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História Levada pelo Mar - Capítulo 4: Chá e Biscoitos


Escrita por: Davinna

Capítulo 5 - Capítulo 4: Chá e Biscoitos


Depois de sair do antiquário às pressas Felipe e eu fomos surpreendidos pela chuva que caia furiosamente do céu, ficamos encharcados. Corremos até a minha casa, que era mais próxima, para conseguirmos nos secar e esperar que a chuva se acalmasse. Não deu tempo de falar a ele que o barulho que ele ouviu na casa do Senhor Wilson, era uns dos quadros da estante que havia caído, nem que alguém havia escrito algo nele.

Felipe estava enrolado em uma toalha seca. Estávamos em frente à lareira inebriados pelo calor que emanava dela e preenchia a sala.

-Fale. –Ele olhou pra mim e deu o seu pequeno sorriso, como ele sempre fazia.

Então, eu contei.

Felipe não disse nada, apenas assentia enquanto eu falava, seus olhos estavam fixos nas chamas, que dançavam como em um grande ritual de celebração ao deus do fogo. Mesmo sério, ele ainda tinha aquele brilho que iluminava meu dia. Ele era meu conforto, minha proteção, meu confidente. E mesmo depois de ter contado tudo, ele não pareceu  surpreso e nem alterado, mas seu rosto ficou mais sério ainda.

-Então, quem quer que tenha sido, está nos alertando de algo. E isso tem a ver com o Senhor Wilson e provavelmente com o seu desaparecimento. –Diante da sua observação ele permanecia calmo, mas atento. Ele tinha razão, senhor Wilson poderia estar em perigo! –É melhor termos cuidado da próxima vez.

-Próxima vez?

-Sim, você acha que vamos deixar esse caso por encerrado, nós nem começamos ainda. –Ele me deu o seu lindo sorriso, que havia escondido durante esse tempo.  Felipe tinha um efeito sobre mim que eu não sabia explicar ainda, ele balançava comigo.

-Então? – Continuou ele bagunçando o meu cabelo com a sua mão- Topa ir investigar comigo?

-Sim- Não tinha outra resposta a não ser essa.

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Já no meu quarto, seca e aquecida pelo calor das cobertas, pensava sobre tudo que havia acontecido no dia de hoje. Sobre o mural das sereias, a presença de alguém na casa, o alerta que nos foi dado e a foto de Senhor Wilson com a menina (quem era ela?). Felipe jantou comigo, depois da minha mãe ter insistido tanto, e quando ele foi embora não conseguia esconder de mim mesma a falta que eu sentia dele. “Ele é bonito.” Minha irmã disse, e eu ri em resposta. Mais cedo eu havia contado sobre o quadro e o aviso para ele, mas tinha outra coisa que eu não havia revelado, não por ter esquecido, mas por não querer envolvê-lo. Antes de subirmos a escada do porão, após ouvir o barulho, peguei a foto da sereia que olhava para casa da vovó e escondi comigo, não poderia deixa-la lá, era um assunto que me envolvia também. O caso do desaparecimento do Senhor Wilson era uma investigação que faríamos juntos, como uma dupla, Sherlock Holmes e Watson, mas o caso das sereias eu descobriria sozinha, na verdade, eu e vovó descobriríamos, ela estava comigo, eu podia senti-la.  Agora, não era só a menina loira da foto que me deixava curiosa a sereia também. Quem era ela? E porque olhava para a casa?

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-A primeira coisa que devemos fazer é perguntar para os vizinhos se viram algo suspeito, ou até mesmo se viram senhor Wilson saindo de casa. –Caminhávamos em direção ao antiquário, enquanto Felipe dizia os primeiros passos que deveríamos tomar em nossa investigação.

-Ok, ao lado do antiquário mora a dona Beth, ela tem a fama de ser fofoqueira e muito observadora, apesar disso é muito simpática e sempre me oferece biscoitos com chá quando eu vou lá.

-Então quer dizer que você é uma senhorita que gosta de fazer amizades com velhinhos?- Felipe sorria pra mim achando graça do seu comentário.

Dei de ombros. –É, minha mãe gosta de fazer companhia para ela, mas sempre quando vai lá, leva eu ou a minha irmã, ela nunca vai sozinha.

-Huum, a senhorita está muito desanimada, nem parece que estamos prestes a desvendar um grande mistério. - Disse ele, engrossando a voz nas últimas palavras e fazendo pose de investigador.

Eu tinha que confessar, até nos meus piores dias ele conseguia me fazer rir.

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-Olá, senhora Beth!

-Olá Mariel, como você está? E sua mãe? Não veio com você?- Dona Beth usava o seu roupão cor de rosa de sempre e calçava suas pantufas que antes eram brancas, mas que agora eram marrons de tanto usá-las para ir ao supermercado ou passear com o Thomas pelo parque, ele era o seu velho bulldog gordo e preguiçoso, ela o tratava como um filho que nunca teve e seu único companheiro. Ela nunca se casou, mas sempre que a vejo andando por ai, quando não está com Thomas, está sempre acompanhada de um elegante senhor. Apesar da idade ela é cheia de vida e gosta de namorar, além de ter a fama de ser fofoqueira e saber de tudo que ocorre em Orla do Sol.

-Na verdade estamos aqui para conversarmos sobre um assunto. Esse é Felipe meu amigo. –Ele se aproximou e cumprimentou Dona Beth que deu um grande sorriso.

-Entrem! Vou preparar uns biscoitos e um pouco de chá para vocês.

A cozinha de Dona Beth lembrava muito a cozinha de vovó, era quente e aconchegante com cheirinho de café, isso me trazia lembranças boas do tempo em que eu era criança.

-Então, meus queridos, o que os trazem aqui? –Disse ela enquanto colocava pratinhos com biscoitos de diferentes sabores e nos servia chá.

-Estamos aqui pelo senhor Wilson.- Antes mesmo que eu pudesse abrir a boca Felipe foi dizendo, como se estivesse ensaiado tudo.- Ele desapareceu, hoje fazem dois dias que o antiquário está fechado, e como sabemos, o antiquário nunca fecha. A senhora, por acaso, não viu nada de estranho?

Já sentada e bebericando seu chá Dona Beth deu um pequeno sorriso para nós e assentiu.

-Sim, eu vi. Não sei se é suspeito, mas na madrugada de ontem ouvi sons estranhos, diferente dos barulhos que as suas velhas invenções fazem, até Thomas ficou em alerta, coisa que ele nunca faz. –Ela disse apontando para ele, que estava deitado em sua cama no canto da cozinha nos olhando desinteressado pelo o que falávamos.

-E o que você ouviu? – Perguntei baixo demais, achei até que ela não tinha ouvido, mas ela se curvou se aproximando da gente com se fosse revelar o maior segredo do mundo. E por instinto fizemos o mesmo esperando ela falar.

-Parecia que algo estava se sacudindo dentro de uma caixa, tentando sair. Então fui à janela da sala que da para o quintal do Senhor Wilson, e vi a janela da sala. Ele estava lá com mais alguém, não dava pra ver quem era, mas pareciam que tinham capturado algo, eles riam e comemoravam. –Depois dessa revelação um silêncio pairou sobre nós, nos sufocando. Thomas deu um gemido e Dona Beth se levantou. – Você está com fome bebê? Mamãe vai pegar algo para você.

Ela saiu em direção à sala, nos deixando só. Felipe olhou pra mim, ele parecia um pouco confuso ainda, assim como eu. Ainda não descobrimos nada que respondesse nossas dúvidas, só ganhamos mais perguntas e mais dúvidas. Beth voltou com o saco de ração de Thomas e despejou em seu pratinho, com muito esforço ele se levantou e começou a comer. Ela voltou e se sentou para continuar a contar a sua história.

-Então, eu fiquei curiosa e continuei a olhar pela janela, esperando que abrissem a porta, saíssem e revelassem o que estavam tramando, mas então as luzes se apagaram, as vozes diminuíram e foram embora, não ouvi mais nada de estranho. Só sei que depois tudo se silenciou e no dia seguinte o antiquário não abriu.

-Uma saída por trás? Deve haver uma porta que da para o outro lado- Disse Felipe voltando a sua pose de investigador sério.

-Foi o que eu pensei meu filho. Querem mais chá? –Eu permaneci em silêncio apenas processando tudo. Foi engraçado nunca vi Dona Beth assim, no seu lado curioso, ela era legal, e nos ajudou muito.

 

 

 



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