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História Liberté - O Nervo


Escrita por: caulaty

Capítulo 12 - O Nervo


01 de novembro de 3644

 

O próximo passo foi aprender a trabalhar com os punhos, o que Gregory me disse que julgava ser ainda mais importante do que saber atirar. Quando estávamos em casa, praticamente não falávamos de outra coisa. Nunca fomos próximos demais, mas foi bom ter a companhia dele nos dias subsequentes porque Stan continuava puto comigo. Não chegou a ir dormir na sala nem nada, nem me ignorava quando eu lhe dirigia a palavra, mas quando uma pessoa carinhosa como Stan muda, é muito perceptível. Então quando Kenny não estava jogado pelo nosso apartamento, o que era diário, era bom ter a companhia de alguém para quebrar o gelo. Gregory e eu começamos a cozinhar juntos. Ele tentou me perguntar como estavam as coisas entre mim e Stanley, mas era elegante demais para ser invasivo, então se contentou com um simples "indo".

A televisão ficava ligada o dia inteiro no noticiário. O terrorismo em cima dos Monarcas crescia diariamente, mas é verdade também que suas táticas ficavam cada vez mais violentas. Implodiam prédios vazios em cidades grandes e isso chegou a matar transeuntes algumas vezes, pois a coisa acontecia no meio de um dia normal, nos centros ricos. Ninguém sabia como eles conseguiam invadir espaços designados à nobreza. Terrance e Phillip eram endeusados pelos Monarcas, e portanto, os rostos mais perigosos e procurados do país. Muitos rumores começaram a correr; alguns diziam que eles já estavam mortos mas que o grupo ocultava a informação por precisar de figuras heróicas para motivar os rebeldes, outros diziam que eles já haviam fugido para a África ou Ásia, onde o radar americano não alcançaria. Meu rumor preferido era o de que eles nem mesmo existiam, mas que o grupo precisava de um (ou dois) Messias. Mesmo de dentro da organização, nós sabíamos pouquíssimo sobre eles.

Kenny pichou seus rostos imensos na praça central de South Park no meio da madrugada. Foi uma arte linda em azul e vermelho contrastante no piso branco, uma coisa belíssima mesmo. Kenny não acreditava na idolatria em si, mas nem Terrance e Phillip acreditavam. O importante era carregar a mensagem.

Ah, e carregou muito bem. As pichações de Kenny, os pequenos jornais informativos, tudo isso começou a deixar o povo inquieto. A segurança foi redobrada. Os sapadores foram instruídos a atirar nas pernas de qualquer um que fosse pego andando na rua fora do toque de recolher. Kenny via o noticiário reportando as suas pichações como se fossem atrocidades, mas a informação de "atirar em qualquer um" era dada apenas como medida de segurança, e isso o fazia gargalhar.

Gregory parecia crescentemente preocupado. Levantou a possibilidade de termos que nos mudar logo. Confesso que eu não levei essa possibilidade tão a sério quanto deveria naquela época.

Minha mãe, por outro lado, também enlouquecia de preocupação com o fato de que essa raça imunda havia manchado a nossa pequena cidade. Para ela, os sapadores deveriam era atirar na cara de quem estivesse na rua fora do horário, pois isso não é coisa de cidadão de bem. Sim, minha mãe. Coitada. Não fazia ideia da ironia que era me dizer isso.

Mas minha mãe é uma questão para mais tarde. Eu desenvolvi, naquela época, uma resistência absurda aos gritos de minha mãe. Deus, como eu tinha raiva dela.

Aliás, raiva é algo que não largava a minha carne naqueles tempos. Então, quando começamos a treinar lutas corporais, era muito satisfatório ter onde descarregar tantos sentimentos pesados sem, de fato, machucar ninguém. Gregory arranjou um galpão isolado na floresta, um lugar que era usado para armazenamento de doces para alguma loja que faliu e o lugar fora abandonado. Tinha pouca iluminação e era discreto o suficiente para que nos reuníssemos em grupos pequenos. Fizemos daquilo um processo ritualístico. Reuníamos no primeiro horário da manhã, assim que o toque de recolher acabava. Faltávamos às aulas em dias alternados, tentando conciliar essa vida dupla, mas era muito óbvio que nenhum de nós estava dando conta de cumprir com a tabela social da profissão que nos fora designada. Era questão de tempo até que fosse insustentável fingirmos que éramos cidadãos comuns.

Era um dia especialmente chuvoso, em que a umidade entra por baixo da roupa e é difícil se esquentar. Eu já estava coberto de suor pelo treino, já tinha jogado a camiseta de lado e deixava o tórax completamente exposto, o que deixava a minha pele gelada. Kenny sempre tinha uma energia extraordinária, o filho da puta era tão rápido e se cansava tanto quanto uma criança de seis anos. Mas tinha uma defesa bem fraca. Levou alguns dias para que eu perdesse o medo de socá-lo de verdade. Havia bastante gente no galpão aquela manhã, revezando entre duplas ou se acabando nos sacos de pancada que, sabe-se lá como, Gregory e Christophe conseguiram. Não passavam de sacos velhos cheios de areia, mas eram melhor do que nada. Stan preferia treinar nesses do que em seres humanos de verdade.

Era quase estranho vê-lo expressando tanta agressividade. Aconteceu algo curioso naquele dia. Eu mantinha sempre um olho em Kenny e outro em Stan, que projetava soco atrás de soco no saco de pancada pendurado, a ponto de ferir os punhos. Kenny percebeu que eu estava distraído, mas não fez nada além de me oferecer um olhar carregado de preocupação, tirando o cabelo loiro suado da cara.

Eu não podia imaginar Stan propositalmente ferindo outro ser humano. Aquilo não fazia sentido nenhum, por mais que no fundo eu estivesse aliviado. Foi especialmente doloroso quando tentei conversar com ele pela primeira vez, ao vê-lo descontando todas as frustrações no saco de pancada. Perguntei se ele estava bem. Ele me disse:

-Eu disse que faria as coisas do seu jeito, não disse? Não é assim que funciona agora?

Eu sabia que ele estava ferido e não quis provocar uma briga na frente de todo mundo. Deixei que ele fizesse sua própria terapia; o esforço físico me fazia bem, talvez também fizesse a ele.

Pedi a Kenny uma pausa de cinco minutos para beber água. Ele tratava o treinamento quase como uma brincadeira, ou talvez só estivesse tentando fazer com que eu me sentisse melhor com aquele sorriso largo. De qualquer forma, me afastei dele durante algum tempo para me aproximar do banco onde Clyde e Craig estavam sentados conversando, ao lado de uma caixa cheia de garrafas de água. Clyde imediatamente pegou uma para mim ao perceber que eu me aproximava, interrompendo qualquer que fosse o assunto entre eles.

-Ei. - Eu disse com um sorriso fraco nos lábios, enxugando o suor da testa.

-Estava aqui torcendo pra você chutar a bunda magrela do McCormick. - Clyde me respondeu com seu sorrisão simpático, me dando um soquinho no ombro. - Você é bom nisso.

Eu apenas sorri, desenroscando a tampinha da garrafa para entornar a água com vontade, fechando os olhos de satisfação. Ao terminar o gole, passei as costas da mão sobre os lábios e apoiei o pé sobre o banco, fitando os dois por um momento, fungando baixo. Craig tinha os braços cruzados em frente ao tronco, as pernas bem abertas, e não parecia suado ou cansado como a maioria das pessoas naquele galpão. E eu podia sentir o excesso de desodorante de Clyde invandindo as minhas narinas sem pedir licença.

-Escuta. - Falei quase sem pensar, aproximando a garrafa dos lábios, mas sem beber. Falei olhando diretamente para Clyde, pois Craig usualmente me ignorava. - Como o Tweek está?

-O Tweek? O quê, por causa do lance com o Toupeira?

Assenti com a cabeça e dei mais um gole na água gelada.

-Ele ficou bem depois daquilo?

-O Tweek é muito resiliente, sabe? Eu não acho que a maioria das pessoas dêem o crédito que ele merece. Pode não parecer, mas ele tem uns nervos de aço. Ele só… Não gosta de armas. E ele tem medo do Toupeira. - Clyde fez uma pequena pausa, coçando o joelho. - Mas também, acho que todo mundo tem um pouco. O cara é muito forte e tudo, mas ele é meio fodido da cabeça, você não acha?

-Mas tem que ser assim, cara. - Craig resmungou antes que eu pudesse responder. - O Tweek funciona desse jeito, ele resolveu treinar tiro com a gente porque o Toupeira deu aquele cagaço nele. Ele pode não gostar do cara, mas foda-se, cada um tá fazendo a sua parte.

-Até o Stan. - Clyde observou, apoiando o cotovelo sobre a coxa e descansando o queixo na palma da mão. - Eu fiquei bem feliz de ver ele aqui. Achei que ele fosse desistir.

-É… - Eu voltei o olhar na direção de Stan mais uma vez, mas ele continuava e compenetrado na tarefa. - Então vocês estão bem? Digo… Sei lá, foi muito difícil ver o Tweek daquele jeito, eu não quero pensar que nós estamos nos aterrorizando aqui.

-Relaxa. Tweek não é parâmetro, ele lida diferente com as coisas. - De repente, Clyde pareceu preocupado. - Você não veio falar isso porque está duvidando da capacidade dele nem nada, né?

-O quê? - Franzi as sobrancelhas. - É claro que não. De onde você tirou isso?

Craig encolheu os ombros e atravessou antes que Clyde pudesse abrir a boca:

-Todo mundo sabe que você e o Toupeira são bem próximos. Ele deve ter te dito alguma coisa do gênero, não?

-Craig. - Clyde disse com um sorriso quase envergonhado, umedecendo os lábios e esfregando o rosto por um momento.

Eu não soube dizer se havia uma malícia deliberada nas palavras de Craig ou não, mas isso pouco importou, pois logo em seguida eu percebi que os dois estavam olhando alguma coisa atrás de mim com bastante atenção. Quando me virei, lá estava o que eu já havia imaginado.

Christophe, que tinha mais experiência do que a maioria de nós em termos de luta corporal, passava entre um e outro quando tinha paciência para corrigir algumas questões. Até então, ele estava segurando o saco para Red bater e ensinando a ela pontos que derrubariam qualquer homem em questão de segundos. Ele não era muito paciente para explicar nada e nunca passava muito tempo concentrado na mesma pessoa. O que eu vi ao me virar foi Christophe segurando o saco em que Stan batia com um braço e dizendo a ele para separar um pouco mais as pernas, pois assim teria mais base para bater. Eu não podia ouvir exatamente o diálogo entre os dois, mas estava próximo o suficiente para extrair a ideia.

Antes que Christophe se ajeitasse para segurar o saco, Stan proferiu um soco tão barulhento e furioso que fez com que o saco empurrasse Christophe para trás. Ele quase se desequilibrou, visivelmente desarmado. Não esperava aquilo. Eu imediatamente deixei a garrafa sobre o banco e dei alguns passos em direção aos dois, sem que eles percebessem.

Eu podia ver como Christophe estudava a expressão desafiadora de Stan, quase com curiosidade. E eu mal podia reconhecer aquele brilho animalesco que Stan levava nos olhos. Um sorriso entretido chegou a ser esboçado nos lábios de Christophe, junto com uma risadinha incrédula muito fraca.

-Assim? - Ele perguntou ao Toupeira, passando a língua pelo lábio superior. - Foi forte o  suficiente agora?

-Entendi. - Christophe respondeu, largando o saco bruscamente e dando dois passos à frente para avançar na direção de Stan, ainda que de forma lenta. Stan não recuou um passo sequer. Pelo contrário, ergueu ainda mais o queixo. - Você quer treinar com algo que se mova, é?

-Eu treino com ele! - Gritei, apressando o passo para chegar perto dos dois.

Ao mesmo tempo, Kenny também se manifestou, erguendo o braço para abanar em um gesto que chamasse a atenção do Toupeira.

-Ei, vem aqui um pouco! Eu tenho umas dúvidas.

Para o meu alívio, depois de alguns segundos em que os dois mantiveram o olhar preso um no do outro, preservando uma tensão violenta entre os corpos, Christophe deu dois passos para trás. Parecia um animal que não pode dar as costas ao predador. Por fim, foi atender ao chamado de Kenny, afastando-se mais rapidamente conforme eu me aproximei. Houve esse momento… Em que nós passamos um pelo outro e não nos olhamos, mas meu ombro roçou de leve no dele e eu senti todos os pêlos do meu corpo se arrepiarem.

Ignorando qualquer possibilidade de pensar sobre aquilo no momento, eu toquei o ombro de Stan com mas ansiedade do que planejava. Ele recuou ao toque como se pegasse fogo, visivelmente puto comigo, mais do que com a situação em si. Ele cerrou punhos com as mãos antes de voltar a agarrar o saco para fazê-lo parar de balançar, ignorando a minha presença.

-Por que caralhos você está desse jeito?! - Perguntei em um sussurro com voz, olhando em volta brevemente para ter noção de quantos olhos nos observavam. Quem estava olhando desviou de imediato. - O que eu fiz pra te deixar com tanta raiva?

-Nada, Kyle! - Ele disse em uma voz muito mais alta, erguendo as mãos em um gesto de indiferença. Usava luvas pretas sem dedos que contrastavam com sua pele clara, bem como a regata preta que cobria seu tronco. - Nada. Não era isso que você queria? Um babaca agressivo ignorante que soca antes de pensar?! Não é disso que você gosta?

Eu não fazia ideia do que responder.

Continuei ali imóvel com os lábios entreabertos, os olhos repletos de julgamento e de defesa, balançando a cabeça um bocado perdido. Ele não chegou a gritar na minha cara, mas cuspia aquelas palavras com tanto ressentimento entredentes que todos os outros sons do galpão desapareceram aos meus ouvidos. Só existíamos nós dois ali. Nós dois e esse maldito problema que não podia mais ser ignorado. Meu coração batia tão forte dentro do peito que eu podia senti-lo queimando em minhas orelhas.

-Stan… - Foi tudo o que deixou a minha boca. Eu não queria soar tão paternalista, tão superior, como se eu estivesse falando com uma criança descontrolada. Não queria causar nele qualquer sentimento ruim de inferioridade, especialmente agora. Eu realmente só tentei ser gentil, mas podia ver nos olhos dele que qualquer coisa que eu dissesse naquele momento seria a coisa errada.

-Por favor. - Ele falou baixinho, respirando fundo. Massageou as têmporas lentamente, abaixando um pouco a cabeça. - Só… Por favor. Não vamos falar disso agora.

Continuei ali de pé, sentindo-me um tanto quanto idiota. Eu não sabia pelo que estava esperando. Ele não olhava para mim. Comecei a recuar aos poucos, assentindo com a cabeça, mesmo que ele não estivesse olhando. Eu não sabia lidar com a dor que morava nos olhos dele, não sabia lidar com o fato de que aquilo era culpa minha. Comecei a me sentir tonto, porque aquilo me forçava a pensar sobre coisas que eu não queria pensar.

O que eu dividia com Stan era posto nesse pedestal intocável e era dessa maneira que eu gostava de pensar sobre a nossa relação. Mas quando ele começava a agir como se houvesse algo de errado… E havia? Havia mesmo?

Enquanto andava para a porta do galpão, meus olhos cruzaram com os do Toupeira. Foi assim exatamente no dia em que nos conhecemos, e aconteceu dessa maneira tantas outras vezes; nós apenas nos olhávamos em meio a um salão cheio de gente porque nunca nos aproximávamos na frente de outras pessoas. E quando estávamos sozinhos, tudo era diferente. As coisas que ele me dizia, o fogo de luta e de resistência que ele instigava em mim, como ele me fazia descobrir coisas sobre mim mesmo que eu nem imaginava que existissem. Por que isso era uma ameaça? Não era como se eu pensasse sobre tocá-lo… Ou…

Empurrei a porta pesada do galpão e praticamente trotei pelo gramado, o tronco pesando para frente até que eu caísse com as duas mãos na terra para sustentar o peso do meu corpo. Meus dedos afundaram no solo úmido, ainda caíam gotas geladas de chuva e o vento era cortante para a minha pele exposta, a água da chuva mesclando ao suor quente. Eu respirava como um cachorro abatido. Meus olhos ardiam, mas nenhuma lágrima veio. E minha mente estava inundada por pensamentos imundos, tão imundos que eu tentei expulsá-los para os confins mais isolados da minha mente durante meses, e agora eles voltavam com violência. O corpo suado de Christophe lutando, as mãos enormes dele com dedos calejados capazes de tanto estrago, os músculos definidos e aquela pele bronzeada, as malditas regatas que ele usava sempre expondo aqueles braços tão fortes, os grunhidos irritados ou pensativos, aquela voz tão grave, aqueles olhos castanho-esverdeados que nem pareciam humanos e que me despiam, me violavam. O cheiro de almíscar e cachaça da pele e da respiração dele, o cheiro de cigarro, os dentes amarelados daquele sorriso que nunca aparecia, mas que quando aparecia… Me fazia sentir algo tão forte no estômago. E eu desejava tanto transpassar a parede que ele impunha ao resto do mundo, eu desejava tanto conhecer mais daquele corpo e descobrir como ele beijava, como ele amava. Me corroía a vontade de descobrir se Christophe fodia como lutava, se ele era tão intenso e agressivo ou se ele podia se desfazer da armadura e se tornar um só com outra pessoa… E eu queria, céus, como eu queria ser essa pessoa.

-Kyle. - Eu ouvi uma voz distante me chamar, uma voz tão conhecida, tão familiar.

Virei-me para enxergar a figura de Stan se aproximando, ainda suado, com as bochechas coradas pelo frio. Ele se ajoelhou ao meu lado, parecendo um tanto inseguro, sem saber onde colocar a mão. Mas por fim me tocou, bem na bochecha, deslizando as costas dos dedos pela minha pele.

E todos os meus pensamentos sórdidos se desmancharam pouco a pouco, deixando apenas uma dor terrível no estômago. Eu percebi que meu pau chegou a enrijecer um pouco, e latejava agoniado por dentro da roupa de baixo. Respirei profundamente. Sentei-me sobre minhas próprias pernas, com os joelhos dobrados, e esfreguei a cara com as mãos sujas de terra. Estávamos os dois sob a chuva, mal vestidos, tomando vento. O ar fresco preenchia meus pulmões e aliviava o desconforto gástrico.

-Eu não quis… - Stan me disse. - Me desculpa, eu tenho pensado coisas tão feias.

-Não se desculpe. - Murmurei baixinho em resposta, piscando devagar para espantar o acúmulo de gotas de chuva nos meus cílios. Eu não sabia ao certo se estava chorando ou não.

-Eu agi como um babaca. Ele não fez nada, não tava nem olhando pra você… Mas eu fico com essas merdas na cabeça. Eu não quero te fazer sofrer por causa do meu ciúme idiota. Eu só preciso de um tempo… Sabe, pra me acostumar com isso tudo. E pra conhecê-lo, talvez. - Stan fez uma pausa, sentindo que estava se atropelando nas palavras. Subiu a mão para tirar o meu cabelo do rosto. - Vem, vamos sair da chuva.

-Stan… - Sussurrei sem força, umedecendo os lábios e sentindo o gosto da chuva. Eu não percebi até então, mas estava tremendo de frio. Mantive o olhar preso ao dele, aqueles olhos azuis imensamente bondosos. Aproximei meu corpo do dele aos pouquinhos, sorrindo de forma chorosa ao abraçá-lo pelo pescoço. Afundei o rosto no pescoço nu dele, inalando o seu cheiro doce, unindo as pálpebras por um momento. - Eu realmente não te mereço.

-Não diga besteira. - Ele murmurou com confiança, beijando o topo da minha cabeça, acariciando minhas costas. Eu precisava disso. Do calor dele, da certeza de que nós ainda éramos nós. - Vai ficar tudo bem, Kyle. Tem coisas muito maiores do que nós acontecendo agora… Eu nunca vou te deixar sozinho.



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