – Tori murmura – Ele foi preso por bigamia e abandono de menores, daqui a cinco meses ele vai sair da cadeia e era sobre isso que estávamos conversando.

Sofia estava em completo silencio, as lágrimas rolavam sem qualquer controle pelo seu rosto, seu corpo tremia e sua expressão era indescritível. Deveria ser sufocante idealizar tanto uma pessoa e seus motivos de ter partido, descobrir a razão verdadeira e então se decepcionar completamente com isso.

- Por isso ela está aqui? – Olha para Tori – Ela é nossa ‘irmã’? – Pergunta com escarnio.

- Sofia, Tori não tem culpa de nada disso, assim como Shay não tem culpa de nada que aquele canalha fez. – Sofia a encara incrédula.

- ELE É NOSSO PAI. – Grita dando passos para frente – ELE É A PORRA DO NOSSO PAI E ELE ESTÁ NA CADEIA, POR SUA CAUSA! – Aponta para Camila e percebo os olhos dela serem tomados pela raiva.

- ELE ESTÁ LÁ PORQUE MERECE ESTAR! – Grita ainda mais alto – E ELE DEVERIA APODRECER NA MERDA DE CELA QUE SE ENCONTRA TODOS ESSES ANOS, PORQUE ELE É UM PORCO SUJO QUE MERECE O PIOR DA VIDA. – As lágrimas começam a rolar pelo seu rosto.

- POR ELE TER OUTRA FAMÍLIA? – Pergunta descrente – DEVE TER SIDO FÁCIL PARA VOCÊ, ELE E NOSSA MÃE PARTICIPARAM DA SUA CRIAÇÃO, JÁ EU FIQUEI COMPLETAMENTE ABANDONADA! VOCÊ ACHA JUSTO EU TER FICADO SEM UM PAI? VOCÊ ACHA JUSTO ELE ESTAR PRESO? – Percebo o rosto de Camila se contorcer em uma cara de tristeza.

- Você está com raiva. – Camila comprime os lábios – Você foi criada por dois seres humanos maravilhosos, Sofia, pessoas presentes e que te deram todo o amor do mundo. – Minha cunhada limpa as lágrimas que rolavam pelo seu rosto – Abandonada você ficava quando tinha pesadelos a noite e tinha que ir ao meu quarto, porque não encontrava ele no dele. Abandonada você ficava quando ele não aparecia em nenhuma das suas apresentações da escola. Abandonada você ficou, igual a mim, quando ele tirou a vida da nossa mãe.

Naquele momento tudo ficou em silencio, apenas a respiração pesada das duas se faziam presente no cômodo. Tori olhava Camila horrorizada e eu tentava processar tudo aquilo que estava acontecendo. Sofia tinha uma expressão completamente confusa e Camila não demonstrava o quanto aquele assunto estava sendo desgastante para ela.

A Camila que conseguia camuflar tudo o que sentia havia voltado.

- Quinze minutos antes de nossa mãe ser dada como morta eu vi ele aplicando o remédio que seria a causa da morte dela. – Tori começou a chorar e eu passei a mão no meu cabelo, sem saber o que dizer ou fazer – E anos depois, quando ele foi desmascarado ele disse na minha cara que matou a nossa mãe e que não conseguia nos olhar porque nós éramos a lembrança diária de que ele havia nos privado uma vida inteira com ela. – Se aproxima de Sofia e respira fundo – Então sim, eu acho muito justo ele estar lá, longe de todos nós.

Nada mais foi dito, Sofia simplesmente se virou e saiu correndo enquanto as lágrimas rolavam pelo seu rosto, instantes depois a porta de seu quarto foi batida com força e então encarei Tori, que parecia atordoada e não demorou nada para começar a se despedir e então sair pela porta, antes que pudesse a impedir Camila me abraçou e começou a chorar de uma forma que eu não via a muito tempo.

Queria ser o apoio de Sofia e de Tori, ajudar ambas a digerirem as novas informações, mas minha namorada precisava de mim e eu não podia negar isso a ela, deveria apoia-la nesse momento difícil para que mais tarde pudesse lidar com minhas cunhadas.

Lembro da forma devastadora que Camila havia ficado quando descobriu tudo sobre o seu pai, até mesmo sobre as semanas que ficou afastada de mim, foi como um choque de realidade, foi como se tudo que ela sempre mais amou e prezou tivesse escapado por entre seus dedos sem que ela pudesse fazer absolutamente nada, havia acontecido o mesmo naquele momento.

Sofia viveu tantos anos com a incerteza do que havia acontecido com a sua família, quando descobriu a verdade não conseguiu ser tão adulta como sempre pregou que era. Mas eu não a culpava. Um assunto tão delicado e pesado com esse é extremamente difícil de lidar e principalmente digerir, simplesmente por envolver sentimentos antigos/confusos e nunca lidados antes.

- Camz... – Sussurro acariciando sua nuca – Ela estava nervosa, precisa de um tempo para digerir tudo isso... – Camila afunda ainda mais o seu rosto no meu peito, soluçando mais uma vez – Você fez o que tinha que fazer.

- Eu não queria que fosse assim... – Fala em meio ao choro.

- Mas foi, não há nada que possamos fazer para mudar isso. – Beijo sua testa – Apenas o tempo vai fazer com que Sofia entenda vocês, além do mais, quando as coisas acalmarem nós podemos conversar melhor com ela.

- Ela não pode gostar dele, ela não pode querer ele por perto... – Rosna inconformada e eu suspiro.

- Camz não sofra por antecedência...

- Ele só vai chegar perto dela por cima do meu cadáver. – Mordo meu lábio inferior.

Percebendo que não iria adiantar dizer absolutamente nada apenas a abracei melhor e deixei que ela chorasse ali, agarrando cada vez mais a minha blusa e chorando cada vez mais alto. Mas não era um choro de pena ou arrependimento por ter dito tudo aquilo daquela forma, era um choro com raiva e desprezo por ser obrigada a contar o que ele fazia pelas costas de todos.

Coloquei Camila sentada na cama e quando me sentei ao seu lado ela não demorou nada para se sentar em meu colo e se encolher toda, mas dessa vez sem chorar, apenas para aproveitar o meu colo e o carinho que eu lhe proporcionava. Após bons minutos Camila apenas se mexeu porque ouviu passos e olhou para a sua avó parada na porta, isso a fez esconder seu rosto no meu pescoço, fiz um sinal para que Marie fosse ver Sofia, assim a mulher fez.

- Amor que tal você tomar um banho para relaxar? – Sugiro depois de vê-la mais calma – Posso ligar a banheira se você quiser e depois do seu banho eu posso pedir para Lea preparar seu almoço, você precisa comer alguma coisa... – Ajeito a touca em sua cabeça e percebo o bico chorão que ela faz, fazendo meu coração amolecer.

- Não quero sair do quarto, Lo... – Fala manhosa e eu a aperto em meu abraço.

- Você não precisa, eu trago seu almoço aqui. – Acaricio suas costas – Quer banho de banheira ou no chuveiro? – Questiono a pegando no colo e caminhando com ela para o banheiro.

- No chuveiro mesmo, quero deitar na cama e dormir o resto do dia. – Murmura e eu suspiro, seriam duas Cabello’s de mau humor agora.

- Precisa de mim para alguma coisa? – Pergunto a colocando sentada em cima da pia, Camila nega com a cabeça, tirando sua touca – Então eu vou descer e ajudar Lea com seu almoço, além do mais você precisa tomar seus remédios. – Comento puxando a porta – Eu não demoro.

Antes de descer para o primeiro andar fui para o closet para separar a roupa de Camila, a deixando em cima da cama. Sai do quarto e pude ver a porta de Sofia entreaberta, quando espiei pela fresta pude ver Marie com a neta no colo, que chorava bastante e se agarrava na avó procurando algum tipo de consolo. Sem fazer mais nada, desci as escadas.

Fui para a lavanderia depois de explicar rapidamente para Patrick o que havia acontecido, o homem não demorou muito para subir as escadas, encontrei Lea lavando as roupas e assim que a mulher me viu sabia o que aquilo significava. Fomos para a cozinha e preparamos a única refeição que Camila estava conseguindo comer sem se sentir extremamente enjoada, sopa.

Voltar para o quarto e vi minha namorada terminando de se vestir, se curvando para gemer um pouco de dor quando terminou de colocar a blusa. Nós nos sentamos e fiz questão de observar Camila comer toda a pouca quantidade que eu havia colocado no prato fundo. Quando minha namorada estava terminando sua refeição me levantei e fui pegar seus remédios, a fazendo tomar com o suco na bandeja.

Minha namorada se levantou para ir até o banheiro, peguei a bandeja e desci as escadas, deixando em cima da bancada da cozinha e então subindo de volta para o quarto, parei na frente do quarto de Sofia e pude ver que seus avós já haviam a acalmado, isso me fez respirar aliviada, talvez ainda hoje nós poderíamos conversar com ela e acertar tudo.

- Camz? – Chamo.

- Lauren... – Sua voz sai como um gemido, arregalo meus olhos e corro em direção ao banheiro.

Camila tinha muitas dores abdominais, que infelizmente haviam se tornado frequentes nos últimos dias, Dr. Campbell sempre implorou para que estivéssemos por perto quando essas dores aparecessem.

Minha namorada estava curvada e gemia de dor, as pontas de seus dedos estavam brancas graças a força que ela fazia para impedir de fazer seu corpo se colidir com o chão, a expressão de dor me deixou desesperada no mesmo momento. Quando me aproximei ainda mais um grito de dor cortou o cômodo, antes que Camila caísse de joelhos no chão a segurei pelos braços, a ouvindo gemer ainda mais alto de dor. Calmamente a coloquei deitada no chão do banheiro, meu corpo todo tremia e eu sentia o meu coração querer rasgar meu peito por ouvir Camila gritar tão alto, agoniada de dor.

- Camila onde está doendo? – Ela rosna e fecha ainda mais os olhos, deixando as lágrimas rolarem pelo seu rosto – MARIE? – Me viro um pouco para trás para gritar, sentindo lágrimas rolarem pelas minhas bochechas – PATRICK?

Olhei para Camila e pude ver a expressão de seu rosto suavizar aos poucos, seus braços ficaram moles e seu corpo inteiro parou de se contrair em dor, ela simplesmente caiu desacordada em meus braços, fazendo o pavor me consumir ainda mais.

Escuto passos e me viro sentindo meu lábio inferior tremer, não iria soltar Camila.

- LIGA PARA A EMERGÊNCIA! – Falo alto, vendo Marie e Sofia darem passos para trás – Amor... eles já vão chegar, vai ficar tudo bem... –  Sussurrando em meio a lágrimas.

Puxo seu corpo para ficar ainda mais em cima do meu, fecho meus olhos e respiro fundo, orando em silencio para que tudo desse certo.


Notas Finais


Esse finalzinho foi bem tenso, hein?! Quem estava esperando? O que vocês acham que vai acontecer agora??
Obrigada a todo mundo que está comentando, lendo, votando e divulgando a história, ela não seria nada sem vocês e eu realmente aprecio todo mundo que compartilha as histórias relacionada a essa doença maldita, também aprecio todo o carinho que vocês tem comigo!!!
Caso você queira apenas conversar comigo ou só pedir link da playlist da fanfic pode chamar no twitter (switch5Hearts) ou então mandar perguntas no ask.fm/SushiDaMegan
Natália xX(:


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