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História Liberdade para Voar - Reencontro


Escrita por: ColorfulHanabi

Notas do Autor


Olá, boa leitura, mais nas notas finais :)

Capítulo 4 - Reencontro


Dormiram abraçados, e pela primeira vez naqueles dias, o medo foi amenizado com a sensação de esperança.

 

**

 

A ficha ainda não havia caído completamente. Sakura se olhava no espelho, apenas de calcinha e sutiã, analisando sua barriga, em um ato inútil de tentar entender o que estava acontecendo e iria acontecer com seu corpo com o passar dos meses. Ela tocava a região de seu umbigo, reclinando a cabeça para os lados, como se não conseguisse acreditar que em breve aquela barriga iria crescer ao ponto de abrigar um bebê ali. Virou de lado, tentando se imaginar naquele estado. Torceu os lábios; não sentia que combinava consigo. Tentou tocar os seios, que estavam doloridos e haviam começado a inchar, e fez outra careta quando percebeu que a dor aumentava a cada dia. Sasuke escolheu justo aquele momento para entrar no quarto.

 

– Tudo bem? – ele perguntou hesitante, surpreso por pegá-la naquele ato.

 

– Não sei... – respondeu, frustrada. – É só que... não parece real ainda.

 

Ele se colocou no espelho atrás dela, abraçando-a por trás, e ela sentiu aqueles braços envolverem sua cintura, e a testa dele se apoiar em seu ombro. Elevou a mão para afagar aqueles cabelos arrepiados e macios.

 

– Sakura...

 

– Hm? – ele não chegou a responder, não verdadeiramente. Ela ouviu seu suspiro e ele murmurou depois que eles iriam se atrasar para a consulta médica, a primeira de muitas.

 

Sakura suspirou também, já irritada com tudo aquilo. Desprendeu-se do abraço dele, vestindo a primeira roupa que encontrou. Era a primeira semana depois da tensa conversa com a família Uchiha, e o imponente senhor Fugaku Uchiha já os estava deixando loucos. Ele fez questão que o pré-natal começasse imediatamente, de modo que fez Sasuke marcar uma consulta com o renomado médico da família. Além disso, dizia para os dois terem “juízo” e “agirem discretamente”, e ao mesmo tempo planejando como evitar que a notícia se tornasse um escândalo quando a mídia descobrisse. Mikoto Uchiha queria saber todos os dias se ela estava se sentindo bem e se precisava de alguma coisa.

 

No momento, Sakura precisava de privacidade. Tudo havia acontecido de repente, e ela ainda estava tentando se acostumar com aquele fato, com aquela verdade. Sasuke parecia concordar com ela, e também parecia tão perdido quanto. Parecia simplesmente inacreditável que aquilo estivesse acontecendo com eles, mas estava. Talvez a ficha só fosse realmente cair quando eles segurassem o bebê nos braços.

 

Por enquanto, só podiam ser pacientes e tentar se apoiar. Sakura suspirou pesadamente, terminando de se aprontar e saindo com Sasuke para irem ao médico da família. Fugaku Uchiha garantiu a eles que o médico era confiável e não contaria a ninguém sobre eles, afinal, isso também quebraria a confidencialidade médico-paciente. Mas é verdade que o médico ficou um pouco chocado quando viu o Uchiha mais novo entrar no local com um sorriso envergonhado, e a moça de cabelos rosa ao lado dele. O médico, Miyazaki-sensei, prontamente fez um ultrassom e disse a Sakura que ela estava de cinco semanas, e previu o nascimento do bebê para o começo de abril. Sakura estreitou os olhos para tentar decifrar as imagens do ultrassom, e não disse nada na hora, mas sentiu um aperto no peito ao ver aquele protótipo de ser dentro de si, menor do que um grãozinho de arroz. Miyazaki-sensei ordenou vários testes e exames para verificar sua saúde, viu sua altura, seu peso, e a informou sobre os sintomas que poderia sentir e como ter uma gestação saudável e cuidados com a saúde nesse período. Marcou também a próxima consulta para o mês seguinte e despediu-se com um sorriso. Sasuke guardou a foto do ultrassom na carteira.

 

Sasuke dirigiu até o apartamento da rosada, onde a deixou. Antes de sair do carro, ela virou-se em tom preocupado e disse:

 

– Vai voltar a trabalhar agora?

 

– Vou. Tenho uma reunião importante, e... não quero brigar com meu pai de novo agora. – a voz dele estava cansada, mas ele tentou sorrir para tranquilizá-la. – Você vai ficar bem?

 

– Com quem você pensa que está falando, Uchiha? – agora foi a vez dela de tranquilizá-lo, e ficou aliviada quando o leve riso dele em resposta ao sorriso dela pareceu sincero.

 

– Ligue se precisar de alguma coisa, Haruno.

 

– Digo o mesmo. – ela lhe deu um rápido beijo nos lábios e se foi.

 

Os sintomas iniciais da gravidez estavam vindo aos poucos. Sakura deu graças por não estar sentindo enjoos, pelo menos ainda, mas os seios doloridos, as dores de cabeça e o aumento do apetite já eram notáveis. Estava se sentindo mais cansada, e seu humor estava oscilante, apesar de ela estar conseguindo controlar-se melhor conforme os dias passavam.

 

Em seu emprego, as enfermeiras e crianças haviam lhe dado os parabéns quando ela contou, mais por ter pessoas diferentes com quem conversar do que por desejar compartilhar algo tão pessoal de sua vida. Os amigos que ela havia feito ali também mostraram-se surpresos, mas quando pediram para ela revelar quem era o pai, preferiu mudar de assunto.

 

Ainda sentia-se nervosa com tudo aquilo, mas de certa forma, falar sobre o assunto ajudava. Isso sempre havia funcionado contra ela até pouco tempo atrás. Nunca gostou de se abrir, de falar sobre seus problemas. Quando finalmente conheceu Sasuke e aprendeu a confiar nele, libertando-se de Tsunade, percebeu que também havia conseguido crescer em relação àquilo. Por isso, mesmo que estar grávida fosse assustador, ela acreditava que no fim, tudo ficaria bem. Ela já havia passado por tantas coisas ruins, e se tornara forte e confiante por causa daquilo, e não era agora que iria falhar. Principalmente quando tinha Sasuke ao seu lado, a pessoa que ela mesma escolhera.

 

Mas ainda faltavam algumas pessoas a quem contar aquela novidade tão assustadora: suas irmãs de alma, as pessoas mais importantes da sua vida, que haviam estado com ela sempre. Elas haviam combinado de se encontrar novamente no “Jardim Secreto”, o local nas profundezas de uma floresta que era apenas delas, um lugar especial, ao qual elas sempre poderiam voltar. Sakura divertiu-se com o fato de o encontro estar marcado para o próximo fim de semana, logo depois que ela descobrira estar grávida. Já conseguia imaginar o choque no rosto das meninas e a reação de cada uma. Ah, mas sentia-se insegura em relação a Ino. Será que a amiga ficaria feliz por ela estar grávida, quando Ino havia perdido seu próprio bebê antes?

 

Não, não poderia pensar daquela forma. Ino ficaria feliz por ela, na verdade, conhecendo aquela loira, seria ela quem provavelmente faria mais barulho em relação àquilo.

 

Na água quente do banho, Sakura molhou os cabelos e suspirou, acalmando-se. Não importa o quão caótica sua vida estivesse ou quão preocupada aquilo a deixasse, pensar no apoio de suas irmãs de alma era o suficiente para fazê-la se acalmar e acreditar que tudo daria certo no final. O apoio delas seria essencial nessa nova etapa de sua vida, ela tinha certeza.

 

Ah, é mesmo. Ela precisava avisar Sasuke que iria vê-las no próximo sábado.

 

**

 

– Tem certeza? – Sasuke a olhava com uma sobrancelha erguida e um rosto relutante, expressão que ela odiava ver.

 

– Claro que sim, por que não teria? São minhas amigas e são os raros os momentos que podemos nos encontrar. – estava jantando na casa do moreno na quinta a noite, e dissera a ele sobre sua viagem no sábado. Sasuke não pareceu aprovar a ideia.

 

– Eu sei, mas... você está bem para ir?

 

– Estou ótima! – a frase saiu um pouco mais rude do que ela pretendeu. – Não precisa se preocupar. – Sasuke suspirou.

 

– Você diz isso, mas eu sei que sempre tenta bancar a durona mesmo quando é impossível. – ele disse baixo, mas não foi inaudível. Sakura suspirou, já irritada. Às vezes Sasuke realmente se esquecia de quem ela costumava ser.

 

– Eu já passei por coisa pior. Estar grávida não significa estar inútil para fazer as coisas, criatura. E eu preciso dessa viagem. Faz tempo que não me encontro com elas.

 

– E se você passar mal no caminho? E se vomitar, desmaiar, ou...

 

– Sasuke. – ela o cortou, sua voz séria. Antes de ficar brava, tinha que se lembrar de que Sasuke deveria estar ainda mais assustado e perdido do que ela. Ele só estava preocupado. – Eu vou ficar bem, prometo. Não tive enjoos nenhuma vez. E eu me lembro que um dia você disse que eu era uma das pessoas mais fortes que já havia conhecido. Não pode confiar em mim agora para isso?

 

Sasuke apoiou o rosto em uma das mãos dobrada na mesa, dando-lhe um sorriso fraco, apesar de seu olhar ainda mostrar preocupação.

 

– Você é forte, Sakura, isso não mudou. Mas também é teimosa, cabeça-dura e...

 

– Tá, tá, tá, criatura, já entendi. – sua voz estava irritada, mas ela entendia o que ele estava dizendo. – Mas eu vou ficar bem. Prometo. – ela olhou no fundo daqueles embriagantes olhos negros, e esperou que eles enxergassem a sinceridade do olhar dela.

 

– Hum. Se isso te fizer bem, vá. – ele terminou em um sussurro gentil. – Mas tome cuidado. – ela acenou com a cabeça, apenas para tranquilizá-lo.

 

No sábado de manhã, quando Sakura partiu, ele pediu para ela avisá-lo quando chegasse, para garantir que estivesse tudo bem, mas Sakura desculpou-se e disse que não haveria sinal na área densa da floresta para onde iria. Sasuke quase surtou, mas ela lhe garantiu que ficaria bem.

 

– Ah, e mais uma coisa: meu pai te intimou a ir à mansão amanhã. – Sakura respirou fundo, mas sabia que agora Fugaku Uchiha não iria sair do pé de ambos. Acenou com a cabeça e deu-lhe um beijo de despedida, prometendo estar de volta antes de escurecer.

 

Sakura demorou algumas horas para chegar ao local combinado, mas já conhecia aquele caminho. O Jardim Secreto era aquele lugar especial que seria para sempre apenas delas, não importa o que acontecesse. A última vez que haviam se visto fora em março, e naquele dia, haviam encontrado um bilhete de Ino ali. Dessa vez, Sakura esperava que encontrassem a amiga por completo. Ino as havia contatado pouco tempo depois do primeiro encontro, e elas prontamente haviam combinado o segundo. Sakura tentou acalmar a saudade em seu coração, mas o sorriso que involuntariamente apareceu em seu rosto já dizia tudo sobre seus sentimentos.

 

Foi a última a chegar. Em sua defesa, a culpa foi de Sasuke, por ter lhe perguntado mil vezes se realmente estava se sentindo bem antes de ir, e não deixá-la sair com o carro até que respondesse as mil vezes. Estacionou em uma grande sombra, observando o carro das outras, e ali, em um pequeno bangalô feito de madeira, ela avistou suas irmãs de alma.

 

– Sakuritaaaaaa! – a voz sempre alegre de TenTen a cumprimentou, e ela saiu do pequeno quiosque e pulou em cima de Sakura, quase esmagando seus ossos. Se isso tivesse acontecido um ano antes, Sakura apenas teria revirado os olhos e se soltado, pedindo para TenTen se acalmar, mas agora, ela apenas sorriu e a abraçou de volta. Quando desfizeram o abraço, viu que TenTen estava chorando.

 

– O que foi? – perguntou assustada. TenTen respondeu com a voz embargada de tanto chorar:

 

– É que... é que estamos todas aqui! Eu estou tão feliz que não me importo em parecer um bebê chorão! – e abraçou Sakura de novo.

 

– Francamente, TenTen, faz só alguns meses desde nosso último encontro. – Sakura desviou os olhos para a direita e viu Temari parada na porta, com seu ar maduro e seu sorriso maternal. – É bom te ver de novo, Sakura.

 

Sakura acenou com a cabeça enquanto TenTen a soltava de seu abraço de urso, e logo em seguida, Hinata apareceu ao lado de Temari, sempre com aquela expressão gentil.

 

– Ah, Sakura!

 

Sakura sorriu, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, avistou uma densa cabeleira loira por cima de Hinata, e aquele sorriso tão maroto e familiar de sua melhor amiga de novo. Foi então que entendeu como TenTen estava se sentindo, e as lágrimas vieram sem esforço.

 

Saiu correndo para abraçar as outras, e por um momento, voltaram a ser criancinhas barulhentas. Um abraço em grupo se seguiu, e em seguida Sakura limpou os olhos molhados, envergonhada, e começou a dar uma grande bronca em Ino, por ter fugido de repente, por ter feito com que elas ficassem preocupadas e por toda aquela confusão que acabou resultando na liberdade de todas as Wings da Organização de Tsunade. Depois de matarem a saudade inicial, sentaram-se na mesa redonda no centro do bangalô e começaram a tomar o chá que Hinata havia preparado e a comer guloseimas que Ino e TenTen haviam levado.

 

– Então vocês deveriam me agradecer! Eu comecei a revolução! – Ino disse, limpando uma última lágrima e sorrindo de orelha a orelha.

 

– Sim, depois de fugir com meu irmão, colocar um país inteiro à procura dele, tornar-se inimiga de Tsunade e quase nos matar de preocupação! – Temari entrou na conversa, puxando a orelha de Ino.

 

– Naquela época tudo parecia tão mais difícil... – Hinata enxugou sua própria lágrima, e seu sorriso mostrava superação. – Pensamos que nunca iríamos conseguir um final feliz, pensamos que havíamos te perdido para sempre, Ino... e aqui estamos, mesmo depois de todo o drama e dificuldades!

 

– Isso serve como lição também! – TenTen entrou na conversa, recuperada de seu choro, mas nunca de sua animação. – Não importa quão encurraladas estivermos, quão difícil pareça a situação ou quão sem esperança pareça o final, isso serve para mostrar que sim, há uma saída, há esperança, e há um final feliz!

 

Ino riu.

 

– Lamento ter causado tanta preocupação, meninas, mas naquela época, eu apenas imaginava o pior cenário possível, que era Tsunade perseguindo a mim e a Gaara por toda a eternidade, por isso saímos escondidos. Eu não me permiti ter falsas esperanças por medo de que fosse decepcionada, mas agora, percebo que se eu tivesse confiado um pouco mais em mim e vocês, talvez poderíamos ter resolvido isso de forma melhor... – havia um pouco de arrependimento na voz de Ino, mas TenTen a tranquilizou.

 

– Você fez o que tinha de fazer na época, Ino! O resto foi conosco! Agora Tsunade deve estar vivendo bem longe com Kurenai, e todas as Wings estão livres pelo mundo afora!

 

– Sim, fico muito feliz por todas nós! – Ino sorriu novamente.

 

– E a situação com Gaara, Ino? Houve um grande rebuliço quando o País do Vento o deu como desaparecido.

 

Ino deu um sorriso travesso, desculpando-se pela confusão.

 

– Ah, quanto a isso... bem, eu e Gaara de fato trouxemos muitos problemas a todos, não é? Bem, depois que soubemos que Tsunade não seria mais uma ameaça, ficamos bem mais tranquilos, pois não precisávamos mais nos esconder... mas o pai de Gaara não iria aceitar alguém como eu para ser a esposa de uma pessoa tão nobre como ele. Bem, Gaara e seu pai tiveram uma grande briga quando o Senhor Feudal do País do Vento descobriu a verdade... mas no fim, Gaara bateu o pé e disse que somente ele poderia fazer as escolhas de sua vida... e disse que abdicaria da sucessão de seu pai e de todos os seus direitos para ficar comigo...

 

– Aah, que lindo – TenTen tinha os olhinhos brilhando, quase chorando novamente.

 

– Bem, no fim, o Senhor Feudal aceitou a abdicação de Gaara, e permitiu que vivêssemos juntos. Mas acho que ele nunca quis brigar com o filho, então nos fez prometer ir visitar sempre que pudéssemos.

 

– Que bom que acabou pacificamente. – Hinata deu um suspiro de alívio.

 

– E onde estão morando agora? – Ino deu um sorriso malicioso.

 

– Hm, isso é segredo!

 

– Não é justo! Você sabe onde nós moramos, Ino! – TenTen fez beicinho, e Temari completou:

 

– Eu sei onde eles estão morando, porque eu não moro tão longe assim. Mas Gaara e Ino ainda tem um certo receio de serem encontrados por alguém indesejado, então vamos manter o local em segredo por enquanto.

 

– Hmpf! Como se fôssemos contar a alguém! – TenTen parecia indignada.

 

– Desculpe, TenTen, mas eu prometi ao Gaara não contar por enquanto. – Ino fez uma pose arrependida, se desculpando. TenTen suspirou.

 

– Bem, contanto que vocês estejam felizes, acho que o resto é irrelevante...

 

– Isso! – Hinata completou.

 

Sakura estava muito feliz por estar tendo aquela conversa, aquele reencontro. Não falou muito durante as palavras animadas das amigas, mas sentia o alívio dentro de si crescendo conforme ficava sabendo do rumo que a vida delas havia tomado. Ino e Gaara estavam vivendo felizes em algum lugar no interior. Temari continuava viajando pelo mundo e fotografando a natureza e a vida; ela havia entrado em competições de fotografia e estava ganhando prêmios, seu talento sendo reconhecido. TenTen agora fazia parte de um time de elite da Central de Inteligência das Cinco Grandes Nações, junto com outras Wings que optaram trabalhar lá. Ah sim, ela também estava apaixonada por seu chefe, um agente especial chamado Neji. Segundo ela, ele tinha os olhos como os de Hinata. E Hinata... bem, Hinata estava estudando pediatria e namorando Naruto, o alegre policial da Central de Inteligência que havia ajudado a desmascarar Tsunade.

 

Mas Sakura sabia que aquele momento iria chegar. O momento em que todas se virariam para ela e perguntariam o que estava acontecendo na vida dela. Ino comentou que ela estava muito quieta durante as conversas, e TenTen retrucou dizendo que Sakura sempre havia sido daquele jeito. Ino sorriu se desculpando, dizendo que só estava curiosa em relação a certos assuntos, como por exemplo, como estava o elefantinho cor-de-rosa de Sakura?

 

Ao ouvir aquela pergunta daquela forma, os olhos de Sakura se arregalaram, e as memórias a invadiram. Sim, memórias de quando ela e Ino estavam em uma missão juntas, uma missão para ele, tentando ajudar a menininha Meiko Okazaki e prender os suspeitos pelos seus maus tratos. Naquela época, Sakura ainda o rejeitava. Naquela época, ela tinha medo de expor seus sentimentos, de se aproximar demais e acabar ferida, de deixar aquilo evoluir para algo que ela não conseguisse mais controlar. E no fim, ela percebeu que quanto mais tentava se afastar, maior era a dor. Quando mais tentava esquecê-lo, mais sua ânsia de vê-lo crescia. Quanto mais tentava odiá-lo, mais acabava gostando dele. Fora muito relutante na época, covarde e teimosa. Ino tentou ajudá-la a aceitar esses sentimentos, e ela se lembrava de uma conversa muito peculiar:

 

– Você chega nas pessoas e diz: não pense em um elefante cor-de-rosa! E sabe qual é a primeira coisa em que elas pensam? Sim, em um elefante cor-de-rosa, o elefante mais cor-de-rosa de todos!

 

– Chega.

 

– Saiba que é isso o que você está fazendo agora, Sakura. Sasuke é seu elefantinho cor-de-rosa.

 

Ino piscou de forma travessa e as outras olhavam dela para Sakura, esperando uma explicação. Sakura gaguejou um pouco, tentando escolher as palavras certas, tentando se acalmar e lembrando que estava entre amigas que só iriam ajudá-la.

 

– É... bem... vocês me conhecem, sabem que nunca fui boa nessas coisas de amor... – começou, tentando manter seu tom alegre.

 

– Hummm... o que eu sei é que você estava se dando bem com um moço famoso, Sakurita! Que tal nos contar tudo? – TenTen a provocou.

 

– TenTen, acalme-se. – Temari interviu, e Sakura olhou para Ino com um sorriso sem graça, pedindo ajuda. Ino apenas riu de forma gentil.

 

– Como vai a sua vida, Sakura? E como vai Sasuke?

 

– Sim, esse mesmo! Foi uma surpresa quando soubemos que você tinha fincado as garras em um daqueles Uchiha famosos, Sakurita! Estou tão orgulhosa de você! – TenTen falava e as outras riam baixinho, e Sakura suspirou, derrotada.

 

– Você parece feliz, Sakura. – Hinata comentou, e Sakura percebeu que todas sempre estiveram torcendo pela felicidade dela também. Isso foi o suficiente para reunir coragem e contar sobre sua vida nos últimos meses.

 

– Continuo em Konoha. – ela começou. Não poderia contar a história pela metade. – O hospital onde trabalho é grande e atende várias cidades da região.

 

– É mesmo, você trabalha com crianças. Qual é o seu apelido? Tia Megera? – TenTen brincou, e Sakura admitiu que ela não estava muito longe da verdade. Pelo menos, esse poderia ser o apelido dela um ano atrás, quando ainda evitava crianças como o diabo evita a cruz. Mas não mais.

 

– Na verdade, as crianças me adoram. Eu sou a tia favorita deles. – falou com convicção, mesmo que não fosse exatamente verdade.

 

– Quanto progresso! – Temari comentou, e Hinata aplaudiu. Ino continuava observando-a com um olhar maroto. – Então sua vida parece nos eixos... mas conte-nos mais sobre esse Uchiha, Sakurita... – quando até Temari resolvia chamá-la por aquele apelido horrível inventado por Ino, significava que todas estavam bem empolgadas. Sakura sentiu seu rosto corar.

 

– Sasuke e eu... estamos bem. – começou, hesitante.

 

– Bem? Como assim, só bem? Diga-nos que está tudo maravilhosamente fantástico, Sakurita! – Ino a incentivou. Sakura sorriu de forma triste, suspirando.

 

– Estamos bem. Quer dizer... aquela criatura irritante parece ter um único objetivo de vida, que obviamente, é me irritar. Mas... estamos felizes. Eu estou... aprendendo a confiar e... ele também. E... eu o amo.

 

Sakura não quis olhar para o queixo de todas ali caindo simultaneamente quando ela disse a palavra proibida de Sakura Haruno. Amar. É, com certeza ela estava evoluindo. Ino sentiu-se contente pela amiga. Ela finalmente havia encontrado em Sasuke um lugar para voltar, alguém em quem confiar sua vida. TenTen estava chorando de novo.

 

– Estou tão feliz por você, Sakurita!! – e ela se jogou nos ombros de Sakura, chorando de felicidade. – Por favor, nos convide para o casamento!

 

– Casamento? Não disse nada sobre casamento! – Sakura sentiu-se desesperar por um segundo, e lembrou-se de que ainda tinha outra notícia para dar. Esperou TenTen se acalmar, respirou fundo e recomeçou.

 

– Na verdade... algo aconteceu. – Sentiu as meninas, principalmente Ino, mudarem suas expressões e a olharem de um jeito mais sério. Tinha esquecido de quão bem elas conseguiam ler suas expressões. – Nós levamos um susto quando descobrimos, e por um momento eu pensei que tudo estaria perdido. Na verdade, acho que a ficha nem caiu direito ainda, e...

 

– Ai meu Deus, o que houve? O que houve? – TenTen roía as unhas, e Hinata a olhava de forma reconfortante.

 

– Eu descobri há duas semanas que estou grávida. – ela disse em um sussurro. Contar a suas amigas foi muito mais fácil do que contar a Sasuke, e um milhão de vezes mais reconfortante do que contar à família dele. Viu o queixo de todas cair ao mesmo tempo pela segunda vez, mas dessa vez não sentiu medo de suas reações, nem insegurança quanto àquele fato ser verdade. Sentiu-se acolhida.

 

Sentiu-se acolhida quando elas lhe desejaram parabéns, quando choraram de felicidade e desejaram que tudo corresse bem. Começaram a falar de bebês, de como seria um bebê de Sakura, e o quão incrível ela seria como mãe. Começaram a recordar memórias de quando eram crianças, de suas jornadas, de suas missões, de seus crescimentos e amadurecimentos, e como parecia surreal que uma delas agora seria mãe.

 

– Ah, o tempo com certeza passa rápido, pregando peças em todo mundo... – Temari refletiu sobre as mudanças radicais que já haviam começado a acontecer.

 

– Já pensou em nomes caso seja um menino? E menina? Já compraram as roupinhas? Ah, e os sapatinhos? Já começaram a decorar o quarto?

 

TenTen fazia perguntas e mais perguntas, animada. Sakura sentiu-se segura por estar recebendo todo aquele apoio. Quando descobriu sobre a gravidez, sua primeira reação foi rejeitar tudo e pensar no pior. E mesmo que ela soubesse o quão difícil seria para ela e Sasuke assumirem essa responsabilidade, ela começou a se sentir mais forte em relação a si mesma. Tentou acalmá-las, dizendo que estavam fazendo muita algazarra, mas na verdade, estava feliz por ter encontrado uma reação tão positiva. Nunca achou que teria jeito para ser mãe e continuava se achando bruta e rude demais, mas se suas amigas tinham confiança nela, ela resolveu ter um pouco também.

 

Quando Sakura mostrou a foto do ultrassom, Hinata corou ao ver, e TenTen disse que havia um método para verificar o sexo do bebê já no segundo mês, e tentou observar para ver se conseguia algum resultado, mas sem sucesso. Até Temari se emocionou quando viu, e Ino sorriu gentil enquanto a foto rodava a mesa.

 

Conversaram a tarde toda, sobre seus anseios para o futuro, seus planos imediatos e a gravidez de Sakura. Ao final do dia, Sakura sentia-se feliz, e bem consigo mesma. Ela poderia voltar para a casa de Sasuke e lhe dar um abraço apertado, dizendo que nem a família dele, nem ninguém poderia abalá-los a partir de agora. Ela sabia disso. Ela acreditava nisso agora. Suas melhores amigas e irmãs de alma haviam despertado nela a confiança que ela sempre tivera, mas havia deixado adormecer. Ela era Sakura Haruno, e ela sabia muito bem daquilo. Ela era feroz e nunca desistia. Foi por essa mulher que Sasuke se apaixonou, e ela não tinha mais medo de dizer em voz alta que havia se apaixonado também. Sim, o futuro era deles. Eles poderiam fazer qualquer coisa.

 

**

 

Antes de ir embora, Sakura decidiu que seria melhor conversar a sós com Ino. Ainda se lembrava de toda a dor que sua amiga havia sentido quando foi obrigada a desistir de seu bebê, e não pode deixar de se sentir mal, mesmo depois de todo esse tempo.

 

– Está preocupada comigo, não é? – Ino sorriu quando ela se aproximou, como se lesse seus pensamentos.

 

– Eu... só queria saber como está se sentindo. – Ino desviou o olhar e observou a paisagem da floresta, um verde brilhante iluminado pela luz do sol.

 

– Eu estou feliz. Na verdade, nunca estive melhor. Minha vida com Gaara é como um sonho transformado em realidade. Eu não tenho mais medo, nem arrependimentos. E agora... minha melhor amiga acabou de me dizer que irá ter um bebê! É impossível eu estar mais feliz do que isso! – e a voz dela realmente mostrava que esse era o caso.

 

– Mas... você e Gaara... – Sakura tentou tocar no assunto de forma delicada, mas Ino franziu o cenho e apontou o dedo para Sakura.

 

– Nada de ficar se sentindo culpada por algo que não teve nada a ver com você, mocinha! Eu e Gaara superamos nossas dificuldades, e nada nos impede de seguir em frente. Eu tenho certeza de que você será uma ótima mãe, Sakurita, e Sasuke será o pai mais legal de todos. Eu estou tão feliz por você que poderia sair voando agora mesmo, contando aos céus sobre minha alegria. E quanto a nós... bem... – Ino sorriu de forma marota. – Não é que desistimos de formar uma família só nossa... na verdade, planejamos ter filhos em breve, e dessa vez, sem ninguém para nos impedir. Então, vá, Sakurita. Vá e seja feliz. Dê meus cumprimentos a Sasuke.

 

E daquela forma, elas se abraçaram, e Sakura deixou mais uma lágrima escorrer. Sim, Ino estava bem. Sim, elas iriam ficar bem. Aquilo já era o suficiente.

 

**

 

Começou a dirigir pela estrada até Konoha, sentindo-se muito mais leve. Agradeceu por ter aquelas pessoas ao seu lado, sempre. Mesmo que ela se esquecesse de quem era, aquelas meninas nunca se esqueceriam, e sempre estariam ali para lembrá-la de ser forte e seguir em frente. Antes de irem embora, combinaram o dia e o local do próximo encontro, e TenTen a fez prometer que contaria tudo de novo sobre a sua gravidez.

 

Ainda com um sorriso bobo no rosto, começou a cantar a música do CD no rádio do carro. Quando começou a escurecer, tentou mandar uma mensagem por telepatia para Sasuke, mesmo sabendo que ele não iria recebê-la. Havia dito ao moreno que iria chegar antes do pôr-do-sol, mas parece que havia se deixado levar pela saudade e pelas conversas. Esperou que ele não ficasse tão irritado.

 

Quando finalmente chegou a Konoha e seu celular voltou a receber sinal, viu que tinha muitas ligações e mensagens perdidas dele. Fez uma careta e acelerou o carro, adentrando o condomínio onde ele morava e dirigindo-se àquele sobrado tão familiar. Abriu o portão, estacionou o carro e ouviu a porta dos fundos se abrindo enquanto saía. Sasuke parecia um pouco alterado.

 

– Sakura! Disse que voltaria cedo! Liguei umas quinhentas vezes! – ela se aproximava e ele abriu caminho para ela entrar na cozinha.

 

– Desculpe, Sasuke. Acabamos nos empolgando com as conversas. – ela juntou as mãos em um pedido de desculpas.

 

– E se alguma coisa tivesse acontecido? E se você tivesse passado mal? E se...

 

– Ei, Sasuke. – ela envolveu as bochechas dele nas mãos, fazendo-o olhar para ela. Os olhos dele mostravam um mar negro de preocupação, sempre tão densos e embriagantes. Com os polegares, acariciou embaixo deles e sorriu levemente.

 

– Esqueceu quem eu sou, Sasuke-kun? Posso sobreviver a qualquer coisa.

 

– Eu sei, mas...

 

– Mas nada. – ela o cortou, a voz firme. – Desculpe ter demorado. Mas eu realmente precisei de todo aquele tempo com elas. Mas eu estou bem, e eu voltei. – e sorrindo, ela selou seus lábios nos dele, aprofundando o beijo. Sentiu Sasuke segurar a respiração enquanto envolvia a nuca dele com os braços e bagunçava seus cabelos. Sentiu os braços dele em volta de suas costas, e aproximou seus corpos. Ah... fazia algum tempo que não se beijavam daquele jeito. Depois daqueles dias conturbados de brigas, e depois a descoberta da gravidez, tudo havia ficado tão caótico que haviam até esquecido de reservar um tempo de paz só para eles.

 

Quando o beijo terminou, Sakura manteve seu abraço, mantendo seus rostos próximos. Ele a olhava com interesse.

 

– Sasuke... – ela sussurrou, sentindo toda a atenção dele em si, e sorriu com o fato e com o que estava prestes a dizer. – Eu amo você, tá? – e tocou no nariz dele com a ponta do dedo indicador. Sasuke piscou duas vezes rápido, como se duvidasse do que havia acabado de ouvir.

 

Era a primeira vez. A primeira vez que Sakura oficialmente dizia que o amava com todas as letras. Aquela sensação... não conseguiu descrever o que sentiu. Apenas a abraçou forte, escondendo o rosto na curva do pescoço dela, como uma criancinha envergonhada. Ela afagou os cabelos dele, deixando-o descarregar seus medos nela, naquele abraço tão confortável. Fechou os olhos e deixou o cheiro dele invadi-la. Depois de um tempo, ela continuou, ainda em sussurros gentis.

 

– Então, Sasuke, não importa o que aconteça... eu estou feliz por estar aqui. – Sasuke fungou em seu pescoço, e lentamente ergueu o rosto para confrontá-la. Ele ainda parecia envergonhado, sorrindo como um bobo e sem graça; mas ele parecia feliz, e isso era o mais importante.

 

– Sakura, você... – suspirou antes de continuar. – Só você mesmo para quebrar o meu ritmo dizendo uma coisa dessas.

 

– Bem, acostume-se. Um dia poderei estar dizendo essas coisas até você enjoar. – ele riu também, e ficava tão fofo daquele jeito.

 

– Espero que sim. – e se beijaram novamente.

 

Naquela noite, dormiram em paz, prontos para enfrentar a família Uchiha no dia seguinte, prontos para qualquer desafio e dificuldades que os próximos meses iriam proporcionar. Mas, no geral, estavam felizes por estarem ao lado um do outro.


Notas Finais


Espero que tenham gostado do capítulo, comentários são bem-vindos! Não estou conseguindo postar uma vez por semana, então provavelmente o próximo capítulo sairá daqui duas semanas. Se for demorar mais que isso, eu aviso de alguma forma. Obrigada a todos que estão acompanhando a história e a favoritaram, e até o próximo :D


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