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História Letters To Camila - Segunda Temporada - Love You Goodbye


Escrita por: itscamren-yo

Notas do Autor


Hey pessoal,
Então antes de vocês lerem esse capítulo eu vou pedir para que vocês deem um desconto para qualquer critica ou etc, eu acho que esse foi o capítulo mais intenso que eu já escrevi em toda a minha vida e ele é extremamente pessoal, então eu espero que vocês gostem! Eu chorei que nem uma louca escrevendo e eu sinceramente espero que vocês reflitam de alguma forma e esse capítulo passe a significar algo para vocês, como significou para mim.
Eu vou recomendar apenas três músicas, que foram as que eu usei para escrever todo o capítulo, mas recomendo que vocês a escutem apenas a primeira parte do capítulo, depois vocês podem colocar a playlist da fanfic no aleatório: Love You Goodbye e If I Could Fly do One Direction e Puporse do Justin Bieber.
Boa leitura:

Capítulo 53 - Love You Goodbye


Fanfic / Fanfiction Letters To Camila - Segunda Temporada - Love You Goodbye

- Lauren não se esqueça de mandar o meu beijo para ela. – Sorrio e concordo com a cabeça mesmo que ela não pudesse ver.

- Eu volto domingo à noite, se cuide, por favor. – Deixo a mala no chão do quarto e não demoro a sair do mesmo.

- Tudo bem, estarei te esperando. – Rio acendendo as luzes – Algum pedido especial?

- Me espere com pizza e a banheira cheia. – Escuto sua risada e um barulho nasal em concordância.

- Oh droga, ok estou indo. – Franzo o cenho confusa - Eu tenho que ir, estão me chamando no terceiro andar, me mande mensagens. – Antes que eu pudesse responder alguma coisa Camila desliga e eu reviro os olhos.

- Eu também te amo, amor. Também já estou com saudades. – Ironizo e pego as chaves para sair de casa, assim como as sacolas com os presentes da lua de mel.

Faziam algumas semanas desde que nós havíamos voltado de nossa lua de mel, nesse tempo que fiquei em New York usei para compor algumas músicas que já até mesmo foram escolhidas por alguns cantores. Por conta da gravadora viver lotada encontrei alguns amigos e até mesmo escrevi com eles, inclusive Maluma, um cantor latino que fez questão que eu fizesse uma participação especial na música que compomos juntos e que seria o seu próximo single.

Nessa final de semana, a pedido de minha mãe, tive que pegar um voo para Miami. Minha avó estava extremamente deprimida e estava fazendo questão de deixar de cuidar de sua própria saúde, tanto que nas últimas semanas ela já havia ido parar no hospital duas vezes. Minha relação com a mãe de minha mãe sempre foi excelente e por minha avó sempre ter um carinho maior e excessivo comigo, então Dona Clara achou que seria uma boa ideia eu ajudar minha avó na transição de mudar para a casa de meus pais.

O final de semana seria centrado na mudança da minha avó para a casa dos meus pais, minha mãe queria transformar o escritório do meu pai em um quarto para a minha avó, para que assim ela sempre tivesse alguém conhecido e de confiança para vigia-la de perto e consequentemente fizesse questão de que ela se cuidasse.

Minha mãe usou a desculpa de que eu estava indo para Miami para finalmente tirar a antiga camionete que eu dirigia e estava estacionada na garagem da casa de minha avó a anos, tudo porque meu avô dirigiu nos dois últimos anos de sua vida e fez questão de deixa-la em perfeito estado, a camionete mante-o ocupado por um excelente tempo e não tinha utilidade nenhuma em ficar parada ali, como a casa seria vendida e a camionete era minha eu precisava dar um jeito de deixa-la em outro lugar.

Assim que empurrei a porta de entrada da casa dos meus pais e chamei por seus nomes fui recepcionada por abraços calorosos e muitos beijos, assim como milhares de perguntas sobre como a lua de mel havia sido. Aproveitei que meus pais haviam tocado no assunto de lua de mel e fiz questão de entregar os presentes que Camila e eu havíamos escolhido com tanto carinho para ambos.

- Onde vovó está? – Questiono curiosa.

- Com sua tia Marta. – Franzo o cenho – Seus tios estão empacotando as coisas da casa e sua avó está contando qual quer doar e qual quer dar para alguém da família. – Concordo com a cabeça.

- Converse com ela, Laur, sua avó anda muito mal. – Minha mãe pede com a voz meio tremula.

- Ela não tem conversado com você? – Questiono baixinho.

- Com ninguém, não atende telefonemas e faz questão de quase enxotar quem a visita. – Comprimo meus lábios, eu jamais iria imaginar minha avó fazendo coisas do tipo.

- Seria bom se você tentasse convence-la de que morar conosco vai ser muito melhor do que ficar ali sozinha. – Meu pai sugere e eu concordo com a cabeça – Ela não está muito feliz com a ideia de ter que deixar a casa. – Cruzo os braços, respirando fundo diversas vezes.

- Pode deixar, acho que já sei o que vou conversar com ela. – Sussurro passando a mão pelo rosto, levemente nervosa em vê-la - Nós podemos todos irmos em seu carro? – Concorda com a cabeça – Preciso tirar a camionete da garagem dela e leva-la para a minha casa.

- Aquela camionete feia continua lá? – Encaro minha mãe incrédula – Eu achei que você tivesse tirado na primeira vez que a visitou. – Revira os olhos – Por que não fez isso anos atrás?

- O vovô gostava de dirigir a camionete, ok?! – Resmungo ofendida, caminhando em direção a porta – Agora vamos logo para o carro, antes que Dona Clara resolva falar ainda mais mal do meu bebê. – Minha mãe bufa e meu pai ri baixinho, saindo logo atrás de nós de casa.

Metade do caminho foi comigo tagarelando sobre lembranças de família que nós tínhamos na casa dos meus avós, não demorei nada para notar minha mãe com os olhos cada vez mais marejados, o que nos fez parar de tocar no assunto e consequentemente tudo ficar em silencio.

Meu avô sempre foi um pai maravilhoso, assim como foi um marido, sogro e avô incrível, ele sempre foi o tipo de pessoa que contagiava de alegria a pessoa que estava por perto e fazia questão de garantir uma memória inesquecível para quem quer que fosse. Se para a minha pessoa doía pensar em sua morte eu não conseguia imaginar a dor que minha avó e minha mãe sentiam ao lembrar dele, mas definitivamente deveria ser uma dor dilacerante.

Estacionamos o carro e antes de descer olhei a casa pela janela, não conseguindo evitar o suspiro agoniado e decepcionado escapar da minha boca. A pintura da casa estava desgastada, o jardim estava completamente morto e a grama um pouco alta, refletindo o descuido da dona consigo mesma e com suas coisas.

Era deprimente, uma casa antes que reluzia aconchego e alegria, agora refletir apenas tristeza e frieza.

Descemos do carro e caminhamos lentamente em direção a casa, que tinha a porta aberta mostrando a enorme quantidade de caixas já empilhadas ao lado da escada, assim como quatro malas. Continuei entrando na casa e sorri timidamente quando escutei a voz de minha avó vindo da cozinha, assim que entrei pude vê-la sentada no acento de meu avô com um vestido verde simples e sapatos que não eram da mesma cor, mas combinavam com sua roupa.

Assim que minha avó me viu o seu rosto, antes triste, se iluminou. Dona Grace fez questão de se levantar da cadeira para me abraçar apertado e lotar o meu rosto de beijos demonstrando todo o seu amor e carinho por mim através daqueles gestos. Ajudei-a se sentar e então entreguei o seu presente, vindo diretamente da França, seu sorriso quase não coube no rosto e isso fez eu me sentir bem por faze-la sorrir verdadeiramente. Sentei ao seu lado, pegando meu celular para mostrar minhas fotos com Camila na lua de mel, as que não haviam sido enviadas para ela ou para a minha mãe, também informei que minha esposa havia mandado um beijo e pedido desculpas por não poder vir ajudar com a mudança.

Minha tia Marta saiu da cozinha logo depois de me cumprimentar, mas eu fiquei ali sentada com a minha avó, quando perguntei como ela se sentia em estar mudando de casa, o lindo sorriso sumiu e uma expressão desanimada tomou conta de seu rosto. O que escutei minha avó me dizer fez eu finalmente vê-la como ela se via, de acordo com ela mesma, se sentia um peso na vida de todos e também contou que não aguentava mais dar trabalho para todos, o que fez o meu coração acelerar em desapontamento por ver que ela pensava isso de si mesma.

Logo tratei de mostrar os lados positivos para a minha avó, como o fato de que minha mãe poderia ter uma companhia para fazer suas atividades na parte da tarde, já que ela não tinha companhia por conta de os filhos morarem em cidades diferentes e meu pai trabalhar a tarde toda. Também falei que elas poderiam fazer muitas coisas juntas e isso já a deixou mais animada, até falei que uma vez por mês eu tentaria fazer o possível para aparecer por Miami para vê-la e para termos um dia só nosso, o que a deixou ainda mais animada.

- Vovó? – A mesma me olha – Quero que você fique com o meu quarto na casa de meus pais, e agora a sua casa.

- Mas Lauren é o seu quarto.

- Eu não vou mais dormir por lá, além do mais eu tenho uma casa aqui em Miami. – Sabia que o escritório em casa é importante para o meu pai, não deixaria ele abrir mão daquilo – Nós vamos arrumar do seu jeito, vou tirar todas as coisas que ainda estão lá, ok? – Ela sorri e concorda com a cabeça.

- Ok, querida. – Sorri acariciando o meu rosto – Você vai mesmo tentar vir me visitar? – Seus olhos brilham em ansiedade e eu sorrio.

- É claro que sim, vovó. – Seguro suas mãos e beijo as mesmas – Se você quiser pode até mesmo passar algum tempo comigo e com Camila, tenho certeza que Camz vai adorar passar um tempo em sua companhia. – Seus olhos estavam marejados – Mas não deixe que ela cozinhe para você, ela é péssima nisso, mas não lhe diga que eu que te disse. – Escuto sua risada baixa e eu sorrio – Vamos arrumar as coisas?

- Vamos. – Prontamente fica de pé e eu faço o mesmo.

Separamos as principais coisas, fiz questão de guardar todos os livros que estavam nas duas estantes da sala em várias caixas, eu levaria junto com o piano a pedido de minha avó, mas provavelmente levaria esses livros para New York enquanto o piano ficaria em minha casa aqui em Miami e o piano que eu tinha nessa casa iria para a de Los Angeles. A poltrona de meu avô e todos os porta-retratos iriam para a casa dos meus pais, a televisão seria doada assim como os outros móveis que minha mãe não achasse utilidade ou minha avó não quisesse guardar.

Caminhei em direção a porta que levava a garagem, assim que abri dei de cara com a camionete antiga um pouco diferente. Meu avô havia mandado pinta-la de novo, então ela parecia nova, os tacos de madeira da caçamba pareciam novinhos em folha, apenas os pneus que pareciam bem desgastados. Tirei uma foto da camionete e fiz questão de mandar a mesma para Camila, tinha certeza que ela nem imaginava que eu ainda tinha aquela lata velha.

Voltei para dentro da casa e comecei a levar as caixas com livros para a parte de trás da camionete, meu tio e meu pai colocaram a poltrona de meu avô deitada para que ela não corresse o risco de cair durante o percurso ou algo do tipo, ainda couberam as quatro malas de minha avó.

Quando noto que estou sozinha na garagem abro a porta da camionete e me sento no lado do motorista, acariciando o painel levemente empoeirado e aspirando o que restou do cheiro de perfume masculino de meu avô que quase sumia quando o cheiro forte do perfume da minha avó se misturava com o cheiro do couro creme do banco, outra coisa que ele havia trocado. Olho para o teto e puxo o compartimento que fica a cima da cabeça do motorista e onde eu guardava meus documentos, mas assim que o abro dois papeis caem no chão do carro, eram fotos e assim que coloco meus olhos nelas meus olhos ficam automaticamente marejados.

A primeira foto era uma foto onde toda a família estava junta nas Bodas de Ouro dos meus avós, eu não me lembrava de ter tirado essa foto e muito menos tinha a ideia de que meu avô andava com aquilo para todos os lados, mas na foto eu abraçava Chris pelo pescoço enquanto Taylor estava agarrada em minha cintura e nossos pais estavam atrás, e nossos familiares todos aos nossos lados. A segunda foto era uma foto polaroid que eu deixava guardada no compartimento do painel da camionete, uma onde eu estava rindo no meio de meus avós, eu os abraçava pelos pescoços enquanto eles se olhavam de uma forma apaixonada que sempre se olharam.

- Seu avô amava essa foto. – Me viro assustada e minha avó sorri – Ele dizia que tinha que manter a neta que havia lhe dado o presente favorito dele, a camionete e o amor de sua vida por perto. – Sorrio de canto e deixo as lágrimas rolarem pelo seu rosto, enquanto eu o acariciava naquela foto.

- Eu só queria pedir desculpas para ele, vovó. – Sinto meu lábio inferior tremer – Eu nunca me despedi da forma correta dele, e ele não merecia isso de mim, ele merecia apenas o melhor.

- Laur, nós já conversamos sobre isso... – Segura a minha mão – Está tudo bem, você não conseguiu, mas isso não o fez parar de ama-lo mesmo de longe e não te impediu de sofrer na mesma intensidade que todos sofreram. – Passo as costas das minhas mãos por debaixo dos meus olhos.

- Nós podemos visita-lo? – Sussurro sem ter certeza do que dizia – No cemitério?

Quando eu a encaro percebo uma certa dúvida tomar conta de seu rosto, podia notar a batalha interna que ela estava tendo dentro de si, algo totalmente compreensível. Eu não tinha a dignidade de pedir aquilo para ela, não era certo com a minha avó e era algo que eu deveria fazer sozinha.

- Quer saber, é melhor deixar quie...

- Me deixe pegar minha bolsa. – Me interrompe e eu suspiro.

- Vovó, nós não precisamos fazer isso, ok? – Passo a mão pelos olhos – Eu posso fazer isso outro dia, sem que você precise ir comigo.

- Não. – Sussurra – Eu também quero me despedir dele mais uma vez. – Franzo o cenho - Vou dizer para seus pais que vamos na frente, assim nós podemos nos despedir dele, se isso for fazer você se sentir melhor, tudo bem? – Concordo com a cabeça.

- Tudo bem, obrigada. – Desço do carro e então vejo minha vó entrando pela portinha para voltar para dentro de sua casa e avisar a todos, o que me fez ficar sem graça.

Dei a volta no carro e sorri ao ver a enorme quantidade de peças de carro em cima de uma mesa, eu tenho certeza que ele tentava concertar o carro e deixa-lo melhor, cada vez mais. Vi o caminhão de mudança parando na frente e sai da garagem para conversar com os homens, passando o endereço da minha casa para eles deixarem o piano lá, meu pai não demorou para se apresentar e começar a explicar como tudo iria funcionar para os homens.

- Lauren? – Me viro e vejo minha avó – Podemos ir. – Caminho em sua direção e seguro a sua mão, a ajudando subir na camionete alta.

- Obrigada por fazer isso, vovó. – Sussurro assim que me sento dentro do carro.

- Não há pelo que agradecer, Lauren. – Sorri gentil, pousando suas mãos em seu colo e encarando as mesmas.

O carro demorou um pouco para ligar, mas assim que ligou pude sentir a animação de dirigi-lo novamente, era como se eu tivesse o pego pela primeira vez. Durante o caminho até o posto ele morreu duas vezes, não estava mais acostumada com carros manuais, o que dificultava tudo. Parei no posto e abasteci a camionete, além de aproveitar para encher os pneus velhos, mas que dariam para o gasto para uma única volta.

Durante todo o caminho ficamos em silencio, para ser sincera havia me arrependido de pedir aquilo para a minha avó, sabia que fazer algo como aquilo devia ser extremamente difícil e doloroso para ela. Assim que paramos na frente do cemitério fiz questão de descer primeiro do carro, dando a volta para ajudar minha avó descer do mesmo, comprei flores da senhora que tinha um carrinho na frente do cemitério. Caminhei de mãos dadas com Dona Grace e naquele momento não sabia dizer quem estava mais tensa, ela ou eu, mas da mesma forma minha avó nos guiou até o tumulo de meu avô.

Assim que vi o seu nome completo na lápide pude sentir minha visão ficar extremamente embaçada graças as lágrimas, era a primeira vez que eu ia ali depois de quatro anos de sua morte. Soltei a mão de minha avó e me abaixei, colocando o buque de flores em seu tumulo, acariciando a lápide logo em seguida e sentindo o meu corpo ficar completamente arrepiada.

- Sempre que eu venho aqui, conto as novidades para ele. – Fala atrás de mim – Por que não faz isso? Faça de conta que ele está aqui, Lauren, se despeça com o seu coração! – Concordo com a cabeça.

- Oi vovô. – Sussurro com a voz tremula – Faz tempo que eu não falo com você, não é mesmo?! Eu estive sendo uma péssima neta, mesmo tendo lhe dado o seu melhor presente que você já teve, suas palavras. – Mordo meu lábio inferior, me ajoelhando na frente da lápide – Eu tenho trabalhado muito e nesses últimos anos fiz questão de melhorar quem eu era no tempo que você foi, eu até casei, acredita?! Com Camila, aquela namorada bonita do colegial que você tanto amava, ela está ainda mais incrível e o nosso casamento foi tão bonito, você teria amado e se divertido tanto se estivesse lá. – As lágrimas rolavam pelo meu rosto, mas eu continuava falando – E nós estamos tão felizes, ela me faz tão feliz e eu sou tão grata pôr a ter em minha vida, da mesma forma que você era grato por vovó. – Escuto o soluço de minha avó e fecho meus olhos.

- Continue, Laur, diga seus planos. – Me instiga com a voz tremula.

- Eu quero ter uma família com ela, eu quero criar nossos filhos da mesma forma que vocês criaram os seus e no futuro quero ter netos que me amam tanto quanto eu amo vocês. – Sinto meu lábio inferior tremer – E eu quero que você me perdoe, vovô, por eu nunca ter me despedido direito e ter evitado quando eu pude fazer isso. Não fui forte o bastante para ver o homem mais forte que eu conheci em toda a minha vida da forma mais frágil que eu iria vê-lo para sempre. – Passo a mão pelos cabelos – Mas não tem um dia sequer que eu não me peça perdão à você e o agradeço por ter sido quem foi comigo, eu realmente espero que ai de cima você se orgulhe de quem eu estou me tornando, porque estou sendo aquilo que você tanto me ensinou a ser: a melhor pessoa que eu poderia conseguir me tornar.

Eu não consegui dizer mais nada, um vento forte bagunçou meus cabelos e fez um arrepio percorrer a minha espinha, abracei o meu corpo e ali de joelhos na grama deixei que o choro me atingisse da forma mais intensa que ele já me atingiu. Era como se eu tivesse tirado um peso enorme sobre os meus ombros, era como se agora eu finalmente tivesse conseguido me perdoar por fazer a coisa mais abominável que um ser humano pode fazer: virar as costas quando alguém mais precisa de você.

- Vovó? – Me levanto e vejo que ela chorava, a envolvo em um abraço e ela se encolhe em meus braços – Você quer dizer algo para ele.

- Ele já sabe o quanto eu o amo, o quanto eu sinto uma saudade esmagadora dele e o como nós pertencemos um ao outro. – Sua voz estava embargada e eu me limitei a concordar com a cabeça – Eu sinto saudades de você, querido. – Se livra de meus braços e caminha timidamente em direção ao seu tumulo, acariciando a lápide.

Ela não precisou dizer mais nada, seu olhar sobre o nome dele na lápide dizia tudo o que minha avó sentia naquele momento. Dona Grace se virou para mim e sorriu em meio a lágrimas, a abracei pelos ombros e nós olhamos para a lápide mais uma vez, dando tempo de ver uma pequena libélula pousando sobre a pedra cinza onde seu nome estava gravado, olhei bem para o inseto antes de nos virarmos para partirmos.

Entramos na camionete e eu respirei fundo diversas vezes, erguendo um pouco a minha blusa para limpar os vestígios de lágrimas do meu rosto, senti a mão de minha avó acariciar minha coxa e então um sorriso compreensível aparecer em seus lábios, a encarei por alguns instantes e respirei fundo antes de perguntar.

- Algum dia para de doer?

- Não, nunca. – É sincera – Mas deixe eu te contar um segredo, Lauren, quando nós aceitamos a morte e passamos a compreender o porquê dela, tudo passa a doer muito menos. – Segura a minha mão – Seu avô estava sofrendo, sabe o que ele me disse?

- O que? – Questiono segurando suas mãos.

- Disse que preferia morrer do que ter que ficar naquela cama de hospital para sempre ou viver condenado a passar anos indo para um hospital. Ele aceitou a própria morte a partir do momento que eu concordei, ele só precisou que eu dissesse em voz alto que ele podia descansar em paz, foi isso o que eu fiz. – Acaricia minha bochecha, cheia de lágrimas – Lembra quando Camila lhe deixou ir para que você vivesse o seu sonho e isso doeu como o inferno nela e em você, mas ela fez tal coisa para que você realizasse o seu sonho? – Concordo com a cabeça – Eu fiz o mesmo com o seu avô, eu o amo o suficiente para deixa-lo partir, mesmo sabendo que nunca mais vou tê-lo de volta.

- Mas como deixar alguém que você tanta ama partir, eu não consigo entender, eu não conseguiria deixar Camila partir e me deixar em um mundo sem ela.

- Você conseguiria, porque você a ama muito. – Segura o meu rosto – Você acha que não consegue, mas quando você vê a pessoa que você ama sofrendo tanto como ele sofria você prefere que se vá. O amor não é egoísmo, Lauren, o amor é saber os limites entre duas pessoas e principalmente amar tanto que chega a superar os sentimentos mais egocêntricos do mundo. – Sorri – Amar é se entregar, mesmo que isso doa no final. – Beija a minha bochecha por longos segundos.

- Você me ama o suficiente para me deixar ir, vovó? – Questiono sem me conter.

- Oh querida, eu arrancaria meu coração para dar a você. – Sorrio, sentindo mais lágrimas rolarem pelo meu rosto – Eu te deixaria ir se isso fosse o necessário. – A abraço, escondendo o meu rosto em meu pescoço – E você, Lauren, você me ama o suficiente para me deixar ir?

- Eu te amo o suficiente para querer que você fique, mas também amo o suficiente para entender caso você queira partir. – Beijo sua bochecha.

Eu realmente a amava para deixa-la ir.

E foi exatamente isso que aconteceu, ela se foi.

Minha avó veio a falecer no dia seguinte a nossa visita ao cemitério, ela morreu durante a noite, enquanto dormia e estava imersa em seus sonhos, isso me deixava aliviada por saber que ela não sofreu enquanto morreu. Eu havia sido a pessoa que ela escolheu para pedir permissão para que ela pudesse partir em paz e descansar pela eternidade ao lado de meu avô.

Como dizem por aí, a morte é a única certeza que temos na vida. Mas quando dizem isso você só tem em mente que uma hora você vai partir, não que os outros ao seu redor vão partir a qualquer instante. Não contam a dor dilacerante que vai rasgar o seu peito e te comer vivo se você permitir. Não contam que mesmo que amemos o suficiente para deixarmos aqueles que são tão queridos partirem a aceitação continua sendo difícil.

Acredito que minha avó sabia o que iria acontecer com ela, afinal minha mãe preparou um jantar e toda a família estava ali para dar boas-vindas e comemorar a mudança dela, para que assim um pouco de felicidade a atingisse; ela fez questão de me acompanhar até o cemitério e se juntar a mim na despedida necessária que eu tive com o meu avô e o principal de todos, me fez entender que mesmo que não queiramos, as vezes é necessário ser maduro o suficiente para permitir a partida de alguém que amamos tanto.

- Ei... – Sinto suas caricias em minhas costas – Vamos dormir, amanhã voltaremos para New York...

- Pode ir na frente, eu já vou. – Sussurro sem vontade.

- Amor? – Permaneço em silencio, sentindo Camila me abraçar por trás e deitar sua cabeça ali, esquentando o meu corpo – Eu te amo, estou aqui com você, sempre vou estar.

A dor voltou com tudo e foi impossível de controlar as lágrimas que rolavam sem qualquer controle pelo meu rosto com uma intensidade absurda. Eu chorava a ponto de sumir oxigênio em meus pulmões, chorava a ponto de soluçar de uma forma desesperada e minha mente exausta pedir descanso. Me viro e me agarro em Camila, sentindo seus braços me apertarem contra ela, escondo meu rosto em seu pescoço e continuo chorando, escutando seus suspiros e sentindo algumas de suas lágrimas caírem em contato com o meu ombro.

Quando liguei para a minha esposa, chorando desesperada pelo acontecimento, Camila pegou o primeiro voo para Miami e quando eu vi já estava chorando desesperadamente em seus braços enquanto ela tentava inutilmente me acalmar de alguma forma. Passei o velório inteiro em silencio e com a minha esposa ao meu lado, sua mão não soltava a minha e sempre que eu tinha uma nova crise de choro Camila fazia questão de me abraçar e deixar que eu chorasse ali, sendo protegida por seus braços e pelo seu amor.

No cemitério, quando o caixão estava sendo abaixado eu passei mal e tive que ir embora, foi doloroso demais ver uma das pessoas que eu mais amava sendo colocada a sete palmos do chão enquanto eu escutava o choro desesperado de vários familiares. Mas desde então estava trancada na sala de música da minha casa em Miami, sentada no banquinho do piano que eu havia tocado desde pequena para o casal que mais me inspirou em toda a minha vida.

- Eu falei que ela poderia ir, Camz... – Ela me abraça apertado ergo o meu rosto – Mas eu não achei que ela fosse...

- Eu sei que não. – Abraço sua cintura e afundo ainda mais o meu rosto em seu pescoço – Mas você sabe que ela não estava bem, Lo. – Fecho meus olhos – Ela queria descansar, ela queria encontrar seu avô novamente e queria finalmente estar em paz. – Sinto sua caricia em meus cabelos e então a brisa gelada que vinha pela porta de vidro aberta bagunçar nossos cabelos.

- Mas dói, dói como o inferno...

- Eu sei que sim. – Segura o meu rosto, seus olhos estavam tristes e marejados – Eu mais do que ninguém sei o quanto dói... – Concordo com a cabeça – Agora é o momento de você chorar tudo o que precisa chorar, exponha essa tristeza até que não reste mais lágrimas e você esteja mais leve. – Beija a minha bochecha – Mas coloque em sua cabeça, mais cedo ou mais tarde, que ela precisava ir e você estava completamente ciente disso. – Deito minha cabeça em seu ombro, sentindo sua caricia em minhas costas.

Talvez eu estava mentindo para mim mesma ao dizer que eu estava aceitando a sua morte, porque eu sei que não estava, mas eu precisava fazer isso por ela. Eu a amava o suficiente para deixa-la ir, eu precisava ama-la o suficiente para deixa-la ir de vez e então ser feliz em paz. Não seria justo com ela, definhar em tristeza e solidão longe da pessoa que ela mais amou em toda a sua magnifica vida.

Não me movi, apenas fiquei agarrada em Camila, aproveitando o calor de nossos corpos juntos daquela forma e da forma carinhosa que ela me acariciava e sussurrava palavras doces perto de meu ouvido, de uma forma descomunal conseguindo me acalmar e me retirar de um poço de tristeza que eu jurava que jamais iria entrar novamente.

Respiro fundo e desencosto a minha cabeça do ombro de Camila, começando a tocar a música que Dona Grace mais amava que eu tocasse em seu piano quando ia em sua casa. Naquele momento eu tocava com vontade, com uma vontade que eu nunca havia sentido em toda a minha vida, eu estava me entregando a música da forma mais intensa que já havia acontecido.

Uma vez minha vó havia me dito que através da minha música eu fazia milhares de pessoas sentirem e se emocionarem, inclusive ela. Mas naquele momento eu não toquei para ninguém que não fosse eu mesma, porque a minha rota de fuga e futura aceitação era através daquilo que tanto me fazia bem e onde eu conseguia sempre ser eu mesma, através da minha música.

Quando terminei de tocar uma libélula que variava da cor verde e roxa pousou em cima do piano, me deixando completamente arrepiada. Olhei fixamente para o inseto, da mesma forma que havia feito quando o mesmo inseto havia pousado na lápide de meu avô, pisco algumas vezes e então fecho os olhos por um pequeno instante, para os abrir em seguida.

Com a voz firme e sem meus olhos estarem marejados eu sussurrei o que tanto precisava:

- Eu te deixo ir, vovó.

A libélula voou logo em seguida, o braço fino e firme de Camila envolveu a minha cintura e me ajudou a levantar do banquinho, me guiando escadas a cima para que eu pudesse finalmente dormir depois dos últimos dias.

Minha avó havia partido para reencontrar o seu eterno e verdadeiro amor, quando deitei ao lado de Camila na cama, apreciei o fato do meu eterno e verdadeiro amor estar ali comigo, mesmo depois de ter passado tudo o que passou durante a sua doença.

(...)

Sinto os braços firmes e finos abraçando a minha cintura, Camila me abraçava de uma forma possessiva, aparentemente com medo que eu a deixasse sozinha em nossa cama. Mas esse abraço me fazia extremamente bem por me fazer sentir completamente protegida e amada, da forma que só ela conseguia fazer eu me sentir.

No último mês Camila tem sido uma esposa excepcional, e eu sabia que não estava sendo a melhor de todas. Eu havia entrado em uma tristeza sem fim, a morte de minha avó havia mexido bastante comigo, isso resultou em muitas crises de choros, problemas com paparazzis na hora de sair para determinados lugares e principalmente muita falta de atenção com Camila.

Entretanto a três dias atrás o meu humor teve uma melhorada por conta de uma conversa longa que eu tive com Camila, ela me ajudou a lidar completamente com todos os sentimentos que eu estava guardando somente para mim. Então eu chorei, chorei muito e provavelmente com mais intensidade que havia chorado no dia que minha avó havia falecido, mas foi o dia que eu finalmente senti que havia deixado livre.

O que chamou a minha atenção quando Camila e eu havíamos terminado de conversar na sacada de nosso apartamento foi que uma linda e pequena libélula apareceu novamente, me mostrando que talvez eu realmente nunca estivesse sem Dona Grace por perto, por esse motivo Camila acabou me dando ideia, que seria concretizada na tarde daquele dia.

Me encolho nos braços de minha esposa e a escuto resmungar algo, então sinto o seu rosto em minha nuca e seus braços me apertarem ainda mais contra si. O suspiro longo veio logo em seguida, seguido do roçar de seu nariz em alguma parte exposta da minha pele, indicando que ela havia acordado.

- Bom dia... – Ela sussurra com a voz rouca.

- Bom dia. – Murmuro, sentindo um carinho gostoso em minha cintura.

- Aí que preguiça... – Rola pela cama e eu não consigo evitar uma risada – Estou cansada e só consigo pensar no que vamos fazer hoje. – Me viro e vejo que ela apoiou o peso de sua cabeça em sua mão – Isso me lembra que Tori vai estar na cidade durante essa semana. – Comenta e eu concordo com a cabeça.

- Ela me mandou uma mensagem ontem. – Coço a testa – Ela vai dar uma festa a fantasia com Hannah, precisamos de uma fantasia.

- Nós podemos procurar hoje, aproveitando que vamos sair. – Camila sugere – Vamos combinando, que nem ano passado?

- Você quem escolhe. – Me levanto da cama, me espreguiçando logo em seguida.

- Que tal se formos de Jogos Vorazes? Eu posso ser o Presidente Snow e você pode ser a Katniss! – Entro no banheiro rindo e escuto seus passos logo atrás de mim – Ou então nós podemos ser personagens do Toy Story, Sra. e Sra. Batata? – Rio, retirando o meu pijama e então entrando no box – E que tal algum personagem de The Walking Dead? – Ligo o chuveiro.

- Nós decidimos hoje e então vamos procurar essa tarde. – Camila abre um largo sorriso.

- Nada de coisas obscenas. – Comenta antes de enfiar a escova de dentes dentro da boca.

Enquanto eu tomava banho Camila ia conversando comigo e escovando os dentes, depois ela invadiu o meu banho e continuou tagarelando, o que de certa forma me deixou animada por ver que ela parecia ansiosa e com um excelente bom humor. Deixei que ela tomasse o resto de seu banho sozinha, me sequei e então comecei a escovar os dentes enquanto ela falava sobre sermos alguém do Piratas do Caribe, quando ela finalmente terminou de dar todas as suas opções sai do banheiro para me trocar.

Estava calçando meu All Star quando minha esposa entrou enrolada em sua toalha branca, logo a deixou no chão e não demorou nada para escolher e vestir a roupa que havia escolhido para o dia, uma calça preta e uma blusa de algodão também preta, Camila caminhou pelo closet até chegar ao meu lado, pegando uma de minhas jaquetas e a vestindo, para depois se sentar em meu colo e então sorrir enquanto abraçava meu pescoço.

Fechei meus olhos, apreciando o carinho delicado que ela fazia em meu rosto, aquando abri meus olhos pude ver seus olhos castanhos intensos a centímetros dos meus olhos verdes e seus lábios cada vez mais perto dos meus. Então eles se colaram, trazendo a mesma sensação reconfortante de sempre. Puxei Camila pela cintura e ela levou suas mãos até minha nuca, deixando uma pousada lá enquanto a outra entrava em contato com as minhas mechas molhadas.

Os lábios de Camila estavam com um gosto delicioso de menta, seus lábios macios roçavam de uma forma tímida e maravilhosa contra os meus. Beija-la a qualquer instante do dia era como se eu a beijasse pela primeira vez, a sensação indescritível me atingia com tudo e o conforto fora do normal tomava conta de mim. Camz sempre fazia questão de me beijar de uma forma apaixonada, demonstrando o tamanho da afeição que sentia por mim, eu devolvia na mesma intensidade, para ter certeza que ela jamais se esquecesse do quanto eu a sempre desejo.

- Vamos tomar nosso café da manhã na sacada? – Concordo com a cabeça, roubando um selinho delicado – Então nós podemos ir.

- Tudo bem.

- O que você quer comer? – Questiona me puxando para fora do quarto – Estou pensando em waffles ou então apenas um sanduiche simples.

- Quando você deu a opção waffles é porque você quer waffles, nós sempre comemos sanduiches. – Ri divertida e eu sorrio – Eu faço suas waffles.

- Por isso que você é a melhor esposa da face da terra. – Entramos na cozinha e ela vai direto pegar os utensílios que eu iria precisar, enquanto eu entro na dispensa para pegar os ingredientes – Bom dia, Lea.

- Bom dia, meninas. – Abre um largo sorriso ao me ver com várias coisas no braço e parecendo animada pelo dia – Lauren pode deixar que eu preparo o café da manhã para vocês...

- Não precisa, vou preparar as waffles de Camila. – Minha governanta sorri timidamente.

Todo mundo andava meio inseguro com as minhas mudanças de humor, que agora deixaram de acontecer, então quando me viam de bom humor e distribuindo sorrisos ficavam extremamente surpresos e animados. Era o terceiro dia que Lea me via sorrindo novamente e com um bom humor contagiante, acredito que agora ela iria se acostumar novamente.

- Você é uma excelente cozinheira, Lea, mas ninguém supera a comida de Lauren. – Sorrio timidamente e Camila beija a minha bochecha.

- Bom, já que não sirvo mais para cozinhar nessa casa vou arrumar o quarto de vocês! – Fala com uma falsa tristeza – Qualquer coisa é só chamar, meninas.

- Tori vai se apresentar no Jingle Ball no final do ano. – Camila comenta baixinho, enquanto fazia o nosso suco – Ela comentou que quer que você suba no palco com ela.

- Eu subo. – Dou de ombros, com um pequeno sorriso – Faz tempo que eu não faço nada dessas coisas.

Depois que minha cunhada lançou o seu primeiro álbum, Unbreakable Smile, que ficou em primeiro lugar em muitos países a sua carreira deu um excelente salto. Além de fazer uma turnê só sua, completamente esgotada, Tori conseguiu ganhar muitos prêmios, incluindo um que eu ainda não consegui, um Grammy.

- Eu sei, seus fãs me lembram disso todos os dias. – Rio baixo e ela sorri – Você não quer escrever para você? Lançar novas músicas?

- Então ficar longe por mais de seis meses? – Me viro, mordendo o lábio inferior – Camz é o começo do nosso casamento, talvez nós comecemos uma família e...

- Eu sei que sim, mas eu não quero que nosso casamento ou nossa futura família fique no caminho para que você continue fazendo o que você tanto ama. – Mordo o meu lábio inferior, eu havia escrito algumas músicas para um futuro novo álbum – Eu quero te ver feliz, fazendo o que você tanto ama... – Acaricia meu rosto – Só pense na possibilidade, ok?

Eu realmente havia dado uma pausa com a minha carreira desde que Camila e eu havíamos ficado noivas e então casado, afinal meu último álbum havia sido um enorme sucesso, assim como a minha turnê e o meu filme, agora o máximo que eu fazia era compor e vender canções para outros artistas. Confesso que sentia saudades de estar no palco, mas eu precisava dessa pausa de quase dois anos para descansar completamente e pensar no que faria dali para frente com a minha carreira, talvez agora realmente fosse a hora de começar a fazer novas coisas.

Nosso café da manhã foi cercado de conversas e planos para aquele dia, nós realmente iriamos ver nossas fantasias e então ir até o estúdio. Mandei mensagem para Julian informando que gostaria de conversar com ele qualquer dia para que nós pensássemos em trabalhar alguma coisa, mas só entrei em contato com ele depois de marcar uma janta com Simon.

Quando saímos de casa olhei o horário, sabendo que daria tempo certinho de chegar no horário marcado do estúdio. O caminho todo Camila foi mudando as músicas bem na hora que elas chegavam na metade, não deixando uma sequer chegar no final, o que me fez ficar resmungando por ela não se decidir uma vez sequer.

Desci do carro e Camila fez o mesmo, nem esperou que eu abrisse a porta para ela, minha esposa agarrou o meu braço e eu sorri largo para ela, que mordeu o lábio inferior e me encarou nervosamente. Empurrei a porta e pude notar Camila ficar automaticamente mais tensa, ela tinha um certo medo de agulhas, mas provavelmente ficou com mais medo de Tron do que de da agulha que ele iria colocar na minha nuca.

- Hey, Lauren. – Abre um largo sorriso – Chegou bem na hora marcada.

- Hey, Tron. – Aperto sua mão – Essa é a minha esposa, Camila.

- É um prazer te conhecer. – Sorri gentil – Não trouxe sua amiga hoje? – Rio, ele realmente havia ficado apaixonado em Normani.

- Ela está trabalhando hoje. – Concorda com a cabeça – Você viu o desenho que eu te mandei?

- Vi sim, acho que vai ficar bem legal. – Faz um sinal para que eu o siga – Não vai fazer nada? – Encara Camila, que parece ficar ainda mais pálida.

- Oh não, estou ótima aqui. – Rimos e ela sorri nervosamente.

- Prenda seu cabelo e se sente aqui, então podemos começar. – Sorri gentil e eu sorrio de volta, tirando a minha jaqueta e estendendo para Camila, para logo em seguida prender o meu cabelo em um coque alto – Não vai doer nadinha.

- Você fala isso porque não escuta ela reclamando depois de alguns dias. – O homem ri, começando a limpar a minha nuca.

Eu havia decidido tatuar uma libélula em minha nuca, homenageando a minha avó, já que o inseto havia virado um tipo de símbolo totalmente a ver com ela. Aquela tatuagem seria a minha forma de sempre tê-la por perto e eterniza-la da minha forma, mesmo a deixando ir eu conseguiria a ter por perto sem precisar sofrer da forma que antes eu estava sofrendo.

Camila filmou um pouco e até mesmo colocou no meu Snapchat, ela fez piadinhas e acabou se tornando amiga de Tron em poucos segundos, o que não me surpreendeu já que ela tinha essa capacidade de conseguir encantar qualquer pessoa que passasse mais de três minutos com ela. Quando a tatuagem foi finalizada minha esposa tirou uma foto e Tron brincou mais uma vez oferecendo uma tatuagem grátis para Camila, que ficou ainda mais branca e negou com a cabeça rapidamente.

Quando saímos do estúdio de tatuagem vários paparazzis nos cercaram, eles andavam fazendo qualquer coisa para me tirar do sério, somente para que algum novo escândalo saísse. No começo do mês eu arranjei uma briga com um paparazzi por conta deles não respeitarem o meu espaço quando eu estava entrando no aeroporto e estava super mal por conta do velório da minha avó, sem falar que várias fotos do enterro saíram, o que me tirou do sério por eles não me respeitarem nem nesse momento.

O carro estava um pouco longe, então precisamos andar um pouco pela calçada, eles iam andando de costas e empurrando as pessoas da calçada para tirarem mais fotos, as pessoas nos olhavam assustadas e com pena, não pude evitar de rir quando um deles que estava andando de costas caiu no chão. Então eles começaram a se empurrar conforme nós nos aproximávamos no carro, um deles passou correndo esbarrando com tudo em Camila.

- Eu não acredito que você fez isso! – Ando na direção dele e coloco minha mão na frente da lente da câmera – Você a empurrou para tirar mais uma maldita foto!

- Eu não a empurrei! – Ri e eu trinco meu maxilar.

- Você a empurrou sim e eu quero você longe dela. – Sinto a mão delicada de Camila segurar a minha, tentando me puxar para longe dele – Nunca mais se atreva a fazer isso. – Aponto o dedo na cara dele e Camila me puxa. – Está me ouvindo? Nunca mais chegue perto dela.

- Lauren, venha. – Camila murmura com uma das mãos na testa, para esconder o seu rosto.

- Foi sem querer. – Fala em um tom sarcástico.

Eu sabia que ele estava fazendo para me provocar, mas eu não conseguia não me irritar com aquilo.

- Cala a porra da boca. – Abro a porta do carro – Vocês são seres humanos desprezíveis, deveriam achar um emprego de verdade.

- E isso não é emprego? – Camila entra no carro e eu me viro para ele.

- Tentar degredar a imagem de uma pessoa para conseguir dinheiro? Não chamaria isso de emprego. – Fecho a porta e dou a volta no carro, olho para o lado e vejo dois colados no vidro de Camila, entro dentro do carro e bato a porta com força.

- Lauren quantas vezes eu vou ter que dizer que não vale a pena discutir com eles? – Franzo o cenho quando a encaro, ela continuava com a mão no lado esquerdo do rosto, mesmo que eles estivessem do lado direito – Vamos só sair daqui, por favor.

Mesmo com eles tendo cercado o meu carro consegui sair de lá, quando virei a esquina Camila finalmente tirou a mão do rosto e só então eu consegui entender o que havia acontecido, uma marca extremamente vermelha estava ao lado da sua sobrancelha, mostrando que um deles havia batido a câmera em seu rosto.

A raiva que eu sentia por aquelas pessoas serem tão desprezíveis a ponto de nos machucarem apenas para conseguir uma nova foto no meio de milhares me tira do sério, mas o fato deles machucarem principalmente Camila e a deixarem assustada me deixava mil vezes ainda mais possessa, porque eu não podia fazer nada, eles sempre estavam ali.

Assim que chegamos em casa a primeira coisa que eu fiz foi correr para a cozinha, peguei uma pedra de gelo e coloquei onde a câmera havia batido no rosto de Camila, minha esposa fez uma careta e sorriu, pousando sua mão em minha cintura, acariciando a mesma.

- Eu odeio eles, eu odeio todos eles.

- Ouch, não aperta assim. – Rapidamente tiro o gelo do lugar.

- Desculpa. – Suspiro alto.

- Não foi nada, você só apertou demais contra o machucado. – Ri divertida.

- Não pedi desculpas somente por isso. – Sussurro envergonhada – Desculpa por te submeter a isso.

- Amor... – Suspira, me olhando no fundo dos olhos – Nós já falamos um milhão de vezes sobre isso no começo do nosso namoro, eu sempre soube o que iria acontecer caso nós estivéssemos juntas. – Sorri de canto – E eu sei que é uma coisa que vem com a sua profissão, eu não me importo, já estou acostumada, para ser bem sincera. – Leva uma de suas mãos sobre a minha, empurrando o gelo e aproveita para roubar um selinho – Eu estava completamente sã e ciente quando disse ‘sim’ a você na Suíça... – Sorrio de canto – Não deixe eles te atingirem.

- Eu não consigo, eu só fiquei tão irritada por ver que ele poderia ter te machucado, e ele machucou, se eu tivesse visto isso antes eu teria feito ele engolir aquela máquina fotográfica. – Camila ri, negando com a cabeça – Se eles já estão assim comigo fazendo nada, imagina se eu voltar a lançar CD e fazer shows, imagina se eu começo a atrair eles e tudo volta a ser insuportável como no começo do nosso namoro, Camila...

- Nós vamos fugir deles e dar um jeito, como sempre. – Me abraça pelo pescoço, deixando um beijo em meus lábios – Você só precisa treinar mais para ser minha segurança particular, pede umas aulas para Big Rob. – Reviro os olhos e ela ri.

- Idiota. – Coloco o gelo de volta no machucado e ela solta um gemido de dor – Agora vamos cuidar disso.

Se já é terrível e tumultuado quando é apenas Camila e eu, não quero nem imaginar quando nossa família tiver um terceiro integrante.


Notas Finais


Gente eu não revisei porque eu não queria chorar de novo e porque eu tenho que postar Never is Easy ainda! Espero que apesar de tudo vocês tenham gostado do capítulo(:
Obrigada a todas as pessoas que comentam, divulgam e tornam a história tão conhecida como ela é! Eu aprecio todo o carinho e absolutamente tudo o que vocês fazem por mim, é mais do que gratificante!! Caso queiram conversar comigo é só chamar no tt (switch5hearts) ou então mandar algo no ask.fm/SushiDaMegan que eu ando respondendo bastante lá e dando spoilers!!
Playlist da fanfic: https://open.spotify.com/user/itscamren-yo/playlist/4szdl8GEneb8Hc4Tj6roim
Natália xX(:


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