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História Levada pelo Mar - Capítulo 2: Entre Prateleiras de Pó


Escrita por: Davinna

Capítulo 3 - Capítulo 2: Entre Prateleiras de Pó


-O que você me recomenda para visitar aqui na cidade? –Disse Felipe, enquanto abria a porta da cafeteria para mim. Eu havia ficado conversando com ele ao invés de voltar com meu pai.

-Huuum...-Pensei. O que havia de interessante nessa humilde cidade? Além da praia, a qual ele já havia visto.- O antiquário! – Exclamei. Sempre ia lá no meu tempo livre, era meu lugar favorito depois da praia. As vezes passava horas entre aquelas prateleiras de pó, lugar nada adequado para pessoas com problemas respiratórios ou para minha mãe que começaria a balançar seu espanador freneticamente afim de eliminar qualquer resquício de poeira. “O pó é o charme desse lugar, ele carrega a história de todos esses objetos, é um absurdo querer removê-lo”, dizia senhor Wilson, o dono do antiquário e também meu amigo. Ele era um velhinho simpático, com barba e cabelos grisalhos, além de colecionador de coisas antigas, era um inventor, então estava sempre com grandes ideias “inovadoras”.

-Gostei! –Disse Felipe, fechando a porta atrás de si. – Você vem comigo?

E, assim, caminhamos até o castelo de pó.

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O sino balançou ao abrir a porta, denunciando nossa chegada. Não havia ninguém, como de costume, era só eu, Felipe, e todas aquelas antiguidades. Senhor Wilson estava sempre nos fundos da loja construindo suas invenções. Era raro encontra-lo ali. Sempre que queria chama-lo era só tocar o sino sobre a mesa da recepção.

-Uau. –Ouvi Felipe dizer quase como um sussurro.

-Pode falar alto –Falei rindo- Não estamos em uma biblioteca.

-Eu sei, mas é que o ar desse lugar parece pedir respeito.

 

Felipe caminhou calmamente até o piano encostado na parede, a baixo das prateleiras de livros, sentou-se no banco de madeira à sua frente e dedilhou os dedos por cima das teclas. Ele sabia tocar, e muito bem. Fiquei encantada ouvindo a melodia reproduzia pelo instrumento, era leve e suave.

Estava tão concentrada que não percebi a chegada do senhor Wilson, ele estava sorrindo, olhou para mim e em seguida para Felipe que interrompeu a música ao perceber a presença dele.

-Canon, Johann Pachelbel.-Disse senhor Wilson. Ele também tocava piano, as vezes quando ia visita-lo, via-o pela vitrine da loja, com os olhos fechados, sentindo a música. Então, evitava entrar na loja para não o incomodar, apenas ficava alguns segundos ao lado de fora olhando-o e usufruindo da música também e depois dava meia volta e voltava para casa.  A música era a única companhia dele.

Depois de um tempo no antiquário, falando sobre música e coisas antigas, fomos até a praia. Era uma boa caminhada, o ar estava frio, e o sol ainda continuava escondido entre as nuvens. Eu gostava da praia assim, fria, escura, solitária, diferente do que a maioria gosta. Nunca apreciei entrar na água, me contento em só sentar na areia e observar o mar sem fim.

-Você fez meu dia nessa cidade não ser iguais aos outros- Disse Felipe, me despertando de meus pensamentos.

-Fiz?

-Claro, todos os dias eu vinha a praia e só. Nunca me atrevia a ir em algum lugar diferente, me socializar, mas aí eu fiquei com fome enquanto caminhava seguindo minha rotina e entrei naquela cafeteria –Ele sorriu para mim.

De certa forma eu também seguia uma rotina, ia ao Tony’s coffe, depois ao antiquário e logo em seguida à praia. Hoje eu fiz as mesmas coisas só que com alguém. Quando era mais nova eu fazia tudo isso com a vovó e depois tive que aprender a fazer sem ela.

Me sentei sobre a areia em frente ao mar e Felipe fez o mesmo ao meu lado. Ficamos um tempo em silêncio até que ele resolveu quebrá-lo.

-Me conte alguma coisa.

-Gosta de sereias?

 



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