História Liar - Need to Talk

Após dois dias do ocorrido na frente da escola, Piper era mais monitorada do que nunca. Carol ia ao seu quarto várias vezes durante a madrugada, só pra ver se ela continuava na cama. Mas, Piper estava decidida a falar com Alex de qualquer jeito. Não iria desistir dela. 

E quando Carol saiu a tarde, ela aproveitou. Entrou no quarto de seus pais e começou a vasculhar tudo. Ela precisava de seu celular. Não para usa-lo, tinha apenas que anotar o número da Alex. Procurou por todo o guarda roupas. Dentro de cada caixa, de cada gaveta. Não encontrou nada. Sua mãe não demoraria, tinha apenas ido a um mercado próximo dali. Ela tinha que ser rápida, e organizada. A loira começou a procurar nos casacos de pele caros, que Carol tinha. E lá estava o aparelho. No bolso do casaco branco, dentro de uma pequena sacola. Como a loira imaginou, o celular estava descarregado. 

Correu pro seu quarto e conectou o aparelho a tomada. Ligou-o, buscou, e anotou o número de Alex rapidamente em sua agenda. Ela ia desligar mas, não conseguiu ignorar as centenas de notificações. Eram mensagens e ligações da Alex. Tinha da Nicky também mas, nem se comparava a quantidade de tentativas da morena. Ela chorou lendo rapidamente todas as mensagens. 

Escreveu uma mensagem, e enviou. Desligou o celular e o devolveu pro bolso do casaco. Sua mãe acabava de chegar quando ela se deitou em sua cama, pensava em como iria ligar pra Alex. A noite talvez. Pelo telefone da sala. 

..... 

Ao acordar Alex quis não ter que ir trabalhar. Mas ela tinha. Tinha contas, tinha o aluguel e tinha que comprar comida. Precisava trabalhar, mesmo com a imensa dor de cabeça. Decidiu que mais tarde falaria com Nicky. Ela poderia explicar muito a Alex. Era a melhor amiga da Piper, com certeza sabia de tudo desde o começo. Ainda estava perplexa com aquilo tudo. 

E quando o expediente acabou a morena pegou o carro e foi em direção a rua de Piper. Parou do outro lado da rua, em frente a casa. Ficou olhando pra janela do quarto da loira. Viu quando a mãe dela entrou pelo portão. Os vidros de seu carro eram pretos, então Carol não conseguiria vê-la. 

Alex ligou pra Lorna pedindo o endereço da Nicky. E com ele em mãos ela dirigiu até lá. Era muito perto da casa de Piper. Tocou a campainha. Uma, duas, três vezes. 

Ninguém saiu. 

Alex entrou no carro e deixou lágrimas caírem. Seu celular vibrou no bolso da jaqueta. Nem acreditou ao ver o nome da Piper na tela. Era uma mensagem. Pensou em não abrir. Depois de todas as que ela enviou, só agora Piper estava tentando falar com ela. Sem perceber seu dedo apertou. 

" Al eu tenho certeza de que está chateada comigo. Mas eu vou tentar te encontrar. Tenho que te explicar tudo. Eu vou arrumar tudo isso. Não sei quando vai ser... Mas pfvr acredita quando digo que te amo. 

Eu te amo muito. " 

Alex chorava relendo as palavras da loira. Seu coração estava apertado. Seria verdade? 

Ainda tentava engolir o fato dela ter mentido sobre sua idade. Conseguia se lembrar de como era ter dezesseis. Nessa idade ela não sabia de quase nada da vida. E depois de pensar bastante nisso, não achava tão ruim. Era verdade que talvez nem teriam chegado a ter um relacionamento caso soubesse a idade verdadeira dela, ainda mais sem conhecer seus pais. Mas, agora era tarde demais. A amava de qualquer jeito. Estava magoada. Muito magoada. Mas ainda a amava. 

Alex foi a rua da Piper novamente. Ligou pra ela mas o celular estava desligado. Droga! 

Ela queria muito falar com a loira. Tinham que resolver aquilo tudo de um vez. Queria olha-la nos olhos e ouvir tudo dos lábios dela. Desceu do carro e se posicionou na frente da casa. Não tocou a campainha. Esperou um pouco. Olhou a porta branca da casa. E minutos depois, quando criou coragem para apertar a campainha, a porta se abriu. Carol estava saindo. Com certeza ela a tinha visto parada ali. Agora era tarde para dar pra trás. Apenas pediria pra falar com a Piper. 

A mulher se aproximava com um semblante nada simpático. Aquilo fez Alex dar dois passos pra trás. Ela mantinha as mãos suadas e frias dentro dos bolsos da jaqueta. 

- O que você está fazendo aqui? - Carol não abriu o portão. 

Alex deu um passo pra frente. 

- Eu... Gostaria de falar com a Piper. - Disse com uma voz insegura. 

- O que? Vai embora daqui. Você nunca mais vai falar com a minha filha. - Carol estava ríspida. Mal olhava na cara da Alex. 

- Mas eu preciso falar com ela! - Alex se aproximou mais um pouco. 

- Esqueça a Piper! E vá embora. Eu posso muito bem chamar a polícia. 

- Olha só... Eu amo a sua filha, tá legal? E ela diz que me ama. Eu preciso falar com ela. E eu não vou desistir, até que ela mesma me mande ir embora! - Foi firme.  

Ao perceber Carol abrir o portão,  Alex se afastou de novo. 

- A Piper não a ama. Estava confusa quando se aproximou de você. Ela... tem um namorado. É... - Carol a olhava. Agora seu tom era mais ameno. - Eles brigaram. Ela estava carente. Você apareceu em seu momento de fragilidade. Ela ficou confusa. Mas, agora estão bem. Ela só está sentindo pena de você. Entende?

Alex negou com a cabeça, olhando a nos olhos. Carol se manteve encarando-a. 

- É mentira. - Alex mordeu o lábio inferior, pelo nervosismo. Não podia ser verdade. 

- Não é! Ela tem um namorado, e eles se reaproximaram. Agora por favor, vá embora. 

- Não. Eu vou ficar!  

- Não me obrigue a chamar a polícia! 

- Por mim tudo bem! Que eu saiba a rua é pública. Eu posso, e vou, ficar aqui o tempo que eu quiser. Eu quero falar com a Piper. 

- Eu já disse que ela estava confusa. Ela tem um namorado! Você não escutou?

- Tá! Ficarei até ele vir. Só aí irei embora. - Alex virou as costas pra ela, entrou no carro, deu ré, se afastando um pouco da casa. Saiu do carro, e se encostou no mesmo, olhando pra Carol. A mulher bufou e entrou, batendo o portão. No mesmo momento teve uma ideia.