1. Spirit Fanfics >
  2. LfG: Red - Guiltred Shadowmancer >
  3. Capitulo Único

História LfG: Red - Guiltred Shadowmancer - Capitulo Único


Escrita por: Guiltred

Notas do Autor


A primeira das pequenas histórias de Guiltred que vou estar postando nos próximos dias. Ficou um pouco longa, mas eu não queria posta-la dividida então deixei assim mesmo kkk

Espero que gostem.

Capítulo 1 - Capitulo Único


“Naquela época eu era um soldado, um guarda mais precisamente. Estava trabalhando em uma instituição de treinamento intensivo, que pegava jovens órfãos das ruas e os treinava para servirem secretamente ao governo. Mais precisamente, era um campo de concentração. Tudo estava dando certo, até o dia que ele chegou.”

                “Uma dúzia de guardas o escoltava enquanto outros dois o arrastavam. Um garoto, de aparentemente quatorze anos, era levado para junto dos outros. Suas mãos estavam cobertas de sangue assim como seu rosto e suas vestes. Fiquei o observando enquanto era arrastado e pude perceber que a maioria daquele sangue não era seu e sim dos guardas que o acompanhavam, já que muitos deles estavam  com narizes quebrados, com hematomas no rostos e supercílios cortados, além de outros que pareciam ter sido feridos de outras formas. Eles o agrediam com chutes e socos enquanto ele ainda estava com seus braços seguros pelos que o carregavam, mas o mais aterrorizante daquela cena não era um garoto estar sendo agredido por soldados muito mais fortes que ele e sim, o fato de ele estar sorrindo. Um sorriso que transmitia certa ironia e ate mesmo um pouco de alegria, mas também transmitia loucura, um sorriso sádico e amedrontador que me fez passar várias noites sem conseguir dormir direito.”

                “Aquele garoto certamente não era um garoto comum. Ele discutia com guardas e muita das vezes acabava lutando com eles. Alguns dos conflitos eram gerados sem motivo nenhum, mas a maioria era por conta de colegas que ele buscava proteger, o que não eram poucos. Durante o tempo que passou conosco, poucos eram os momentos que ele não estava coberto de sangue por conta de suas brigas e de seus castigos, que eram em grande parte por pequenos furtos que ele fazia apenas por diversão. Os guardas depois de certo tempo passaram a chama-lo de Criminoso Vermelho baseado em tudo isso. Mal sabiam eles o que aquele nome iria torna-lo.”

                “Era noite. Estávamos em uma sala preparada especificamente para o tratamento de choque. Era grande e espaçosa, sem muitos moveis apenas uma mesa com alguns apetrechos e uma cadeira no centro para eletrocutarmos os garotos mais perigosos e faze-los ficar mais obediente, normalmente aquilo funcionava na primeira tentativa. Já era a terceira vez do Vermelho naquela sala. Um recorde entre todos que já haviam ido até lá, poucos eram os jovens que sobreviviam a uma segunda ida, e os que sobreviviam pareciam cachorrinhos adestrados. Mas ele, aquele garoto, não era um garoto comum. Ele sorria todas as vezes que ia pra lá e gargalhava enquanto estava sendo eletrocutado. Por volta de umas cinco ou seis vezes achamos que ele havia morrido, apenas pra no instante seguinte ouvi-lo voltar a rir. Essa era a sua terceira terapia e ele continuavam sorrindo. Eu buscava ficar o mais longe possível dele durante os dias e evitava ao máximo interagir de qualquer forma com ele. Mas naquela noite eu quis ir ver por mim mesmo o que acontecia com aquele garoto naquela sala. Queria ter tido tempo para me arrepender daquela decisão.”

                “Dentro da sala tinham por volta de 30 soldados esperando para ver se aquele seria o momento em que o garoto sucumbiria. Outros assim como eu queriam apenas ver se o que diziam sobre ele era verdade. Já tinham se passado quase duas horas e os soldados ali presentes já estavam ficando impacientes. Alguns agrediam o garoto e gritavam coisas como ‘por que você não morre logo?’. Ate mesmo alguns que foram apenas assistir estavam se irritando e gritando coisas pra ele. Eu apenas permanecia no canto da sala, observando aquilo tudo. Por mais que eu fosse primeiro tenente nada havia me preparado para isso, ver um garoto ser torturado, com um grande, amedrontador e ameaçador sorriso nos lábios. Eu só queria sair dali, eu deveria ter saído, assim teria evitado ver o que aconteceria ali depois das luzes piscarem pela quarta vez naquela noite, mas a curiosidade me impedia de sair. Já havíamos gastado tanta energia com ele que os geradores estavam falhando então uma vez ou outra a única lâmpada bem no meio do recinto começava a piscar. Ate que em um momento algo aconteceu. A risada do garoto mudou, não era mais uma gargalhada histérica. Agora era algo como uma risada profunda, pesada, carregada de ódio. Um calafrio percorreu minha espinha. O ar da sala pareceu esfriar. Novamente a lâmpada começou a piscar. O garoto olhou para cima e a observou, ainda com aquela risada baixa e assustadora. Todos na sala ficaram o observando.”

“- Digam-me – ele começou a falar de forma arrastada, com um tom de voz que parecia e não parecia o dele. A lua estava começando a surgir no céu dando de ser vista parcialmente pela pequena janela com barras na parede lateral da sala. – Vocês já dançaram com o diabo a luz do luar? – perguntou ele segundos depois abaixando novamente a cabeça com aquele sorriso diabólico e olhando em minha direção no exato instante em que as luzes se apagaram. Passaram-se poucos segundos antes de alguém gritar “ele se soltou!”. Eu imediatamente olhei em direção ao centro da sala buscando a cadeira, e lá estava ela, iluminada pela fraca luz da lua. Completamente vazia. Meu corpo paralisou. Consegui apenas ficar parado no canto da sala sem me mover. Ouvindo os tiros. Os gritos. O som de morte e sangue jorrando. Corpos caindo ao chão e sendo pisados. Mas o pior de tudo era o que se via durante os poucos segundos de brilho que os disparos proporcionavam, pois era nesses momentos em que era possível ver melhor as dimensões do que estava acontecendo naquela sala.”

                “Um vulto, apenas uma mancha negra, viajava rapidamente por aquela sala, como se as sombras o envolvessem e o levasse a onde desejasse. Ele ia de um lado para outro com extrema velocidade e destreza parecendo até que ele estava em diversos lugares ao mesmo instante, pois ao tempo que alguém de um lado da sala caia outro alguém do outro lado também caia, a diferença era de apenas poucos segundos. Mas ao olhar com atenção era possível ver o pequeno vulto se mover de um lado a outro, com aquele sorriso sádico e olhar penetrante.”

                “Haviam se passado por volta de cinco minutos. Eu estava entrando em desespero, pois ninguém havia chegado para auxiliar e isso me assustava ainda mais. Será que queriam que morrêssemos? Aquilo estava me perturbando profundamente. Eu estava agachado no canto da sala querendo apenas que tudo acabasse logo, de uma forma ou de outra.”

“De repente uma explosão do lado de fora iluminou todo o ambiente, mas eu a ignorei quando vi o que estava de pé no centro da sala. Um dos soldados. Por um instante achei que ele havia pegado o garoto, ate que percebi que a sua frente, encoberto da luz da explosão pela sombra do soldado, estava ele. Em suas mãos, uma faca, a seus pés, dezenas de corpos, sobre si, litros de sangue. Ele removeu a faca do corpo do soldado que caiu a seus no chão com um baque surdo e molhado. O jovem observava a janela, seu sorriso não estava mais lá. Só então percebi os sons que vinham de fora. O som de batalha, explosões, fogo, o cheiro de fumaça. Algo estava acontecendo e isso provavelmente era o motivo de ninguém ter aparecido para ajudar. Estávamos sozinhos naquela sala, eu e ele. Então novamente ele voltou a desaparecer.”

“Vasculhei lentamente a sala atrás dele com os olhos o buscando a pouca luz que provinha do fogo lá fora. E então eis que de repente assim como desapareceu ele voltou a reaparecer. Mas dessa vez bem a minha frente, seu rosto a poucos centímetros do meu. Novamente o sorriso estava estampado em seu rosto, os olhos brilhavam arregalados com a loucura. Percebi que a faca que ele portava nada mais era do que a minha. Quando ele a pegou, não tenho ideia, mas que ele a tinha pego e usado para matar os outros soldados isso era um fato.”

“Ele estendeu a mão em minha direção e fechei os olhos aguardando que ele me enforcasse ou algo do tipo, mas ele simplesmente pegou a bainha da faca que estava presa em meu cinto. Voltei a olha-lo sem entender, e ele como se não estivesse fazendo ou feito nada demais sorriu, e isso particularmente foi bem mais estranho, de forma irônica, seu rosto com a expressão mais suave, praticamente sem sinal nenhum do louco que estava ali há poucos instantes. O garoto se levantou, colocou a faca na bainha e voltou ao centro da sala. Banhado pela luz alaranjada das chamas que crepitavam no exterior daquela sala.”

“- Criminoso – ele falou enquanto observava a janela. Seu rosto mais sereno, calmo. E isso estava me assustando mais do que seu olhar louco. O fato de ele rapidamente se acalmar ou enlouquecer. Como um distúrbio de dupla personalidade, de um garoto calmo e pacato a um demônio feroz e mortífero. – Criminoso Vermelho – ele dizia aquilo como que com deleite, saboreando o som. – Guiltred... É, é um bom nome. Acho que vou aceita-lo. – e sorriu dessa vez como alguém normal, novamente me dando aquela sensação de estranheza.”

“- Continue vivendo tenente – dizia enquanto se dirigia a porta – conte essa historia por ai. Assuste crianças. – deu dois toques na porta com o cabo da faca e ela se abriu segundos depois. A luz de uma lanterna iluminou seu rosto o forçando a cobrir os olhos com a mão, logo após o alguém que estava do outro lado lhe entregou a lanterna. Ele se dirigiu para fora e deixou a porta aberta para que eu pudesse sair. Assim que me levantei ainda tremendo e praticamente sem forças seu rosto surgiu novamente através da fresta da porta com aquele sorriso assombroso e olhos enlouquecidos.”

“- Tenha bons sonhos... – disse ele de forma melodiosa, lenta e perturbadora com seu rosto iluminado de forma fantasmagórica.”

“Imediatamente desabei no chão surpreso e assustado. Meu coração batendo de forma energética parecendo quase saltar de meu peito. Ele voltou a sair da sala rindo de forma histérica, com aquela risada ecoando pelos corredores aparentemente vazios.”

“Depois de algum tempo consegui me recuperar precariamente do choque de tudo que havia acontecido e sai da sala. Apenas para encarar outro inferno. Corpos de soldados e alguns adolescentes mortos. Sangue por toda parte. Capsulas de balas, prédios em chamas.”

“Do lado de fora do prédio onde eram mantidos os adolescentes mais problemáticos e onde eram feitas as torturas, no caso, o prédio onde eu estava, aparentava ter acontecido um ataque, quando na verdade, os jovens que estavam presos de alguma forma escaparam e começaram uma rebelião, matando todos os soldados ali presentes. Os jovens que sobreviveram caminhavam rumo ao portão principal. A sua frente, iluminados pela pouca luz do fogo nas construções os que pareciam ser os lideres, dentre eles uma garota, com correntes presas aos braços. Junto dela estavam outros onze sendo o Vermelho, um deles.”

- Era estranho, cada um daqueles doze jovens parecia portar uma arma especifica enquanto todos os outros que os seguiam não portavam nenhuma. Pelo que bem me lembro um carregava uma lança, provavelmente improvisada, outro uma O’Katana e outro duas Wakizashi’s, não me recordo do restante, mas me lembro bem de ver o Vermelho a frente lançando minha faca para cima para logo após a apara-la novamente. E também tinha um bem peculiar, de todo o grupo ele era o único a carregar uma arma de fogo, pela silhueta aparentava ser um rifle ou algo assim. Depois disso eu mesmo decidi me internar em um sanatório, até por que eu já sabia que ninguém acreditaria na minha historia, onde um bando de garotos liderou uma rebelião em um campo de concentração militar e escapou sem nenhuma ajuda externa, muito menos no que aconteceu naquela maldita sala aquele dia. E o rosto, aquele rosto, aquela risada, ecoando a cada dia na minha mente, rindo, rindo, rindo, rindo...

- E é isso delegado. - Disse o Dr. Martin enquanto removia o DVD do notebook - Tudo que conseguimos retirar do Tenente em um dos poucos momentos que ele estava são. –

- É o suficiente doutor – Respondeu o delegado ao se levantar da cadeira – Obrigado por nos ceder um pouco de seu tempo, foi de grande ajuda. – e estendeu a mão para o médico.

- Estaremos sempre a disposição para ajudar a polícia – replicou o medico e o cumprimentou de volta.

Os dois saíram e desceram as escadas para o térreo, indo em direção a saída. O delegado já estava quase à porta de saída do Sanatório Baker quando se virou novamente para o medico que o acompanhava.

- Mais alguém veio atrás dessa gravação? – perguntou ele.

- Não senhor. Mas recentemente nosso sistema foi invadido por um hacker, aparentemente estava atrás do que o senhor viu, porque todos os outros dados permaneceram intactos. – respondeu o médico. – Esta é a única gravação que fizemos questão de arquivar de forma física e apagar qualquer outro dado sobre o caso.

- Então é melhor se livrar dela também. Já não está mais tão segura. – o delegado mal havia terminado de falar quando um alarme dentro do prédio soou e duas figuras encapuzadas saltaram pela janela do segundo andar, caíram rolando na calçada poucos metros a frente de onde médico e delegado estavam parados. O primeiro deles seguiu correndo imediatamente, mas o segundo se virou o rosto e puxou de dento de suas vestes um case de CD transparente com um DVD dentro. Um sorriso zombeteiro pode ser visto sob o capuz enquanto o mesmo batia uma continência usando o DVD e sumia na escuridão.

- Não vai atrás deles? – perguntou o médico

- Já vi o que tinha para ver. – respondeu o delegado enquanto se dirigia a seu carro. – Haverá outras oportunidades. – e entrou no carro, mas antes de liga-lo percebeu um pequeno bilhete preso sob o limpador de para-brisas do carro. Abriu a janela e o puxou.

No bilhete estava escrito em tinta vermelha “Nossa relação vai ficar complicada se você souber tudo sobre mim e eu nada sobre você.”. E um símbolo meio desbotado estava desenhado no canto do papel. Estranhando aquilo o delegado aproximou o papel dos olhos e viu que o pequeno bilhete estava úmido naquela área. Nem mesmo precisou cheira-lo para saber o que o havia molhado. Simplesmente amaçou o bilhete e o jogou pela janela ainda aberta.

Recostou a cabeça no banco do carro e girou a chave apenas por desencargo de consciência. O carro ligou, mas o indicador de combustível estava no vermelho. Preso no painel do carro estava outro bilhete “o posto mais próximo é virando a esquina”.

O delegado simplesmente riu e olhou novamente pela janela. À distância, no alto de um edifício, uma forma negra esvoaçava. Ele não precisava vela nitidamente para saber que estava sorrindo. Então a forma se virou e sumiu nas sombras da construção.

- Ria enquanto pode. Ria enquanto pode. – falou o delegado para o nada e se dirigiu ao posto de gasolina.


Notas Finais


E é isso. Daqui alguns dias estarei postando as próximas, não são muitas no momento, mas da pra sentir um gostinho kkkkk

Obrigado por lerem,
Criticas são aceitas, sugestões bem vindas.
Atenciosamente,
Criminoso Vermelho.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...