Pós capítulo 684
Rukia andou até aquele fatídico lugar mais uma vez, apressada. O coração batendo como que fosse quebrar o peito. Felizmente, não era de desespero que ela se emocionava. Há 13 anos atrás, a Shinigami pisava naquele mesmo monte pra ser executada, coisa que não aconteceu graças a Kurosaki Ichigo. Ichigo. Desde o fim da batalha de inverno, há 10 anos, eles se separaram. O poder espiritual acumulado em seu corpo era demais pra ambas as dimensões, Terra e Soul Society, por isso ele deve de passar esse tempo treinando no palácio real, ao lado da guarda, pra diminuir aprender a controlar e suprimir seus poderes, para que pudesse transitar no mundo espiritual. A Terra não era mais uma opção. No início, certa tristeza abateu-o, ela lembra. Mas Ichigo de fato, nunca encaixou-se naquele mundo. Ele nunca se viu com um emprego normal, alheio a todas as coisas, imerso naquela correria inóspita que era a metrópole japonesa. Ichigo sempre teve velocidade própria.
Na verdade, o seu caminhar era guiado por ela.
Rukia era shinigami à cerca de 170 anos. O tempo nunca foi uma medida pesada. Mas esses últimos anos foram sentidos dia após dia. Desde que fora adotada, seus relacionamentos passaram de complicados para estáveis. Conquistou a admiração de seu “Nii-sama”, reculperou sua amizade com Renji... Mas o laço que tinha com Ichigo sempre fora um enigma. Fazia muito tempo que não sentia saudade de alguém, afeto.
Espiou-o, dos pés à cabeça, escondida atrás de um arbusto. Seu corpo havia mudado, estava mais definido e masculino. Os cabelos estavam mais compridos e lisos, um pouco parecido com a “versão Zangetsu Final”. Escondia-se só pelo prazer de vê-lo procurar-lhe. Afinal de contas ele já havia sentido sua presença e era quase um extinto natural dele ficar caçando ela por aí. Riu com esse pensamento. A nostalgia pulsou em seu peito e ela deu um salto.A voadora clássica tingiu o tórax dele, mas dessa vez ela estava mais forte e caiu.
-Yo! –Ele riu, olhando-a profundamente. –Porque será que não estou surpreso?-Riu mais uma vez- Sempre bruta, não é, baixinha?-Sustentou uma cara irônica.
-Mais respeito! –Censurou, espalmando as mãos na pele de seu torso. Sentiu um prazer surreal. Aproximou o rosto do dele -É CAPITÃ Kuchiki pra você, substituto!
E no minuto seguinte não existia mais nada ao redor. A distância, o tempo, as brigas, os mundos e desencontros. Sumiu tudo enquanto estavam ali, se olhando. A mulher sorriu e desviou os olhos, percebendo a situação em que estavam, levantou-se e estendeu a mão pra ele ficar de pé. Por um segundo, o nervosismo envolveu-lhe e intimidou-se quando percebeu que suas mãos continuavam unidas. Ele pegou sua outra palma e apertou levemente, seu polegar percorreu a região, acariciando. Rukia sempre teve uma relutância natural pra qualquer tipo de contato, mas no momento, ela simplesmente não tinha forças pra resistir.
-O uniforme de capitã ficou muito bem em você. – Elogiou. Rukia ficou ainda mais vermelha. Tomou coragem e tornou a olhar-lhe.
-Nunca vou te perdoar por ter perdido a cerimônia de posse. – Um nó bonitinho formou-se entre suas sobrancelhas, Ichigo perdeu-se observando-o. Sempre fazia aquilo quando estava brava ou triste. Sempre foi muito expressiva com os olhos. Quando perdeu seus poderes, a imagem de seu rosto consternado havia ficado gravada em sua memória. A imagem mais desoladora de que se lembrava, sumindo diante dele. Era quase um milagre tê-la ali, ao alcance das mãos.
-No que está pensando? –Perguntou ela, respirando forte. De repente o ar entre os dois parecia...magnético.
-Eu senti saudade.
-Nem me fale. –Ela suspirou, engolindo em seco, como que reprimindo um desejo antigo.Fechou os olhos. Ichigo pensou que ela deveria os manter abertos, pra que ele pudesse olhar. O vento bateu e fez voar um pouco de cabelo no rosto da mulher. Ichigo tirou algumas mechas teimosas, delicadamente. Rukia engoliu em seco quando a pele de seus dedos fez contato com suas bochechas.Não deteve ali, pegou algumas pontas de seu longo cabelo, avaliando.
-Não me lembrava de você ter tanto cabelo assim também. –Ela sorriu.
-Gostou? –Ele bem sabia que havia perguntado por curiosidade, afinal de contas, a capitã nunca baseou suas decisões na opinião de ninguém. Mas não perderia a oportunidade de vê-la corada, mais uma vez.
-Ficou incrível. – levou um pouco dos fios próximo ao nariz, inalando discretamente, em seguida colocando-os pra trás de seu rosto. Incapaz de encarar-lhe, fechou os olhos, baixando a cabeça.
-Droga! –Praguejou, enrubescida. –Eu esperava que dessa vez fosse diferente. Não sabia que ia ter de lidar com isso de novo. –Ela gesticulou com as mãos, ele não entendeu.
-Do que está falando? – Perguntou.
-Não sei porque, mais esperava que você viesse mais inteligente também! Estou falando dessa “coisa” que tem entre nós Ichigo. –Cruzou os braços, esperando-o processar a informação. Passado algum tempo, ele se tocou.
-Esse tipo de coisa é eterno. Um ano não mudou nada. –Ele explicou, simples como quem bebia água. Rukia olhou-lhe estranhando.
-Um ano? 10 anos. OU....-Ela penso um pouco.- O palácio e a Soul Society devem ter tempos diferentes. –Ela falou, pensativa.
-Que diferença faz, um ano ou 10 anos? A saudade e o amor... São imutáveis. –Ele assentiu. Rukia frustrou-se outra vez.
-Está ficando cada vez mais difícil lidar com essa “coisa”. –Ela, pôs a mão na cintura, emburrada. Ichigo deliciava-se com cada momento. Em 10 minutos de conversa havia visto a Rukia sensível, Rukia sem graça e Rukia irritada. Só o rei das almas sabia o quanto sentia falta daquilo. Em um ímpeto de coragem, beijou-a. A mulher de início estava em choque, por mais que Rukia secretamente esperasse por aquilo, nunca pensou que ele tomasse a iniciativa. Droga! Ela estava “ensaiando” como fazer aquilo acontecer a algum tempo, entre um treinamento com sua bankai e outro.
O primeiro beijo foi um selinho longo e aquele desastre. Ichigo curtiu cada segundo daquele calor diferente. Mas ela estava irritava por não ter saído como planejava. Separou-se dele um pouco brusca, recompondo-se, séria. Ele esperava uma voadora, um tapa ou algo assim, até afastou-se um pouco. Mas ela só olhou-o fixamente, colocou as mãos em seus ombros e uniu-se a ele novamente. E aconteceu. Nem se tivessem ensaiado realmente teria saído tão perfeito. Ichigo e Rukia nunca foram o modelo de casal clássico. A comunicação entre eles sempre foi meio violenta. Porque o amor, então, deveria ser diferente?
-Eu te amo. –Rukia. UOOOOOOOL.Um exagero de coisas passou pela cabeça daquele adolescente ruivo ao ouvir aquilo. Uma viagem em todas as suas memórias e ele controlou a vontade de chorar. Mas era óbvio e claro, como dois mais dois são quatro que era isso. Ela o amava. Ele a amava. Essa coisa entre eles. Ela era única, eles nunca perderiam aquilo. E ele também estava cansado de fazer aquelas palavras morrerem em sua boca.
-Idem.- Não podemos dizer que ele não tentou, não é? Mas ele realmente não era bom com palavras. Rukia, que tinha se dedicado um pouco mais, sentiu-se em desvantagem e achou aquilo um tanto insensível de sua parte. Deu-lhe um tapa. –AI, SUA ANÃ! Eu também, eu também! –E finalmente disse, achando aquilo um absurdo diante da agressão que acabara de receber. Ela sorriu presunçosa.
-Vamos para o meu esquadrão, temos muito o que fazer. –Ordenou e saiu andando.- Ainda bem que chegou, primeiro vou te ensinar tudo que um bom “secretário” precisa saber e depois vamos... –Ela parou de falar quando suas mãos se uniram.
-Tô quase me arrependendo de ter voltado, sua exploradora! –Sibilou, mentindo obviamente, acompanhando-a, enquanto ouvia todas as instruções de seu novo serviço: Tenente da Capitã Kuchiki.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.