História Letters To Camila - Segunda Temporada - Vlogs

“- E acho que esses são todos os lugares que nós vamos aqui no hospital! – Camila ajeita melhor a câmera em sua direção – Eu trabalhava no primeiro andar, vou ter que continuar afastada até melhorar. – Sorri animada – Espero que isso aconteça logo... e essa é minha grande amiga, Hailee, fala ‘oi’

- Oi pessoal. – A mulher sorri largo e acena – O que você faz fora do seu quarto? – Começa a empurrar a cadeira de rodas de Camila – Foi a Anna que te trouxe para fora?

- Eu estava só dando uma volta. – Resmunga e faz uma cara engraçada para a câmera.

- Pois tem que ficar no seu quarto. – Camila vira a câmera e filma Hailee uma última vez.

O vídeo foi editado e então passava para uma nova parte, Camila já estava sentada em sua cama e mesmo ofegante ria animada, olhando para alguém que estava no fundo, então virava para a câmera.

- É estranho ‘morar’ em um hospital por um tempo indeterminado, mas aqui você conhece outras pessoas que passam pelo mesmo que você e acaba vendo que as vezes a sua situação não é a pior de todas. – Ri sem graça, dando de ombros – No vídeo de hoje eu mostrei todas as áreas de um hospital que uma pessoa com câncer pode ir, não que isso seja muito interessante, mas eu acho que é a melhor forma de vocês entenderem melhor tudo. – Sorri gentil – Então até o próximo vídeo, não se esqueçam de se inscrever no canal e dar like no vídeo, caso você gostou desse... – Para alguns instantes – E você pode assistir o vídeo passado clicando... aqui. – Aponta para um canto qualquer, que depois adicionei uma guia para o vídeo antigo.

- Pera vou falar tchau com você. – Hailee aparece, em seguida Anna também, ambas sorriem e acenam para a câmera.”

Gravar os vídeos estava sendo de grande ajuda para Camila, era como um diário virtual onde ela poderia ser ela mesma e gravar tudo isso para compartilhar com outras pessoas, pessoas que realmente estavam gostando dos vlogs e até mesmo compartilhando suas lindas histórias de vida conosco.

Clico no próximo vídeo e antes mesmo dele abrir sorrio com o título: o dia que raspei meu cabelo.

“- Hey. – Sorri e acena para a câmera – No vídeo de hoje vamos falar sobre um tópico que apavora muitas pessoas... a queda de cabelo! – Faz uma careta – Para aqueles que não sabem a queda de cabelo acontece graças a quimioterapia e não graças ao câncer. Hoje em dia existem quimios que não permitem que o cabelo caia, infelizmente a minha não foi uma dessas quimios. – Morde o lábio inferior – A minha quimioterapia fez todo o meu cabelo cair, inclusive os da sobrancelha, afinal o meu câncer estava em um estágio mais avançado então os medicamentos eram bem mais fortes.

Quando Camila falava aquilo duas fotos dela apareciam no lugar dela. Na primeira foto era eu segurando a sua mão, enquanto ela sorria e chorava ao mesmo tempo, com Maggie raspando a sua cabeça. A segunda foto era uma dela sorrindo largo e fazendo positivos com a mão, seus olhos brilhavam e seu rosto estava levemente inchado por causa do choro.

- Acho que quando descobri que o meu cabelo estava caindo foi um dos piores pesadelos de todos os tempos, eu tentei esconder das pessoas que estavam ao meu redor, não queria que eles me olhassem com outros olhos. – Sorri de canto, sem muita vontade – Mas obviamente que acabaram descobrindo, não de uma forma legal, mas descobriram. Minha primeira reação foi me sentir feia e afastar todos eles, porque além de doente estaria feia... era isso que eu tinha em mente, quem iria querer estar ao lado de alguém assim? – Vejo seus olhos marejados e ela coça o pescoço – Então eu tive longas conversas com meus amigos, minha namorada e familiares, mas nada parecia suficiente para calar o medo de não ser boa, forte ou bonita o suficiente para qualquer um deles... – Ela faz uma pausa.

Era notório o quão sincera ela estava sendo quando dizia cada uma daquelas palavras, assim como ficava extremamente claro tudo o que havia passado pela sua mente quando ela tentava me evitar e o que realmente havia sentido naquela época.

- Nada que eles diziam era bom o suficiente para calar minha insegurança, ainda mais com o meu cabelo caindo mais e mais. – Morde o lábio inferior, passando a mão que não segurava a câmera nos olhos, para limpar os vestígios de lágrimas – No dia que eu tive que raspar meu cabelo todo mundo sumiu e então Lauren apareceu com um capuz e touca, toda sorridente e rindo, me abraçando e elogiando e algo dentro de mim gritava que ela estava agindo daquela forma para esconder o pavor que seria ver sua namorada careca, mas foi totalmente ao contrário... – Sorri apaixonada e morde o lábio inferior – Então agora vocês vão ver o vídeo de tudo o que aconteceu:

As imagens que seguiram eram trechos do vídeo original, Lucy havia me ajudado na edição do terceiro vídeo do canal, ela havia pegado as cenas de todo mundo cortando os cabelos e fazendo caretas, fazendo questão de colocar uma foto no final do corte. Depois que a minha foto de cabelo curto apareceu mostrava a reação de Camila vendo todo mundo com os cabelos curtos e depois ela cortando o dela. Lucy havia cortado várias partes para que o vídeo final não ficasse muito grande.

- As pessoas que eu mais amo no mundo todo tiveram que cortar os cabelos para que eu me sentisse bonita e bem comigo mesma, mas eu vou te contar um segredo... – Se aproxima da câmera – Você pode sim fazer isso sozinha, mas é melhor quando deixa outras pessoas te ajudarem a lutar por isso. – Pisca para a câmera – Você que está vendo esse vídeo: Você é lindo(a) de qualquer maneira e não é o cabelo que vai ditar se você merece ou não se sentir bem no dia de hoje. – Encolhe os ombros – Levei anos de minha vida para me sentir bem comigo mesma e não posso deixar que seja alguns fios de cabelo que me impeçam de me sentir bem comigo mesma e linda do modo que eu sou. – Ri sem graça – Não tenha medo de cortar, é libertador e... – Aponta para a cabeça sem qualquer touca – Lembre-se, você vai economizar água não tendo tanto cabelo para lavar. – Ri sozinha e acena para a câmera – Se cuidem e não esqueçam de contar suas histórias aqui embaixo, amo ler o que vocês têm a dizer”

O vídeo de Camila sobre raspar a cabeça foi o que mais teve repercussão, depois dele ela recebeu ainda mais likes, muitas pessoas se inscreveram em seu canal e muitas outras a seguiram no Twitter, a lotando de perguntas e querendo que ela gravasse novos vídeos, o que deixou minha namorada ainda mais animada.

Acontece que Camila recebeu alta do hospital após fazer novos exames para descobrir se seu câncer continuava se espalhando ou se havia sido controlado, por esse motivo agora ela tinha mais tempo para gravar em casa e consequentemente me ajudar a editar os vídeos da forma que quisesse.

“- Hey, hoje eu estou com meus amigos de pouca data. – A mulher ao lado de Camila solta uma gargalhada e minha namorada sorri – E nós vamos conversar durante a nossa quimio, não é pessoal?! – Vira a câmera e filma todos os pacientes que haviam concordado em participar do vídeo.

- Camila cadê aquelas moças bonitas que sempre te acompanham nas suas sessões? – Sr. Walter, um senhor já de idade pergunta com um sorriso galanteador.

- Não puderam vir, Sr. Walter. – Solta uma gargalhada – Vou passar o número de Dinah para você, tenho certeza que ela irá amar ir ao um encontro com você.

- É a loira? – Questiona e a câmera movimenta para baixo e para cima, como se concordasse com a cabeça – Então eu aceito, não se esqueça! – Todo mundo ri e a gargalhada gostosa de Camila se sobressai.

Durante toda a sessão de quimio cada um contou um pouco sobre como era para eles irem ao hospital toda a semana, receber medicamento pesado, ter família preocupada e tudo mais. Os pacientes discutiram sobre o câncer e até mesmo concordaram quando um adolescente que estava fazendo quimioterapia aquele dia informou que odiava ser visto com outros olhos só por estar doente.

Eu nunca havia visto dessa forma, como Camila se sentia em ser paparicada o tempo todo, tendo tanta pessoa a sua volta e todos querendo dar o máximo de atenção para ela com medo de que algo acontecesse no próximo instante. Depois de ver aquele trecho tentava deixar Camila mais livre e fazendo mais suas coisas sozinha, ela sempre fora independente e gostado disso, não deveria mudar isso e ao deixa-la fazer coisas simples por si mesma não demorei para perceber sua felicidade e áurea mais leve.

- Pessoal, digam ‘tchau’ para quem está assistindo! – Era a voz de Anna, todo mundo acena para a câmera e a enfermeira caminha até Camila e sorri para a minha namorada – Quer dizer mais alguma coisa antes de ir embora para casa?

- Não se esqueçam de comentar sobre o que acharam do vídeo de hoje, ou o que querem ver mais ou algumas perguntas... você também pode dar like por todas as pessoas incríveis que você viu nesse vídeo e quem sabe se inscrever no canal?! – O Sr. Walter aparece do lado de Camila, ajeitando a boina cinza.

- Tenham um bom dia. – Interrompe Camila, antes que ela possa dizer outra coisa.

- E se eles estiverem vendo de noite? Ou de madrugada? Quem sabe a tarde?! – Camila questiona e ele parece pensar.

- Então tenham um bom dia, noite, madrugada e tarde. – Camila e Anna riem alto e o senhor sorri.”

O Sr. Walter teve uma recaída um dia e meio depois do vídeo e teve que ficar internado na UTI, não havia saído de lá ainda e nós aguardávamos mais informações sobre o seu quadro clinico, Camila andava abatida pelo senhor gentil estar tão bem em um dia e depois não tão bem no outro.

“- Hallo. – Sorrio para a câmera e Camila não demora para abraçar o meu pescoço e se ajeitar melhor, aparecendo no vídeo – Nós estamos em casa e...

- Eu não preciso mais ficar no hospital. – Camila fala extremamente animada e eu rio, beijando sua bochecha – Acabei de desfazer minha mala e nós vamos... vamos fazer o que mesmo? – Questiona confusa.

- Mostrar o que geralmente fazemos por aqui... – Rio, olhando para a câmera.

- Isso, e mais tarde nós vamos ter uma janta em família. – Comenta animada e eu sorrio de canto – Mas antes vamos comer outras coisas e irritar Sofia. – Reviro os olhos e Camila sorri.

Minha namorada estava cada dia melhor, sua recuperação não era 100% e nós ainda aguardávamos os exames de Camila para ter certeza absoluta se seu câncer havia resolvido parar de trazer problemas. Tínhamos que ter cuidados redobrados para qualquer dor que Camila sentia ou desconforto, assim como sua alimentação tinha que ser super restrita apenas por via das dúvidas.

A cena em seguida do vídeo era a câmera parada na bancada da cozinha enquanto Camila preparávamos algo para comer com ajuda de Taylor, Chris e Sofia. Todos nós ríamos e conversávamos, mas eu coloquei uma música em cima daquilo e passei rápido, assim como no momento que a gente comeu e o vídeo só parou de ficar acelerado quando Camila pegou a câmera e abraçou Taylor pelos ombros.

- Taylor o que acontece agora na vida de meras mortais entediadas? – Questiona e minha irmã ri.

- Nós vemos um filme e então ficamos apenas conversando. – Sorri para a câmera – A não ser que Chris tenha uma ideia melhor! - Meu irmão aparece e apoia o queixo no ombro de Camila, sorrindo para a câmera.

- Não tenho nenhuma ideia melhor, ainda. – Comenta sincera – A pessoa criativa é a Sofia!

- Vamos jogar vídeo-game. – Então o vídeo corta com Camila dando de ombros e sorrindo para a câmera.

Não havia muito o que registrar, já que era um dia comum, então Camila voltou a pegar a câmera quando ninguém mais observava, ela filmava os próprios pés caminhando pela casa e então ela abria a porta do nosso quarto e entrava, se sentando na cama e virando a câmera para ela.

- Esse vídeo foi diferente dos outros, mas eu só gravei ele para mostrar que você pode se divertir, continuar de bem com a vida e ter pessoas que você ama ao seu redor. É importante passar um tempo com aqueles que amamos, não falo isso apenas para pessoas que estão doentes, mas para todo mundo. – Morde o lábio inferior – Estamos tão acostumados a sermos solitários, ainda mais em uma cidade como New York, mas devemos desacostumar, devemos ligar sempre, marcar de se encontrar, se reunir e garantir lembranças ao lado dessas pessoas, porque nunca sabemos o dia de amanhã. – Suspira – Perder alguém para sempre é difícil, mas garanto que perder alguém podendo ter essa pessoa por perto é muito pior.

O vídeo parou de ser gravado e então ela ligou a câmera novamente depois de um tempo.

- Para o próximo vídeo estou pensando em gravar um perguntas e respostas, então mandem suas perguntas eu vou selecionar as mais perguntadas e vou responder. – Sorri animada para a câmera – Nós nos vemos no próximo vídeo e... – Camila se levanta e abre a porta, voltando a filmar seus pés que andavam apressadamente pelo corredor até encontrar todos nós – Digam ‘tchau’!!

- TCHAU!! – Todo mundo que via o filme acena e grita animado.”

Sinto um beijo na minha nuca e eu sorrio quando sinto os dedos finos arranharem levemente meu pescoço e darem uma leve puxada em minhas mechas curtas, viro o meu corpo e envolvo a sua cintura, a puxando para mim e então selando nossos lábios e sorrindo contra os mesmos.

Camila estava maravilhosa na tarde de hoje, vestia um short jeans, uma blusa preta de algodão com os dizeres ‘stay weird’ de ponta cabeça e seus pés ainda estavam descalços, sorri quando notei que ela não estava com nenhuma touca na cabeça, mas estava maquiada e com brincos delicados.

- Oi Sra. Cabello... – Sussurro perto de seus lábios e ela sorri, beijando a ponta do meu nariz.

- Oi Sra. Jauregui... – As pontas de seus dedos continuam passando entre minhas mechas curtas.

- A que devo a honra de sua maravilhosa presença e beijos deliciosos? – Camz ri e eu beijo seu pescoço, a vendo se encolher no meu colo.

- Daqui a pouco os outros convidados chegam... – Murmura roubando um selinho e eu concordo com a cabeça – Então achei melhor vir te chamar antes que outra pessoa fizesse isso.

- Nós vamos, mas antes eu quero te mostrar uma coisa que eu fiz... – Fecho o computador, não sem antes salvar o vídeo que eu estava editando.

Não deixei Camila levantar do meu colo, fiz questão de levantar e segura-la apenas com uma mão enquanto ela protestava e ria dos beijos e mordidas delicadas que deixava em seu pescoço.

Nossa relação estava cada vez melhor, eram duas melhores amigas namorando e se amando todas as horas do dia. Não enjoávamos da companhia uma da outra. Camila e eu não ficamos nos beijando e de grude o tempo todo, para ser bem sincera é difícil existir momentos como esses, primeiramente porque sempre outras pessoas estão por perto e segundamente porque sei que isso talvez poderia enjoa-la.

Entramos na sala de música e eu a coloquei sentada na cadeira do piano, caminhei até os violões e guitarras e peguei o violão que estava encostado na parede e o meu caderno de música que estava em cima da caixa de som e puxei uma cadeira, me sentando na frente de Camila.

- Noite passada eu escutei você chorando enquanto falava ao telefone com Hailee... – Camila me olha surpresa e percebo suas bochechas ficarem vermelhas – E você disse que estava com medo dos resultados dos seus exames, então ontem de madrugada eu vim aqui e compus algo para você... – Me olha surpresa.

- Você o que? – Percebo sua expressão ficar afoita e curiosa ao mesmo tempo.

- Só... só escuta, ok?! – Sorrio, ajeitando o violão.

Toco os primeiros acordes e então respiro fundo, a olhando no fundo dos olhos para cantar a música para ela.

Take a breath

I'll pull myself together

Just another step, until I reach the door

You'll never know the way

It tears me up inside to see you 

I wish that I could tell you something 

To take it all away
 

Sometimes I wish I could save you

And there's so many things that I want you to know

I won't give up till it's over

If it takes you forever, I want you to know

Podia ver as lágrimas já rolando pelo rosto de Camila, respiro fundo e continuo tocando antes de tomar outro fôlego para conseguir continuar cantando a música para ela.

When I hear your voice

It's drowning in the whispers

You're just skin and bones

There's nothing left to take

And no matter what I do

I can't make you feel better If only I could find the answer

to help me understand

Sometimes I wish I could save you

And there's so many things that I want you to know

I won't give up till it's over

If it takes you forever, I want you to know

Podia sentir as lágrimas rolando pelo meu rosto enquanto eu cantava a música para Camila, assim como via o seu corpo tremer graças ao choro que eu havia desencadeado na minha namorada.

If you fall, stumble down

I'll pick you up of the ground

If you lose faith in you

I'll give you strength to pull through

Tell me you won't give up

cause I'll be waiting if you fall

you know I'll be there for you

Sometimes I wish I could save you

And there's so many things that I want you to know

I won't give up till it's over

If it takes you forever, I want you to know

ohh, ohh

I wish I could save you

Quando terminei a música deixei o violão de lado e caminhei até Camila, que se levantou e me abraçou apertado, chorando contra o meu ombro enquanto sussurrava que me amava mais que tudo no mundo.

Sabia que mesmo estando muito mais confiante e feliz com tudo Camz ainda sentia medo de sua doença e do que ela poderia fazer para todos a sua volta, algo que a deixava extremamente insegura e as vezes a fazia esconder sentimentos desconhecidos por qualquer pessoa a não ser ela mesma.

- Eu não posso te salvar, mas prometo que vou fazer de tudo para sempre te fazer se sentir segura. – Murmuro perto de seu ouvido.

- Você está errada... – A encaro confusa, afastando nossos corpos – Você já me salvou, diversas vezes e das mais variadas formas. – Sinto o meu coração acelerar e deixo um pequeno sorriso escapar.

- Eu te amo...

- Não mais do que eu te amo, pode ter certeza. – Cola nossos lábios.

Nosso beijo não foi algo apavorado ou exagerado, era um beijo extremamente carinhoso e cheio de afeição, onde através de uma ação tentávamos expressar e explosão de sentimentos incríveis que nutríamos uma pela outra nesses momentos. Seus braços envolveram o meu pescoço e limitei a dar alguns selinhos, a abraçando mais uma vez, bem apertado, aproveitando o calor do seu corpo pequeno.

Descemos as escadas e pude ver que todos os convidados já haviam chegado e que Taylor havia colocado para tocar as músicas que tínhamos escolhido pela tarde, dando um clima ainda mais gostoso para o ambiente.

Minha relação com Marie andava meio tensa, podia notar que ela não parecia feliz em estar em New York e o pouco tempo que ficávamos sozinhas podia notar que ela me olhava atentamente e com um ar avaliativo, me deixando confusa e apreensiva. A avó de Camila nunca havia implicado com o nosso relacionamento, não entendia porque agora seria diferente, não entendia o motivo deles olhares para mim e muito menos algumas grosserias.

- Mila você ficaria tão maravilhosa nesse vestido! – Minha mãe vira a revista e Taylor concorda com a cabeça.

- Combina com você! – Minha namorada e se curva para ver melhor e sorri.

- Eu gostei, acho que em outra cor seria mais bonito! – Murmura – Na cor creme ou cinza...

- Você tem razão. – Marie comenta.

- Lauren você pensou sobre o que eu disse? – Chris questiona curioso e eu me viro em sua direção, prestando completamente atenção nele.

- Eu disse que nem precisava pensar, é claro que você pode dar uma festa lá, desde que não quebre nada e chame alguém para limpar depois! – Bebo o meu suco e ele concorda com a cabeça, com um enorme sorriso – E se for usar os quadrículos avise o caseiro para preparar tudo e ver se eles estão com gasolina.

- Você tem quadrículos? – Sofia questiona chocada e eu concordo com a cabeça – Por que eu não andei neles ainda? – Rio e dou de ombros.

- Eu posso levar você para dar uma volta quando estivermos em Miami! – Meu pai comenta animado e eu sorrio.

- É uma ideia, poderíamos fazer uma trilha na saída da cidade, como já fizemos! – Meu irmão comenta.

- Pessoas idosas podem ir? – Patrick questiona interessado.

- Claro que sim! – Chris responde animado – Caso não goste dos quadrículos é só ir no Jeep com a minha mãe, ela se recusa a andar nas “motos” – Ri divertido.

Como era uma janta de família conversamos coisas triviais, planejamos viagens em família, outras jantas e até mesmo almoços. Era bom ter nossas famílias juntas e principalmente ver que elas se davam bem e sabiam conviver harmonicamente por bastante tempo. Meus pais e irmão amavam Camila de paixão, assim como ela os ama. Sofia e Patrick me amavam, além de apoiarem muito meu relacionamento com Camz, apenas Marie que a dúvida predominava.

Decidimos todos sentarmos na enorme sacada, por esse motivo nos agasalhamos e sentamos espalhadamente pelos sofás e cadeiras, algumas pessoas bebiam vinho e outras não, Camila estava agarrada em mim para se esquentar de alguma forma e eu ria de Chris, que contava uma piada pior que outra.

Era difícil minha família se reunir toda assim, eu estava sempre viajando, Taylor e Chris estavam sempre com seus amigos ou estudando enquanto meus pais sempre estavam bem ocupados trabalhando, garantindo que as pizzarias continuassem na maior e melhor perfeita ordem, o que gerava o sucesso geral da família em todas as áreas. Por esse motivo aproveitávamos muito quando estávamos juntos e fazíamos questão de bolar planos que definitivamente iriam se realizar

A noite foi caindo e Sofia se despediu de todo mundo, alegando que estava morrendo de frio e sono. Meus pais decidiram ir embora quando notaram que tanto Marie quanto Patrick estavam caindo de sono. Meus irmãos optaram por voltar outro dia para que todos nós fizéssemos uma noite de maratonas de filmes.

Desci para acompanhar eles até a porta, nós nos despedimos e minha mãe disse que amanhã Taylor e ela sairiam para fazerem compras e que eu estava convidada para o programa em família, assim como Camila, Sofia e Marie. Acabamos ficando planejando tudo e então nos despedimos quando Chris puxou minha mãe pela mão, obrigando nós nos despedirmos de vez.

Antes de subir as escadas peguei duas garrafinhas de água e fui diretamente para o meu quarto, onde escutei barulho de chuveiro, deixei as garrafinhas de qualquer jeito em cima do móvel e entrei no banheiro, vendo Camila tirando a roupa.

- Não não não. – Ela me olha assustada – Vamos tomar banho de banheira? – Me olha incrédula.

- Lauren, é tarde e está frio. – Faço um beicinho e me aproximo, a impedindo de tirar o resto da roupa.

- É para esquentar... – Beijo seu pescoço – Eu faço massagem. – Arqueia as sobrancelhas e eu rio, sabendo que havia a ganhado – Vou encher a banheira.

Prontamente fiz isso, liguei as torneiras e depois de um tempo coloquei os sais perfumados na água, enquanto ela enchia Camila e eu escovávamos nossos dentes e limpávamos os rostos para tirar os vestígios de maquiagem. Me livrei da minha roupa e tirei todos os anéis dos meus dedos, os deixando em cima da bancada, assim como Camila.

Deixei apenas as luzes que ficavam em cima da grande pia do banheiro acessas, para tornar o ambiente ainda mais aconchegante, tranquei a porta e fechei a janela, entrando na banheira sendo seguida por Camila.

- A água está quente... – Camz sorri satisfeita, acariciando minhas pernas, estávamos uma de frente para a outra.

- Você disse que não queria passar frio... – Seguro o seu pé e começo a fazer uma massagem, ela encosta a cabeça na toalha enrolada que havia no encosto – Fazia tempo que não fazíamos isso... – Sussurro.

- Verdade. – Sorri de canto – Eu amo quando é apenas nós duas... – Começa uma massagem em meu pé e eu suspiro satisfeita.

- Eu também... – Mordo meu lábio inferior – É como se fosse nosso próprio mundo.

- E é. – Ri divertida.

Será que alguém já não havia gostado do nosso pequeno mundo?

- Camz? – Ela abre os olhos e me encara – Você já fez algo que seus avós não gostaram?

- Uma vez eu comi muito doce... – Rio, revirando os olhos - Por que a pergunta? – Ri divertida.

- Estou falando sério, algo bem sério que os deixou extremamente irritados. – Ela fica em silencio, pensando por alguns instantes.

- Minha avó não gostou quando nós voltamos... – Morde o lábio inferior, sem graça em dizer aquilo em voz alta – Ela sempre gostou de nosso relacionamento, mas acho que depois de ver o quanto eu sofri quando nós terminamos e o quão exposta você é para a mídia a deixou apavorada em me ver magoada de alguma forma.

- Ela tem dito algo sobre nós? – Pergunto fingindo que não quero nada com a resposta.

- Nós brigamos esses dias... – Sussurra – Não foi uma briga de gritos e tudo mais, foi uma pequena discussão... – A encaro surpresa – Ela só tem medo de você ir embora como meu pai fez, porque sabe o quão apegada eu sou em você e tem medo que eu não aguente ficar sem você uma segunda vez... – Suspira, começando a se movimentar no pequeno espaço.

A encaro surpresa, eu nunca havia pensado que aquele era o verdadeiro motivo.

- Ela tem razão... – A encaro confusa, nossos rostos estavam extremamente próximos – Eu não aguentaria ficar sem você uma segunda vez.... mas cada célula do meu corpo diz para eu não me preocupar com isso. – Sorrio de canto, bem mais tranquila.

- Não deve se preocupar mesmo... – Acaricio seu rosto – Você acha que eu devo conversar com ela? – Camila passa a mão molhada sobre o meu ombro.

- Não, não há necessidade. – Cola nossos lábios – Ela tem te tratado mal ou algo do tipo?

- Não... – Minto – Eu só talvez pensei que poderia mudar a opinião dela sobre mim.

- Você não tem que provar nada para ela, ou para qualquer outra pessoa sobre nós... isso só diz respeito a gente. – Sussurra e eu mordo o lábio inferior.

- Eu sei... – Colo nossos lábios.

Sugo o lábio inferior de Camila e a puxo pela nuca para que nossos rostos ficassem ainda mais próximos, ela sorri contra a minha boca e eu acaricio suas costas molhadas. Minha namorada faz questão de levar suas mãos molhadas para o meu cabelo, não sem antes apoiar em meus ombros para se sentar em meu colo, de frente para mim.

Beijava Camila com calma, sem pressa alguma de finalizar o contato maravilhoso de nossos lábios. Sentia suas mãos percorrerem toda a região da minha nuca e ombros, acariciando e até mesmo apertando. Apertei nossos corpos um contra o outro no mesmo momento que suguei a ponta de sua língua, pude sentir Camila estremecer com aquele simples gesto, por esse motivo não demorei para separar nossas bocas.

Meus lábios desceram para o pescoço molhado de Camila, distribuindo uma série de beijos e leves mordiscadas, que faziam minha namorada apertar ainda mais meu rosto contra o seu pescoço. Nossas respirações estavam aceleradas e assim que escutei o gemido estrangulado de Camila quando suguei seu ponto de pulso me afastei.

A primeira reação de Camila foi ficar completamente confusa com o meu ato, então seu rosto se contorceu em frustração para em seguida a compreensão. Camila jamais poderia ultrapassar dos amassos, porque além de qualquer tipo de penetração agora ser extremamente dolorosa ela não pode se esforçar muito.

- E-Eu... – Camz ri, selando nossos lábios.

- Eu sei... – Morde meu lábio inferior – Eu queria tanto quanto você... – Suspira, traçando uma trilha de beijos pelo meu maxilar – Mas nós não podemos.

- Eu sei. – Suspiro frustrada.

- Desculpa. – Murmura decepcionada e eu seguro seu rosto.

- Não tem pelo o que se desculpar... – Selo nossos lábios – Vamos ter muito tempo e energia para fazer isso daqui algum tempo. – Camz ri, mordendo meu ombro.

- Eu sei... – Murmura – E nós vamos compensar todo esse tempo. – Rio baixo e sinto seus beijos perto da minha orelha.

- Mas por agora só banhos e muitos beijos. – Camila solta uma gargalhada e eu sorrio – Vamos tomar uma ducha e então vamos dormir. – Seguro em sua cintura.

- Espera mais um pouco, estou de devendo uma massagem ainda... – Beijo seus lábios e faço um sinal para ela se virar, assim faz.

Primeiro peguei a esponja e esfreguei suas costas delicadamente, então soltando a esponja na água para fazer movimentos circulares com meus polegares e distribuir beijos pela sua nuca, para então percorrer toda as suas costas com minhas mãos, escutando os suspiros relaxados de Camila.

Depois de alguns minutos fomos para o box, apenas para tirarmos o sabão do corpo, nos secamos e fomos trocar de roupa.

Liguei o ar condicionado e a televisão, me deitei na cama e Camila apenas se deitou depois que eu me ajeitei, porque assim ela só deitava e se agarrava em mim como um coala para dormir. Comecei o cafuné em Camz enquanto ela brincava com a gola do meu pijama, prestando atenção no filme que passava.

Podia ver que Camila estava quase dormindo, mas eu não conseguia deixar meus olhos abertos, estava morrendo de sono. Eu tentava lutar contra a enorme vontade de dormir, odiava dormir antes de Camz, apenas porque sempre queria ter certeza que ela estava bem até o último instante do dia.

- Você pode dormir... – Camz ri, sabendo que eu gostava de dormir somente depois dela, beijando meus lábios – Boa noite, amor.

- Eu... – Camila acaricia meu rosto e me abraça melhor depois de desligar a televisão – Eu te amo.

- Eu também te amo. – A trago para ainda mais perto do meu corpo.

Foi no silencio do quarto, escutando e sentindo a respiração calma e ritmada da minha namorada que consegui dormir em paz.

(...)

Termino de juntar as coisas e pego a câmera, vendo Camila com o olhar fixo em suas mãos e a expressão abatida, ela não parecia feliz como estava nos últimos dias.

Estávamos indo para o hospital para a primeira consulta com o Dr. Campbell depois que Camila voltou para casa, iriamos abrir os exames da minha namorada para descobrir se seu câncer havia se estabilizado ou se ele continuava se espalhando pela região do seu abdômen. Camz estava muito tensa, mas não mais do que eu ou Marie, eu queria apressar a consulta ou fazer questão de abrir os papeis para descobrir qual era o veredito.

Mesmo que Marie e Patrick quisessem acompanhar Camila minha namorada pediu para que fossemos apenas nós duas, independente da notícia Camz provavelmente iria querer preparar o modo de como iriamos contar para seus avós, algo que eu apoio muito.

Pegamos o elevador e abraço Camila pelos ombros, sentindo seus braços pequenos envolverem a minha cintura. Caminhamos pelo estacionamento do prédio abraçadas, fiz questão de abrir a porta e ajudá-la a entrar no carro, dei a volta e para poder entrar no carro. Quando saímos da garagem haviam apenas dois fotógrafos do lado de fora, que fizeram questão de tirar fotos do carro.

- Ei... – A chamo depois de colocar uma música qualquer – Vai dar tudo certo. – Seguro sua mão e beijo a mesma – Vou estar com você o tempo todo.

- Só estou tensa... – Morde o lábio inferior - Já fez nove dias que estou fora do hospital, eu estou bem e estou feliz, sabe? – Suspira – Não quero que algo estrague tudo isso. – Aperto sua mão, acariciando com o meu polegar.

- Não sofra por antecedência, ok? – Sorrio nervosamente – Tudo vai dar certo.

- Eu espero que sim.

Camila sempre recebia notícias ruins sempre que íamos para o hospital, isso a deixava frustrada e mesmo que tentasse, sem esperanças, algo que eu conseguia compreender. Mas hoje eu estava quase ficando de joelhos para implorar para quem fosse pedindo a saúde do amor da minha vida intacta.

- Chegamos... – Estaciono o carro e Camila não se move.

- Podemos esperar só um pouco? – Murmura com a voz tremula e eu concordo com a cabeça, sentindo o meu coração pesar ao ver as lágrimas rolando pelo seu rosto.

- Não fica assim, amor... – Tiro meu cinto de segurança e abraço, sentindo Camila tremer em meus braços – Vou estar com você, não tem com o que preocupar.

- Eu não quero morrer... – Fecho meus olhos e respiro fundo, sentindo o meu peito arder ao som daquelas palavras.

- Camz? – Ela sobe o olhar e eu limpo suas lágrimas – Nós vamos entrar juntas nesse hospital e vamos sair juntas, independente da notícia nós vamos aceita-la de cabeça erguida e vamos dar um jeito, como sempre fazemos, ok? – Concorda com a cabeça.

Descemos do carro e eu desci deixar a câmera dentro do automóvel, não queria filmar esse momento da vida de Camila, depois ela poderia filmar –caso quisesse- sua visão sobre a notícia que Dr. Campbell daria. Entramos no hospital de mãos dadas e não demoramos nada para pegar o elevador e então subir para o terceiro andar, anunciando para a recepcionista que havíamos chegado, pegando um lugar na sala de espera.

Não conversamos durante os minutos que seguiram, apenas fiquei abraçada com Camila, cantarolando Save You em seu ouvido e vez ou outra beijando sua têmpora enquanto ela brincava com a minha mão livre que estava cima do meu colo.

O médico apareceu depois de dez minutos, pronunciando o nome de Camila, nós duas levantamos e caminhamos tensas, como se fossemos duas estudantes que tivessem sido pegas fazendo algo extremamente errado na escola.

A sala de Jason estava extremamente gelada, era como se o cheiro de hospital tivesse diminuído. Nos sentamos nas cadeiras de sempre, mas somente depois de as aproximarmos, segurei a mão de Camila e comecei a escutar minha namorada contar para o seu médico como os últimos dias de sua recuperação pós cirúrgica haviam sido.

- Bom, os exames chegaram na noite passada, como vocês sabem... – Comenta pegando o envelope e começando o abrir.

Era como se eu estivesse correndo uma maratona de muitos km, meu coração estava extremamente acelerado, podia sentir minha respiração descompensada e também pude notar o suor em minhas mãos e testa, algo que nunca acontecia. Era como se os meus maiores medos estivessem reunidos na mesma sala e eu estivesse sendo obrigada a enfrenta-los mesmo estando tremendo de medo.

- Você os viu? – Camila questiona apertando minha mão com força, mas eu estava tão tensa que nem doía.

- Não, vou ver com vocês, agora. – Sorri gentil – Mas seja qual for o resultado não é motivo para se desesperar, ok? – Concordamos com a cabeça e eu sinto uma tontura fora do normal.

Primeiro Dr. Jason puxou as folhas e eu só sabia encarar a sua expressão fixamente, como se através dela eu conseguisse descobrir qual seria a resposta que tanto aguardávamos nesses últimos nove dias. Pude notar o doutor afastar um pouco as folhas para analisar melhor, então suas sobrancelhas franziram e depois seus olhos arregalaram.

Acho que nem quando me apresentei para uma bancada de pessoas para ter que assinar o contrato da gravadora fiquei tão apreensiva e nervosa.

- Eu acho que nós temos... – Faz uma pequena pausa e eu sinto vontade de lhe dar um chaqualhão para que ele diga logo – Boas notícias, como era de se esperar. – Abre um largo sorriso e eu sinto como se um enorme peso saísse das minhas costas – Os exames estão ótimos e ao que tudo indica não há mais sinal de um possível novo tumor na região, ou em qualquer outra região abdominal. – Levo minhas mãos até a minha boca, cobrindo a mesma.

- AI MEU DEUS. – Camila e eu falamos alto e ao mesmo tempo.

Camila começou a chorar do meu lado e eu não aguentei e deixei que as lágrimas de felicidade rolassem pelo meu rosto, abracei minha namorada, que riu perto do meu ouvido e me apertou ainda mais contra ela, me limitei a esconder meu rosto em seu pescoço, sentindo o seu perfume maravilhoso.

Acho que nenhum sentimento de felicidade momentânea havia se comparado aquele, era como se todos os ‘pesos’ que estavam acorrentados em mim tivessem finalmente sido soltos e consequentemente eu estivesse livre e completamente leve de qualquer sentimento ruim ou desesperador.

Jason nos abraçou e pediu para que nós nos sentássemos para que ele continuasse nos informando de tudo. O médico informou que Camila teria que continuar tomando remédios e por precaução nós iriamos precisar ir ao hospital para sempre realizar alguns exames, mas como ele já havia dito na última sessão de quimioterapia de Camz não seria mais necessário voltar para fazer mais sessões, seria necessário apenas para fazer exames de rotina.

Camila havia vencido o seu câncer e a felicidade que eu sentia naquele momento não cabia em mim.

(...)

“- Hoje é dia vinte e nove, faz exatamente dois dias que eu descobri que não tenho mais câncer e acho que eu nunca senti tanto alivio em toda a minha vida! – Ri com os olhos brilhando – E nesses dois dias eu acho que irritei todo mundo de tanto agradecer por tudo que fizeram por mim. Não esqueci de valorizar a mim mesma, não adiantaria nada eles darem tudo de si se eu não desse tudo de mim também! – Morde o lábio inferior.

- E nós estamos orgulhosos de você. – Sofia aparece e abraça Camila.

- Não me faça chorar, me descobrir ser uma pessoa extremamente sensível. – Sofia solta uma gargalhada gostosa e se joga em sua cama – Então eu acho que já contei toda a história de como eu recebi a notícia... – Sorri largo – Quando você menos acha que existem chances, elas chegam com tudo. Então não desista, não jogue a toalha e muito menos ache que tudo está perdido, porque não está. Tudo melhora uma hora. – Seus olhos brilhavam intensamente – Sofia quer dizer alguma coisa? – Camila questiona.

- Se inscrevam no canal, não esqueçam de dar um like e principalmente: não esqueça de compartilhar sua história de vida! – Sofi sorri charmosamente – Até o próximo vídeo!!

- Tchau! – Camila joga um beijo e sorri largo antes da tela ficar branca e a opção de último vídeo aparecer.”

Escuto o barulho de passos e tiro meus fones de ouvido, vendo Normani entrar no cômodo enquanto observava o lugar cheio de desenhos coloridos na parede e muitos quadros com desenhos de tatuagem em preto e branco espalhados por todas as paredes.

Minha amiga vestia uma calça jeans com detalhes rasgados, uma blusa branca e uma jaqueta jeans que era grande demais para ela, seu All Star estava mil vezes mais branco que o meu e sua expressão de nervosismo era bem maior do que a minha, que iria fazer a minha primeira tatuagem.

- Tem certeza que vai fazer isso? – Faz uma cara engraça e ela comprime os lábios – Imagina aquele negócio entrando no seu braço. – Estremece e eu solto uma gargalhada.

- Eu tenho certeza absoluta que vou fazer isso... – Sorrio de canto – Ed que me indicou esse lugar, ele fez uma das suas milhares de tatuagem aqui.

- Tudo bem... – Se senta ao meu lado – Se você chorar eu vou rir. – Reviro os olhos e minha amiga pisca para mim.

Eu havia decidido fazer uma tatuagem em homenagem a Camila, algo que é totalmente apavorante para muitas pessoas, mas não é uma tatuagem do nome dela ou qualquer coisa idiota desse tipo, tem um significado. Iria tatuar o número romano vinte e sete, representando o dia que nós havíamos recebido a excelente notícia, além de ser o número do dia que ela havia me pedido em namoro. Caso alguém dissesse algo eu simplesmente diria que é relacionado ao dia que eu nasci já que quando pesquisei o significado dessa tatuagem descobri que haviam muitos significados legais, então não pensei duas vezes antes de querer fazer. Eu sempre quis uma tatuagem, uma com um significado e desenho legal, não tinha o desenho nem o significado, agora eu tenho.

Tron, o cara que iria me tatuar entrou com um enorme sorriso e me cumprimentou, fazendo o mesmo com Normani. Eu já havia entrado em contato com ele, então ele sabia o que eu queria, mas ele não sabia se minha amiga queria uma tatuagem também e nem se minha amiga estava solteira, por esse motivo o homem não demorou muito para começar a conversar com ela, o que me fez rir com a cara de pavor de Normani.

Me sentei na poltrona e mostrei o lugar que iria fazer e expliquei –o que quase não tinha que explicar- como eu queria a tatuagem, o homem se limitou a sorrir e concordar com a cabeça, não demorando muito para limpar direitinho a área e então começar o seu trabalho delicado e dolorido.

- Eu gostei do significado da sua tatuagem! – Comenta com um largo sorriso – É muito bonito... – Se curva ainda mais e continua tatuando a região.

- Lauren é toda romântica. – Normani comenta e eu rio, prendendo meu lábio inferior entre meus dentes para não soltar um gemido baixo de dor.

- Isso é bom, pessoas românticas tem tendência a serem mais sinceras e fáceis de se relacionar com outras. – O homem murmura e eu o encaro surpresa – Prontinho... – Sorri satisfeito – Você já sabe todos os cuidados que deve tomar? – Nego com a cabeça enquanto ele ia para a sua bancada guardar os objetos e pegar alguma coisa – Eu tenho um panfleto com tudo escrito... – Sorri, se aproximando e cobrindo a tatuagem com uma película transparente.

- Eu tenho que passar alguma coisa em cima? – Concorda com a cabeça.

- Evite tomar banho hoje, ok? – Concordo com a cabeça.

Enquanto ele terminava de cobrir a tatuagem ia falando todas as recomendações necessárias e eu prestava atenção sem desgrudar os olhos dele. Assim que terminamos fomos para a frente e eu paguei, Tron fez questão de anotar seu telefone atrás de um dos cartãozinhos do estúdio de tatuagem e entregou para Normani, alegando que caso um dia ela quisesse fazer tatuagem era só entrar em contato com ele.

Antes de irmos para casa passamos no Starbucks e pegamos algumas coisas para comer e beber, duas pessoas pediram para tirar foto comigo e assim que saímos da cafeteria alguns paparazzis tiraram algumas fotos, nos limitamos a ir para a minha casa, estava ansiosa para Camila ver minha tatuagem.

Abri a porta de casa e escutei a mesma em silencio, chamei por Camila e Lea mas ninguém apareceu, Normani foi direto para a cozinha e eu subi as escadas para procurar a minha namorada, que havia dito que não iria sair de casa no dia de hoje porque estava morrendo de sono. Entrei em nosso quarto e ao invés de vê-la dormindo encontrei Camila com vários livros a sua volta e ela apenas de calcinha e um blusão enorme.

- Você voltou. – Sorri animada e eu caminho em sua direção, ficando de joelhos na cama e então me curvando para selar nossos lábios.

- Voltei e trouxe comida... – Os olhos dela brilham, me fazendo rir – Mani está ai, vamos descer? – Me levanto da cama e tiro minha jaqueta.

- O que é isso no seu braço? – Sorrio – LAUREN VOCÊ FEZ UMA TATUAGEM? – Grita apavorada e eu rio, mas ao notar sua expressão fico tensa o meu sorriso morre, será que ela gostava de tatuagens?

- E-Eu... sim? – Sorrio sem graça, Camila prontamente se levanta e caminha em minha direção.

Minha namorada segurou o meu braço e sua expressão de apavorada foi suavizando para então a confusão tomar conta. Calmamente contei o porquê da tatuagem e pude ver Camila fazer um bico adorável me lançando um lindo sorriso logo em seguida, para depois abraçar o meu pescoço e lotar o meu rosto de beijos.

- Então você gostou?

- Eu amei. – Ri contra os meus lábios e eu sorrio largo.

Se antes ela não era uma grande fã de tatuagens, havia se tornado agora.