1. Spirit Fanfics >
  2. Liberdade para Voar >
  3. Em Público (I)

História Liberdade para Voar - Em Público (I)


Escrita por: ColorfulHanabi

Notas do Autor


Olá, desculpem pela demora, não consegui postar antes. Boa leitura :)

Capítulo 6 - Em Público (I)


Preparou-se mentalmente para a semana que estava por vir, e os meses que se seguiriam.

 

**

 

Setembro começou com muito calor em Konoha, e com um pouco de ansiedade para Sakura e Sasuke. Os sintomas da gravidez estavam se mostrando cada vez mais, e Sakura estava tentando lidar com aquilo da melhor maneira que podia. Ela vomitava uma vez por dia e não estava conseguindo comer carnes e ovos. Sasuke sentia-se um pouco perdido quando ela sentia alguma coisa, e tentava não dar palpites quando ela lhe dizia ‘não’ ou para ir se catar porque ele era uma criatura irritante. Sasuke sabia que ela não estava brava de verdade, e queria poder fazer mais para ajudá-la. Sua família também não era exatamente um grande apoio.

 

E naquela semana, eles estavam se preparando para o evento beneficente que aconteceria no sábado. Sakura ainda se sentia indignada com as palavras de Fugaku sobre anunciar ao público sua gravidez e apresentá-los como o mais jovem casal apaixonado. Ninguém tinha nada com a vida dela, e ela não se importava com opiniões alheias e odiava ser usada daquela forma. No fim, ela precisou engolir aquele orgulho para ajudar Sasuke. Ela sabia que ele também não estava contente com aquilo, mas ele precisava do apoio da família e ela só queria vê-lo feliz. Então, por enquanto, decidiu aguentar. Se algo saísse do controle, ela sempre poderia empregar as técnicas que havia aprendido com Tsunade, se algum engraçadinho ousasse cruzar a linha.

 

Por enquanto, no entanto, tudo o que ela precisava fazer era comprar um vestido para ir ao jantar de gala do evento. Na segunda-feira após a longa e torturante conversa com os Uchiha, Mikoto e Fugaku foram até a casa de Sasuke durante a noite perguntar como estavam passando. Fugaku ficou contente por Sakura já ter se mudado, e Mikoto disse que ela e Konan voltariam no dia seguinte para comprarem o tal vestido. Sakura disse que somente estaria livre no horário de almoço do seu trabalho, e Mikoto concordou.

 

Quando o casal foi embora, ela foi para junto de Sasuke e o abraçou forte. Ele não entendeu o repentino gesto, mas não disse nada e a deixou ficar ali pelo tempo que quisesse. O cheiro dele era bom, e a sensação de apertar o corpo dele era gostosa. No final, acabou dormindo ali sem perceber, e Sasuke a acordou cutucando sua bochecha com o dedo indicador.

 

– Se quer dormir, é melhor ir para a cama. – a voz dele estava cautelosa, mas talvez devesse ser o cansaço. Ele não havia tido folga da empresa, e ela se sentiu culpada por tê-lo agarrado e tê-lo mantido no sofá.

 

– Vem comigo então. – a voz dela saiu grogue, mas fez Sasuke sorrir, e aquilo já valeu por tudo.

 

– Vou terminar de trabalhar. Não vou demorar. – ela suspirou, sentindo pena dele, mas se levantou e subiu para o quarto antes que desmaiasse de novo.

 

Pensando bem, fazia tempo que não transavam, mas ultimamente Sakura não estava com humor para aquilo. Talvez fosse o efeito da gravidez, mas ela esperava que aquilo passasse logo. Seu corpo parecia pesado e seus seios doíam muito. Ela com certeza não estava em seus melhores dias, e duvidava que um vestido novo pudesse melhorar aquilo. E só de pensar que teria de ir naquele jantar com a família Uchiha e ficar quieta enquanto Fugaku Uchiha comentava sobre sua vida pessoal para manipular a mídia a favor dele... ela tinha vontade de socar a parede e quebrar tudo. Mas no fim se controlou, porque Sasuke iria ficar bravo se a parede de sua casa fosse destruída.

 

Dormiu imediatamente, e só acordou quando sentiu um peso a mais na cama. Resmungando, virou-se, vendo Sasuke deitando-se, parecendo cansado.

 

– Desculpe te acordar. – ele sussurrou com a voz apática, e nem olhou para ela conforme fechou os olhos. Ela queria alcançá-lo e lhe dizer que estava tudo bem, que ele não precisava se forçar a nada, que ele não precisava deixar a culpa consumi-lo, porque ele não tinha culpa de nada.

 

No fim, não disse nada. Apenas carinhosamente começou a afagar os cabelos dele, passando os dedos pelas franjas e fios negros, levemente massageando a cabecinha tão pesada dele. Sasuke virou de lado e forçou-se a manter os olhos abertos, mas a massagem de Sakura o pegou de surpresa e ele se viu fechando os olhos e relaxando no toque dela. Depois daquilo, Sakura dormiu em paz também.

 

**

 

Sua manhã foi normal e rotineira, como ela já estava acostumada. A única coisa diferente foi que vomitou logo que acordou, mas meia hora depois estava pronta. No hospital, cuidou das crianças doentes, perguntando-se se também seria capaz de cuidar de seu próprio filho. Não disse a suas colegas enfermeiras e nem a ninguém dali que estava grávida.

 

Quando seu turno da manhã acabou, respondeu à mensagem de Mikoto e a encontrou do lado de fora do hospital. Ela estava com Konan em um carro, acenando e convidando Sakura a entrar. Konan estava no volante. Depois dos cumprimentos, Konan começou a levá-las ao centro da cidade.

 

– Como está se sentindo, querida? – Mikoto começou perguntando. Ela parecia animada.

 

– Bem... estou tendo alguns enjoos, mas acho que isso é normal.

 

– Entendo... e os outros sintomas? O primeiro trimestre é crucial para garantir que essa fase inicial corra sem problemas ao bebê, Sakura.

 

– Ah... meus seios doem, tenho dores de cabeça e me sinto cansada, mas nada além do esperado, Mikoto-san.

 

– Entendo. Se tiver qualquer dúvida, pode perguntar a mim e a Konan, querida. Não se acanhe, sabemos como deve estar sendo difícil para você lidar com isso tão de repente.

 

– Ah... obrigada, Mikoto-san.

 

– Você tem preferência de alguma loja, Sakura-san? – Konan se manifestou do volante, e Sakura desviou seus olhos para o espelho. Konan parecia observá-la com interesse.

 

– Ah... não, não tenho preferência. Desculpe incomodá-la, Konan-san. – disse por educação, mas Konan apenas sorriu.

 

– Imagine. Estou disposta a ajudar no que precisar. Sei que não nos conhecemos muito bem, mas Itachi me disse que você é uma boa pessoa, e eu sei que ele está preocupado com o irmão. – a voz de Konan era imponente, mas gentil.

 

– Ah, Itachi sempre foi preocupado ao extremo. – Mikoto deu risada enquanto se lembrava de memórias distantes. – Sempre vigiando Sasuke para que ele não caísse e se machucasse, sempre sendo um irmão tão coruja... e agora está tentando ajudar o irmãozinho de novo! – ela parecia emocionada.

 

– Sim, eu percebi o quanto Itachi se preocupa com Sasuke, Mikoto-san. E também percebi que Sasuke é uma pessoa muito doce, então imagino que deve ter sido um susto para vocês descobrirem a gravidez. – o carro ficou em silêncio, e Sakura pensou que Konan talvez estivesse esperando sua resposta.

 

– Hã... ah, é, bem... não estávamos planejando e... eu nem sei se vou conseguir tomar as decisões certas daqui para frente... nunca pensei que tivesse jeito para ser mãe... – sua voz foi sumindo conforme falava, até a palavra “mãe” soava estranha aos seus ouvidos.

 

– Não se preocupe, Sakura-san. Ninguém sabe ao certo o que fazer quando isso acontece. Quando eu descobri que estava grávida, também fiquei assustada, e eu e Itachi já tínhamos planos de ter um filho. Ninguém pode lhe culpar por estar se sentindo insegura... você é tão jovem e parecia tão confortável com sua liberdade, se me permite dizer, pelo pouco que te vi. – de alguma forma, as palavras daquela mulher a acalmaram. Sakura sorriu, agradecendo com um aceno. Ouviu Mikoto suspirando.

 

– Bem, é verdade que tudo isso aconteceu de repente... nenhum de nós estávamos esperando que isso fosse acontecer... mas quando penso que meu Sasuke será papai também, e eu ganharei outro netinho... ah, desculpe, Sakura, fico tão feliz com isso! – Mikoto sorriu, parecendo ainda mais animada, e Sakura ficou sem graça.

 

– Ah, não precisa se preocupar, Mikoto-san. Fico feliz que esteja nos apoiando, tenho certeza de que isso é muito importante para Sasuke. – e então, Mikoto pareceu triste. – Algo de errado, Mikoto-san?

 

– Ah, é só... Sasuke... ele sempre foi um pouquinho rebelde e travesso. Quando criança, sempre estava pulando por aí, se jogando e se machucando, ficando de castigo quando aprontava alguma. – ela sorriu de forma triste e nostálgica. – Fugaku sempre comentava comigo que enquanto Itachi era calmo e fácil de entender, Sasuke era agitado e por isso, seria difícil de controlá-lo. Bem... ele estava certo no fim. – enquanto Konan dirigia, Sakura deixava Mikoto desabafar. – Eu vi meus filhos crescerem tão saudáveis e cheios de orgulho... eu os guiei o melhor que pude para a vida adulta, e vi como meu marido os preparava para herdar os negócios da família... mas sempre senti que quanto mais isso se aprofundava, mais distante Sasuke ficava de nós... ele parecia não estar feliz ali, fazendo aquilo... e eu me preocupava com todas as vezes que ele não atendia o telefone ou mostrava desinteresse na família, ou não compartilhava assuntos sobre sua vida pessoal conosco... cheguei a pensar que eu havia feito algo errado como mãe... não conheço os amigos dele, e ele nunca me apresentou uma namorada sequer a não ser você, Sakura... e eu sei que ele teve namoradas, ou garotas com quem ele gostava de sair... mas ele sempre me pareceu tão triste e distante depois que cresceu... e ele é ainda tão jovem... e eu queria que ele confiasse mais em mim e em meu marido, no tio e em Itachi, pois sinto que ele está carregando um fardo sozinho e não se sente confortável para nos pedir ajuda... ah, mas o que estou dizendo? – Mikoto chegou a limpar uma lágrima que ameaçava cair. – Estou te deprimindo com minhas histórias sem sentido, Sakura. Desculpe... é que... eu só quero que meu filho seja feliz...

 

Ouvir aquelas palavras sensibilizou Sakura. Mikoto era uma mulher tão gentil e carinhosa, tão amável e bondosa, e sempre se preocupou em fazer o bem às pessoas queridas para ela. Ela parecia muito ingênua para ter conhecido o lado ruim de Sasuke, aquele que ainda existia quando ela o conhecera, arrogante, desonesto, cafajeste e irresponsável; ah, mas ela conhecia Sasuke há muito mais tempo do que Sakura, e sabia da verdadeira natureza dele. Sakura também sabia, mas havia demorado muito tempo para ela aceitar aquilo, deixar de lado seu cinismo e sua teimosia e se permitir aceitar aquelas características positivas. E Mikoto sabia que seu filho estava sofrendo, estava infeliz e distante; ela conseguia sentir, e estava preocupada com aquilo, mas sem saber o que fazer para ajudar. No fim, antes que Sakura propusesse ajuda, a própria Mikoto finalizou:

 

– Sei que pode soar intrometido de minha parte pedir isso, Sakura, mas só de olhar vocês dois juntos, eu sei que Sasuke confia em você e gosta muito de você... – Sakura arregalou os olhos – Então... por favor, cuide do meu filho. Ajude-o nas dificuldades, ajude-o a ser forte e a encontrar a felicidade. Sejam o apoio um do outro nesses momentos confusos.

 

Espantada por Mikoto estar confiando a vida de seu filho caçula a ela, Sakura sentiu uma enorme responsabilidade, junto com uma felicidade pura e indescritível.

 

– Não se preocupe, Mikoto-san. Eu cuidarei de Sasuke, assim como ele cuidará de mim. Então, sinta-se em paz. Tudo está bem entre nós. – Mikoto sorriu aliviada, parecendo ter tirado um peso de dentro de si.

 

Konan proclamou animada que haviam chegado. Aceitando aquele passeio, Sakura se permitiu ser levada pelas duas mulheres para escolher um vestido para ser usado no evento beneficente. Como ela tinha pouco tempo de folga e não se importava muito com aquilo, resolveu não ser exigente em relação à roupa. O importante era que servisse e fosse confortável. Por sorte, encontrou um vestido comprido de tom neutro, não chamativo e que lhe caía muito bem. Comprou um par de sapatos não muito altos para usar junto e disse que já era o suficiente. Na hora de pagar, Mikoto insistiu, mas Sakura insistiu mais ainda e no final, Mikoto concordou em deixá-la pagar metade do preço. Não se sentia bem recebendo presentes daquele jeito.

 

No caminho de volta, Mikoto se ofereceu a marcar cabeleireira para ela, manicure e tudo o que poderia ter direito. Sakura educadamente recusou todos, dizendo que preferia se arrumar sozinha. Konan a deixou no hospital de novo, dizendo-lhe para ligar caso qualquer problema surgisse. Sakura acenou adeus, almoçou qualquer coisa nos vinte minutos de intervalo que lhe restavam e voltou ao trabalho.

 

**

 

O resto da semana passou rápido demais. Sasuke sempre saía cedo e voltava tarde, mais cansado a cada dia. Nas vezes que ela tentou conversar, ele apenas mudou de assunto e disse que estava tudo bem. Sempre perguntava se ela estava se sentindo bem ou como estavam seus enjoos, e ela respondia que estava melhorando, o que era verdade. Ainda não conseguia comer certos alimentos, mas os enjoos não estavam tão ruins.

 

Na noite de sexta-feira, uma noite antes do evento beneficente, Sasuke lhe perguntou quando era a próxima consulta médica, e ela lhe respondeu que seria dali duas semanas. Jantaram em silêncio e depois arrumaram a cozinha em silêncio. Sakura não estava gostando daquilo, sentia que tudo estava errado, muito frio e muito distante. Quando terminaram, ela o pegou pela mão e o levou até a sala, sentando-o no sofá, enquanto ela pegou seu lugar ao lado dele. Ele a olhava confuso, com uma sobrancelha levantada. Ela suspirou e começou a conversa, olhando-o no fundo daqueles orbes negros.

 

– Sasuke... nós estamos passando por isso juntos. Se houver qualquer coisa que você queira me dizer... – Sasuke riu de lado, mas ela não achou que era um riso falso.

 

– É só o trabalho, Sakura. Meu pai quer fazer um novo investimento arriscado e está confiando em mim para tomar a liderança disso. Então eu só estou um pouco sobrecarregado.

 

– Mas por que ele te deu trabalho extra mesmo sabendo que sua cabeça já está cheia por causa... bem, de tudo o que aconteceu no último mês? – Fugaku Uchiha aparentemente não tinha amor à própria vida, porque se ele continuasse castigando Sasuke daquela forma, Sakura não iria mostrar piedade.

 

– Não, Sakura, acalme-se, eu conheço esse seu rosto assassino. – Sasuke foi rápido em detectar a mudança na expressão dela. – Isso é só o jeito de meu pai mostrar que confia em mim.

 

– Uau, que bonito! Se ele te jogar de um penhasco saberemos que ele realmente te ama então! – ela disse de forma sarcástica e brava. Era óbvio que Sasuke não queria continuar com aquilo, mas tudo o que ele fez foi bagunçar os cabelos dela. Aquele era um péssimo hábito que ele tinha quando queria mostrar que ela estava se preocupando à toa. – Ei, meu cabelo! – ele riu baixinho.

 

– Estou acostumado, Sakura. Minha família sempre funcionou assim. Mas eu estou bem, de verdade. Desculpe te preocupar. – o tom dele era leve e gentil, e ele sorria enquanto ela arrumava o cabelo.

 

– Se eu ficar sabendo que seu pai andou abusando de você, ele vai se ver comigo! E estou falando sério. – ela tentou mostrar a irritação na voz, mas ele continuava sorrindo.

 

– Sim senhora.

 

– Não brinque com isso, Sasuke! Eu sei que você não está totalmente bem fazendo o que sua família espera que você faça! Eu vejo como você chega mais cansado a cada dia que passa, eu vejo como você parece mais infeliz a cada dia que passa, e isso eu não...

 

– Sakura, ei! – ele elevou a voz e mudou a posição no sofá, de modo que agora ele é quem a olhava profundamente nos olhos. – Eu estou bem.

 

– Não minta pra mim, Sasuke.

 

– Não estou mentindo. – as mãos dele envolveram as bochechas dela. – Esse não é o trabalho dos meus sonhos, mas eu quero fazer isso, eu quero carregar o legado da minha família justamente para mudar tudo o que eu acho errado nele. Desculpe se estive distante nesse último mês, mas... poderia confiar em mim? – a voz dele estava calma, mas cheia de força. Sakura não esperava por aquelas palavras, mas não tinha nada para retrucar. No fim, ele apenas selou seus lábios nos dela. – Eu estou aqui com você, e nós vamos passar por isso juntos. – e pela primeira vez, ele olhou para a barriga dela, com uma expressão curiosa, como se tentasse enxergar a pequena criatura crescendo ali dentro. – Nós três.

 

Se ela sentiu vontade de chorar naquele momento, foi por causa dos hormônios, com certeza, e não por causa daquelas palavras idiotas proferidas pela criatura mais idiota do mundo. Por fim, suspirou derrotada e sorriu também.

 

– Droga, por que você sempre faz isso, criatura irritante? – ele riu de novo. – Mas se eu descobrir que estão te forçando a qualquer coisa...

 

– Certo, certo, entendi. Às vezes eu acho que você me considera uma donzela indefesa, Sakura. – ela corou ao ouvir aquele comentário.

 

– C-como assim? Que tipo de idiotice você está dizendo? Não é óbvio que eu vou te proteger do que acho ruim? Quer dizer... você não é uma donzela indefesa, muito pelo contrário, você é um idiota que se intrometeu na minha vida e me fez me apaixonar por você... quer dizer, não... – ela piorava sua situação a cada palavra atrapalhada, e a expressão de Sasuke ia ficando mais divertida a cada segundo. – Olha, eu sou uma ex-Wing, tá? Eu tenho esses instintos de perigo e adrenalina e sou uma bruta mesmo, e se qualquer um vier pra cima de mim com gracinhas, basta um chute na bunda para se arrependerem, e se qualquer um tentar te machucar ou te magoar, eu vou agir como uma louca para te proteger, entendeu? Não importa se eu esteja contra sua família ou contra o Senhor Feudal, seu idiota! Pare de rir!

 

Sasuke continuava rindo baixinho, e apesar de ele ficar fofo daquele jeito, ela sentia seu rosto vermelho de vergonha. Qual era o problema daquele idiota? Quem sempre se metia em problemas era ele! Ela já o havia salvado antes, qual era o problema em fazer de novo? Sasuke não havia tido o treinamento que ela teve, então era óbvio que se qualquer coisa o ameaçasse, ela partiria para cima usando todas as habilidades de luta que Tsunade havia lhe ensinado. Se ele continuasse a rir daquele jeito, a próxima vítima seria ele, inclusive.

 

– Desculpe, Sakura. Obrigado por sempre me proteger. – para piorar, ele a beijou de novo. – Ah, eu tenho mesmo muita sorte de ter te encontrado. – ele disse a última frase baixinho, mas ela corou mais ainda ao ouvir.

 

– Idiota. – ela sussurrou de volta, e ele lhe deu um último beijo na testa. – Estamos bem, então?

 

– Estamos bem, Sakura. Prometo. – ela precisava ouvir aquelas palavras dele, e o abraçou forte.

 

Foram dormir em paz naquela noite, e Sakura acariciou sua barriga também pela primeira vez, sentindo um pequeno calombo ali, e pela primeira vez verdadeiramente feliz por ter mais uma pessoa para proteger. Ah, será que é isso o que chamavam de família?

 

**

 

No dia seguinte, fez uma promessa a si mesma de não se estressar com nenhum Uchiha e permanecer calma até a manhã de domingo. Era o dia do grande jantar beneficente, e o dia em que Fugaku iria anunciar a gravidez dela ao mundo, como forma de enaltecer seu filho e sua herança com o próximo herdeiro. Estava preparada para o que a mídia iria dizer, pela pequena atenção que chamaria quando fosse sair às ruas, na verdade estava pouco ligando para aquilo, mas aguentar as conversas fiadas de Fugaku era outra história.

 

Prometeu a si mesma que o tempo iria passar rápido. Iria ao jantar, comeria do bom e do melhor, aplaudiria a bela iniciativa de ajudar pessoas doentes e iria embora depois para dormir até o meio da tarde no dia seguinte. Sasuke parecia um pouco afoito com aquilo também, e disse que eles deveriam ir à mansão Uchiha às 18h, e um carro particular da família os pegaria mais tarde. Sakura usou o dia para descansar e meditar. Estava pensando em começar aulas de yoga, pois sabia que seria bom no período de gravidez. Quando a hora foi se aproximando, se trocou, colocou uma maquiagem bem leve e prendeu o cabelo em um coque simples, deixando alguns fios soltos. Esperava que a iluminação do lugar pudesse esconder a cor rosa, mas não tinha muitas esperanças quanto àquilo.

 

Sasuke ficava muito bonito de terno, mas o olhar que ele lhe deu quando ela apareceu vestida era um tanto quanto... ousado. Ela lhe deu um peteleco na testa e ele apenas riu, pegando na mão dela.

 

– Preparada? – perguntou enquanto desciam as escadas e iam em direção ao carro.

 

– Pode deixar. Se qualquer um tentar falar ou fazer alguma merda comigo ou com você, tenho uma faca escondida debaixo do vestido. – Sasuke a olhou com um olhar honesto de medo.

 

– Eu não quis dizer preparada para lutar, Sakura.

 

– Eu sei, Sasuke. Eu tenho tudo sob controle.

 

– Você não está realmente com uma faca debaixo do vestido, está? – ela não queria responder àquilo, então apenas sorriu inocentemente, o que acabou dando mais medo ainda em Sasuke.

 

Na verdade, ela estava com uma kunai, apenas por precaução. Haveria muitas armas disponíveis na festa, como garrafas e taças de vidro, cadeiras, mesas, pratos... e claro, ela tinha seu próprio corpo como arma letal. Se alguém tentasse prejudicá-los de qualquer forma, ela iria lutar. Claro, ela tinha em mente que aquilo não era uma batalha de verdade, à qual ela estava acostumada, mas era assim que ela se sentia. Ela estava disposta a tudo para proteger sua nova vida com Sasuke, e ninguém tinha o direito de interferir na felicidade deles, nem a mídia, nem uma família rival qualquer, nem qualquer outra pessoa.

 

Chegaram à mansão Uchiha e Mikoto ficou feliz ao recebê-los. Konan estava linda em um vestido azul, e Itachi estava igualmente elegante em seu terno preto com detalhes em vermelho. Fugaku expressou aprovação quando os viu. O bebê Shisui iria ficar aos cuidados da babá da família, pois era muito novo para ir àquele tipo de festa, e Itachi não queria expô-lo. Mas os quatro filhos de Yusuke e Madoka iriam, apesar de Yusuke dar um sermão neles para que se comportassem como se a vida deles dependesse daquilo: Sayuri, agora com quinze anos, uma menina que havia puxado mais à mãe, de cabelos castanhos e rosto redondo; Satoshi de doze anos, parecido com Yusuke, de rosto sereno; Ken, um menino travesso de 9 anos, e Tomoyo, uma menininha de 5 anos. Sakura nunca havia interagido com aquelas crianças antes, mas todas a olharam com interesse e curiosidade, e no caso de Sayuri, com uma espécie de desconfiança. Sakura não sabia se todos iriam herdar os negócios dos Uchiha quando ficassem mais velhos, mas era provável que sim. Uau, a família Uchiha era grande, e iria continuar aumentando.

 

Antes de irem, Fugaku reuniu todos na sala para dar os últimos avisos.

 

– Esse é um evento muito importante para nós. Fizemos uma grande doação ao evento e seremos convidados a dar nossos depoimentos. Os maiores jornais do país estarão lá e a festa será elegante, então nem preciso dizer que etiqueta é essencial. – Yusuke olhou de forma rígida para Ken e Tomoyo, que apenas deram risadinhas, e o supremo senhor Fugaku continuou. – Sakura e Sasuke, lembrem-se do que eu lhes disse antes; iremos anunciar nesse evento que vocês esperam o mais novo herdeiro da família, então ajam de acordo. E, claro... – agora o rosto de Fugaku mostrava uma certa raiva e impaciência. – A família Senju estará lá, com seus sorrisos falsos e suas palavras de escárnio disfarçadas com vozes de veludo e falsa educação. Ajam cordialmente, não sejam provocados. Nós somos os líderes no mercado e eles estão atrás de nós, e isso é o que importa. E se aquela velha vier falar qualquer coisa, eu a colocarei em seu devido lugar.

 

Sakura piscou, de certa forma confusa. Sabia que a família Senju era a principal rival dos Uchiha nos negócios, mas não sabia que essa rivalidade era tão tensa e pessoal assim. Parecia que as duas famílias travavam um tipo de Guerra Fria. Mas o que os Senju ganhariam se provocassem os Uchiha em um evento filmado e documentado ao país inteiro? Que tipo de pessoas eles eram? Quem era a velha da qual Fugaku falara? E por que havia tanta animosidade e antipatia entre esses dois lados?

 

O veículo que veio buscá-los era uma limousine; Sakura nem soube por que ficou surpresa, deveria estar acostumada a esperar aquele tipo de coisa da família Uchiha. O evento beneficente seria no centro de Konoha, em um enorme salão de festas. Havia muitas pessoas ali na porta, inclusive alguns repórteres e câmeras. Ainda dentro do carro, Fugaku apontou para um homem de uns 60 anos parado no topo das escadas dando uma entrevista e disse que ele era o responsável pelo evento, elogiando o bom coração do homem e o esforço que ele havia feito para ajudar os outros. Quando a limousine parou, Sakura sentiu seu coração acelerar. As pessoas ali fora, normais e famosas, viraram os olhos para a limousine, e os repórteres também. Ela seria vista.

 

Viu Itachi pegando na mão de Konan e Madoka pegando na mão de seus filhos mais novos. O olhar de Sasuke estava escuro e profundo, e ela sentiu que não poderia ter medo agora. Era Sakura Haruno, ex-Wing e ex-aprendiz de Tsunade. Ninguém tirava uma com ela e saía com todos os ossos inteiros. Sentiu seu olhar se encher de coragem e saiu da limousine encarando o céu, não o chão. Sasuke andava ao seu lado. Sabia que as pessoas deveriam estar se perguntando quem era aquela estranha mulher de cabelos rosados ao lado da família mais importante do evento, mas sorriu por dentro ao concluir que não era da conta de ninguém.

 

Uma vez dentro do enorme salão, um dos serventes guiou a família a uma das mesas principais, uma que ficava de frente para todas as outras, em um patamar mais elevado. Havia outras duas daquela forma, sendo que a mesa dos Uchiha ficava à esquerda, havia outra no centro e outra à direita. Muitas das mesas “comuns” já estavam ocupadas, e os habilidosos garçons e garçonetes iam e vinham servindo bebidas. Uma música leve tocava dando boas-vindas aos convidados. Sakura lembrou-se de uma festa como aquela, na época quando ainda era uma fugitiva de Tsunade e havia acabado de roubar milhões daquela família. As lembranças eram irônicas, mas ela as afastou por enquanto. Sentaram-se à mesa e ela conseguiu respirar normalmente de novo. Se precisasse, ela levaria menos de 5 segundos para pegar a faca.

 

– Quanta gente! – Tomoyo, de 5 anos, falava alto. As outras crianças estavam igualmente encantadas.

 

– Sim, é mesmo muita gente, não é? – Mikoto e Madoka falavam animadas, ensinando às crianças a importância de estarem ali e o que um evento beneficente significava.

 

Sakura se fez confortável ao lado de Sasuke, sentindo-se grata por não estar enjoada.

 

– Como estão seus sintomas, Sakura? – Mikoto logo lhe perguntou.

 

– Estou bem, Mikoto-san. Acho que logo irão passar.

 

– Oh, que bom! E quando é sua próxima consulta?

 

– Daqui duas semanas.

 

– Lembre-se de nos contar tudo a respeito, Sakura. – Fugaku entrou na conversa, virando-se para Sasuke em seguida. – Filho, pensou naquilo que eu te falei? – hã? O que? Como assim? Sakura estreitou os olhos e mandou a Sasuke um olhar assassino, e teve certeza que ele entendeu. Mas claro, o idiota nem olhou para ela enquanto respondia.

 

– Pensei, pai. Não farei aquilo. Não hoje, pelo menos.

 

– Mas Sasuke...

 

– Pai, entenda. – do que eles estavam falando? Sakura sentiu-se muito irritada por Sasuke e Fugaku estarem de segredinhos, planejando algo pelas costas dela, algo que ela sabia que tinha a ver com ela. Como fazia apenas cinco minutos que estavam ali, achou que não valia a pena começar um barraco logo cedo.

 

– Sasuke, se fizer isso, a história ficará melhor, você sabe do que estou falando. Quer me contrariar de novo?

 

– Pai, acredite, eu sei o que estou fazendo.

 

– Fugaku... – Yusuke entrou na conversa, pois o rosto de Fugaku já estava ficando vermelho. – Basta fazer como planejamos e tudo ficará certo.

 

– Sim, pai. Vamos aproveitar a festa por enquanto. – Itachi deu um sorriso fácil, e Sakura resolveu fingir que tudo ficaria bem por aquela noite.


Notas Finais


Espero que tenham gostado do capítulo :) Sei que terminou meio de repente, mas foi porque eu resolvi dividir o cap em duas partes para não ficar enorme, então semana que vem a continuação será postada :) Críticas e comentários são bem-vindos, até o próximo ^^


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...