História Letters To Camila - Segunda Temporada - The Cameras

Grace estava agarrada em mim, seu rosto estava escondido em meu pescoço e eu fazia questão de segura-la de uma forma extremamente possessiva, apenas para ela ver que estaria segura em meus braços; enquanto minha mão estava entrelaçada com a de Camila e todos os meus seguranças estavam a nossa volta nos ajudando a entrar dentro do backstage do Jingle Ball.

- Meus olhos estão doendo, mama. – Grace fala manhosa, olhando para Camila.

- Eu sei que sim, querida, mas já vão parar de doer. – Ela passa para o colo de Camila.

- Você fechou os olhos? – Questiono curiosa e ela faz um sinal de ‘mais ou menos’ com a mão.

- Eles estavam falando o meu nome, eu tinha que olhar! – Sorrio, caminhando ao lado delas.

- Quando eles chamam, você não precisa olhar, nós já falamos sobre isso, meu amor. – Aceno para um pessoal que estava pelo local.

O assédio da mídia estava enorme desde que Grace passou a morar conosco, a primeira vez que ela enfrentou os fotógrafos ficou extremamente assustada e começou a chorar, ficando completamente agarrada em Camila até que entrássemos no carro e ela pudesse ficar agarrada em nós duas.

Não havia muito o que ser feito, nós sempre fugíamos deles da forma que conseguíamos e aos poucos fazíamos Grace entender o porquê de eles nos seguirem e sempre quererem tirar fotos nossas. Assim como eu, minha filha odiava o assédio vindo daqueles desconhecidos e não conseguia aceitar direito, o que era completamente compreensível.

Camila e eu havíamos combinado que Grace poderia sim fazer parte da nossa vida por de frente as câmeras, entretanto, somente as câmeras que nós quiséssemos e autorizássemos.

- TIA DINAH. – Ela rapidamente desce do colo de Camila e corre até Dinah, que ri, abrindo os braços para que a pequena a agarre.

- Oi mocinha, eu estava com saudades de você. – Deixa um beijo em sua bochecha.

- Tia Dinah você vai ver a mamãe Lauren cantando? – Segura o rosto da minha amiga, apenas para ter sua atenção completamente direcionada a ela.

- Com toda certeza. – DJ sorri, beijando a bochecha de Camila e piscando para mim – Sua roupa para dar entrevistas e tirar fotos no tapete vermelho está lá dentro, mas se eu fosse você não trocaria, essa está ótima.

- Mamãe você não vai ficar com a gente? – Questiona já fazendo um bico triste.

Camila foi a primeira a ser chamada de mãe, na primeira vez que ela chamou Camila assim foi quando ela estava fugindo de Normani, que queria fazer cosquinhas e então começou a gritar por ‘mama’ até encontrar minha esposa e se esconder atrás das pernas dela. A primeira vez que Grace me chamou de mãe foi em uma madrugada que eu estava saindo da sala de música e a minha filha estava parada na porta de seu quarto com os olhos cheios de lágrimas, ela havia tido um pesadelo sobre irmos embora, aquela foi a primeira noite que eu dormi na cama dela e escutei sua voz delicada pronunciar ‘mamãe’ diversas vezes.

Ainda era novo e diferente ouvir a palavra ‘mãe’ ou ‘mamãe’, ou no caso de Camila ‘mama’, Grace levou um mês inteiro para começar a nos chamar daquela maneira, mas toda a espera valeu muito a pena, assim como para todos os meus familiares. Era delicioso o som daquelas palavras vindo dela, fazia o meu coração dar um salto e querer sair rasgando o meu peito com tamanha felicidade.

- Nós conversamos sobre isso, meu anjo. – Sorrio tristemente – Eu vou estar trabalhando, mas depois nós vamos sair para comer um delicioso hambúrguer, lembra? – Concorda com a cabeça, sem muita vontade.

Durante toda a semana tentamos explicar o porquê de eu estar saindo tanto e porque delas estarem me acompanhando na noite de hoje, até mesmo mostramos o meu filme e só então Grace ficou um pouco mais ciente do que eu fazia, mas não entendia completamente, para ela eu era simplesmente sua mãe.

Grace era extremamente apegada a Camila e eu, nós levamos bem a sério o fato dos pais adotivos terem que sempre estar por perto para que a criança se sentisse protegida e uma hora ou outra conseguisse pegar confiança em seus responsáveis. Acontece que aproveitávamos demais os dois meses que Camila teve de licença, todos os dias tínhamos planos diferentes e sempre nos divertíamos bastante com a pequena.

Por ter se lembrado que eu não ficaria muito mais tempo com elas Grace prontamente fez questão de descer do colo e agarrar a minha mão, olhou para Camila e fez questão de segurar a mão dela também. Nós caminhávamos pelo backstage, Grace só estava no evento de hoje porque eu havia viajado nas noites passadas para fazer participação nos outros Jingle Ball e eu não queria ficar mais uma noite longe delas, mas de uma forma estranha ela parecia confortável e tranquila em estar ali.

Era o meu primeiro show que ela iria assistir.

Quando saímos na área onde os artistas estavam passando o tempo, tirando fotos e dando entrevistas, pude notar Grace ficar acanhada e segurar ainda mais forte a minha mão. Keyci me avistou e andou até nós, fazendo questão de fazer cosquinha na minha filha e abraçar minha esposa, seguida da minha estilista, somente para em seguida apontar para todos que eu iria dar a entrevista.

- Olha só que legal... – Aponto para a árvore de Natal e Grace abre um largo sorriso.

- Nós vamos ter uma em casa? – Questiona com os olhos brilhando.

- Claro que vamos, e muitos presentes vão estar embaixo dela, soube que você foi uma boa menina esse ano... – Camila sorri para nossa filha e Grace abre um largo sorriso.

- Fiquei sabendo que o Papai Noel só traz presentes para crianças que além de boazinhas montam lindas árvores de Natal. – Dinah sorri de canto e Grace nos encara.

- Temos que montar nossa árvore, mamãe. – Começa a pular animadamente e eu rio.

- Nós vamos, ainda essa semana, ok? – Concorda com a cabeça – Olha, tem uma máquina de fotos ali, porque você não vai tirar fotos com a sua tia Dinah? – Questiono e ela me encara duvidosa – Eu vou estar ali... – Aponto para o homem que estava entrevistando Nick Jonas.

- Tudo bem. – Sorri finalmente soltando minha mão e se afastando com Dinah, que sempre que estava ao lado da pequena parecia uma criança.

- Vá lá. – Camz sorri, beijando meus lábios rapidamente.

- Eu não pretendo demorar e qualquer coisa você me chama, ok? – Ela concorda com a cabeça.

- Tenho certeza que nós ficaremos bem, eu vi uma enorme quantidade de gorros de Natal e muitos bichos de pelúcia, tenho certeza que Grace vai amar passar por lá. – Rio e ela sorri, se aproximando para me beijar mais uma vez.

- Se forem se afastar levem Travor e Rick com vocês. – Concorda com a cabeça.

Keyci me guiou até o repórter, cumprimentei Nick Jonas, que estava de saída para fazer o seu show e então cumprimentei o entrevistador, me sentando no sofá branco em sua frente para que a entrevista pudesse começar. Ele me fez milhares de perguntas sobre o álbum, então sobre o que eu estava achando sobre a temporada do Jingle Ball e quando ele passou para as perguntas dos fãs eu sabia que teriam coisas envolvendo Grace, como andava acontecendo regularmente.

Desde que ela estava conosco eu só havia postado duas fotos com ela. Uma onde ela estava sentada em meu colo e nós duas ríamos por eu estar lhe fazendo um ataque de cosquinhas e a segunda onde ela abraçava Camila e eu durante um jantar onde comemorávamos o aniversário de Veronica. Evitava falar muito sobre ela, sempre respondendo às perguntas com “ela é ótima e nós amamos a ter por perto”, ou algo parecido.

Camila havia gravado um novo vlog explicando como todo processo de adoção funciona e um segundo vlog onde dava dicas de como adaptar sua casa e sua vida a uma nova criança, que necessita de sua completa atenção e dedicação para desenvolver a confiança, seguida do amor. Mas nós evitávamos expor Grace sem necessidade, para que assim ela não crescesse em um mundo onde as pessoas apenas se importavam com ela por conta de quem ela era filha.

Na minha quarta e última entrevista quando notei uma movimentação por perto e olhei em direção ao lado da câmera vi minha filha com um enorme sorriso caminhando animadamente em minha direção e Selena Gomez um pouco atrás. Grace usava uma calça jeans justa, uma camisa de abotoar branca cheia de minúsculas cerejas pretas por toda ela e uma jaqueta de couro preta por cima, um coturno preto estava em seus pés e um filhote de leão de pelúcia estava em seus braços.

- Mamãe olhe. – Eu rio e a pego no colo – Olhe meu leão, Selena me ajudou a escolher o nome. - A animação em sua voz era contagiante.

- Ele é muito legal, querida. – Ajeito um pouco a gola de sua camisa, sem conseguir parar de sorrir com sua felicidade - Querida eu estou conversando com Jordan. O que se faz quando encontra as pessoas? – Só então ela parece notar o repórter, que sorria gentil para em sua direção.

- Oi Jordan. – Sorri, deitando a cabeça em meu ombro, envergonhada.

- Hey, gracinha. – Acena para ela – A minha última pergunta é: o que você pretende fazer nesse final de ano? – Grace abraça o animal de pelúcia com apenas um braço, enquanto com a mão livre ela segura a minha mão, tentando chamar minha atenção de alguma forma.

- Aproveitar minha família. – Olho para a pequena em meu colo e sorrio, recebendo um largo sorriso de volta.

- É claro que sim. – Ele ri divertido, estendendo a mão para apertar a minha – Foi um prazer conversar com você e conhecer você – Pisca para Grace, que olha para baixo envergonhada.

- Obrigada pela entrevista. – Levanto do sofá com Grace em meu colo e começo a ir para o meio do salão, cumprimentar Selena – Olha só quem finalmente apareceu. – Selena sorri largo.

- Você viu como ela gostou do presente?!  – Sorrio, colocando a pequena no chão – Lauren eu estou apaixonada por ela, Grace é uma gracinha, eu vi em fotos e não achei que ela fosse tão adorável assim. – Sorrio, vendo Grace se afastar para andar em direção a Camila, que estava vindo dos banheiros.

- Eu sei, ela é um amor e é tão fácil tê-la por perto. – Camila estava abaixada conversando com a pequena e ambas estavam sérias, franzi o cenho – Ela te cumprimentou?

- Sim, foi fácil ter sua atenção quando entreguei o animal de pelúcia e comecei a fazer gracinhas. – Rio, concordando com a cabeça – Ela até quis ficar comigo e Dinah para que Camila fosse ao banheiro. – Sinto dois bracinhos agarrarem a minha perna – E eu amei a sua roupa, Grace!

- Como se diz? – Camila questiona e minha filha olha para Selena.

- Obrigada. – Sorri de canto – Mama Camila disse que eu estou parecendo mamãe Lauren, nós somos iguais agora. – Selena morde o lábio inferior e junta as mãos.

- Eu vejo que sim. – Eu também estava de coturno e calça jeans, entretanto com uma blusa normal de algodão e uma jaqueta jeans – Você já escolheu o nome?

- SIM! – Grita animada.

- Grace não grite. – Camila acaricia os cabelos da pequena, que automaticamente fica sem graça por ter sido repreendida – Qual o nome que você escolheu?

- Nala. – Abraça o leão – Tia Dinah que me ajudou a escolher. – Selena sorri animada.

- Ótimo, eu tenho certeza que se você ficar com ele, ele vai te proteger durante a noite dos pesadelos! – Minha amiga se abaixa e toca a ponta do nariz de Grace, que ri – Então toda vez que sentir medo, é só abraça-lo, Nala vai te proteger. – Pisca e Grace em um ato inesperado abraça Selena, que sorri largo e abraça de volta.

- Obrigada pelo presente. – Assim que se afasta eu abro um largo sorriso, orgulhosa por ela ter agradecido o presente sem que precisássemos pedir para que ela fizesse tal - Mamãe você vai cantar agora? – Concordo com a cabeça – Vai cantar as músicas que você canta para mim? – Nego – Mas por que não?

- Porque não são minhas músicas. – Rio divertida.

Eu havia pegado a mania de cantar para Grace enquanto fazia seus lanches da tarde, dava banho nela, ou quando ela tinha pesadelos no meio da noite, era sempre eu que a acalmava de alguma forma com algumas músicas e isso a sempre deixava segura. A música havia se tornado o nosso elo. Minha filha me amava ver tocando piano somente para ela e amava quando eu cantava fazendo vozes engraçadas, só porque arrancavam gargalhadas altas.

Nossa conversa foi interrompida pelo fotografo dos bastidores, eles queriam que todas nós tirássemos algumas fotos juntas. Selena se encarregou de puxar Camila, para que ela ficasse entre nós, sussurrei no ouvido de Grace que para aquele fotografo ela poderia sorrir e assim a minha filha fez. Nós tiramos uma série de fotos, afinal os outros fotógrafos foram vendo que estávamos postas e não demoraram para juntar tirar mais fotos, só deixamos de pousar quando Grace deitou a cabeça em meu ombro reclamando de dores nos olhos novamente.

No meio do caminho para o meu camarim Keyci me parou e pediu para que eu tirasse algumas fotos sozinhas no espaço separado para os cantores da noite, Camila disse que iria na frente com Grace para dar uma visitada no camarim de Tori e eu apenas concordei com a cabeça. Pousei para mais algumas fotos e tive que tirar novas com outras pessoas que iriam se apresentar no Jingle Ball aquela noite.

Tive que esperar Dinah encerrar uma de suas entrevistas para puxa-la junto de mim até o meu camarim. Minha estilista agora não era mais o meu pequeno segredo, muitas celebridades a conheciam e minha amiga ficava cada vez mais conhecida no mundo da moda, recebendo excelentes críticas, uma ótima quantidade de dinheiro e propostas, como o New York Fashion Week no ano que vem.

- O ponto foi meu! – Escuto a voz de Grace e quando viro o corredor vejo Tori chutando uma bola enorme para Grace enquanto Camila observava tudo de longe – Tia Tori você está roubando.

- Eu não estou roubando! – Tenta se defender, com um largo sorriso – Eu sei que o ponto foi seu, mas é a minha vez de jogar agora. – Lança a bola em direção a pequena, que ri quando a bola bate em seus braços e vai para cima sem que ela consiga agarra-la.

- Mamãe. – Rapidamente esquece a bola quando caminho em sua direção – Joga com a gente, por favor.

- Eu tenho que me arrumar, querida. – Me abaixo – Eu tenho que trabalhar, não lembra?!

- Você joga depois? – Assinto e ela sorri, soltando a minha mão para que eu possa ir.

Entrei no camarim seguida de todas elas, escutando as conversas e o barulho de bola, que só parou quando eu entrei no banheiro. Vesti uma saia azul marinho com um tecido diferente, um top cropped listrado de mangas compridas, seguido de uma jaqueta de couro preta e saltos mais confortáveis do que eu usei para dar as entrevistas. Quando sai do banheiro vi David e Keyci ali, meu amigo começou o nosso aquecimento vocal enquanto minha filha estava em seu colo rindo, de acordo com ela os barulhos que fazíamos eram extremamente engraçados.

Nos separamos antes de eu ir em direção ao palco, ganhei dois beijos e vários ‘boa sorte’, elas foram em direção a saída para assistir ao show e eu continuei aquecendo a minha voz para subir no palco, o pessoal da banda subiu no palco para se ajeitar e eu fui guiada até uma escada bem na parte de traz do centro do palco.

Escutei os primeiros acordes da guitarra e então o baixo seguido da bateria, escutei os apresentadores anunciarem o meu nome e então o solo de bateria do Ian seguido da sua pergunta animada “Vocês estão prontos?”. Assim que a porta se abriu e a introdução aumentada da música começou escutei os gritos, desci os degraus conforme o ritmo da música e acompanhada das bailarinas, enquanto todo o público já gritava.

O lado bom do meu primeiro sucesso ter sido bem conhecido era que onde eu fosse todo mundo sabia cantar, e foi exatamente o que aconteceu quando eu comecei a cantar Reflection. Para o repertório da noite optei por cantar duas músicas do meu quarto álbum, Worth It e Sledgehammer, para então encerrar com duas novas músicas.

Quando estava cantando meu single, fui caminhando pela passarela que haviam feito naquele ano, conforme ia me aproximando mais da ponta ia acenando e sorrindo ao lembrar que Grace sabia a letra daquela música porque eu havia cantando esses dias e havia a ensinado. No refrão quando todos cantavam olhei para o telão e vi a imagem de Tori, Camila e Grace em seu colo cantando a música, o que arrancou mais gritos da plateia e me deixou com um largo sorriso no rosto.

- Hoje foi incrível, você viu aquilo? – David ri ao meu lado – Até Grace estava cantando.

- VOCÊ VIU ELA NO TELÃO? – Questiono animada e ele ri, concordando – Ela estava linda.

- Vamos, você tem que se trocar. – Big Rob leva a mão até as minhas costas e começa a me guiar pelos corredores.

- David vamos assistir Tori mais tarde?

- Não posso, tenho que voltar para casa, Ash está me esperando, Hunter está um pouco febril e não quero deixa-la sozinha com ele. – Faço um positivo com a mão – Deixa para próxima, boa noite. – Ele rapidamente corre para o lado oposto.

- Boa noite, se precisar de algo, me liga. – Grito e ele apenas acena.

Entrei no camarim já prendendo o meu cabelo, fui para o banheiro trocar de roupa e tentar ficar o mais apresentável o possível, mesmo estando suada depois do show. Com uma toalha úmida tirei o excesso do suor e com uma toalha seca comecei a me enxugar. Troquei de roupa, colocando a roupa que Dinah havia separado para entrevistas e só então sai do banheiro.

Grace, Camila e Dinah estavam sentadas no sofá, minha filha estava gesticulando com as mãos e falando animadamente sobre o show, quando notou que eu estava lá desceu rapidamente do sofá e começou a pular na minha frente falando animadamente sobre as danças e as luzes do palco, o que fez o meu coração acelerar ao notar que ela havia gostado tanto.

- Eu vi você cantando! – Comento e ela me olha rapidamente – Você sabia a minha música.

- É claro que eu sabia, mamãe, você cantou para mim. – Rio e ela sorri, me abraçando pelo pescoço – Todo mundo sabia a música, todos eles estavam gritando.

- Quando você gosta de uma música, você tem que fazer isso, Grace. – Dinah passa a mão pelos cabelos – Tem que cantar com quem estiver com você e até mesmo dançar. – Minha filha encara DJ com atenção – Porque assim você se diverte bastante, como a sua mãe em cima do palco.

- Então eu posso trabalhar com a mamãe? – Sorrio, acariciando suas costas.

- Se for isso que você quiser fazer, com certeza. – Camila comenta com um sorriso, se levantando do sofá – Você pode trabalhar com o que tiver vontade. – Começamos a sair do camarim e Grace anda na frente para segurar a mão de Dinah.

- Achei que você quisesse ser astronauta. – Minha amiga comenta e Grace a olha como se tivesse se lembrado de um detalhe importante.

- SIM. – Grita e eu sorrio, abraçando Camila pelos ombros enquanto nós andávamos – Eu vou chegar na lua com aquelas roupas legais. – Começa a pular animada.

Antes de irmos para a parte do público para assistirmos o show de Tori meu segurança se aproximou de Grace e colocou um protetor de ouvido nela, o mesmo que ela havia usado em meu show, para que o barulho dos gritos fosse abafado e seus ouvidos não doessem. Durante nosso trajeto para ficarmos em um lugar bom parei para tirar algumas fotos com umas pessoas que pediram, mas não demorei muito.

Minha filha tinha um enorme apego com as tias, simplesmente porque elas faziam tudo o que a pequena quisesse, isso incluía fazer pegadinhas comigo e com Camila, por esse motivo quando Normani, Dinah, Allyson, Veronica, Lucy ou nossas irmãs estavam por perto Grace simplesmente esquecia de nós.

Pude notar que as pessoas que estavam por perto faziam questão de tirar fotos e nos filmar enquanto o show acontecia, o que as faziam ignorar o repertório de Tori. Camila e eu resolvemos ignorar e ficar mais um pouco quando vimos que Grace estava se divertindo nos ombros de Dinah, as duas dançavam ao som da música e DJ fazia questão de gritar pelo nome de Tori, o que arrancava risadas de Grace e nossas.

Faltando uma música para o repertório da minha cunhada acabar minha filha desceu dos ombros de Dinah e pediu se poderíamos comer algo, seus olhos já estavam pesados indicando o sono, por esse motivo nos despedimos de Dinah e informamos que já estávamos de partida.

Por conta do sono Grace não demorou a ficar manhosa, começando pelo fato de não querer andar e ficar no colo de Camila. Big Rob e Travor ficaram cada um de um lado para que saíssemos em segurança, mas isso não tornou as coisas menos insuportáveis. Os gritos chamando por nossos nomes foram extremamente altos, assim como os barulhos de câmeras, mas isso não nos segurou ali, rapidamente entramos no carro.

- O que você vai querer comer? – A ajeito na cadeirinha, checando o cinto duas vezes.

- Batatinhas. – Coça os olhos e encara Travor – Travor você pode colocar minhas músicas?

- Você quer as da Disney? – Minha filha concorda com a cabeça e a playlist das músicas da Disney não demoram para ecoar pelo carro.

O caminho todo foi com Camila e eu conversando com Grace para que ela não acabasse pegando no sono e consequentemente não jantasse, Travor foi essencial para a conversa, já que ele a lotava de perguntas sobre o filme que nossa filha informou que havia assistido na noite passada.

- Travor o que você vai comer? – Questiona para o segurança.

- Ainda não decidi, Grace, mas acho que vou te acompanhar nas batatinhas. – Solto o cinto de segurança da minha filha e a tiro de lá – Mesmo esquema de sempre, sentar em um lugar reservado e combinar antes de sair. – Travor fala assim que nós três paramos ao lado do carro.

Assim que entramos na lanchonete pude notar o quão animada Grace estava, ela amava comer aquele tipo de coisa, mas só porque em seu tempo no orfanato não a deixavam chegar perto disso. Ocupamos uma mesa, me sentei ao lado de Camila e Grace sentou à nossa frente, fazendo questão de observar o cardápio, mesmo que não soubesse ler.

Depois de um tempo o garçom apareceu para tirar nossos pedidos, trazendo nossas bebidas logo em seguida. Uma coisa que me surpreendeu era que Grace não gostava de refrigerante, por esse motivo ela sempre pedia suco ou água, o que fez Camila e eu aderirmos a sua mania saudável.

- Você está animada para começar a escola? – Camila questiona e Grace nos encara, com um pequeno sorriso.

- Eu vou fazer novos amigos, então sim. – Sorrio.

- Mas achei que você já tivesse novos amigos.

- Mamãe o Hunter não conta, ele nem fala ainda. – Rimos e ela bebe a sua água.

- Mas tem o pessoal do parque, perto da casa da Tia Normani que você adora brincar, achei que vocês fossem amigos. – Camila comenta, segurando uma risada.

Ela só estava dizendo aquilo porque Grace ficava grudada em um menino, que toda vez que nós vamos naquele parque ele está. Quando chegávamos em casa Grace só sabia falar do garoto e só soube falar pelo resto do dia.

- Mais ou menos. – Suspira, apoiando o seu rosto em sua mãozinha.

- Está com sono? – Concorda com a cabeça – Nós já vamos para casa. – Pisco para ela.

- Mamãe? – Desvio meu olhar do celular para encara-la – Por que aquelas pessoas estranhas estavam pedindo fotos com você? – Franzo o cenho.

- Que pessoas estranhas? – Camila questiona.

- As que estavam vendo tia Tori cantar. – Leva o seu copo até a boca.

- São as pessoas que gostam das minhas músicas. – Explico enquanto bebia meu suco – Eles gostam de tirar fotos comigo para ter uma recordação minha para levar para casa – Ela me encara pensando e eu sorrio de canto – O que?

- O que é redação?

- Recordação. – Camila a corrige - Algo para se lembrar.

- Ahhhh – Concorda com a cabeça – Eles tiram a foto para não levar a mamãe para casa, como a gente faz? – Dirige a pergunta para a minha esposa, que ri, concordando com a cabeça.

- É porque eles sabem que sua mãe é só nossa. – Camila confidencia dando uma piscadela e eu sorrio, a abraçando pelos ombros.

Durante o resto da conversa pude notar o que Grace sentia ciúmes ao ver a atenção que eu dava para todas aquelas pessoas, achava que qualquer uma delas ia tomar o seu lugar ou me levar para longe dela, o que eu achei totalmente adorável e me fez sentir amada por vê-la que ela tinha medo de não me ter por perto.

Nós comemos entre novas explicação sobre assuntos variados, afinal minha filha de três anos queria saber tudo, desde como pronunciar determinadas palavras até quais eram os nomes determinados objetos. Camila e eu sempre acabávamos rindo bastante com as comparações que Grace fazia, simplesmente por notar que mesmo não tendo total conhecimento, sua forma de denominar ou explicar algo era totalmente coerente.

No final do nosso jantar uma adolescente me pediu uma foto e eu me senti completamente desconfortável, principalmente ao notar o olhar de Grace quando eu abracei a garota pelos ombros e sorri para a foto. Assim que me sentei novamente os pedidos para que nós fossemos embora começaram, assim como o bico adorável e o olhar triste fixo em mim.

Camila foi pagar a conta e Grace prontamente subiu em meu colo, ficando agarrada em mim, sem pronunciar uma única palavra. Quando beijei seu ombro ela se agarrou ainda mais em mim, o que me fez sorrir e beijar sua cabeça, aproveitando para sentir melhor o cheiro de seus cabelos.

Na saída pude notar que haviam apenas três fotógrafos do lado de fora e um pouco longe, Travor entrou e informou que por conta da enorme quantidade de carros na rua não teria como trazer o nosso carro ali na frente sem demorar e os paparazzis definitivamente iriam continuar tirando fotos, mas o lado bom é que eram apenas três. Ele me deu a opção esperar por um bom tempo ou ir com ele, depois de conversarmos por um instante decidimos que iriamos andar até o carro por Grace estar impaciente e começando a ficar chatinha por estar cansada.

- Grace? – Camila a chama – Cubra o seu rosto com as mãos, ok?

- Por que? – Questiona confusa.

- Para os olhos não doerem. – Sussurro – Ou é só esconder o rosto no meu pescoço. – Acaricio seus cabelos e ela prontamente obedece, escondendo seu rosto em meu pescoço – Não olhe se eles chamarem o seu nome, ok? – Ela faz um barulho nasal em concordância.

Entrelacei minha mão com a de Camila e com apenas um braço segurei nossa filha, que estava completamente agarrada em mim. Travor me olhou uma última vez e então abriu a porta para que pudéssemos sair, mesmo do outro lado do meio da rua os flashes nos atingiam e Camila logo abraçou o meu braço, ainda assim segurando a minha mão.

- Ela é apenas uma criança cansada, pessoal, as deixem chegar no carro. – Travor fala alto.

- GRACE!

- Camila olhe aqui. – Percebo que minha esposa esconde o rosto.

Assim que chegamos no carro abro a porta e tiro Grace do meu colo, a colocando sentada na cadeirinha enquanto Camila dava a volta para entrar no carro e Travor estava nas minhas costas os afastando.

- Obrigada por pararem com as fotos – Travor cruza os braços, ficando atrás de mim, apenas por via das dúvidas.

- Meus olhos não estão doendo dessa vez. – Grace sorri e balança as perninhas, me fazendo sorrir e então entrar no carro – Mama nós vamos montar a árvore mesmo?

- Claro que vamos. – Camila se curva, a beijando – Nós três e você vai até escrever sua cartinha para o Papai Noel, já pensou no que vai querer?!

- Posso pedir um foguete? – Nós rimos.

- Eu acho que um foguete não caberia em casa, querida. – Travor tira o carro do lugar, mas logo paramos, entretanto eles não cercaram nossos carros e ficaram tirando novas fotos.

Quando finalmente começamos a andar de carro ao som de algumas músicas mais calmas Camila começou a acariciar os cabelos de Grace, que não demorou nada para começar a ficar com os olhos mais pesados até que finalmente pegasse no sono. Na hora de tira-la do carro essa tarefa coube a mim, já que Camila estava levando a bolsa da nossa filha e acabou indo na frente para chamar o elevador.

Entramos em silencio em casa e eu subi as escadas com ela em meu colo, Camila estava logo atrás, fui para o quarto de Grace e a coloquei sentada na cama para que ela acordasse por alguns instantes, o que arrancou resmungos e a deixou irritada. Tirei a roupa de Grace e coloquei um pijama, a guiei até o banheiro e a deixei com Camila, que observou nossa filha escovar os dentes e iria faze-la usar o inalador.

Voltei para o quarto e vi Grace deitada em sua cama, já coberta e quase dormindo enquanto fazia a inalação. Na semana passada a levamos para um pediatra, que analisou exames e informou que sua asma havia melhorado bastante por conta do novo ambiente extremamente limpo –afinal Lea fazia questão de sempre trocar os lençóis e as toalhas de Grace- e as inalações pela noite.

- Mamãe? – Grace me chama assim que Camila retira a máscara – Você pode deitar comigo? – Olho para Camila, que sorri fazendo um sinal que iria sair do quarto.

- Claro que sim, mas só um pouquinho, ok? – Ela concorda e eu prontamente me deito em sua cama.

Nós fizemos de tudo para que Grace não acostumasse a dormir em nossa cama ou querer que uma de nós dormisse na sua, afinal ela tem que estar consciente que cada um tem um lugar certo para dormir sempre e que não vai ser manha ou birra que vai fazer Camila e eu dormirmos com ela.

- Está tudo bem? – Brinco uma mecha que não havia sido presa.

Sabia que a conversa de mais cedo havia a deixado ansiosa e nervosa, até mesmo com medo de que algo acontecesse. Ela não queria nos dividir com mais ninguém.

- Você vai ser sempre a minha mãe? – Sussurra, levantando o olhar para mim.

- Mas que tipo de pergunta é essa? – A abraço melhor – É claro que eu sempre vou ser a sua mãe, você e eu para sempre e sempre, meu amor. – Seus olhos estavam marejados.

- As pessoas da foto não vão tirar você de mim, não é? – Sorrio, beijando sua testa.

- Não, nunca. – Ela segura a minha blusa – Vou sempre ser sua...

- E da mama Camila.

- E da mama Camila! – Rio baixinho – Não há com o que se preocupar, querida. Agora durma, amanhã vamos começar os preparativos para arrumarmos a casa para o Natal. – Começo carinho em suas costas, até que aos poucos, seu corpo foi relaxando e ela finalmente pegou no sono.

Atravessei o corredor e retirei a minha jaqueta, conforme desabotoava a minha camisa e caminhava em direção ao banheiro, assim que abri a porta do mesmo vi Camila tomando um banho. Minha esposa não demorou muito para me questionar o porquê de Grace queria que somente eu ficasse lá, rapidamente contei das inseguranças de nossa filha enquanto retirava minha roupa, para entrar no box com Camila.

- Ela é louca por você. – Sorrio e selo nossos lábios.

- Eu também sou louca por ela. – Sussurro acariciando sua cintura – E pela mãe dela também, sabia? – Camila ri, abraçando meu pescoço.

- É mesmo?

- É sim... – Começo a distribuir meus beijos por seu pescoço e a sinto estremecer.

Não iria reclamar jamais se a minha vida fosse assim para sempre, cercada de amor.

(...)

Nossos dias haviam sidos cercados de compras, apenas para arrumar nossa casa para o Natal, por conta de Grace estar na família todos iriam para New York apenas para passar a véspera e o dia 25 em nossa casa. Além de fazermos algo completamente em família, Camila acredita que montar a árvore de Natal e colocar os enfeites pela casa é um ótimo jeito de Grace entrar no clima natalino e exalar sua criatividade de alguma forma.

Puxo a última caixa da sala de música e vejo Grace com os pés para cima no sofá, ela assistia Bob Esponja no pijama verde de Natal que Camila havia comprado e que a deixava quente nesse clima gelado de Dezembro. Minha esposa fez questão de comprar três macacões, em diferentes cores, somente para que nós entrássemos ainda mais no clima, mas eu sabia que era somente uma desculpa para ela usar o pijama extremamente confortável e quente sem eu reclamar.

Abro uma das caixas e puxo um dos vários embrulhos, vendo que aqueles eram as meias de natal que iriamos pendurar lá embaixo. Abro o segundo embrulho e encontro as velas que Camila queria colocar em lugares estratégicos. O terceiro embrulho continha as mantas que iriam cobrir os sofás, dando uma cor natalina ao apartamento.

- Mamãe? – Olho para cima, vendo o bico emburrado de Grace – Lea começou a montar a árvore, nós tínhamos que montar a árvore! – Mordo o lábio inferior.

- A árvore debaixo é Lea que vai montar, aquela é a árvore que vamos montar! – Aponto para a árvore no canto do cômodo do segundo andar.

- Então o Papai Noel vai trazer mais presentes? – Rio, não sabendo o que dizer.

- Talvez, mas tudo tem que estar na cartinha. – Ela prontamente se levanta do sofá e some pelo corredor – Não corra. – Falo em um tom mais alto.

Quando finalmente terminei de colocar tudo em cima da mesa os acordes de All I Want For Christmas começou a tocar, Camila não demorou nada para aparecer ao lado de Grace, que segurava alguns papéis e uma caneta. Minha filha correu para desligar a televisão e minha esposa se aproximou, selando nossos lábios e sorrindo animada.

Camila foi se descobrir uma grande fã de Natal depois que começamos a namorar pela segunda vez, afinal ela não passava mais o Natal sozinha com os avós por conta de toda a sua família por parte de mãe viajar e nossos Natais eram sempre cercados de muitas comidas e trocas de presentes.

- O que vamos fazer primeiro? – Grace pergunta animada, vendo duas caixas lotadas de enfeites para a árvore de Natal abertas.

- Vamos enfeitar toda a casa e por último a árvore, ok? – Ela concorda com a cabeça.

- Eu vou ver se Lea já usou a escada, assim aproveito para levar os enfeites de lá embaixo. – Pego algumas meias de Natal e algumas velas, começando a descer as escadas enquanto Camila tinha sua câmera em mãos – Lea, aqui estão as coisas. – Olho surpresa para a grande árvore de baixo montada.

- O que achou? – Questiona ansiosa pela minha aprovação.

- Está incrível. – Sorrio – Vejo que você não colocou os piscas-piscas ainda, quando terminar de usar a escada você pode levar para nós? – Ela concorda com a cabeça e eu sorrio, concordando com a cabeça – Obrigada.

Subo as escadas e escuto as risadas de Camila e Grace, minha filha estava enrolada em um dos enfeites da árvore enquanto Camz ria do fato dela estar arrastando aquilo para todos os lados, eu apenas sorri e neguei com a cabeça.

- Vamos começar a trabalhar, mocinhas! – Elas me olham rindo e Grace pega um dos anjos.

- Onde podemos colocar isso? – Questiona curiosa.

- Onde você acha que ficaria legal? – Camz questiona, tirando o enfeite dela.

- Ali. – Aponta para o móvel que ficava ao lado da grande mesa – Podemos coloca-los ali?

- Com certeza, coloque dois lá! – Pega os anjos e começa a ajeitar – Vamos pendurar algumas das meias do móvel em cima da televisão. – Os entrego para Camila e ela prontamente vai ajeita-los.

Grace me ajudou a colocar algumas coisas na porta de correr, Camila ajeitou as coisas na mesa e estendeu uma das mantas no sofá com nossa filha enquanto eu arrumava a escada. Quando vimos que ali estava ajeitado e só faltava a árvore de Natal, Camila me ajudou a puxar as caixas para perto da árvore e Grace pegou a câmera que estava em cima da mesa para Camila, que fez questão de ajeita-la de uma forma que nos filmasse.

Calmamente explicamos como Grace deveria colocar os enfeites, nossa filha prontamente entendeu e não demorou para cuidar da parte debaixo enquanto Camila e eu ficávamos com a parte mais alta e que nossa filha não iria alcançar. Os enfeites eram as bolas vermelhas de diferentes tamanhos; algumas meias pequenas vermelhas que tinham detalhes verdes e brancos nelas; alguns laços vermelhos; por último iriamos colocar os piscas-piscas e a estrela dourada no topo que também brilhava.

Só conseguimos finalizar a árvore quando Lea trouxe a escada, obviamente que Camila e eu não iriamos deixar Grace subir na mesma, por esse motivo ela me passava os enfeites que eu deveria pendurar. Não coloquei a grande estrela na ponta da árvore, pedi para que Grace pegasse a mesma e então desci das escadas, a erguendo do chão e a colocando em meus ombros para que ela ficasse perto o suficiente para esticar os braços e colocar a estrela.

Foi exatamente o que a minha filha fez.

- Você viu, mama? – Se vira para Camila, que tinha a câmera em mãos – Eu coloquei no topo, bem no topo. – Sorri animada.

- O que achou da nossa árvore? – Questiono brincando com o seu pé coberto pelo macacão.

- Linda linda linda linda linda. – Grita animadamente e nós rimos.

- Agora nós temos que fazer a sua carta para o Papai Noel.  – Camila fala ainda filmando, desço Grace do meu colo e ela fica na ponta dos pés para puxar os papeis e a caneta.

- Eu não sei escrever ainda. – Olha para mim e eu sorrio, me sentando no chão, ela prontamente se senta no meu colo, Camila puxa uma cadeira e deixa a câmera em cima da mesma para se juntar a nós.

- Tudo bem, sua mãe e eu podemos ajudar, nós temos muita experiência nisso. – Pisco para Camz, que morde o lábio inferior e ri.

- Você já pensou como começar a sua carta? – Camila pergunta, tirando a franja da frente dos olhos de Grace – Você tem que ser legal com o Papai Noel, não se esqueça disso.

- Já sei. – Sorri animada, estende a caneta para Camila – Mama você pode escrever para mim? Por favor. – Pede manhosa e Camz ri, concordando com a cabeça.

Enquanto Grace ia ditando a carta minha esposa ia escrevendo tudo, vez ou outra eu sussurrava no ouvido de nossa filha o que ela poderia pedir para o Papai Noel, sem que Camz notasse, para ser bem sincera eu queria lotar Grace de presentes e seria exatamente isso que eu faria, mesmo que isso fosse contra os princípios da minha esposa.

O resultado final de sua carta foi uma lista bem grande de presentes e ela agradecendo pelo ano legal que estava tendo, inclusive pela família que ela havia ganhado, o que nos deixou extremamente felizes em ouvir aquilo. Antes de dobrarmos a carta falei que seria legal se dentro do envelope Grace também deixasse um desenho lindo para o Papai Noel e seus ajudantes, nossa filha prontamente foi para o quarto desenhar e nós ficamos por ali, abraçadas.

Camila prontamente começou a debater o assunto sobre os presentes, metade deles seriam divididos com as nossas famílias, que também estavam loucos para comprar algo para nossa filha. Combinamos que no final da semana poderíamos fazer as compras e deixar Grace com os meus pais, que chegariam amanhã para ficar até o ano novo conosco.

Grace voltou depois de bons minutos com as duas folhas em mãos, a folha que Camila havia escrito e a folha de seu desenho. O desenho de Grace consistia em uma árvore gigante de Natal, uma bandeja de biscoitos, um Papai Noel e muitas caixas de presentes. Camz filmou Grace explicando o que estava em seu desenho e quais eram os seus pedidos, então ela me estendendo as folhas para que eu dobrasse as duas folhas e então colocasse ambas no envelope.

Quando terminamos tudo Grace exibia um largo sorriso satisfeito e animado.

- Onde nós iremos colocar isso agora? – Questiona curiosa – Ele precisa receber a carta e atender os meus pedidos, eu fui uma boa menina e montei a árvore de Natal, como tia Dinah disse que eu tinha que fazer. – Olho para Camila, eu não havia pensado nesse detalhe.

- Nós vamos coloca-la na árvore. – Minha esposa responde como se fosse obvio.

- Depois que a árvore é montada o Papai Noel passa pela noite para vê-la e então pegar as cartinhas dos presentes. –  Dou a mesma explicação com o que meus pais me davam.

- Então ta bom, já imaginou se ele não pegasse a minha carta? - Arregala os olhos.

- Eu tenho certeza que ele jamais se esqueceria da sua carta. - Beijo o topo de sua cabeça - Primeiro porque você foi uma excelente menina esse ano. Segundo porque montou uma linda árvore. E terceiro porque escreveu uma carta linda, assim como fez um desenho incrível.

- Ele não vai ficar bravo por ser a letra da mama Camila?

- Claro que não, ele sabe que você é muito pequena para saber escrever tudo aquilo. - Camila ri, apertando delicadamente o queixo de Grace.

- Olha essa árvore ficou linda! – Lea aparece no cômodo com alguns lençóis em mãos – Grace você fez um ótimo trabalho.

- Mama Camila e mamãe Lauren ajudaram, tia Lea. – Minha governanta sorri em concordância.

- Lea você poderia tirar uma foto nossa? - A governanta concorda com a cabeça - Faça questão de pegar a árvore. – Estendo meu celular e ela prontamente deixa os lençóis no chão – Grace de um lindo sorriso.

- Digam ‘X’. – Fala em alto e bom som, todas nós sorrimos.

A foto havia ficado linda demais, nós estávamos sentadas perto da árvore de Natal, Grace estava em meu colo e Camila ao meu lado com a mão pousada no colo de nossa filha, que fazia questão de segurar a mão de Camz. Nossos sorrisos eram largos e nós parecíamos genuinamente felizes e unidas naquele momento, e isso bastava.

- Grace você sabe o que dizer para alguém quando essa pessoa te desejar 'Feliz Natal'?

- Eu digo obrigada? Como no meu aniversário? – Rio, negando com a cabeça.

- Você tem que desejar um Feliz Natal também. – Camila explica calmamente.

- Tudo bem. – Coça a bochecha – Mamãe nós podemos comer alguma coisa? Estou com fome.

- Com toda certeza. – Beijo sua cabeça – Mas antes... – Pego a câmera e estendo o meu braço, para conseguir fazer com que nós três caibamos na imagem – Diga ‘Feliz Natal’ para quem está assistindo.

- Feliz Natal. – Ela fala abrindo um sorriso enorme, agarrada em meu pescoço.

Logo depois de nos despedirmos, Camila definitivamente postaria o vídeo ou então mandaria para minha mãe, como sempre fazia. Descemos as escadas e fomos diretamente para a cozinha, optamos por comermos um sanduiche cada, enquanto decidíamos que filmes iriamos assistir.

Na hora de subir as escadas a cena de Camila de mãos dadas com Grace me deixou tentada a tirar uma ótima foto. Ambas com pijamas iguais, somente em cores diferentes fez o meu coração se encher de uma alegria inexplicável, a foto tirada quando elas estavam quase no topo da escada. Subi logo atrás, me jogando no sofá enquanto Camila iria colocar o nosso filme e minha filha pegava Nala no outro sofá.

Grace se deitou no sofá com a cabeça em meu colo, puxando minha mão de encontro com seus cabelos para que eu lhe fizesse cafuné; após colocar o filme Camila se sentou ao meu lado, fazendo questão de deitar a cabeça em meu ombro, pousando sua mão em minha coxa. No meio do filme, quando jurava que ambas estavam dormindo decidi postar a foto das duas subindo as escadas com a legenda “Aparentemente me apaixono por meninas que usam macacões de Natal. Boas festas, pessoal(:”.

Assim que minha página no Instagram atualizou não pude evitar de rir ao ver que Camila já havia postado nossa foto em família ao lado da árvore, entretanto sua legenda confirmou mais uma vez que a cada dia que se passava era mais uma certeza que iriamos passar o resto de nossas vidas juntas: “Pijamas combinando, uma enorme árvore de Natal e pedidos para o Papai Noel fazem parte da nossa semana. Espero que aproveitem as festas, permaneçam quentes e bem alimentados xXFamíliaJauregui.”