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História Liberdade para Voar - Imagem


Escrita por: ColorfulHanabi

Notas do Autor


Olá novamente, espero que gostem ^^

Capítulo 5 - Imagem


Naquela noite, dormiram em paz, prontos para enfrentar a família Uchiha no dia seguinte, prontos para qualquer desafio e dificuldades que os próximos meses iriam proporcionar. Mas, no geral, estavam felizes por estarem ao lado um do outro.

 

**

 

Sakura não havia acordado muito bem naquela manhã. Não conseguiu comer nada no café-da-manhã e ainda vomitou duas vezes. Sasuke ficou desesperado, atribuindo o mal estar aos sintomas da gravidez finalmente aparecendo. Sakura garantiu que estava bem e que isso logo iria passar, mas ele ficou tenso durante a manhã inteira. Quando ele disse que o motivo poderia ter sido o dia conturbado que ela passou com as amigas, ela fechou o punho e o ameaçou. Mesmo debilitada, ela sabia que poderia quebrar todos os ossos dele. Ela não era mais uma Wing, mas os ensinamentos de Tsunade eram eternos.

 

No fim, a única coisa que ela conseguiu comer (depois de Sasuke insistir até ela ameaçá-lo de novo) foi uma maçã. Sentindo-se cansada, dormiu no sofá de novo enquanto ele adiantava algumas coisas do seu trabalho. Mais tarde, ele a acordou para se aprontarem e irem ao almoço na mansão Uchiha, pois o imponente senhor Fugaku Uchiha os havia intimado. Sakura despertou mal humorada e foi tomar banho, e quando estavam prontos, ela fez cara feia e entrou no carro. Sasuke pegou um saco de pão e colocou no colo dela para o caso de ela vomitar, e ela quase usou o saco para asfixiá-lo por ousar sugerir que ela poderia passar mal. Sakura odiava parecer fraca e dependente de qualquer coisa, e odiava quando Sasuke tentava se intrometer naquilo. Ela sabia que ele estava perdido, mas ela conhecia seu próprio corpo, e não importa quantas vezes dissesse que estava bem, ele agia como se ela fosse cair morta a qualquer momento. Ela sabia que deveria apreciar a preocupação dele, mas sua teimosia sempre ganhava no final.

 

Enquanto Sasuke dirigia, ela tentou se distrair com o ambiente da cidade, observando as pessoas e as casas. Começou a se sentir tonta e resolveu abaixar a cabeça. Antes que ele se intrometesse de novo, resolveu começar um assunto para se distrair também.

 

– Então... sabe por que seu pai nos chamou hoje? – sua voz saíra meio estranha, mas ela se forçou. – Não pode ser só um convite familiar para o almoço, não é?

 

– Conhecendo meu pai, não. – Sasuke respondeu, e ela percebeu que ele estava tenso. – Talvez ele queira saber o que está acontecendo, talvez queira discutir as consultas médicas ou nos falar de qualquer plano que ele tenha feito para decidir qualquer coisa por nós. – Sasuke bufou, irritado.

 

– Acha que ele vai tentar esconder isso? – ela perguntou.

 

– Não sei. A mídia descobriu sobre Itachi e Konan e foi tudo bem tranquilo, mas ela não estava grávida quando descobriram. – agora foi a vez de Sakura bufar. – Mas que se dane a mídia. – Sasuke falou de repente, e ela o olhou, surpresa. – Não me importo se descobrirem. É a minha vida. – e ele não disse mais nada.

 

Sakura sorriu internamente. Sasuke com certeza havia mudado desde que ela o conhecera pela primeira vez. Estava completamente diferente do homem arrogante, mimado, mentiroso e desrespeitoso que havia feito de sua vida um inferno. Sakura havia acompanhado essa mudança lenta, mas progressiva, e estava feliz por estar ali com ele agora. Sentia que ele havia amadurecido e passado a se importar mais com os outros. A alma dele era gentil e tranquila. E era mais inacreditável ainda pensar que ela havia sido uma das causas dessa mudança. Então ela tinha esperança. Sasuke estava disposto a começar uma vida com ela e com o bebê que se desenvolvia dentro dela agora. Se isso tivesse acontecido dois anos atrás, ele provavelmente teria cuspido em sua cara e rido. Mas não agora. Agora ela estava em paz com seus sentimentos, e tinha orgulho de ter se apaixonado por alguém tão carinhoso como ele. E sentiu-se ainda mais feliz por ela, uma pessoa inadequada e que já havia cometido muitos crimes, ter sido aquela a despertar o lado bom dele.

 

Nunca se imaginou tendo uma família própria, e nem sabia como fazer esse tipo de coisa direito. Mas com ele, sentia que poderia fazer qualquer coisa.

 

Viu a mansão Uchiha se aproximar, e seu olhar tornou-se firme novamente, como se estivesse prestes a fazer uma missão de rank S para Tsunade. Ela não iria falhar, nunca falhava. Não era mais uma Wing, mas a ferocidade permanecia dentro dela. Seus enjoos haviam passado. Sentia-se tão forte quanto o Super Homem. Antes de entrarem pela porta da frente, pegou na mão de Sasuke e deu seu olhar mais determinado a ele. Ele a olhou surpreso, mas entendeu o que ela quis dizer, e sorriu maroto. A porta se abriu, revelando uma Mikoto preocupada.

 

– Ah, já estava pensando em ligar! Vocês estão atrasados! – ela guiou-os para dentro, abraçando a cada um por um longo momento. – Como se sente, Sakura, querida? Como estão os enjoos? Está comendo direito? Está se cuidando? Está sentindo qualquer coisa errada? – Sakura ainda conseguia se impressionar com quão gentil a mãe de Sasuke poderia ser.

 

– Estou bem, Mikoto-san. – Sakura tentou sorrir, mas obviamente, a criatura irritante a cortou.

 

– Ela está vomitando e não consegue comer.

 

– Ah, isso não é bom...! – Sakura deu a ele um olhar assassino, mas ele a ignorou. Mikoto continuou falando. – O primeiro trimestre é complicado, então temos que tomar cuidado, Sakura. Você deve descansar bastante, comer bem e fazer os exames que o médico pediu! Consegue andar ou está fraca? Quer ajuda para chegar até a sala de visitas? Sasuke, ajude-a! Eu pego de um lado e você pega do outro.

 

– Ah, não precisa, eu estou bem, Mikoto-san, de verdade! – Sakura recusou educadamente as mãos de Mikoto em volta de seu ombro e começou a andar sozinha para mostrar que estava bem. Sasuke suspirou e a seguiu. O resto da família Uchiha estava reunida na grande sala de visitas.

 

– Ah, Sasuke, finalmente resolveu chegar. – Fugaku levantou-se do sofá, observando-os de cima para baixo, com um olhar severo. – Vamos almoçar, e depois poderemos discutir negócios. – claro, tudo para Fugaku Uchiha eram negócios, até mesmo uma gravidez.

 

Sakura cumprimentou todos ali por educação, e ficou surpresa quando Konan e Madoka a parabenizaram.

 

– Não pudemos conversar no outro dia, mas fico feliz por você, Sakura-san. Estaremos aqui para ajudar. – e Konan sorriu com o bebê Shisui no colo. Sakura fez uma reverência de agradecimento, e mesmo que mal conhecesse Konan, estava grata pelo apoio.

 

Os mordomos da família serviram um bom almoço, e a hora passou pacificamente. Por sorte, não fizeram muitas perguntas a Sakura, e ela ficou aliviada por conseguir comer algumas colheradas dos pratos. Sasuke jogava-lhe olhares preocupados de cinco em cinco minutos, mas por baixo da mesa, a mão dela apertou gentilmente o joelho dele, para tranquilizá-lo de que tudo estava sob controle.

 

Itachi e Yusuke pareciam estar felizes naquele dia, compartilhando com Fugaku o sucesso da parceria com a empresa Sekai no Shisou. Fugaku comentou que deveriam ir almoçar com os mais novos sócios, talvez jogar um pouco de golfe. Konan conversava com Mikoto e Madoka sobre como estava planejando apresentar o Quebra-Nozes na temporada de balé do ano que vem. Sakura permaneceu quieta a maior parte do almoço, e só respondeu quando lhe perguntaram sobre como estava se sentindo ultimamente.

 

Quando os pratos foram recolhidos, café foi servido e a mesa ficou em silêncio, aproveitando os últimos momentos da refeição. Sakura educadamente recusou o café e tentou respirar o menos possível. O cheiro começou a enjoá-la, mas não iria pedir licença e sair da mesa. Não na frente de Fugaku Uchiha.

 

Fugaku agradeceu aos mordomos, e quando ele se levantou, o resto da mesa imitou-o. Ele disse aos serventes que não poderiam ser incomodados, pois iriam discutir os tão famigerados “negócios” e guiou a família para a grande sala de visitas novamente. Uma vez que haviam sido deixados a sós, Fugaku fechou as portas e pediu a todos para se sentarem, pois era importante que a família inteira estivesse a par dos assuntos. Sakura notou como ele propositalmente havia se sentado de frente para ela e Sasuke, e já se preparou para lutar.

 

– Muito bem, precisamos discutir alguns assuntos, e é importante que todos estejam aqui, já que o assunto é sobre o evento beneficente que acontecerá no próximo sábado e no qual nós, Uchihas, teremos uma vital participação e importância. Mas antes... – e aqueles olhos negros e frios, diferentes dos de Sasuke, que eram embriagantes e profundos, fixaram-se nela. – Como está a sua situação, Sakura? Foi ao médico que lhe recomendei? Compartilhe as notícias.

 

Sakura contou até dez mentalmente antes de responder.

 

– Sim, Uchiha-san, fui ao médico e já fiz todos os exames requisitados. Não há nada de tóxico em mim, não se preocupem. – disse a última frase de forma sarcástica, ignorando os olhos estreitos do chefe da família. – Aqui está o ultrassom. – tirou da bolsa a foto e Fugaku a pegou de forma suspeita, analisando-a como se fosse a imagem de um gráfico de gastos complicado ao invés de um bebê no útero. – Miyazaki-sensei disse que estou de cinco semanas e o nascimento está previsto para abril.

 

Fugaku Uchiha passou a foto do ultrassom para sua esposa, que sorriu e passou aos outros.

 

– Já marcou sua próxima consulta?

 

– Sim, para o mês seguinte.

 

– E como está se sentindo? Está se alimentando corretamente? Está seguindo as instruções de Miyazaki-sensei? Sei que não começamos essa discussão da maneira correta, mas já que isso aconteceu, não temos outra escolha a não ser garantir que tudo seja feito da maneira certa. Não permitirei que vocês façam pouco caso disso, então a partir de agora, todos aqui levaremos isso a sério, estamos entendidos? – Fugaku estendeu o dedo para Sakura e Sasuke.

 

Sakura ficou surpresa, precisava admitir. Claro, Fugaku Uchiha não era conhecido por suas palavras gentis e doces, mas mesmo de forma camuflada, será que ela havia entendido aquela fala? Ele estava realmente dizendo que iria apoiá-los durante todo o processo? Sakura apenas acenou com a cabeça, e Fugaku continuou.

 

– Ótimo. Não vou negar que essa gravidez foi um erro irresponsável, mas confio que vocês não irão me decepcionar e irão fazer de tudo para que esta criança venha ao mundo de forma saudável e correta. Afinal, ela também herdará os negócios e o nome da família, e tudo isso estará em jogo. – antes que Sakura pudesse dizer o que pensava sobre a merda do nome da família, Fugaku elevou a voz e continuou. – Onde está morando, Sakura? Sozinha? Está trabalhando normalmente?

 

– Sakura mora sozinha e trabalha no hospital, pai. – Sasuke respondeu por ela, visto que o que estava prestes a sair de sua boca era um jato de veneno.

 

– Muito bem. Não quero você sozinha. A partir dessa semana, pode se mudar para a mansão, acredito que ficará mais confortável aqui. Pode continuar trabalhando até ter a licença médica. – certo, que direito esse homem azedo tinha de dizer onde ela iria morar e o que iria fazer dali em diante? Ela sabia muito bem cuidar de si mesma, e estava pouco ligando se o líder da família não confiava nela para ser responsável. Mais uma vez, no entanto, Sasuke a cortou; ele seria o próximo na lista dela.

 

– Pai, Sakura está bem onde está.

 

– Não diga besteiras, Sasuke. Eu vou garantir que ela seja monitorada caso algo...

 

– Então ela poderia ficar na minha casa. – ele tentou de novo, antes que Sakura realmente soltasse fogo pela boca. – Mamãe pode visitar quando quiser, e Sakura ficará melhor lá. – Fugaku não estava contente de não poder ficar de olho nela, seus olhos de pedra mostravam isso. Ele concordou a contra gosto no fim.

 

– Certo, que seja. Mas quero que me mantenham atualizado. Sakura, pode conversar com Mikoto e Konan se tiver dúvidas. – ele parou por um momento para pensar. – Sim, e acho que podemos usar isso a nosso favor.

 

– O que? – Sasuke perguntou, e seu pai suspirou.

 

– Bem, o outro assunto que quero discutir com vocês é... o casamento. – dessa vez, Sakura riu em voz alta, não conseguiu se conter, e Sasuke engasgou com a própria saliva.

 

– Desculpe, Uchiha-san, mas não quer que nos casemos apenas para manter nossa imagem de bons samaritanos, não é? – Sasuke ouviu o deboche na voz dela, e preferiu que ela tivesse se calado. É verdade que não se importavam com casamento e essas coisas todas, mas se alguém fosse obrigar Sakura a fazer isso por interesses próprios, Sasuke sabia que ela não iria deixar barato.

 

– Ora, e por que não? – sentiu a irritação palpável na voz de seu pai ao ter sido contrariado. – Desde que Itachi se casou, a mídia vem sondando Sasuke, esperando alguma notícia parecida. E segundo me parece, vocês vem escondendo esse relacionamento de nós há muito tempo. Agora que fizeram a proeza de conceber uma criança, acham que poderão fazer o que quiserem no futuro de vocês? Pretendem se separar depois de cinco ou dez anos? Então a relação de vocês não era certa desde o começo. Então isso só irá funcionar da seguinte maneira: ou vocês concordam em seguir isso à risca e encarar todas as consequências de seus atos, ou podemos encerrar isso aqui e agora. Acham que uma assinatura no cartório vale uma discussão? Estão com tanto receio assim de se comprometerem? Isso prova que ainda são crianças irresponsáveis.

 

Sakura soltou um riso de escárnio.

 

– Sinto muito, Uchiha-san, mas ninguém irá me obrigar a porcaria nenhuma. Se Sasuke quiser me pedir em casamento, ele é livre para isso e eu sou livre para responder da forma como quiser. Não será você quem irá decidir isso por nós, nem agora, nem nunca. – Sasuke prendeu a respiração enquanto aqueles olhos verdes ferozes desafiavam seu pai. Sakura era mesmo incrível, e assustadora quando queria. Sasuke sentiu a atmosfera da sala ficar pesada quando seu pai respirou fundo.

 

– Mesmo depois de decidirmos apoiar essa loucura, mesmo depois de tudo o que fizemos por você, acha que tem o direito de nos insultar desse jeito, mocinha? Se não está contente com...

 

– Sinto muito, Uchiha-san, mas aprendi da pior maneira que não posso deixar ninguém controlar minha vida a não ser eu mesma. Saí de um relacionamento materno abusivo há pouco tempo, e finalmente estou livre para fazer minhas próprias escolhas. Não pretendo passar por aquele sofrimento de novo. Eu não devo nada ao senhor, assim como não devia nada à Tsunade. Chantagem emocional não funcionará comigo, pois eu já sofri demais com isso. Minha recusa não é pessoal, mas é a forma como eu escolhi viver minha vida: da maneira que acho certo. – Sakura não hesitou nem um momento enquanto dizia aquilo, e apesar de o rosto de Fugaku estar tão fechado e sombrio quanto as trevas, ele não tinha uma resposta à altura para dar. Sakura estava levando aquilo a sério, tão a sério quanto a ele, mas não iria se submeter àquelas regras idiotas só para satisfazer o enorme ego dele.

 

Brincando com o bebê Shisui no colo, Itachi sorriu e entrou na conversa.

 

– Ora, isso já está bom demais, pai. – todos se viraram para ele. – Tenho certeza de que Sakura sabe o que está fazendo e tem Sasuke ao lado dela. Isso não irá mudar, com ou sem casamento.

 

– Itachi, a mídia irá...

 

– A mídia não tem nada com isso. O importante é o compromisso e o poder de argumentação, e isso, todos nós aqui temos de sobra, não é? – Itachi olhou para Sasuke de forma travessa, e Fugaku balançou a cabeça, como se estivesse desapontado.

 

– Deixe-os, Fugaku. Um casamento forçado estará destinado a falhar. Como Itachi disse, o importante é que os dois tenham responsabilidade, e a mídia pode ser enganada, como já foi tantas vezes antes. A situação está sob controle. – Yusuke também mostrou sua opinião.

 

– Sim, eu confio em meu filho e em Sakura. – Mikoto apoiou-os com sua voz gentil, e Sakura percebeu que até Konan e Madoka sorriam discretamente. Por fim, Fugaku admitiu a derrota.

 

– Ótimo, façam como quiserem. Entenda, Sakura, não tive intenção de lhe ofender ou lhe provocar sensações traumáticas, estou apenas pensando na minha família. – ele suspirou cansado novamente. – Bem, mas pensar na minha família significa ouvir a opinião de todos também. Vou confiar em vocês de que assumirão esse compromisso com seriedade, e terei pena se forem caçados pela mídia e as notícias sensacionalistas depois.

 

– Eu já passei por muita coisa pior, Uchiha-san. Com certeza consigo lidar com alguns fotógrafos e repórteres intrometidos. – Fugaku a olhou de forma assustada, como se temesse que o jeito dela de “lidar” com quem a desagradasse fosse espancá-los até a morte, o que, para o nervosismo de Sasuke, não estava tão longe assim da verdade.

 

– Bem, se decidirem se casar... – e ele olhou para Sasuke de forma sugestiva – ...avisem para que possamos encaminhar as coisas.

 

Sasuke suspirou de alívio, mas resolveu responder.

 

– Eu e Sakura faremos o que acharmos certo, pai. Confie em nós. – Fugaku olhou-o por um longo tempo, como se estivesse analisando aquelas palavras, procurando por uma mentira ou zombaria. Por fim, ele respondeu:

 

– Eu confio, Sasuke. – Sasuke arregalou os olhos, mas Fugaku não lhe deu tempo para ficar surpreso. – Bem, os assuntos não acabaram. Sasuke, eu lhe peço como pai, e Sakura, eu lhe peço como conselheiro, que permaneçam responsáveis e cientes, e não se distanciem de nós. – Sakura e Sasuke abaixaram a cabeça em reverência, e Fugaku continuou. – Bom, como todos sabem, no próximo sábado, acontecerá o evento beneficente para arrecadar fundos para o tratamento de pacientes com câncer do Hospital de Konoha e região. As Empresas Uchiha são as principais patrocinadoras do evento, então iremos marcar presença. O evento é um jantar de gala, como todos sabem, e contará com a presença de centenas de pessoas, médicos, enfermeiros, contribuintes e outros patrocinadores, incluindo as Empresas Senju, nossos principais rivais, que também são patrocinadores.

 

Fugaku deu uma pausa antes de continuar. As Empresas Senju. Sakura já havia ouvido falar. Era o nome de uma empresa rival a dos Uchiha, administrada por uma família rica e igualmente poderosa. Junto com os Uchiha, eram uma das famílias mais influentes no País do Fogo e no mundo, e competiam no mundo dos negócios. Sempre apareciam em jornais, revistas e na TV, assim como os Uchiha, e eram igualmente respeitados e conhecidos.

 

Sakura não sabia de quem havia sido a brilhante ideia de colocar duas empresas rivais como colaboradoras do mesmo evento; talvez uma alma ingênua que acreditasse que era possível esquecer as diferenças para se concentrar no bem maior. Ou talvez uma pessoa muito esperta, pois uma família não iria querer perder para a outra, então ambas iriam prestigiar o evento da melhor forma possível e tentar chamar mais atenção do que a outra. E agora ela, Sakura, também havia sido envolvida nisso. Ótimo. Legal. Bem louco. Empolgante.

 

– Bem, como eu dizia... – Fugaku continuou. – Nossa presença nesse evento é muito importante, pois ele será transmitido ao vivo em todo o país e terá repercussão internacional, afinal, o País do Fogo exporta muita tecnologia medicinal. Então eu gostaria de repassar nosso papel no evento, principalmente a você, Sakura, que irá junto conosco. – sentiu-se congelar no lugar, e começou a entender os esquemas. Fugaku planejava casá-la com Sasuke e exibi-los como o mais novo casal de pombinhos apaixonados, talvez até queria usar a oportunidade para anunciar o noivado deles no evento. Mas que... – Noivos ou não, casados ou não, como você espera um filho de um Uchiha, já está incluída na família, e todos nós a recebemos de braços abertos. Como eu disse antes, esconder essa gravidez será impossível, então o máximo que podemos fazer é controlar a forma como essa informação será exposta. – Fugaku suspirou fundo e Sakura mordeu o lábio e tentou ficar comportadinha no sofá. – Então, durante o evento, quando aqueles cães da mídia vierem nos cumprimentar e pedir entrevistas e satisfações, você será apresentada como parceira de Sasuke, assim como um dia aconteceu com Konan.

 

– Espere pai, não pode estar pensando em expor Sakura dessa forma... – Sasuke começou, mas Fugaku levantou uma mão, pedindo silêncio.

 

– Eu faço o que preciso fazer para ajudar a família, Sasuke. O mundo irá descobrir de uma forma ou de outra. Não estão com vergonha de tornarem esse relacionamento público, estão? E como eu disse, casados ou não, Sakura é agora parte da família, pois vocês estão juntos e ela carrega seu filho. Não me importo que você não tenha registros legais, Sakura, não me importo com quem você foi antes, não me importo se tem ou não dinheiro, se é conhecida na sociedade ou não, se tem status ou não, se é a mulher ideal para meu filho ou não. O que importa é que ele escolheu a você, e você a ele. Vocês assumiram um compromisso com o outro, principalmente quando decidiram continuar em frente com essa gravidez. Não me importa que você seja uma ninguém. Você é a companheira do meu filho e irá ter o filho dele, e eu não terei receio de mostrar isso a ninguém.

 

Sakura estava confusa. Não sabia se Fugaku estava tentando arruinar sua vida ou ajudá-la. Não sabia se estava rejeitando-a ou aceitando-a. Por que era sempre tão difícil lidar com os Uchiha? A cabeça deles parecia funcionar de formas completamente anormais. Tinha certeza de que Fugaku estava tentando transformar uma notícia que seria um desastre em um acontecimento bom para eles, manipulando a mídia e torcendo um pouco a história, e a estava usando para isso. Por outro lado, ele não a havia expulsado da vida de Sasuke, não estava tentando escondê-la e estava oferecendo todo o apoio. Claro, ele só se preocupava com a imagem da família. Mas ele se preocupava com a família em si também, genuinamente. Talvez no fim, ele só fosse um pouco idiota. Um idiota arrogante.

 

– Uchiha-san, espero que não pense que eu sou um item que o senhor pode exibir sempre que tiver vontade para ajudar na imagem da família... – ela fechou o punho, querendo apenas um motivo para voar do sofá e quebrar o nariz dele.

 

– Não, Sakura. Quando se trata da minha família, eu faço o que penso ser o melhor. Vá a este evento como nossa convidada e membro da família.

 

– E depois? Qual é o próximo evento onde terei que ir e sorrir para as câmeras?

 

– Sakura, depois conversamos sobre isso. – Sasuke sussurrou em seu ouvido, tentando acalmá-la. Ele não parecia bravo com o pai, e aquilo a irritou. Sasuke não se importava em fazê-la cumprir os caprichos daquele homem? Sasuke não se importava se o próprio pai estivesse tentando usá-la?

 

– Sakura, não me trate como seu inimigo. Como eu disse, nesse evento, a família inteira irá, e você é parte dela.

 

– Sakura, querida, desculpe-nos a grosseria, mas acredite, meu marido não tem intenções ruins quando lhe faz esse convite... – Mikoto tentou acalmá-la também, e ela percebia o olhar encorajador de Konan e até de Madoka.

 

– Somos figuras públicas, Sakura. Infelizmente, temos de lidar com pessoas que não queremos. – Yusuke também tentou amenizá-la. Será que ela estava exagerando? Mas então o que era essa indignação crescendo em seu peito? – Fugaku só está tentando fazer com que você seja menos prejudicada. Fazer anúncios dessa importância nesse tipo de evento é a melhor forma de formar uma imagem positiva sobre você. Pode parecer insensível, mas dependemos da nossa imagem para nossos negócios e investimentos sobreviverem.

 

– Papai confiou Sasuke a você, Sakura. – até Itachi havia se intrometido, com sua voz séria e pacífica. – Tente confiar em nós também.

 

De repente, ela estava contra a parede. Quando sentiu a mão fria de Sasuke segurando a dela, em uma tentativa de incentivá-la, quase pulou de susto. Sasuke nunca havia tocado em sua mão daquela forma na frente dos pais. Ao olhar nos olhos dele, ela viu ali um pedido; ele estava pedindo que ela aceitasse aquilo.

 

Suspirando alto, irritada com tudo e com todos, Sakura aceitou a derrota.

 

– Muito bem. – disse por fim, sua voz contida. Sentiu a tensão na sala diminuir um pouco. – Mas não pense que eu tenho obrigação com a imagem da família ou que devo alguma coisa a você, Uchiha-san.

 

Fugaku suspirou, e Sakura tentou ignorar o minúsculo sorriso que apareceu no canto dos lábios dele.

 

– Vejo que não mudou, Sakura. – antes que ela pudesse retrucar e mostrar a ele como havia mudado e se tornado mais mortífera, Sasuke apertou sua mão e ela mordeu a bochecha.

 

– Que ótimo, querida! – Mikoto começou a falar, e o bebê Shisui começou a resmungar alguma coisa na misteriosa língua dos bebês. – Depois precisamos arrumar um vestido para você, fazer os preparativos, e...

 

– Sim, mas isso pode ser resolvido depois, Mikoto. – Fugaku recomeçou. – Agora precisamos conversar sobre como será o evento.

 

Resumindo, foi uma longa tarde. Fugaku falou e falou, e depois falou mais um pouco. Aparentemente, esse era um evento muito importante mesmo. Haveria centenas de convidados, de todas as classes sociais, que haviam aceitado contribuir para a causa beneficente. Os Uchiha, assim como os outros patrocinadores, sentariam-se em lugares especiais e dariam entrevistas. Aparentemente, só os membros mais velhos e líderes da família iriam falar, mas haveria perguntas, entrevistas e apresentações. Médicos seriam homenageados, um apresentador famoso iria comandar as atrações, e até prêmios seriam sorteados. Seria um grande evento, e Fugaku esperava que sua família estivesse impecável. Ele também confirmou que iria escolher o momento ideal para anunciar a gravidez de Sakura e seu relacionamento com Sasuke, e pediu mil vezes a todos para serem amigáveis com os Senju, mesmo que se odiassem. Itachi ganhou um aviso especial nessa parte; aparentemente, ele já havia arranjado briga com algum membro da família rival. No fim do evento, o importante seria parecerem felizes e engajados, doarem dinheiro e incentivarem os outros a doar também. Sakrua resolveu pensar naquilo como somente uma festa chata, e ignorar todo o resto.

 

Quando o sermão de Fugaku finalmente acabou, Sakura deu aleluia mentalmente e disse a Sasuke que queria ir embora. Estava com dor de cabeça há algum tempo e a sensação de náusea estava voltando.

 

– Lembre-se de fazer sua mudança o quanto antes, Sakura. – obviamente, o todo-poderoso Fugaku Uchiha iria lembrá-la de suas obrigações como parte da família dali pra frente.

 

– Eu irei visitá-la todos os dias na casa de Sasuke, Sakura! Konan irá me acompanhar também, se não se importar. Será tão divertido, e tentaremos te ajudar com tudo! – Sakura sentia-se desconfortável com aquilo. Sabia cuidar de si mesma sozinha, mas não queria ser grossa com Mikoto e Konan, pois sabia que elas só tinham boas intenções.

 

– Se precisar de mim, estarei disponível também, Sakura-san. – Madoka, esposa de Yusuke, ofereceu sua ajuda também, e Sakura apenas sorriu. Já se sentia sufocada. Sentiu dó de Sasuke. Ele deveria ter se sentido assim durante toda a sua vida.

 

– Sasuke, certifique-se de tudo esteja correndo bem e de que... – depois de mais instruções do todo-poderoso, eles finalmente puderam ir embora daquele lugar.

 

Sakura bufou quando já estavam na estrada, encostando a cabeça no banco do carro e fechando os olhos, tentando controlar a ânsia de vômito.

 

– Desculpe por aquilo. – Sasuke começou em uma voz baixa. – Meu pai só estava tentando...

 

– Não me importo. – ela o cortou, sentindo a ânsia aumentar.

 

– É claro que se importa. Eu vi como você estava enquanto ele falava aquelas baboseiras. – ele hesitou antes de dizer, mas Sakura teria preferido se ele tivesse ficado quieto.

 

– Honestamente, você esperava alguma reação diferente, Sasuke? – ela abriu os olhos cheios de raiva. – Eu já cansei de ser usada. – ouviu Sasuke dar um pequeno suspiro.

 

– Ele não fez por mal. – Sasuke mantinha a voz calma, talvez com medo de uma reação violenta. Ele estava certo em se preocupar. – Sakura... – no entanto, algo no tom de voz dele quando ele disse o nome dela a fez olhar para ele, curiosa. E lá estava uma expressão cansada e infeliz. – Eu sei que você está certa, mas... eu não quero contrariar meu pai agora, então por favor...

 

Ah, ali estava. De certa forma, era irritante.

 

– Você está infeliz desse jeito, Sasuke. Desde quando seu pai tem algum controle na sua vida?

 

– Desde que eu nasci um Uchiha. – a voz dele se elevou minimamente. – É tudo sobre a família, e meu pai fará qualquer coisa pra preservar essa imagem. Eu não posso fazer uma revolução como você fez, Sakura. E eu não quero perder minha família.

 

Sakura soltou um riso de deboche, mas aquela foi a coisa errada a se fazer. Sasuke fechou a cara e não disse mais nenhuma palavra até estacionar na frente do prédio onde ela morava. O silêncio no carro era desconfortável. Por que havia acabado daquele jeito? No dia anterior, estava cheia de esperança, até havia dito o que o amava pela primeira vez, e dormiu abraçada a ele. Por que agora sentia essa raiva? Por que ele se sujeitava tanto aos desejos de sua família se estava infeliz com aquilo? Sakura não conseguia entender. E seu enjoo estava piorando.

 

– Vou te ajudar a fazer as malas.

 

– Como assim? – Sasuke a olhou, confuso.

 

– Combinamos de você se mudar para minha casa. Quanto antes fizermos isso, melhor.

 

– Não. – Sasuke piscou, incrédulo. Sakura pressentia uma briga, apesar de aquilo ser a última coisa que ela queria no momento. Não era dele que estava com raiva, pelo contrário; mas ter de obedecer todas aquelas regras por causa da “imagem” ou qualquer merda do gênero... isso ela não queria.

 

– Não? Por que não?

 

– Porque sua família não manda em mim. E a minha gravidez não tem nada a ver com eles, é sobre mim e você. Eu não vou assinar o contrato para fazer parte de exibições para o seu pai mostrar a imagem tão preciosa de vocês.

 

Sasuke não disse nada por um bom tempo, apenas cobriu o rosto com uma das mãos, como se estivesse tentando se acalmar. Ele conhecia a natureza agressiva e sarcástica dela, havia tentado lidar com seu humor e perigo desde que se conheceram e se vira atraído por aquelas mesmas características. Mas de alguma forma, tudo estava mais difícil agora. O sol já estava se pondo.

 

– Sakura, por favor... – ele sussurrou, praticamente suplicando. – Eu não consigo lidar com isso sozinho.

 

Sakura o observava em um dos raros momentos em que ele abaixava a guarda, e ela via o quão preocupado e perdido ele estava. No dia anterior, havia dito que o amava depois de tanto tempo, sentindo que conseguiriam superar todas as dificuldades. E agora, no primeiro obstáculo, ela estava causando dor a ele... de novo.

 

E ele tinha razão. Ele não poderia simplesmente virar as costas à família, e ela não queria que ele fizesse isso. Ela só queria que ele fosse livre para viver da forma como achava melhor, mas parece que aquilo ainda iria demorar um pouco. Sasuke poderia passar uma imagem fria e superior, calculada e arrogante a quem o visse, mas por dentro, ele era frágil, e somente agora estava aprendendo a lidar com os conflitos familiares e seus verdadeiros desejos. Ela deveria ajudá-lo ao invés de fazer birra e se recusar a ficar com ele, não é? Eles deveriam pensar em como resolver isso juntos.

 

Depois de um longo suspiro, ela se recuperou.

 

– Venha, vamos fazer as malas. – a voz dela era gentil, e ele ficou surpreso pela mudança de atitude, mas grato.

 

O apartamento de Sakura era pequeno e não tinha muitas bugigangas acumuladas. Eles pegaram a maioria das roupas e produtos de higiene, assim como pertences pessoais. Enquanto arrumavam tudo, Sakura pensou que na verdade, fazia sentido eles morarem juntos a partir de agora. Claro, tudo havia acontecido muito mais rápido do que haviam previsto, mas não seria tão diferente assim. E talvez fosse bom para o bebê morar junto com ambos os pais, e não ser passado de casa em casa a cada fim de semana. Considerou-se uma idiota por ter feito tanto drama por aquilo. Ainda estava indignada com Fugaku Uchiha, mas Sasuke também estava tentando lidar com aquilo.

 

Sakura fez uma nota mental de falar com a imobiliária depois e cancelar o contrato do apartamento. Ou talvez ela devesse mantê-lo ali por enquanto? Antes que pudesse decidir, foi ao banheiro vomitar. Sasuke carregou a maior parte das malas, e colocaram metade no carro dele e metade no carro dela, fazendo apenas uma viagem. Ao chegarem à casa dele, colocaram os carros na garagem e fizeram a mudança. Sakura estava se sentindo cansada demais, então aquilo basicamente consistiu em colocarem as malas em algum canto.

 

Mais tarde, quando estavam na cama, Sasuke virou-se para encará-la no escuro.

 

– Sakura...

 

– Hm?

 

– Desculpe. Eu sei que está sendo difícil para você, mas...

 

– Está tudo bem, Sasuke. – ela o cortou, não queria falar sobre aquilo agora. – O importante é ficarmos unidos. – e para não preocupá-lo ainda mais, beijou-o na testa e abraçou-o para dormir.

 

Preparou-se mentalmente para a semana que estava por vir, e os meses que se seguiriam.


Notas Finais


Espero que tenham gostado...e nesse capítulo a família Senju foi apresentada...não consegui colocá-los em Broken Wing, mas vamos ver o que vai acontecer aqui hehe

Até o próximo ^^


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