- Nossa próxima convidada teve o seu álbum de volta no topo das paradas por cinco semanas e seu novo single toca em todo o lugar que eu entro. – Todo mundo ri e eu comprimo os lábios tentando evitar a gargalhada – Deem as boas-vindas a Lauren Jauregui.
O instrumental do segundo single do meu álbum começa a tocar e eu calmamente desço os degraus acenando para todos e tentando não sorrir tanto, estava tão feliz em fazer todas essas coisas novamente que não conseguia conter minha animação. Abracei Ellen e acenei mais uma vez para a plateia antes de ocupar o meu lugar na poltrona confortável do programa.
A primeira coisa que Ellen fez foi elogiar a minha roupa, que era um lindo vestido preto justo simples e um salto alto escolhido a mão por Dinah, meus anéis e o colar foram os acessórios necessário para dar um ar mais refinado ao visual e em seguida falar sobre uma das melhores noites de toda a minha vida.
No último final de semana eu havia ido para o Grammy acompanhada da minha esposa –que estava deslumbrante usando um vestido azul marinho bordado a mão-. Me apresentei no palco principal e pela primeira vez em toda a minha carreira acabei levando um prêmio para casa, ganhando na categoria ‘Melhor Música R&B do Ano’, mesmo jurando que seria apenas mais uma indicação.
Ter ganhado o Grammy foi uma enorme realização, jurei nunca ter visto Camila tão orgulhosa de mim quando naquela hora que anunciaram o meu nome e os aplausos ecoaram pelo salão. Eu havia mudado completamente o meu estilo de música e diferente do que eu achei, agradou um público ainda maior, inclusive a bancada do Grammy.
- Confesso que a reação da sua esposa foi uma das melhores. – Ellen comenta e eu não consigo prender a risada quando começam a passar, mesmo sem som, o vídeo do meu nome sendo anunciado na premiação e Camila soltando um grito enquanto levantava aos pulos da poltrona ao meu lado.
- Ela ficou tão feliz quanto eu. – Passo as mãos pelas coxas – Foi uma realização para ambas e esse trabalho jamais teria acontecido se não fosse o apoio dela e das crianças, eu não estava tão convencida a voltar para o mundo da música e eles me apoiaram bastante. – Ellen concorda com a cabeça e eu sorrio.
- Vocês parecem ser uma família bem unida! – Escuto o coro de ‘awns’ e prontamente me viro para o telão, a vendo uma foto que Antony e Grace beijavam a minha bochecha, um de cada lado.
- Nós somos, amamos passar nosso tempo juntos e nos divertimos bastantes, a idade deles ajuda bastante.
- Eles estão com quantos anos?
- Antony está com quatorze e Grace está com dezenove, ela vai para a faculdade no próximo ano, está aguardando ansiosamente as cartas de aprovação. – Sorrio ao ver a foto de Antony fazendo careta ao lado de Grace, ambos com as caras sujas de sorvete, rindo deliciosamente.
- Confesso que estou me sentindo velha. – Todo mundo ri – Da última vez que você esteve aqui vocês estavam com ela ainda bem pequena. – Aceno com a cabeça.
No começo do ano passado aproveitei que meus filhos já estavam bem maiores e decidi voltar a focar em minha carreira de trabalho para expandir meus horizontes em relação minhas opções para carreira. Comecei investindo em um garoto que Grace amava assistir no YouTube, Leroy Sanchez, pedi alguns conselhos para Simon e então decidi investir meu dinheiro na carreira dele, o que gerou um enorme retorno para mim no final do mesmo ano, após Leroy lançar seu primeiro single todos ficaram ansiosos para o seu primeiro álbum, garantindo que o mesmo fosse o número um em diversos países.
Entretanto eu amava música demais para apenas viver atrás dos palcos, por esse motivo acabei voltando a compor um álbum muito mais maduro do que qualquer outro que eu já havia lançado, optei por grava-lo em Miami e dar o meu próprio nome para o disco, queria que as pessoas conhecessem como as coisas estavam agora. A grande surpresa para todos e –inclusive- para mim foi que mesmo depois de anos desaparecida da mídia o meu álbum pegou primeiro lugar em vários países e não demorou absolutamente nada para a minha agenda voltar a ficar lotada.
Durante as três próximas semanas eu teria que fazer rápidas viagens para outras cidades para gravar programas, mas voltaria no mesmo dia. Apenas no próximo mês minha turnê iria começar e caso as vendas de ingressos fossem boas, nós poderíamos estender para outros países.
- Mas isso te assusta? Porque são milhões de seguidores e ela ainda é bem nova. – Passo a língua sobre os lábios e paro um pequeno instante para pensar.
- Grace é uma garota incrível, quando eu tinha a mesma idade comecei a ganhar uma boa quantidade de seguidores e sei como toda a atenção pode ter uma grande influência em sua vida, mas Camila e eu fazemos o possível para que eles não deixem nada disso subir à cabeça.
- Vocês têm meios para tornar isso possível?
- Nos três últimos anos ela tem trabalhado meio período em uma das pizzarias do meu pai, foi assim que ela conseguiu parte do dinheiro para comprar o seu primeiro carro, da mesma forma que Antony vai começar a trabalhar com a avó de Camila nesse ano, para que ele aprenda como a irmã que precisa trabalhar duro se quiser conseguir suas coisas. – Ela me olha surpresa com as minhas palavras – Ambos vão desenvolver senso de trabalho em equipe e definitivamente vão aprender que sempre devem ser educados e ajudar a todos.
- Isso é um excelente método. – Rio e assinto com a cabeça – É incrível ver que vocês duas se preocupem com o fato de como eles vão se comportar ao redor das outras pessoas! Muitos artistas não se importam com isso, como seus filhos vão se comportar perto das pessoas...
- Sim, definitivamente. – Passo a mão pelo meu cabelo – Mas nós sempre dizemos: não é porque vocês têm uma condição de vida melhor, que podem se sentir superior a qualquer outra pessoa.
- Isso é incrível, vocês parecem ser mães incríveis. – Não consigo evitar de abrir um largo sorriso com aquele elogio – E queria que mais pais com a mesma condição social pensassem como vocês, nós teríamos definitivamente jovens muito mais educados. – Assinto e olho para a plateia que começa a aplaudir – Por eles serem jovens incríveis eu quero que você leve um presente para eles...
Ellen fez uma caixinha de gorjetas toda estilizada para que Grace levasse na pizzaria, enquanto deu uma bicicleta para Antony ir pedalando para a biblioteca onde trabalhava, o que me arrancou boas risadas porque eles iriam amar aquilo, apenas por ser da Ellen.
Depois que voltamos do comercial discutimos sobre a minha carreira e planos futuros, até mesmo tive o auditório inteiro aplaudindo de pé depois da minha apresentação do meu novo single, o que fez aquela sensação maravilhosa tomar conta de tudo novamente.
É claro que ficar tanto tempo afastada de uma das coisas que eu mais amava fazer tinha sido ruim, mas passar tempo longe da minha família conseguia ser tão ruim quanto.
(...)
Empurro a porta e suspiro ao sentir o cheiro único que a minha casa tinha. Deixo minha mala em cima do sofá e chamo por Camila, indo em direção a cozinha e só encontrando um bilhete grudado na geladeira “Tive que substituir um professor, chego mais tarde. Comida na geladeira. xXMama C”.
- Grace? Antony? – Chamo e ninguém responde, bufo frustrada.
Subo as escadas e entro no primeiro quarto: o do meu filho. As paredes lotadas de pôsteres não deixavam espaço para nada, a não ser as estantes com livros e CDs, assim como a sua coleção de carros em miniatura. Sua cama estava desarrumada, tendo o seu violão em cima dela, enquanto Tony estava sentado em sua cadeira da escrivaninha, falando alto por ter os seus fones de ouvidos abafando o som ao redor.
- Péssimo jeito de dar boas-vindas. – Sussurro assim que puxo seus fones.
- MÃE. – Grita e eu rio, ele prontamente se levanta.
Antony me envolveu com seus braços longos, fazendo questão de me abraçar apertado e esconder o seu rosto em meu pescoço para sentir melhor o meu perfume, como sempre fez desde que era um bebê.
Ele havia crescido bastante e apenas com quatorze anos já estava do meu tamanho, o que me fazia sentir extremamente velha. Sua franja estava maior do que de costume, já que agora ele –e todos os seus amigos- acreditavam que era legal deixar o cabelo crescer e raspar um pouco ao redor. Seus lindos olhos verdes lembravam vagamente os meus, assim como seus lábios carnudos, entretanto seu nariz e formato de rosto não lembravam muito meus traços.
- Eu estou morrendo de saudades de você. – Sua voz era manhosa.
- Eu também, querido. – O afasto um pouco para lota-lo de beijos – Que menino cheiroso, meu Deus. – Tony ri e eu sorrio.
- Acabei de tomar banho, não faz muito tempo que cheguei da biblioteca. – Passa a mão na franja comprida que escondia seu rosto.
- Onde sua irmã está? – Questiono interessada.
- No quarto dela. – Assinto – Você está com fome? Nós podemos fazer nossos lanches. – Abro um largo sorriso – Vou levar isso como um ‘sim’, estou te esperando lá embaixo. – Beija a minha bochecha e sai correndo do quarto, mas volta instantes depois – Esqueci de dizer ‘tchau’ para o pessoal. – Prontamente se curva para desligar o computador.
O quarto da minha filha não tinha mais nada a ver com o seu antigo quarto, exceto pela parte do “céu” do teto. Agora suas paredes eram brancas e com diversas fotos espalhadas por elas, haviam vários pufes pelo quarto, assim como ao lado de sua escrivaninha tinha um aparelho de vinil e diversos discos no suporte debaixo. Sua cama era de casal e suas estantes eram cheias de globos de neve de todos os países que havíamos visitado, era sua coleção.
Não pude evitar o susto ao ver Grace sentada no chão com uma menina entre suas pernas, a menina que usava o corpo da minha filha de apoio tinha diversos discos de vinil em sua mão, observando os mesmos. Me senti extremamente desconfortável por invadir sua privacidade daquela maneira, eu lembrava como odiava quando meus pais ficavam implicando por eu estar sozinha com Camila em meu quarto.
A menina e Grace prontamente se levantaram do chão quando me viram, pude notar que minha filha não sabia se corria em minha direção para matar as saudades ou se tentava explicar o que elas estavam fazendo, então fiz um sinal com a cabeça e abri meus braços para que seus braços finalmente envolvessem meu pescoço em um abraço reconfortante.
Grace estava da minha altura, seus cabelos estavam do comprimento que o cabelo de Camila tinha quando começamos a namorar. Minha filha estava começando a ter suas curvas, assim como seus traços estavam ficando extremamente marcantes. Seus lábios não eram tão cheios, mas eram extremamente rosados. Seu nariz delicado fazia um contraste perfeito com as sobrancelhas bem desenhadas e os lindos olhos castanhos claros.
- Eu estava morrendo de saudades. – Sussurro e ela me aperta ainda mais.
- Eu também. – Beijo sua bochecha e logo afasto, sorrindo para a menina, que tinha as bochechas no mesmo tom que o seu cabelo: vermelhas. – Mãe, essa é Nina, minha amiga... – Abro um sorriso e me aproximo.
- É um grande prazer finalmente te conhecer, Sra. Jauregui. – Aperta a minha mão e eu a puxo para um abraço, sentindo a mesma ficar tensa, o que me faz prender a risada.
Amiga uma ova.
- Lauren, apenas Lauren. – Sorrio me afastando um pouco – Eu tenho certeza que nunca te vi por aqui, é uma das amigas de Quinn também? – Nina encara Grace, que me encara.
- Não, Nina é nova na minha turma... – Começa a explicar – Ela foi transferida para a aula de Frances e nós estávamos revisando a matéria, temos uma prova daqui dois dias. – Concordo com a cabeça – Mas como terminamos fomos... hum... escutar músicas. – Olho para os vinis e me abaixo para pegar a cópia do meu primeiro álbum em vinil.
- Esse é o melhor da coleção. – Pisco para Nina, que ri – Grace também tem em vinil o álbum que eu compus inteiramente para a mãe dela, não sei se ela... – Olho para a minha filha, que estava tão sem graça quanto a garota ruiva – Eu eu vou descer, Antony está me esperando para fazermos nossos sanduiches, se vocês quiserem nos acompanhar vamos estar na cozinha... e é um prazer te conhecer, Nina, espero te ver mais vezes aqui. – Ela sorri, assentindo repetidamente cabeça.
Quando cheguei na cozinha Antony estava dançando enquanto passava maionese no pão, o que me arrancou uma risada, aumentei o volume do som e ele me olhou assustado, apenas comecei a dançar junto o que fez ele rir e me estender o peito de peru para que fizéssemos nossos lanches.
Escutei todo o seu surto sobre o meu Grammy e minha apresentação, aparentemente ele havia ficado extremamente orgulhoso e impressionado com tudo, o que me deixou ainda mais feliz, afinal era bom ver que meus filhos também poderiam ficar orgulhosos do que eu fazia mesmo que isso significasse eles não me tendo por perto.
Nossa discussão sobre prêmios não merecidos no Grammy foi interrompido por Nina e Grace, a colega de classe da minha filha estava indo embora e só passou ali para se despedir. Minha filha se juntou a nós, ainda sem graça, para que nossa discussão continuasse e tivesse ainda mais argumentos.
Optamos por entrar um pouco na piscina e jogar vôlei, o que arrancou boas gargalhadas deles, já que todos nós erámos horríveis e nunca alguém conseguia acertar mais de três saques seguidos sem ter que começar tudo novamente.
- Vocês entraram na piscina sem mim, estão sentados molhados no sofá e ainda estão comendo doces antes da janta? – Meus filhos me encaram apavorados e eu fico sem saber o que dizer.
- FOI CULPA DA MAMÃE. – Ambos gritam ao mesmo tempo e saem correndo dali.
- TRAIDORES! – Berro me levantando – NÃO COMPARTILHO MAIS CHOCOLATE DE LOS ANGELES COM VOCÊS. – Camila começa a rir.
- Você é pior do que eles. – Aponta para mim e eu me faço de desentendida – Mas eu estou com muitas saudades para brigar com você nesse momento.
Minha esposa envolveu meu pescoço com seus braços e antes que eu pudesse pensar em reagir seus lábios se colaram nos meus, me fazendo suspirar. Camila então chupou meu lábio inferior de uma forma tão gostosa que me fez suspirar. Minhas mãos foram para a sua cintura, a trazendo para mais perto de mim para que assim fosse muito mais fácil beija-la por mais alguns instantes.
Não demorei para finalmente tomar o controle do beijo, delicadamente mordi seu lábio inferior e o puxei para mim, o chupando em seguida e então passando minha língua por ele, invadindo sua boca logo em seguida, totalmente sedenta para que o beijo ficasse muito melhor. Acariciei seu rosto com o meu polegar e sorri contra a sua boca, roubando alguns selinhos antes de finalizar o beijo.
Beija-la todos os dias fazia tanta falta.
Camila me abraçou apertado e deixou um beijo em minha bochecha, suspirando logo em seguida e fazendo o mesmo que Antony: escondendo seu rosto na curva do meu pescoço para que pudesse sentir melhor o meu perfume. Beijei sua testa e a esmaguei em um novo abraço, ouvindo sua risada baixa.
- Eu recebi uma carta hoje... – Sussurra e eu a encaro – Da escola de Antony.
- De novo? – Bufo irritada – Aquele menino bateu em alguém novamente? Porque se ele fez isso eu juro que arranco tudo que está dentro do quarto dele e deixo ele de castigo pelo resto do mês.
A única vez que tínhamos que tínhamos sido convocadas para a escola de nossos filhos para que não fossem reuniões de pais regulares foi quando Antony socou dois colegas de sala no meio do intervalo por conta deles estarem fazendo piadas relacionadas a nossa família, acontece que além de sair com um lábio e sobrancelha cortados um dos meninos acabou machucando Hunter, que tentou parar a briga de alguma forma. Mesmo não gostando das piadas dos meninos, não gostei ainda mais da atitude que meu filho teve perante a situação.
Quando decidimos colocar ambos em escolas normais, por conta de minha carreira musical ter sida deixada de lado por anos, jurávamos que não teríamos quaisquer problemas. Acontece que deveríamos ter imaginado que o fato de sermos conhecidos de alguma maneira e o simples fato de termos muito dinheiro influenciava muito, ou as pessoas se aproximavam para tirar proveito ou simplesmente queriam ver uma parte da vida dos meus filhos ser negativa com palavras maldosas sem razão alguma.
- Não é relacionado a isso, Sra. Jauregui. – Fica séria ao se lembrar do acontecimento – Leia você mesma, em voz alta de preferência. – Se joga no sofá e pega a caixa de chocolates, fazendo questão de comer um.
- “É com grande satisfação que convoco os responsáveis de Antony Patrick Jauregui para comparecer a cerimonia de...” – Franzo o cenho – É o que?
- Continua lendo.
- Blá blá blá. – Franzo o cenho – “O aluno obteve destaque em duas matérias (História e Língua Inglesa) no último trimestre e será homenageado nessa sexta-feira, dia 26, as sete horas.”, ele vai receber um prêmio?
- É um certificado, na verdade. – Camila bate palminhas e eu me viro, não conseguindo conter meu sorriso.
- ANTONY? – Não tenho resposta – ANTONY PATRICK JAUREGUI. – Grito ainda subindo as escadas, vejo sua cabeça para fora da porta quando piso no último degrau.
- O que eu fiz?
- VOCÊ É O CARA, ISSO QUE VOCÊ FEZ! – Ele franze o cenho e eu mostro a carta – DOIS CERTIFICADOS? QUANDO VOCÊ IA ME DIZER QUE É UM GÊNIO? – Revira os olhos e eu me aproximo – Nós temos que comemorar, vamos sair comer alguma coisa, que tal sushi?
- Mãe... – Fecha ainda mais a porta, ele estava com vergonha – Eu estava entrando no banho quando você me chamou e...
- Não tem nada que eu não vi aí.
- MÃE! – Ri e nega com a cabeça – Vamos fazer assim, eu tomo banho e a gente sai, ok? Agora eu vou voltar para o quarto. – Fecha a porta e eu bufo frustrada.
Minha próxima parada foi no quarto de Grace, que estava aberto, mas a porta do seu banheiro estava fechada, dei duas batinhas e gritei que iriamos sair e que era para ela se arrumar, apenas ouvi o seu grito de volta. Saindo do quarto da minha filha me deparei com a minha esposa toda animada com a minha reação, nós sabíamos como eles se esforçavam para tirar boas notas.
Todos nós nos arrumamos em poucos minutos, Camila foi a última a chegar na sala e nós três não conseguíamos parar de parabenizar Antony a todos os instantes, afinal nós sabíamos que o ano passado havia sido bem complicado para ele acompanhar com a escola, já que o fato de eu começar a ficar menos tempo em casa o afetou de uma forma preocupante.
O simples ato de entrar em um restaurante era insuportável com a grande quantidade de fotógrafos nos acompanhando até a entrada, fazendo questão de tirar fotos a cada passo. Meus filhos sempre iam juntos para que nunca se perdessem no meio da confusão enquanto Camila e eu fazíamos questão de assegurar que ninguém jamais iria machuca-los por trás.
Ocupamos uma mesa qualquer e o jantar todo foi cercado de risadas, novidades e muita comilança.
A pior parte de estar cercada por pessoas que precisam estar presentes para fazer o seu dia melhor, é que quando elas não estão seus dias não parecerem ser bons ou completos o bastante. Naquele momento, na mesa baixa onde estávamos sentados rindo de uma gracinha que Tony fazia, cheguei à conclusão que longe deles eu apenas ocupava um espaço no mundo e nada mais.
- Hoje ela estava me mostrando novos cantores, Nina é muito legal. – Tony enfia um pedaço de salmão na boca e Grace o fuzila com o olhar.
- Quem é Nina? – Camila questiona.
- A amiga de Grace. – Dou um gole em minha água.
- Por que eu não a conheço e Lauren a conhece? – Minha esposa franze o cenho.
- A conheci hoje, Grace estava mostrando alguns discos de vinil quando cheguei em casa. – Falo tranquilamente, não iria delatar Grace para a minha esposa, queria que ela falasse sobre o seu relacionamento quando quisesse.
- E-Eu só estou esperando o momento certo para apresenta-la formalmente. – Grace fala completamente encabulada – Nina e eu estamos s-saindo...
- Saindo? – Enfio um pedaço de peixe na minha boca para não ter que falar nada – E saindo significa exatamente o que?
- Que elas estão quase namorando, duh mama. – Antony ergue a mão, como se não tivesse dito nada demais, chamando o garçom – Você poderia, por favor, trazer um novo prato e mais disso aqui? – Aponta para algo que ele havia experimentado do prato de Grace.
- Você está namorando? – Arregala os olhos, então me encara e prontamente semicerra os olhos – Você sabia disso! – Não era uma pergunta.
- Não. – Falo sincera – Eu desconfiei hoje, mas poderia estar enganada. – Passo o guardanapo pela boca e encaro Grace – E se não é nada sério não vejo motivos para que tenhamos um jantar com ela ou algo do tipo, porque tenho certeza que Grace iria gostar que nós a conhecêssemos caso...
- Está ficando sério, e eu quero que vocês a conheçam. – Solta de uma vez e eu a encaro surpresa.
- Oh... nós podemos... – Encaro Camila, que ainda parecia atordoada com a grande quantidade de informações em poucos minutos – Nós podemos marcar um jantar ou almoço antes de eu ter que viajar novamente.
- Podemos fazer nesse final de semana. – Camila sugere, tentando não demonstrar o quanto aquela notícia havia a deixado chocada – Ela é alérgica a algo? Não queremos ter problemas logo no primeiro dia, não é?! – Sorri segurando a minha mão e eu sorrio.
- Somente a camarão. – Grace sorri de canto, suspirando aliviada.
É assustador apresentar alguém que você é perdidamente apaixonado para a sua família, sempre corre o risco deles não se darem bem ou algo ruim acontecer, é inevitável se sentir inseguro com tal coisa.
Nunca vou esquecer da primeira vez que Camila conheceu toda a minha família, tive certeza que tudo iria dar errado porque eles nunca foram as pessoas mais normais do mundo, mas tudo ocorreu super bem e foi –definitivamente- um dos melhores dias, simplesmente por todas as minhas pessoas favoritas em todo o mundo estarem reunidas no mesmo lugar.
Olhei para Grace, que tinha um largo sorriso e não parecia mais tão tensa como antes, assim que nossos olhares cruzaram me limitei a dar uma piscadela para ela e abrir um largo sorriso.
Minha pequena estava crescendo.
(...)
Camila se ajeitou melhor em meus braços e eu plantei um beijo em sua cabeça, não consegui evitar o largo sorriso ao ver Antony ajeitando melhor o certificado que ele havia ganhado na noite passada, acho que nunca senti tanto orgulho do meu garoto quando ele subiu em cima do palco daquele anfiteatro para receber a placa com o seu nome.
Saímos da sala de música e ele estava todo animado, Camila prontamente o abraçou e beijou a cabeça dele, ambos me deixando para trás somente para que pudessem descer as escadas e atender a porta. Antes que eu pensasse em acompanha-los parei em frente do quarto de Grace, vendo ela encarar algumas cartas em cima de sua cama, todas de faculdades boas e doidas para que minha filha fosse uma de suas várias alunas.
- Ainda tentando se decidir? – Questiono interessada, me sentando ao seu lado.
- Stanford não me mandou uma resposta ainda. – Sussurra decepcionada.
- Eu tenho certeza que eles vão querer uma aluna como você lá, ainda com a carta de recomendação de sua mãe. – Solto um risinho baixo, a abraçando.
- Quero tanto ser como ela. – Sorrio, amava o fato de Grace ver Camila como uma heroína, como a melhor heroína de todos os tempos – Mas pretendo ficar no hospital e não lecionar.
- Tenho certeza que você vai ser uma médica excepcional como ela. – Olho as diversas cartas e suspiro orgulhosa.
Grace havia recebido no total, até agora, cinco cartas com iniciadas com “Senhora Jauregui, é com grande prazer que anuncio sua aprovação em...” e apenas uma a negando, ainda faltava a última e mais importante carta. Minha filha queria de todas as formas ser aceita na mesma faculdade onde minha esposa se formou, mesmo sendo a quilômetros de distância, Grace estava disposta a seguir fielmente os mesmos passos de Camila.
Ficamos bons minutos em silencio, sabia o quanto ela tinha medo de não ser boa o bastante, mesmo que Camila e eu assegurarmos diversas vezes que estávamos extremamente orgulhosas da pessoa e futura profissional que nossa filha estava se tornando. Grace tinha uma mania chata de sempre se cobrar para ter as melhores notas e ser a melhor em tudo o que fazia, era como se existisse uma necessidade de retribuir tudo aquilo que lhe proporcionamos durante sua vida através de suas notas.
- Megan não foi aceita em Stanford. – Se encolhe em meus braços – E se eu também não for aceita?
- Você entrará em outra universidade. – Pego a carta de sua segunda opção – E nos dará orgulho da mesma maneira, como sempre faz. – Grace morde o lábio inferior e suspira alto, demonstrando o quão descontente havia ficado com o que eu havia dito.
- Eu tenho certeza que eles já teriam enviado uma carta se eu tivesse entrado. – Rosna irritada e eu levo a mão até o bolso de trás da minha calça.
- Querida... – Mordo o meu lábio inferior – Isso chegou hoje de manhã, eu escondi da sua mãe para que ela não lesse antes de você, você sabe como ela é curiosa. – Puxo a carta de Stanford e lhe entrego – Leve o tempo que precisar. – Beijo sua testa e então me levanto de sua cama.
Deixei Grace em seu quarto e desci as escadas, abri um largo sorriso ao ver meus pais, meus irmãos e seus acompanhantes, as irmãs de Camila e seus avós, fiz questão de cumprimentar todos eles e ir a minha adega particular para escolher dois vinhos gostosos para a noite. Fiz questão de servir todo mundo e quando todos nós ocupamos os assentos Camila parou ao meu lado e questionou sobre a ausência de Grace.
Acredito que uma das felicidades mais verdadeiras é aquela que sentimos quando vemos alguém que amamos com todo o nosso coração feliz de uma forma genuína. Não é algo que nos beneficia, não é algo nos envolvendo... é apenas uma felicidade que toma conta por amarmos uma pessoa o suficiente para vermos seu sucesso ou suas conquistas.
Todos se calaram quando escutaram o grito de Grace seguido de seus passos apressados, minha filha pulou os últimos degraus da escada e continuou gritando pelos pulmões enquanto todo mundo a encarava horrorizada, eu comecei a rir e a esmaguei em um abraço apertado enquanto ela sussurrava em meio a lágrimas que havia passado.
- EU PASSEI. EU PASSEI. – Ergue a carta – EU VOU PARA STANFORD. – Camila solta um grito e todo mundo ri, aplaudindo e começando a comemorar.
- EU ACHEI QUE TINHA UM BANDIDO AQUI DENTRO. – Antony grita assustado e todo mundo ri.
- Eu estou tão orgulhosa de você, meu Deus. – Camila a abraça e Grace sorri largo – Eu te amo tanto, você merece, querida. – Lota o rosto dela de beijos.
- Parabéns, meu bebê. – Minha mãe aperta as bochechas dela e Grace ri, abraçando minha mãe apertado.
- Camila reagiu da mesma maneira quando recebeu sua carta, Patrick quase teve um infarto quando ouviu os gritos. – Marie arranca risos baixos, envolvendo a bisneta em um abraço.
- Nós temos que começar a combinar tudo, eu posso te mostrar todos os melhores para lugares para se estudar, visitei a faculdade no ano retrasado e eles haviam reformado apenas algumas coisas. – Camila começa a falar animada – E não vá na lanchonete de Jared, falam que é um bom lugar para comer, mas não acredite nessas pessoas.
- Começou, agora ninguém mais segura ela. – Sofia zomba – Quando essa daí começa a falar sobre Stanford deixa todo mundo morrendo de tédio. – Liam, seu namorado britânico a envolve pelos ombros, soltando um riso baixo.
- Nós de Yale somos muito melhores! – Taylor ergue sua taça e pisca para Camila.
- E nós sem faculdades somos muito mais tranquilos. – Ergo minha taça e pisco para meu pai, que me olha feio – NÃO, NÃO QUIS DIZER ISSO. – Antony me encara com um pequeno sorriso.
- Então eu não preciso fazer faculdade? – Meu filho questiona cinicamente.
- Precisa. – Todos falam ao mesmo tempo e ele bufa.
Mesmo amando estudar Antony tinha uma grande vontade de seguir os meus passos e trabalhar com a música, desde os quatros tinha aula de piano –como Grace teve-, da mesma maneira que David ficou muito feliz de dar aulas particulares para Hunter e ele de violão quando ele completou oito e no começo desse ano Ian havia disponibilizado o seu tempo para dar algumas aulas de bateria.
Confesso que me deixava feliz ver que Antony queria ser um músico, e ele levava jeito, até mesmo chegou a me ajudar a compor uma música do álbum quando fez um verso inteiro. Ele tinha talento, muito talento. Mas diferente de mim eu queria que ele tivesse um plano B, investisse em uma faculdade e depois corresse atrás dessa carreira, teria o maior prazer em ajuda-lo a entrar nesse meio.
- Já estou triste por lembrar que também vou precisar fazer faculdade. – Dougie, o filho único de Tori e Hannah resmunga.
- Ainda tem tempo para pensar nisso, querido. – Tori beija o topo da cabeça do filho.
- Verdade, você tem tempo e pode fazer algo antes de realmente tomar uma decisão. – Grace pisca para o primo e se senta em meu colo – O importante é fazer o que ama, certo? – Encara nós e todos nós sorrimos.
- Essa é a minha garota. – Meu pai sorri animado e Camila abraça nossa filha novamente.
- Aprendeu com a melhor. – Normani pisca para a minha filha, que ri e joga um beijo para a tia.
De certa forma é doloroso ver seus filhos crescendo, sendo obrigados a tomar decisões difíceis e complicadas, mas é algo que todos acabam se acostumando porque uma hora ou outra todos nós temos que crescer, mesmo que a vontade seja voltar a ser uma criança eternamente.
(...)
Arrasto a porta de casa e não consigo evitar o sorriso ao ver minha filha rindo com a namorada ao seu lado, gostava da forma que Nina trazia uma felicidade indescritível para Grace, via muito de Camila e eu nelas, como se aquele amor adolescente e intenso estivesse crescendo naquelas duas jovens garotas.
Entrego os hambúrgueres para Veronica, que começa a espalha-los pela chapa; me aproximo de Ally e entrego a maionese, que ela e Normani estavam pedindo a séculos para passar nos lanches; David servia as bebidas para todas as crianças, que não eram mais tão crianças assim; Camila tinha a pequena Phoebe no colo, enquanto Ashley conversava com ela e tentava inutilmente fazer a filha parar de babar no braço da minha esposa.
Uma vez por mês nós fazíamos a noite dos lanches na minha casa, era uma forma que encontrávamos de reunir todo mundo e conseguir com que nossa amizade nunca mudasse.
- PODE DEIXAR QUE EU ABRO, É A TIA DINAH. – Antony grita.
- Dougie chame suas mães, elas não apareceram com as entradas ainda. – Meu sobrinho se levanta para seguir meu filho.
- Carl não é para jogar os seus brinquedos. – Normani rosna irritada – Chris você pode olhar o nosso filho, por favor?! – Sim, Normani era a minha cunhada a anos e a ficha ainda não havia caído.
- Tori e Hannah estão se pegando na dispensa de novo? – Ally questiona interessada.
- Tia Tori e tia Hannah já fizeram isso? – Quinn nos encara horrorizada.
- Existe tanta coisa sobre essa família que nem passa por essa linda cabecinha. – Lucy acaricia o cabelo da filha e todos nós rimos da cara de nojo da minha sobrinha.
- Amor nós deveríamos ter mais um. – Camila aparece perto, apertando Phoebe ainda mais contra ela e eu encaro David.
- Você chega de fazer filhos. – Aponto para ele, que ri – E você, mocinha, sabe que não daria certo, dois é um bom número. – Revira os olhos e seguro o pesinho da pequena.
- Nós combinamos quatro anos atrás. – Sai de perto e eu arregalo os olhos, arrancando risadas de todo mundo.
Aos poucos todo mundo foi chegando e eu podia jurar que as vezes a casa parecia pequena para aquela enorme quantidade de pessoas, conforme os anos passassem ela seria ainda menor para a quantidade de pessoas que nossos filhos iriam também trazer, o que despertava um bom sentimento: crescíamos todos juntos, essa era definitivamente a melhor parte.
Antony apareceu instantes depois acompanhado de uma Dinah toda maravilhosa em um vestido vermelho e saltos altos, o que fez todo mundo encara-la incrédula, afinal era um evento simples e não havia necessidade alguma de estar tão bem vestida da forma que estava. Porém após a sua explicação rápida de que teve um almoço com o seu amado essa tarde, todos nós entendemos, ela provavelmente fez uma viagem de qualquer outro lugar do mundo apenas para estar ali conosco naquela noite.
Todos não demoraram nada para ocupar seus lugares de sempre, as crianças ficando na parte de crianças enquanto os adultos –não tão adultos- em nossa mesa, começamos a nos servir dos diferentes tipos de lanches em meio a risadas e mil conversas trocadas, o que obrigava todo mundo a falar alto com qualquer pessoa que fosse, apenas para que fosse possível ouvir.
Eu estava no meio de uma turnê e aquela semana havia sido a primeira semana que eu havia conseguido tirar de férias, um dos combinados foi que não seriam feitos muito shows e que aos poucos minha banda e eu iriamos viajar ao redor do país para nos apresentar em mais lugares, o que estava adiantando e o que permitia que eu não ficasse muito tempo longe da minha família.
- Ela tinha medo de que meus fãs me roubassem dela. – Abraço Grace e loto sua bochecha de beijos, enquanto Nina ria divertidamente.
- Mãe. – Me repreende.
- Então ela sempre foi uma gracinha. – Nina provoca e minha filha revira os olhos.
- Ela sempre foi uma pestinha, isso sim. – Dinah resmunga – Uma vez eu dormi no sofá da casa de Normani depois de um almoço e essa diabinha fez com que Hunter, Quinn e Tony passassem pasta de dente no meu rosto. – Solto uma gargalhada.
- Na verdade eu planejei isso, eles só ficaram encarregados de realizar a tarefa. – Veronica morde o lanche – Dinah só acordou quando eles colocaram a pasta de dente perto do nariz dela.
- Teve a vez que a gente amarrou os cadarços do tio David e tio Chris. – Tony se recorda.
- Dougie já deixou Hunter preso em um banheiro químico por meia hora. – Quinn começa a rir e Hunter revira os olhos.
- Foi sem querer, eu já disse, eu não sabia que a porta iria emperrar e eu só queria assistir ao show. – Meu sobrinho se lamenta e Tori acaricia as costas dele.
Uma das melhores partes de ter filhos na mesma época que seus amigos é que seus filhos nunca vão crescer sozinhos, sempre vão ter um amigo por perto, ainda mais em nossa condição de estarmos expostos: eles sempre teriam amigos verdadeiros. Acontece que assim como nós, nossos filhos são extremamente unidos e praticamente o reflexo das nossas amizades em uma nova geração.
Depois da janta as crianças foram para dentro fazer a maratona de dança no vídeo-game, enquanto os adultos optaram por ficar na parte de fora tomando vinho e conversando sobre como nossa vida andava, já que não nos víamos a tempos.
Minha esposa permaneceu o tempo todo agarrada em mim, fazendo questão de deixar nossas mãos entrelaçadas e diversos beijos em meu pescoço. Ficar longe de Camila e nossos filhos era sempre muito difícil, mas algo reconfortante quando eu chegava em casa e era recepcionada com tanto amor vindo deles, acredito que por nunca vivermos em uma rotina dávamos tão certo por tantos anos.
- Mesmo você não querendo uma nova criança, eu ainda te amo. – Não consigo evitar de rir ao observar David brincar com Phoebe perto de nós.
- Você tem três só em casa e mais algumas na universidade, não acha que isso é o bastante?
- É que ter uma família com você é tão bom que dá vontade de aumentar para me recordar mais uma vez como tudo é maravilho ao seu lado. – Sorrio, a aconchegando melhor em meu corpo, beijando sua têmpora.
- Quem sabe, as vezes recomeçar é bom. – Olho para Phoebe e não consigo deixar de sorrir.
Nossos amigos ficaram até tarde em casa, como já era de costume, aos poucos foram indo embora e restaram apenas os adolescentes, que decidiram fazer uma maratona de filmes e uma festa de pijama na nossa sala de televisão, espalharam alguns colchões por lá e por ali ficaram.
Assim que entrei em meu quarto fui direto para o banheiro tomar um longo banho e me preparar para dormir, amanhã todos voltariam para a nossa casa novamente e iriamos realizar um churrasco para comemorar o aniversário do meu pai. Camila me deixou bons minutos deitada sozinha na cama, enquanto eu mexia nas minhas redes sociais e via a enorme quantidade de curtidas de uma foto que eu havia postado com a minha esposa naquela tarde.
Era engraçado o fato de Camila e eu sempre sermos um dos casais mais comentados de todo mundo, servindo até mesmo de referência em diversos aspectos, era difícil encontrar pessoas que não gostavam de nos ver juntas e muito menos não gostavam da nossa história de amor. Viver um conto de fadas já é maravilhoso, mas ter esse conto de fadas apoiado e amado por muitas pessoas é assustadoramente incrível.
- Por que está sorrindo sozinha? – Camz ri, se ajeitando ao meu lado da cama.
- Só estou pensando em nós... – Envolvo sua cintura.
- Em nós? – Questiona interessada – E o que você está pensando sobre nós?
- Em como nós tínhamos tudo para não ter dado certo e acabamos dando. – Roço meu nariz em seu pescoço e ela sorri, acariciando meu rosto.
- Nós fomos feitas uma para a outra, não tinha como dar errado. – Mordo o meu lábio inferior, encarando seus lindos olhos.
- Você tem razão.
- Eu sempre tenho. – Ri roubando um longo selinho – E por isso que damos tão certo, porque você sabe disso. – Se vira e se aconchega em meu corpo, me obrigando abraça-la por trás.
- O que isso significa? – Franzo o cenho.
- Significa que você vai me abraçar e nós vamos dormir agora. – Suspira e eu semicerro meus olhos – E amanhã você fica responsável por conversar com Grace sobre as restrições do quarto, Nina e ela vivem trancadas lá.
Camila tinha um pouco de ciúmes em relação a namorada da nossa filha, já que agora Grace quando vinha para Miami só queria saber de Nina. Mesmo a relação da minha esposa sendo ótima e ela amando nossa nora de paixão, não conseguia visualizar nossa pequena filha crescendo e se tornando uma linda mulher com um relacionamento incrível e saudável, o que eu achava besteira.
- Por que eu? – Bufo, eu não me importava de Nina ficar no quarto de Grace – Quando nós tínhamos a idade delas você não se importava de ficar trancada comigo em seu quarto, você até que gostava bastante. – Rio perto do seu ouvido e ela dá um tapa em minha mão quando ela desce.
- Grace não precisa saber disso. – Prendo a minha risada.
Minha esposa e eu amávamos tanto o relacionamento das duas porque nos víamos nele. Grace ama ler e levar Nina para piqueniques românticos, já Nina ama levar uma vida divertida e ainda sim responsável fazendo questão de sempre programar encontros divertidos e inusitados. Elas se compensam e encontram um equilíbrio para que todas as partes de suas vidas sejam aproveitadas sem que percam as responsabilidades de que uma vida semi-adulta necessita.
Fiquei em silencio por alguns minutos e puxei Camila ainda mais contra o meu corpo, sorrindo sozinha ao lembrar de nossa adolescência. Muitas pessoas dizem que você estraga grande parte da sua vida se você namora por grande parte da sua adolescência, já eu penso completamente ao contrário, não existe nada mais lindo do que passar seu tempo com alguém que você ama, mesmo que isso não permaneça no futuro e suas vidas tenham rumos diferentes.
- Camz? – Ela resmunga – Com restrições ou sem restrições no quarto eu tenho certeza que ela vai ser se divertir e ser muito feliz, só por ter por perto alguém que tanto ama, como foi comigo e com você. – Beijo seu ombro e sinto seus dedos se entrelaçarem com os meus, em um sinal claro e silencioso de que ela concordava com isso.
(...)
Assim que empurro a porta do backstage vejo algumas pessoas na parte de trás, meus seguranças prontamente se aproximam, mas eu apenas faço um sinal para eles se afastarem e me deixarem tirar foto em paz com os meus fãs.
Agora era muito mais fácil e mil vezes melhor atender as pessoas que me esperavam após os shows, provavelmente porque meu público era mais velho e não tentava assassinar a pessoa a seu lado apenas para conseguir uma simples foto ou então um autografo. Atendi rapidamente e facilmente todos ali, assinando alguns CDs e até mesmo tirando algumas fotos, conversando um pouco com as pessoas ali e então entrando em meu carro logo em seguida.
De certa forma era bem exaustivo a rotina que eu estava levando, eu me sentia velha, era difícil conseguir dormir tão tarde depois de acordar tão cedo por vontade própria, eu tinha um horário certo para comer agora e odiava ser interrompida, da mesma forma que tinha meu horário sagrado para falar com meus filhos e esposa todas as noites.
Entrei no hotel e não pude evitar de sorrir ao ver Normani, agora eu não tinha mais coreografias em meus shows, era uma nova era e eu gostava de fazer as coisas de uma forma completamente oposta das coisas que eu fazia nas minhas antigas turnês e álbuns. Minha amiga estava lá em uma viagem a trabalho, sua escola de dança estava competindo em um grande festival em New York, onde as melhores escolas de danças do mundo disputavam um único título.
- Acabou de chegar? – Assinto e ela me abraça – Ontem jantei em sua casa.
- Estou sabendo. – Sorrio – O que acha de jantar comigo?
- Eu já comi, mas posso te fazer companhia. – Pisca, envolvendo o meu braço e caminhando comigo na direção do restaurante do hotel – Chris ficou doido de não poder me acompanhar, ele anda bem ocupado administrando as coisas com o seu pai.
- Imagino que sim. – Ocupamos uma mesa – Estou faminta, eu não como a horas. – Analiso o cardápio.
- Você não vendeu o apartamento em New York? – Questiona curiosa.
- Não, mas como eu vou passar apenas uma noite na cidade não pedi para que o limpassem e nem iria pedir para uma pessoa me esperar com refeição apenas para uma pessoa. Achei melhor alugar um quarto no hotel e partir amanhã cedo. – Entrego o cardápio para o garçom parado ao lado da mesa – E eu vou querer o número vinte e dois. – Direciono minha fala para o garçom.
- Por isso que deve ser maravilhoso ter dinheiro para dar e distribuir, não é mesmo?! – Rio, revirando os olhos.
- Me diga você, a dançarina bem-sucedida com um marido rico é você. – Normani semicerra os olhos e mostra a língua.
Enquanto esperávamos o meu jantar optamos por tomar um pouco de vinho, apenas para relaxar. Antes que meu jantar chegasse comecei falar sobre como meu dia havia sido e sobre as coisas engraçadas que eu havia visto na plateia. Quando meu jantar chegou Normani começou a tagarelar sobre o quão nervosa estava para as apresentações do dia seguinte, afirmando veemente que suas dançarinas seriam perfeitamente impecáveis se reproduzissem o último ensaio no palco principal do teatro.
O assunto família acabou voltando a ser o centro do assunto e só então eu notei Normani ficando rígida conforme eu falava sobre Camila, o que me fez semicerrar os olhos e prestar atenção em todos os seus gestos, notando meu olhar fixo em seus gestos e expressões minha amiga direcionou o assunto para Chris e sua vontade de começar uma família, algo que eu fui super de acordo.
- Você disse que viu Camila ontem, como ela está? – Pergunto como quem não quer nada.
Diferente de todas as minhas outras perguntas minha amiga ficou em silencio por bons instantes, brincou com sua taça –agora vazia, e suspirou diversas vezes seguidas como se ponderasse se deveria falar comigo sobre determinado assunto ou não.
- Acho que ontem não foi um dia bom para eu encontra-la, me contou que anda com saudades de Grace e você e que... – Suspira – Quer saber, eu acho que isso daqui vai te explicar muito melhor... – Abre a bolsa e tira dois pequenos envelopes de cartas, um já aberto e outro ainda fechado – Ela pediu para você ler o aberto primeiro e depois o fechado.
- Ela quer trocar cartas para matar saudades? – Não consigo evitar de sorrir, já abrindo.
- Não, Lauren. – Segura a minha mão – Leia depois. – Automaticamente fico nervosa.
- Camila está pedindo o divórcio por carta? Escrevendo “quero terminar do jeito que começamos”? – Normani revira os olhos.
- Nem vou responder essa, porque nós duas sabemos a resposta para essas perguntas idiotas.
- Existe uma possibilidade.
- Envolvendo vocês? – Arqueia as sobrancelhas – Duvido muito. – Se levanta e aproxima, deixando um beijo em minha cabeça – Tenho que ir, amanhã levanto bem cedo para colocar aqueles adolescentes para aquecer. – Concordo – Tome um banho, ligue para ela e depois leia as cartas.
Assim que Normani saiu do restaurante olhei para as cartas e não pude evitar de abrir a boca chocada ao ver os nomes escritos no envelope. De: Alejandro Cabello; Para: Camila Estrabao-Jauregui. Senti minha cabeça trabalhar em todas as coisas possíveis que poderiam estar escritas naquela carta, da mesma maneira que minha mente viajou até Miami pensando em como Camila poderia estar com aquela carta.
Pedi para o garçom que a conta do restaurante fosse adicionada no número do meu quarto, já que amanhã pela manhã eu iria acertar tudo. Peguei minha bolsa e as cartas, caminhando apressadamente em direção ao elevador e apertando repetidamente o número do painel que correspondia o andar do meu quarto.
Não demorei nada para me livrar dos meus sapatos e lançar minha bolsa sobre a cama, ocupando a poltrona na lateral do móvel para finalmente ler o que ele havia escrito para ela.
“Camila,
Se você está lendo isso é porque o seu coração continua sendo bom, bom o bastante para dar a esse homem que lhe escreve a oportunidade inútil de tentar explicar algo inexplicável e sem reparos.
Acredito que depois de todos esses anos você e suas irmãs ainda merecem uma explicação por toda a dor que causei e desconsideração que tive com vocês, com toda a ausência e descuidado que lhes proporcionei quando ainda vivíamos juntos.
Quando sua mãe faleceu e eu tive minha primeira discussão com você, porque você não queria fazer absolutamente nada e muito menos parar de chorar, lembro que –naquela época com apenas doze anos- gritou algo que eu nunca vou me esquecer: ‘Me deixe em paz, cada um sente em uma intensidade e se a intensidade que eu sinto da dor é maior que a sua, você deve respeitar.’
Por isso que escolhi você para escrever, porque de todas as três pessoas que mais devo desculpas em todo o mundo, você é a que eu acredito que mais tenha sofrido com enorme intensidade com tudo que lhe causei e consequentemente a que mais deve ouvir o meu perdão.
Começo minha carta com desculpas. Desculpe-me por não ser um bom pai, um bom amigo, um bom conselheiro, um bom ombro para chorar, um bom marido... um bom avô. Desculpe-me por continuar falhar constantemente com você por anos a fio, sem me importar como isso iria te afetar e principalmente como iria deixar uma cicatriz eterna em você. Desculpe-me por tirar a pessoa que poderia acrescentar e te ensinar milhares de coisas, coisas que eu jamais tive a capacidade de ensinar. Desculpe-me por não ser digno do seu perdão e muito menos de seu amor.
Mesmo não merecendo, tenho muito orgulho de ter contribuído para a sua existência. Mesmo não merecendo, tenho orgulho –sozinho- de saber que você e suas irmãs são minhas filhas. Mesmo não merecendo tenho orgulho dos seres humanos que vocês se tornaram, e da forma maravilhosa que estão criando seus filhos. Mesmo não merecendo, eu continuo amando todas vocês, a cada segundo do meu dia.
Acredito que quando somos jovens fazemos as maiores bobagens da vida, não que isso justifique o que eu fiz, mas acredito que minha mente jovem e boba teve uma grande influência nas minhas decisões. Eu estava perdidamente apaixonado por uma mulher que não era sua mãe, mas amava sua mãe de uma forma que não era como um homem deve amar a mulher com a qual decide se casar, queria encontrar a solução que me deixasse possuir ambas sem que eu magoasse nenhuma.
Irônico, não é? Eu falar sobre magoar. Acontece que eu não tinha noção de como todas as minhas decisões e cada passo que eu tomava não afetava somente minha vida. Era exaustivo ser mais de uma pessoa o tempo todo e ao mesmo tempo indescritível a chance de sentir a mesma coisa duas vezes, de duas formas distintas.
Fiz o que fiz com sua mãe por um único motivo, espero que por ser médica você tente ver meu lado: sua mãe sentia uma dor descomunal todos os dias, as vezes eu chegava no hospital e escutava seus gritos assim que saia do elevador em seu andar, nós poderíamos fazer todas as operações do mundo e dar todos os remédios já criados que ainda sim seria impossível de salva-la. Talvez você não acredite em mim, e eu entenderei isso, mas saiba que no momento que fiz o que fiz tenha certeza absoluta que foi a primeira vez em anos que eu pensei em outra pessoa que não fosse eu.
Eu realmente amava sua mãe, mas como uma amiga-irmã, e assim como você: eu não conseguia mais vê-la sofrer. Sei que não era o meu direito e muito menos minha decisão, mas naquela fração de segundo eu voltei a ser egoísta novamente, tirei sua vida para que eu –e todas as pessoas que a amavam- parassem de ver sua dor e seu sofrimento agoniante.
Passar te tratar do jeito que eu te tratava foi apenas uma forma de te fazer me odiar, eu merecia seu ódio, merecia sua raiva e merecia você me abominando, não querendo estar perto de mim. E acredite, não era porque eu queria estar perto de Tori e Shay, e sim porque eu sempre acreditei que receber seu ódio e desgosto seria uma forma de punição por tirar Sinueh de Sofia e você.
Quando você começou a namorar Lauren eu estava tentando buscar uma forma de achar um meio termo para que as duas famílias vivessem juntas e eu parasse de ter essa vida dupla. Mas eu realmente acredito que aqui se faz e aqui se paga, e foi exatamente o que aconteceu. Fiquei sem nenhuma de vocês e acabei sozinho.
E sabe o que aprendi em todos esses longos anos sozinho? Que o maior e pior pagamento de nossas penas, é o peso da nossa própria consciência.
Alejandro Cabello.”
Ainda atordoada encarei a carta por mais alguns segundos, olhando para o lugar ao meu redor e tentando entender qual o sentido de tudo aquilo. Ainda meio atordoada me levantei e caminhei em direção a minha bolsa, pegando meu celular e discando o número de Camila, sem me importar com a hora ou com qualquer outra coisa.
- Oi, Lo. – Sinto meu coração bater devagar com o som calmo de sua voz.
- Oi, amor. – Suspiro, soltando a carta na cama e me sentando ao lado da mesma – Eu estava com saudades de ouvir sua voz. – Fecho meus olhos, passando a mão pelo rosto.
Camila devia ter chorado tanto enquanto lia essa carta.
- Eu também, acabou de chegar do show? – Questiona interessada.
- Jantei com Normani, acabei de entrar no quarto do hotel. – De repente sua respiração desaparece do outro lado da linha.
- Você já leu?
- Só a dele.
- Não sabe o que dizer, não é? – Ri sem vontade – Nem eu soube, para ser sincera eu nem soube o que sentir...
- Eu imagino que tenha sido confuso. – Sussurro, passando a mão pela minha coxa.
- Apenas me faça um favor, leia a carta que eu escrevi para você. – Olho para trás e pego a carta dela – E obrigada pelas flores de ontem, elas são lindas e muito cheirosas. – Sorrio de canto, Camila agora estava na reitoria da universidade.
- Fico feliz que você tenha gostado. – Suspiro, queria abraça-la naquele momento – Eu vou ler e depois eu te ligo no Skype, então chame Antony quando eu te mandar mensagem.
- Pode deixar. – Escuto ela se mexer – Eu amo você, Lo.
- Eu também te amo.
Jamais consegui me colocar no lugar de Camila e quando tentei não deu muito certo, porque eu nunca tive a chance de sentir a dor que ela sentiu, sem falar que o peso de tamanha traição jamais me ocorreu. Ninguém poderia julgá-la, ou julgar uma de suas irmãs pelas atitudes, porque ninguém sabe como elas se sentiram, é exatamente como minha esposa disse aos doze anos: cada pessoa sente a dor em uma intensidade diferente e cabe a nós respeitarmos isso.
Peguei a carta de Camila e suspirei, não conseguindo evitar de sorrir fraco. Lembro da enorme excitação que eu sentia as quintas-feiras, esperando as cartas de Camila chegarem em minha caixa de correio; lembro como eu gostava de lê-las lentamente e diversas vezes por saber que só iria encarar aquela caligrafia dali uma semana; lembro como era envolvente e romântico a troca semanal de cartas, com a proibição de ambas as partes de envolvimento tecnológico entre nós.
Era só nós e nossos sentimentos em uma grande quantidade de papéis, por seis meses.
“Querida Lauren,
Faz muito tempo que não escrevo uma dessas para você, provavelmente porque vivemos anos juntas e encontrei diversas outras maneiras de expressar o meu amor, hoje em dia tenho a chance de fazer isso diariamente e não apenas uma única vez na semana através de muito papel.
Você deve estar se perguntando porque eu mandei aquela carta e essa para que você lesse, acontece que minha primeira forma de aprender a me expressar –não sei se você sabe- foi escrever sobre tudo para você durante meses e quando recebi essa carta não soube como me expressar ou como te contar como havia a recebido, achei que voltar a velhos costumes seria bom.
Não consigo perdoar meu pai, você mais do que ninguém sabe disso, mas hoje –escrevendo essa carta para você- consigo dizer que aceito o que ele fez e que posso finalmente seguir em frente, enterrar o assunto de uma vez por todas. Não posso mudar ou impedir o passado, mas posso mudar o meu futuro. Garanto que vou fazer o que você já me disse para fazer diversas vezes, não vou guardar mais magoa e finalmente vou me libertar dessa dor agoniante que volta cada vez que tocam nesse assunto.
Confesso que queria, com todas as minhas forças, aceita-lo de volta e mostrar que ele pode sim ser um bom avô para nossos filhos e principalmente se redimir como um pai, mas a minha mágoa com suas ações consegue ser muito maior que a minha vontade de perdoa-lo.
Nunca digeri a morte da minha mãe, você sabe muito bem que ela era a minha melhor amiga, a pessoa que sabia de todos os meus segredos e me apoiava sempre, a melhor contadora de histórias e a dona dos melhores abraços do mundo todo. Para ser sincera eu não queria aceitar sua morte, porque isso significaria que eu estava dizendo adeus para a minha heroína. Mas então você apareceu e foi como se aquele buraco negro que me sugasse todos os dias para a tristeza houvesse sido substituído por uma luz radiante de felicidade e amor.
Não conseguia ficar triste sabendo que tinha você por perto, porque eu sempre soube em cada fibra do meu ser que o quanto eu te quisesse por perto seria ali que você estaria. Você virou a minha vida de ponta cabeça e me mostrou sentimentos que eu achei que só fossem possíveis serem encontrados em livros. Você me deu algo que eu demorei para acreditar que iria conseguir, uma família.
A primeira vez que li uma de suas cartas, confesso, que achei que você fosse uma louca; então eu comecei a te achar engraçada por sempre encontrar uma forma de flertar discretamente comigo; acabei encontrando uma amiga durante um bom tempo; depois eu notei que não tinha mais dificuldades em falar sobre como eu me sentia para uma –não- completa estranha; então consegui me sentir completamente segura em relação a mim mesma quando combinei de me encontrar com você no nosso parque, naquela linda tarde ensolarada do dia 22.
Nossa adolescência foi maravilhosa, nossos dias fazendo nada e até mesmo os fazendo algo grandioso para mudar a vida de outras pessoas. Nós nos afastamos e eu já te disse isso, mas faço questão de repetir mais uma vez, não teve um único dia que eu te deixei de amar intensamente. Tivemos uma segunda chance e eu achei que você não poderia ter ficado mais perfeita, foi quando eu me enganei novamente.
Acredito que jamais teria conseguido vencer meu câncer se não tivesse você do meu lado, você conseguiu acreditar em mim e me levantar do chão quando eu já havia jogado a toalha a tempos. Acredito que jamais iria conhecer os verdadeiros significados de amor verdadeiro se não tivesse vivido com você durante todo esse tempo.
Acontece que eu acho que você jamais teve noção do quando me ajudou em diversos aspectos da minha vida, desde superar a morte da minha mãe até o abandono do meu pai, você não precisou de muito, apenas precisou estar presente. O simples fato de me envolver em um abraço protetor e beijar a minha testa, sussurrando que tudo iria ficar bem era o suficiente para eu não precisar de mais nada.
Você foi, é e sempre será o meu porto-seguro favorito e eu jamais irei conseguir colocar em palavras o quanto eu sou grata por isso.
Te espero em casa, com todo amor do mundo,
Sua eterna garota das cartas, Camila Estabrao-Jauregui.”
FIM.
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