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História Leviano Desejo - Capítulo único.


Escrita por: Svartifoss

Notas do Autor


Levem na esportiva, essa é uma história 100% ficcional.
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Ou talvez não. Não tenho como saber.

Capítulo 1 - Capítulo único.


Luciana se mexia impacientemente pelos cantos do gigantesco e luxuoso quarto. Sentava-se na cama king-size, puxava os cachos do cabelo que insistia em parecer despenteado, para se levantar em seguida e voltar a andar de um lado para o outro e conferir a aparência no imenso espelho do banheiro. Tudo de dois em dois minutos. 

Ela sabia que o nervosismo que sentia tinha muito mais motivos além de ser descoberta por algum jornalista urubu nesse encontro tão contraditório. Sabia que todos eles ficariam sedentos para acabar com sua reputação, que já estava mais encardida que ficha de político do partido inimigo, ao menor boato de que ela mantinha um caso. Esse nervosismo tinha a ver com desejo, há muito tendo mandado qualquer resquício de decência que ela ainda fingia manter para o inferno. Contemplando a mão que antes carregava a fina aliança de ouro, deixou-se recordar da fraca lembrança do término de seu casamento, apesar de estranhamente recente. Uma lembrança sem brilho, sem qualquer sentimento, parecendo a ela anos desde aquela conversa definitiva. Luciana não tinha qualquer arrependimento do que fizera. Nem com quem fizera, considerava até como sua melhor qualidade e também seu pior defeito. Não mentia, apenas escondia a verdade e não sentia remorso algum. E essa omissão fazia o amante acreditar que era um destruidor de casamentos fodão, porém, ele sequer desconfiava que o ex de Luciana nunca chegou nem perto de descobrir o affair, que comemorava exatos dois anos naquela noite. 

O término com o agora ex-marido tinha sido culpa única e exclusivamente do descuido de ambas as partes. Apesar do flagrante, o ex dela insistia em sua convicção de que ela recobraria o juízo e retornaria para os braços dele. Desde jovem, ela escutava do pai de que era livre pra escolher seus parceiros, desde que não magoasse aquele que ela escolhesse como "único" da vida dela, como se sempre soubesse que a filha seria uma infiel. Luciana nunca pensara em magoar o ex-marido, mesmo ciente do que estava fazendo, então deu a ele o tempo que quisesse, deixando que aceitasse a verdade que logo viria, querendo ou não. Separaram-se sem nenhum rancor guardado. Ela tinha o perdão dele e não deixava que os amigos, tão cachorros quanto, zombassem dele em sua frente ou na dele, ciente de que não impediria as piadinhas, mas tentava ao máximo evitar. Não o culparia por suas atitudes nem deixaria que sua sujeira recaísse em cima dele. 

Agora que ela estava livre, aproveitava para deixar a sua adolescente inconsequente sufocada liberta, pois sabia que ela não teria mais tempo para aproveitar o final da juventude que ela abriu mão há tanto tempo, desde que ela não destruísse o que a Luciana adulta sofreu para conquistar como advogada e pessoa pública. 

Ou que nenhuma cagada consequente do que ela fizesse viesse a público, pelo menos. Ela tinha absoluta consciência da merda que estava fazendo só de estar ali. Com as palavras corretas, soaria pior que qualquer PEC contra o povo, afinal, o sensacionalismo era palavra de ordem naquele país. 

Voltou a pensar no amante, agora retornando a cama. Deitando-se delicadamente entre os lençóis de seda branca, espantou os fantasmas do presente e do passado por alguns instantes. Mal sabia ele que ela não dera a ele o prazer da exclusividade carnal naqueles anos todos. Ele imaginava que ela sofreria pelas semanas de ausência, sentiria os dias em que ele a trocava por negociatas escusas ou por um mero fim de semana de praia. Ela não rebaixaria um sentimento tão nobre por um mero playboy viciado, não insistia quando era trocada por uma vingança digna de um pirralho do sexto ano. 

"Se tu preferes aquela incompetente e a porra de um impeachment, vai." Ela tinha total certeza de que ela era facilmente barganhada por uma mísera chance dele se vingar da mulher que ele, em sua insanidade, achava que tinha lhe roubado a faixa. Faixa esta que Luciana sabia que ele afanara de Brasília e a usava em suas brincadeirinhas duvidosas que não incluíam a esquerdista. Ele nunca usaria o seu objeto de desejo principal com seu segundo objeto de desejo. 

E aquele canalha, pensou ela, realmente achava que a tinha passado para trás dizendo a ela que era mais viciante que todas as carreiras que já tinha aspirado na vida, que ela era e continua sendo o maior desafio que ele já havia encarado, admitindo na maior sinceridade que nem a mulher lhe propunha aventuras tão complicadas. 

"Ela só quer o meu dinheiro." Disse ele, completamente ébrio e frustrado, jogado ao lado dela no tapete felpudo e branco do escritório. Ela ouvia a tudo atentamente e anotava mentalmente, já sentido alguns efeitos da bebida. "É o que todo mundo quer de mim. O meu dinheiro." 

"Dinheiro sujo que tu roubaste do povo, ladrãozinho nojento." Pensou ela, deixando-o despir da única coisa que ele ainda usava. Sua máscara, revelando o canalha chorão que era e que há poucas horas fingiu ter uma valentia incongruente à personalidade dele. 

"Mas você." Ele sorriu. "Você só me quer." 

"O que eu quero de ti, eu acho em qualquer escritório, playboyzinho de merda." Ela retrucou, mantendo malícia na voz. Finalmente teria aquele canalha só pra ela, depois de tanto dar bandeira em todos os debates. Não conseguia esconder que aquela escória que ele era a atraia, então fazia questão de atacar ele em todas as situações que podia. E até nas que ela não deveria. 

"Eu duvido que qualquer um consiga te satisfazer com eu." Mesmo com o torpor da bebida, ele mantinha um aperto consistente na cintura quase desnuda de Luciana. 

Ela lhe devolvia o olhar intenso. 

Intenso demais para um cara bêbado. O desejo transbordava por todo o corpo dele. Era visivelmente mais forte que qualquer cachaça que ele tomasse. Tão visível que Luciana já notava no corpo do amante o poder que ela exercia. 

 Mesmo o achando um completo babaca, não negava que ele estava certo. Um pouco audacioso em presumir que ele seria o único em lhe arrancar gemidos a partir daquele momento. Ela desconfiava até que nem de perto seria o autor dos mais desesperados gemidos que ela deixaria escapar. Luciana já tinha eleito o dono do posto. 

E nem homem era. 

Deixava-o explorar o corpo quase nu dela, marcando-o com tapas e arranhões, pouco ligando se ficariam marcas. Ela não precisava dar satisfações a ninguém de onde ela andava ou com quem dormia. E ninguém teria coragem de perguntar a ela. 

Desviando o olhar para a última peça que ela trajava, ele sentia seu pulso se acelerar cada vez mais. Depois de tanta insolência, ele finalmente poderia dominar completamente a esquerdista. E nada, nem ninguém o impediria. 

"Desde o primeiro debate." Ele iniciou, aproximando-se mais dela, lentamente. "Eu vi como você me olhava." Depositou um beijo no ombro dela. "Vi lascívia nesses olhos verdes." Deitou seu corpo por cima do dela. "Vi que todo aquele fogo tinha mais motivação do que mera politicagem podre que esse país nojentinho solta." 

Luciana ficou impressionada. Mesmo bêbado, aquele imbecil ainda conseguia manter a habilidade de oratória intacta e sincero como nenhum aliado político jamais veria. Ela nunca admitiria publicamente, nem mesmo a ele, mas perdia a razão com a destreza da língua daquele homem. Agora sentiria quanto talento ela tinha. 

Era surreal a ela que transasse com seu maior inimigo político até então, estando ele completamente alto e dentro da Rede Globo, quando algumas horas estavam se digladiando, como estavam fazendo desde o começo da campanha. Ela, pelo menos, não temia em relação ao sigilo daquilo. Ao menos a blindagem do canalha serviria de algo. Ninguém dali de dentro sequer pensaria em expor um escândalo sexual do candidato da empresa. Era só mais um no meio de milhares dele. 

Sedento, tomou um feroz beijo dos lábios de Luciana, que correspondeu tão forte quanto ele. Tinham deixado de ser inimigos para se entregarem ao prazer animalesco que era recíproco. Não esqueceriam das diferenças, pois eram elas que os aproximaram. Debate após debate, Luciana incitando o amante secretamente, até chegarem ali. E depois de tantas desavenças, entregaram-se a ânsia do proibido. Ansioso em tê-la por completo, se desvencilhou da boca dela e lentamente foi tirando a última peça de roupa que cobria o corpo branco, deliciando-se com a sensação de enfim poder revidar tudo o que ela o fez engolir quieto nas últimas semanas. Agora ela que engoliria. Aproveitando cada segundo, retirou a calcinha roxa e levou ao rosto, para em seguida a colocar junto do blazer amarelo, em cima do sofá de couro. 

"Candidata, não ouse em dizer que eu não posso levantar o dedo para você." 

Luciana deu uma risadinha, mostrando a covinha e sentindo a mão macia do playboy subir por sua coxa. 

"Candidato, levante o dedo para mim." 

• 

Passara tanto tempo relembrando cada mínimo detalhe daquela primeira aventura que nem notou quando o amante entrou sorrateiramente no quarto e parara exatamente na sua frente, vendo a amante quase começar a brincadeira sem ele.  

"Eu saio pra mudar a história do país e você nem me espera?" Mesmo sem óculos, Luciana conseguia enxergar nitidamente o sorriso cínico de Aécio. 

"Pra cagar a história do país, tu queres dizer." Devolveu, sem paciência. "Espero que tenhas se divertido." Completou, levemente revoltada com a espera. 

"Eu não podia perder a chance de derrubar aquela inerte. Posso dizer que tive um orgasmo durante aquela sessão." 

"Então não precisas de mim, playboyzinho." Ela fingiu indignação com o amante, sabendo o que viria de resposta, que não demorou. Aécio a empurrou na parede mais próxima e a prensou com seu corpo. 

"Quem você acha que é para falar assim com o futuro presidente da república?" Ele entrou no jogo, provocando-a, mordiscando o lóbulo da orelha de Luciana e puxando o roupão de banho dela para baixo, revelando o conjunto azul-real que ela usava. 

Sem receber uma resposta, ele a virou, ficando frente a frente. 

"Golpista." Ela provocou, deixando-o louco. 

"Repete." Ele sussurrou, chegando mais perto e tomou um beijo dela, como só os dois faziam. 

"Golpista." Ela murmurou, após desatar o beijo. Luciana sabia que ele odiava ser chamado assim e ela adorava a mistura de expressões que ele fazia. "Estás pronto para mais um golpe?" E recebeu como resposta um puxão, deixando cair o pano arrebentado no chão. Calmamente, ele foi descendo as mordidas, ciente de que aquela seria um longo dia ao lado da socialista.



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