História Liars - Prólogo

Ela sabia que estava se arriscando muito no momento que seus pés encostaram na grama esverdeada. Com uma urgência súbita, ela puxou o rapaz com uma força que ele não poderia imaginar vindo daquela pequena garota. Ela fungava, reprimindo o choro com toda sua força. Ele tinha o rosto selado em uma expressão neutra, nem desesperado e nem perigosamente culpado. Conforme desciam, perdiam o controle dos passos, os pés se arrastando na grama. A descida foi rápida e suja, e quando chegaram no final do terreno, havia terra e grama por todo lado. A culpa golpeava-os a cada batida dolorosa de seus corações. Mas eles não podiam parar, continuaram correndo até só haver árvores, tão profundamente infiltrados na floresta que o céu não era mais visível. Pela primeira vez naquela noite, ela respirou fundo. O ar tinha cheiro de madeira queimada, terra úmida e um aroma doce que ela não foi capaz de identificar. Sua cabeça doía em um ritmo constante. Ele sentou-se no chão lamacento e encostou a cabeça em uma árvore. Ele sempre tinha pensado que quando este momento chegasse, seria frio e silencioso como a morte. Mas não era. Ele sentia suas células queimando, o calor o sufocando. E a floresta não deixava o silêncio se instalar, haviam ruídos por todo lado. Ele sentia que ela estava o olhando, mas ele não devolvia o olhar, continuou olhando para a copa das árvores. Ela suspirou e desistiu, jogou-se no chão sem delicadeza, sentindo a lama encharcar suas vestes. Durante um tempo, tudo permaneceu calmo. Por alguns minutos, eles não tinham nada a temer. Era por pouco tempo, quase nada, mas para quem estava caminhando em direção a morte, era tudo.