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História Liberté - A Cólera


Escrita por: caulaty

Capítulo 30 - A Cólera


27 de maio de 3660

 

Tem muita história nesse beijo.

Desculpa, eu sei que você acabou de chegar. Que indelicadeza a minha. Pode ir ficando à vontade enquanto eu contextualizo um pouco do que acontece aqui. As luzes da sala continuam apagadas, mas as janelas grandes da casa velha do Kyle deixam entrar a iluminação precária da lua; não existe nenhum outro tipo de luz em volta dessa casa isolada na montanha, mas os dois não dão a mínima. As silhuetas definidas no escuro são mais do que suficientes, apesar de eles também gostarem muito de olhar um pro outro. Tanto que o Toupeira afasta a boca da dele – os lábios ainda besuntados de uma mistura entre a sua saliva e a de Kyle – para segurar seu rosto com as duas mãos, respirando bem perto, o polegar correndo delicadamente pela textura da cicatriz na pele dele. Ele cola o nariz na bochecha do Kyle, passa os lábios pela cicatriz dele enquanto esfrega o rosto no dele como os bichos fazem, novamente de olhos fechados, até que o beijo volte a encaixar por conta própria.

E tem muita história nesse beijo. A essa altura, você já deve entender perfeitamente bem porque eles se beijam como se fosse a última coisa que farão na vida, porque eles se enroscam um ao outro com desespero, como se o outro fosse desaparecer. Ao mesmo tempo, agora que os dois estão bêbados e já não é mais a primeira vez (embora a excitação faça parecer que é), eles conseguem ter momentos tão lentos em que a língua de um desliza pela do outro, briga por espaço, explora a boca, o gosto da saliva, passa pelos dentes, chupa, morde, delicia-se de cada milímetro. Esse beijo carrega todas as vezes que um acreditou de verdade que o outro iria morrer. Carrega aquele momento embriagado na cabana da floresta, em que Kyle sentiu o calor e o cheiro e o pau dele, tudo de uma vez, mas ardia e era proibido tocá-lo. Esse beijo carrega o primeiro momento em que se viram, carrega o soco que o Toupeira deu nele enquanto treinavam, que foi, na verdade, um soco de paixão descontrolada e ciúme. E carrega, também, o “eu te quero” que veio logo em seguida, que mudou o rumo de todas as coisas.

O beijo, assim como a forma com que esses dois corpos se entrelaçam, com que as mãos do Toupeira passam por debaixo do tecido da camisa dele e encontram a carne macia das costas, a pele deformada por uma cicatriz imensa, tudo isso conta histórias que você ainda não conhece. Histórias sobre como um já tentou beijar o outro e foi rejeitado. E vice versa. E como um foi absolutamente tudo de que o outro precisava nos momentos mais obscuros, como Christophe já o carregou em seus braços pra fora de uma banheira e para fora de um porão ensanguentado quando Kyle não tinha forças mais, nem para respirar. E como tudo terminou. Histórias sobre amuletos de urso, choros no trem, despedidas cíveis sem lágrimas. Porra, como esse beijo tem história.

Mas chega de me prolongar.

Kyle tem os dois braços em torno do pescoço desse homem tão maior do que ele, o peito colado ao de Christophe, compartilhando do mesmo calor. O beijo barulhento se transforma em uma outra coisa quando os lábios carnudos de Kyle percorrem aquela pele grosseira em torno da boca, a barba que ameaça crescer e deixa o rosto de Kyle avermelhado pela irritação, mas ele não se importa. Pelo contrário, ela gosta da marca. Esconde a cara na curva do pescoço de Christophe. Eles se abraçam no escuro, os dois de olhos fechados, sentindo o cheiro da pele e da roupa e do cabelo um do outro. As mãos do Toupeira levantam um pouco a camisa dele quando percorrem suas costas, subindo, a textura da pele cicatrizada deslizando pelas suas palmas.

Logo, Kyle ergue a cabeça e eles se encaram por um segundo. Uma das mãos de Christophe sobe até o pescoço do Kyle, as pontas dos dedos grosseiros dele tocando a pele sensível e marcada do pescoço. O lenço já ficou pra trás, Kyle o tirou no carro. Christophe não enxerga os hematomas propriamente, mas enxerga a variação de cor entre a tez pálida comum de Kyle e as marcas roxas medonhas. Ele pisca devagar, abaixando um pouco a cabeça enquanto a sacode sem muito propósito, talvez afastando algum pensamento macabro. Mas a mão gentil de Kyle cobre a sua.

Ele sussurra:

-Para de pensar nisso.

Mas isso é pedir demais dele. Agora, o Toupeira já não sabe mais se isso é uma boa ideia. Como ele também não sabia no dia em que decidiu voltar. Pra dizer a verdade, sendo o homem inteligente que é, ele sabe muito bem que isso tudo é um grande erro. Ele sempre soube, desde que colocou os olhos no Kyle pela primeira vez com qualquer intenção maliciosa, que era um erro. E ele passou a maior parte do seu tempo ao lado dele tendo que controlar todo tipo de instinto, para minimizar os danos desse erro o quanto ele pudesse. Agora, com toda a culpa que vem junto, com todo o peso na consciência, ele só tem uma certeza: a de que ele não quer mais controlar porra nenhuma.

Christophe toma a decisão no momento em que a boca de Kyle roça da leve na sua orelha, revivendo todas as vezes que ele sentiu essa respiração quente na sua pele e não pôde fazer nada a respeito. A verdade é que já não existe mais escolha a essa altura. Ele já conhece o gosto do Kyle, o cheiro dele, como ele se contorce, geme e estremece, então não há escolha. Ele já gastou todas as forças que tinha para se segurar em outros momentos, porque naquela época, também não havia escolha. Kyle não podia ser tocado, isso era o que era.

Agora, ele não pode não ser tocado. Tudo nele pede, implora pelas mãos do Toupeira. Kyle não o solta, tem os dedos cravados nas costas dele e a língua no seu lóbulo, devorando-o, e isso assusta Christophe.

Você entende por quê? Tocá-lo é aterrorizante porque Christophe sabe do que as suas mãos são capazes. Ele toca o pescoço de Kyle tão delicadamente, dedilhando aquelas marcas profundas, e seu peito arde, aperta e dói. Mas arde mesclado também a um desejo tão intenso que não está só no peito; está na ponta da língua, na coxa que encaixa entre as pernas do Kyle, está no estômago, na orelha úmida de saliva, nos braços que o envolvem, no pau que lateja tanto que chega a ser desconfortável; então ele pressiona o quadril contra o de Kyle para aliviar. Funciona, tanto que ele geme baixo, segurando a nuca de Kyle para beijá-lo com a fome acumulada por dezesseis anos.

E uma vez que ele se entrega, não existe nenhuma hesitação; com o Toupeira, é tudo ou nada. Ele pega o Kyle com tanta força que quase tira seus pés do chão, o que faz Kyle rir e gemer ao mesmo tempo, porque essa boca carnuda é a coisa mais deliciosa que ele já experimentou. É isso que ele pensa, fechando os olhos e sorrindo, não querendo desencaixar os lábios mesmo quando Christophe tira a camisa dele no escuro, arrebentando dois botões sem querer. Ou querendo mesmo. As suas duas mãos correm tão obscenamente pelos braços de Kyle, depois pelas costelas e pela cintura, apertando com tanto tesão; essas pequenas sutilezas podem ser muito mais eróticas do que o ato do sexo em si. Esses dedos cravando na carne branca entre a cintura e o quadril dele, e o fato de que ele ainda veste a calça que esconde as partes mais libertinas do corpo dele, mas essa curva da cintura exposta é uma provocação tão grande por si só. O Toupeira já não responde mais por si. Ele abaixa o rosto, a boca úmida entreaberta de maneira lasciva, a língua pra fora já entrando em contato com o peito de Kyle, escorregando até o mamilo esquerdo. A barba crescendo em seu rosto roça pelo peito dele e deixa marcas avermelhadas enquanto ele chupa o mamilo rosado, espalhando saliva, mordiscando sem cuidado.

A mão grande de Christophe aperta com firmeza a carne das costas nuas dele, alisando com mais cuidado. Kyle tomba a cabeça para trás e aperta os olhos com força, gemendo, mal conseguindo ficar de pé. Ele aperta uma mecha do cabelo castanho do Toupeira e puxa sem perceber, o que só o instiga mais.

A coisa logo se transfere pro sofá; eu não sei dizer se é o Christophe que empurra ou se o Kyle que puxa, ou os dois, mas eles acabam na seguinte posição: Christophe o vira bruscamente para que Kyle se ajoelhe no estofado, debruçado para frente, as mãos apoiadas no encosto do sofá. Christophe sorri ao vê-lo desse jeito, um sorriso bem embriagado. Ele desliza a palma pela coluna vertebral de Kyle, que já se assanha e estremece inteiro, e logo o Toupeira abre a calça dele e arranca com força, junto com a cueca, erguendo uma perna de cada vez para tirá-la.

Ele não espera, vai direto; separa as nádegas dele com as duas mãos e cai de boca, sem provocação inicial, chupando com força e de forma barulhenta. E o Kyle desmancha. Ele cai com o tronco pra frente, pressiona contra o encosto, abraçando-o, fazendo uma cara tão obscena e angelical ao mesmo tempo, erguendo o quadril para se pressionar contra o rosto dele, gemendo um palavrão baixinho que Christophe não entende, mas também não se importa. Ele está concentrado demais em devorá-lo.

Depois do primeiro ataque, ele afasta o rosto para dar uma boa olhada no cu dele, bem exposto e avermelhado entorno, contraindo com a provocação; Christophe chupa o dedo indicador para umedecê-lo e o usa para acariciar em volta da região sensível.

-Que cuzinho lindo. - Ele sussurra, muito mais para si mesmo do que para o Kyle.

Mas ele gosta de ouvir mesmo assim. Ri baixinho, arqueando as costas para levantar mais a bunda em resposta, estremecendo com o toque leve do dedo dele.

-É? Você gosta?

Christophe assente com a cabeça quando Kyle vira o rosto para ele. Então, solta-o brevemente para esticar o braço até o abajur da mesa de canto, levando dois ou três segundos para encontrar o botão e acendê-lo. Agora sim, ele enxerga direito. E é a visão mais linda do mundo pra ele.

Quando volta a chupar, é muito mais delicado do que na primeira vez. Ele usa muito mais a língua flexível, deixando que ela percorra ao redor, brincando, mais do que qualquer outra coisa. Então ele cospe, querendo umedecer mais, observando a saliva escolher com um brilho tão carnal no olhar, deixando um tapa barulhento na bunda dele logo antes de voltar a chupar com vontade e calma. Igualmente intenso, mas muito mais lento. Ele alisa a superfície de uma das nádegas enquanto leva a outra mão ao fecho da própria calça, e Kyle não pode ver isso da posição em que está, mas ele abre o botão e o zíper com uma mão só e puxa só a cabecinha do pau pra fora, massageando-a no mesmo ritmo lento em que ele chupa e provoca com a pontinha da língua, sorrindo de vez em quando; especialmente quando ele escuta esses gemidos trêmulos, finos, longos.

O suor já começa a se formar. Christophe fecha os olhos e apenas sente os músculos do cu dele se contraindo na pontinha da sua língua diversas vezes, especialmente quando ele investe nesses movimentos sutis que arrepiam cada pelo do corpo de Kyle. Ele se agarra ao sofá com força e geme forte, erguendo a cabeça e virando o rosto por cima do ombro, o nariz franzido e a boca aberta, mexendo o quadril de forma tão instintiva que ele quase não percebe que está fazendo, mas oferece certo alívio, porque assim ele se satisfaz mais dessa boca.

-Caralho, Christophe. - Ele sussurra baixinho, com uma respiração ofegante, levando uma das mãos pela própria barriga até encontrar o pau enrijecido, começando a acariciá-lo com uma mão despretensiosa, a cabeça um pouco tombada pro lado e os quadris inquietos, pedindo mais.

Kyle já teve uma quantidade decente de homens chupando entre as suas nádegas ao longo dos anos; alguns com mais habilidade, outros com menos, mas nada comparado a isso. Parte disso tinha a ver, é claro, com o fato de que ele nunca desejou outro homem dessa maneira, com tantos anos de ardência nunca aliviada, mas também tem a ver com o fato de que Christophe o chupa como se fosse a última coisa que fará na vida. A intensidade em seus olhos entreabertos, a fome com que ele movimenta os lábios e pressiona o rosto com a bunda dele, a forma com que suas mãos tocam o corpo de Kyle, essa mescla tão perfeita entre o descontrole do tesão e a calma para aproveitar cada milímetro dele, tudo isso faz com que Kyle pense que não vai conseguir aguentar muito tempo sem gozar.

Ele também nunca esteve com um homem que o desejasse dessa maneira.

Bem quando esse pensamento lhe ocorre, Christophe para um instante para tomar fôlego contra a sua carne úmida de saliva, então escorrega a língua para cima até chegar nas costas dele, e continua subindo, lambendo e beijando com a boca aberta, umedecendo toda a pele as costas dele pelo caminho. Ele dá uma mordida no ombro de Kyle que o faz rir baixo, respirando pesado na sua nuca, tirando a própria camisa sem jeito durante o processo. Ele dá mais um tapa, agora mais pra baixo, entre a coxa dele e a nádega, e Kyle quase grita dessa vez.

-Você me deixa louco. - O Toupeira sussurra ao ouvido dele enquanto estica uma das mãos por baixo da coxa dele, e Kyle separa mais as pernas enquanto isso, sentindo aquele braço forte puxando-o mais para trás, instigando que ele se abra e se ofereça. Kyle vira o rosto de lado e sente a ponta do nariz de Christophe roçando pela sua bochecha, os lábios dele inchados de tanto beijar e chupar. A boca do Toupeira escorrega pelo maxilar dele, chupando a região e beijando a lateral do pescoço de Kyle enquanto sua outra mão – a que não acaricia a coxa dele - termina de abaixar a calça.

Kyle pode sentir que ele se masturba durante um tempo, seus ouvidos invadidos pelo som úmido da mão escorregando pelo pau. Christophe franze o nariz colado à bochecha dele, sorrindo com a língua no canto da boca, sentindo a pele suada do rosto tocar na de Kyle enquanto ele segura seu quadril com uma das mãos, encaixando a glande na entrada dele. Isso tudo leva algum tempo, porque ele faz questão de deslizar o pau duro entre as nádegas dele, e escorrega tão fácil por causa da saliva, extasiado apenas com isso. A mão de Christophe sobe do quadril dele até a testa, puxando os cachos ruivos pra trás, subindo sem jeito enquanto ele apoia o cotovelo no ombro de Kyle e mordisca a orelha dele.

-Me fode, por favor. - Kyle murmura com impaciência, mordendo o lábio inferior com tanta força que deixa marcas esbranquiçadas, empurrando o quadril pra trás. - Mete todinho em mim…

Bom, falando desse jeito, quem é ele pra negar? Christophe repete mais uma vez o movimento apertado do pau entre as nádegas dele, mas dessa vez encaixa a glande e pressiona com mais força para penetrá-lo, excruciantemente devagar. O maxilar de Kyle cai sem que ele perceba; ele tem a boca aberta e os olhos fechados, as sobrancelhas levemente franzidas gerando uma expressão mista que pode ser de dor ou de prazer, mas provavelmente os dois, aquele momento inicial da invasão que arde, mas arde gostoso. Christophe passa cinco segundos sem se mexer, só a cabeça do pau pulsando dentro dele, respirando fundo bem perto do ouvido de Kyle.

-Caralho. - Ele sussurra, a mão subindo até apertar uma mecha grossa do cabelo dele, na medida certa para que Kyle deite a cabeça um pouco pra trás e arqueie as costas, pressionando o próprio quadril para trás, ele mesmo afundando ainda mais o pau de Christophe em seu corpo.

As coxas estremecem quando ele se move. Um gemido fraco escapa dos seus lábios totalmente sem querer, mas é um estímulo forte para que o Toupeira retome o movimento, entrando com um pouco mais de força e pressa até que esteja dentro por inteiro, exatamente como ele pediu. Ele inicia um ritmo de vai e vem que é longo e lento, recuando com o quadril até que esteja apenas a glande dentro dele, então voltando a se enterrar nele de tal forma que o saco pressiona firme contra as nádegas de Kyle. Ele suga o ar pela boca, o peito e abdômen molhados de suor deslizando pelas costas dele conforme os dois se mexem; Kyle vira o rosto para encará-lo, tudo em seu rosto delata como ele gosta, e Christophe tem certeza de que vai enlouquecer só pela maneira com que Kyle olha para ele agora.

E para não enlouquecer, ele colide os lábios nos de Kyle com tanta força que os dentes se encontram e roçam pela superfície da carne, do interior dos lábios, mas nada disso importa porque o beijo é úmido e faminto, quase desesperado. Isso faz com que Christophe perca o controle das investidas e force o pau inteiro dentro dele com tanta intensidade que o encontro dos corpos emite um som alto que ecoa pela sala e se repete inúmeras vezes. Kyle estica a mão por trás e agarra a nuca dele, subindo pela parte detrás da cabeça, sentindo os cabelos grossos de Christophe na palma da mão, apertando a mecha entre os dedos por impulso. Ele geme mais alto entre o beijo, franzindo o nariz pela dor, mas também estremece pelo prazer incontido que arde por toda a parte inferior do tronco dele.

-Calma, calma… - Kyle sussurra contra os lábios dele, sorrindo fraco enquanto crava os dentes no lábio inferior de Christophe, puxando com vontade de tirar um pedaço. O Toupeira respira fundo, fechando os olhos por um momento para interromper o movimento brusco, assentindo com a cabeça. - É tão grosso…

Existe, então, uma pausa. Christophe quase se contorce porque pode sentir tudo dentro dele, as batidas do coração de Kyle pulsando no seu pau, as paredes internas apertando a sua carne sensível. Não existe nesse mundo um número alto o suficiente para contar quantas vezes na vida Christophe já imaginou estar dentro dele, exatamente como agora, abraçando-o por trás e se tornando parte dele. O suor se mistura, os sons se misturam, é difícil dizer onde começa um e termina o outro. Mas de certa forma, sempre foi assim.

-Tudo bem? - Christophe pergunta com uma voz rouca, colocando alguns fios do cabelo de Kyle atrás da orelha. Seu sotaque fortíssimo parece muito mais delicado agora do que nunca. Ele retoma movimentos curtos, deixando que Kyle se acostume, sorrindo fraco quando ele geme. - É gostoso?

Kyle responde com mais um gemido alto, acompanhado de um riso quase tímido. Ele assente com a cabeça.

-Muito. - Responde sem fôlego. - Deixa eu brincar um pouquinho, não se mexe. - Enquanto ele murmura isso, os lábios se encontram para mais um beijo, dessa vez mais lento e melhor encaixado.

Quem vê uma cena dessas acredita que Christophe DeLorne é um homem obediente, porque ele mantém os quadris completamente imóveis para que Kyle assuma o movimento, o que ele faz lindamente. Impulsionando o quadril pra frente e para trás, ele se fode no pau do Toupeira durante um bom tempo, no seu próprio ritmo, virando o rosto de frente para abraçar o encosto do sofá e se concentrar na sensação, mordendo o lábio por vez ou outra, parando algumas vezes para só assumir movimentos circulares, contraindo os músculos para apertá-lo.

-Porra, Kyle. - Christophe sussurra. Ele endireita o tronco, perdendo a sensação quente das costas de Kyle em seu peito, mas precisa enxergar o corpo dele por um ângulo melhor para ver cada pedacinho. Ele desliza as mãos por toda a pele úmida de Kyle, passando por baixo, pela barriga dele, subindo ao peito e brincando com o mamilo, arrancando sons lindos dele.

-O seu pau é tão gostoso… - Kyle diz com uma voz oscilante, olhando por cima do ombro para encará-lo com a expressão mais obscena que Christophe já presenciou em seus 35 anos de existência. Pedir auto-controle nessas circunstâncias pode ser um pouco demais para um homem como ele.

Então o corpo responde antes que ele possa pensar a respeito, o quadril colidindo contra o movimento de Kyle, forçando-se fundo o bastante para que ele se contorça pela pressão. A partir daí, ele retoma o controle ao penetrá-lo inúmeras vezes com as duas mãos bem firmes na curva da cintura de Kyle, descendo pelo quadril ao puxá-lo contra si da forma que quer; e Kyle permite, entregue, mordendo o próprio pulso para conter um grito que sai de qualquer forma.

-Assim… - Ele diz em um tom mais forte. - Me fode assim mesmo…

-Olha pra mim. - O Toupeira responde, levando uma mão aos cabelos dele, agora mais acariciando do que puxando, mas conduzindo-o de forma a virar o rosto para ele. - Eu quero te ver.

Os seus dedos passam pelos lábios de Kyle de leve, então ele segura o maxilar e pressiona o polegar na boca dele, que Kyle chupa sem hesitação, os olhos entreabertos de tesão. Christophe apoia um joelho no sofá e a outra perna no chão sustentando seu corpo, mudando o ângulo e variando o ritmo entre estocadas violentas e outras muito mais lentas, profundas, sem pressa para encontrar o ponto certo, o que não leva muito tempo e ele o faz sem dificuldade. É então que os braços de Kyle perdem a força e ele apoia o rosto contra o encosto do sofá, gritando enquanto leva, sorrindo de olhos fechados, tirando o polegar dele da boca. Christophe, então, leva a mão até a nuca dele e, com a outra, crava as pontas dos dedos na nádega direita de Kyle; anos de vida clandestina o ensinaram a ser ambidestro, isso deve ser bastante útil.

Ele tem uma vontade tão forte de dizer “você é tão lindo”, mas não diz, porque Christophe nem sempre sabe como colocar em palavras as coisas que pensa. Ele deixa o próprio corpo falar, forçando o quadril bem fundo e iniciando uma sequência de movimentos muito mais rápidos e curtos, sabendo exatamente como pressionar o pau no ponto que faz Kyle se contorcer. Não demora muito pra que eles estejam se beijando de novo; dessa vez, Kyle endireita o tronco, as duas mãos apoiadas no encosto, os braços esticados, apoiando as suas costas no peito de Christophe enquanto eles se beijam de forma barulhenta. Os sons preenchem a sala com grunhidos e o som dos lábios se encontrando, das línguas se enroscando, o som da respiração ofegante e dos gemidos altos e dos corpos colidindo um no outro.

Christophe o abraça com força por trás, as mãos grandes tateando o peito de Kyle com tanto prazer. Ele escorrega a boca pelo maxilar de Kyle e desce até a lateral do pescoço dele, chupando a carne e gemendo baixo em satisfação, sabendo que não vai durar muito tempo nesse ritmo. Então ele diminui um pouco. Kyle deita a cabeça para trás no ombro dele, tomando fôlego bruscamente, soltando o sofá com uma das mãos para levá-la aos cabelos de Christophe, acariciando sem jeito, a mão quase sem força. O Toupeira envolve o pau dele no punho fechado, apertando a glande com seu jeito grosseiro antes de começar a masturbá-lo devagar, no mesmo ritmo em que entra e sai do corpo dele.

-Minha putinha. - Christophe murmura contra a pele úmida do pescoço dele, lambendo a região em seguida, provando o gosto da pele dele mesclado ao suor salgado, sorrindo quando sente o que isso faz com o corpo de Kyle, como ele fica tão extasiado que quase perde os sentidos.

-Christophe...

Acelerando o movimento da mão pelo pau dele, Christophe também volta a meter com uma força desmedida, impulsionado pelo desejo incontrolável de atingir o limite. Quando Kyle goza, as paredes internas se contraem em torno do pau pulsando dentro dele, e Christophe o aperta com mais força em seus braços, jamais interrompendo o movimento, deitando a testa na curva da nuca de Kyle, os olhos fechados, uma expressão extasiada em seu rosto que não é tão diferente assim da face que ele usa quando luta ou quando sente dor.

E é assim que eles gozam, com poucos segundos de diferença, Kyle um pouco antes do que ele. Ele solta os cabelos de Christophe e leva a mão à mão do outro em seu próprio pau rígido, sentindo o líquido quente escorrendo entre os dedos do Toupeira, aquela mão grande e cheia de cicatrizes que ele tanto amava em sua boca, em sua pele, aquela mão que já lhe protegeu sabe-se lá quantas vezes. O tronco de Kyle cai para frente, mas Christophe o segura tão firmemente que ele quase não se move. Ele continua sentindo aquele pau grosso se movimentando por dentro dele, agora sentindo a ardência novamente quando atinge aquele ápice de prazer e a adrenalina começa a baixar lentamente. Ele continua respirando ofegante, uma de suas mãos tocando o braço de Christophe que envolve seu peito, acariciando-o quase sem notar. A sensação da porra quente de Christophe dentro dele é quase tão delicioso quanto o próprio orgasmo, isso fica muito nítido no rosto de Kyle.

Eles passam cerca de cinco segundos na mesma posição, recuperando o fôlego, mas logo Christophe retira o pau de dentro dele e Kyle resmunga baixinho. O Toupeira mantém um dos braços entorno dele durante algum tempo, mas usa a outra mão para secar o suor do rosto, respirando fundo. Kyle pode sentir o coração acelerado dele martelando dentro do peito, que continua colado às suas costas. Ele vira para enxergá-lo por cima do ombro. Enquanto isso, Christophe ajeita a própria calça na cintura sem fechá-la.

Quando Kyle se vira, imediatamente enrosca os braços no pescoço de Christophe para beijá-lo, ainda no clima da foda, invadindo os lábios dele com a língua antes mesmo de encaixar a boca na dele. Christophe leva as duas mãos à cintura de Kyle e alisa a pele dele enquanto o beija com os olhos fechados, de maneira preguiçosa, circulando a língua de Kyle com a sua. De repente, ele envolve o tronco de Kyle com os braços e o ergue no colo bruscamente. A reação imediata de Kyle é um riso nervoso de surpresa, ao mesmo tempo em que ele se segura no pescoço de Christophe com força e envolve as pernas em torno do tronco dele.

-Eu consigo andar, viu, você não é tão grande assim. - Kyle diz com um sorriso malicioso, a boca bem próxima da do Toupeira, quase roçando os lábios nos dele.

-É pra você não reclamar que eu não sou cavalheiro.

Kyle solta uma gargalhada, tombando a cabeça pra trás, interrompendo o beijo que eles estavam prestes a ter.

-Ah, tá bom.

É importante dizer que esses dois estão consideravelmente bêbados. Christophe provavelmente nem estaria carregando ele no colo se estivesse completamente sóbrio. Ou talvez estivesse, quem é que sabe? Ele sempre foi de agir diferente quando estava sozinho com o Kyle. Isso é algo que eu só fui descobrir depois de morto, é claro, quando o tempo deixou de existir para mim e eu ganhei a habilidade de enxergar tudo o que acontece em todos os momentos, em todos os espaços.

Mesmo embriagado, Christophe consegue chegar ao quarto em segurança e sem tropeçar, mas larga o corpo de Kyle na cama de tal forma que releva o cansaço de quem já não tem mais vinte anos. Ele arranca os sapatos e a calça antes de se deitar, mas mantém a cueca, puxando o cobertor para se enfiar ali embaixo, deitando em cima de Kyle, que o enrosca nas pernas e leva as mãos ao seu rosto de imediato para que eles retomem o amasso preguiçoso, muito mais lento e menos esfomeado. Eles passam algum tempo assim, beijando embaixo das cobertas, se esfregando um no outro sem pressa, até que o corpo de Christophe escorregue um pouco pro lado, metade do seu corpo ainda cobrindo o de Kyle, o rosto roçando pelo pescoço dele, inalando o seu cheiro. Kyle vira o rosto de frente para o dele, a pontinha do seu nariz roçando pela bochecha de Christophe; ele fecha os olhos devagar quando os lábios se encontram novamente.

-Eu quero tanto te chupar. - Kyle sussurra em meio ao beijo mal encaixado que nem tem contato de língua, sua mão escorregando pelo abdômen nu de Christophe, dedilhando a cicatriz da bala que entrou ali quase dezesseis anos antes.

A cara que o Christophe faz é uma das coisas mais engraçadas que eu já vi. Ele franze as sobrancelhas como se Kyle tivesse acabado de dizer que quer ser palhaço de rodeio ou alguma coisa parecida. O Toupeira então se espreguiça, empurrando o cobertor mais para baixo, rolando de barriga para cima na cama.

-Eu tô bêbado demais pra ficar duro de novo, mas eu posso pegar uma banana pra você lá embaixo.

Kyle o chuta com um pouco de força demais para ser de brincadeira.

-Como você é horrível. - Responde rindo, virando de barriga para baixo, abraçando o travesseiro enquanto observa Christophe se levantando da cama para encontrar a calça no chão, retirando o maço de cigarro do bolso traseiro. Kyle sorri sozinho, pensando em como é bonitinha a bunda dele.

Christophe se deita, agora sobre o cobertor em vez de embaixo, as pernas esticadas no colchão, cruzando uma sobre a outra. Ele acende um cigarro com o isqueiro dentro do maço e o coloca na cabeceira para usá-lo como cinzeiro; já está no fim mesmo. Eles passam alguns segundos assim em silêncio, mas é um tipo de silêncio confortável que só se compartilha com as pessoas com quem se tem uma intimidade muito forte.

Kyle fecha os olhos cansados durante quase um minuto, a consciência escorregando, mas quando ele abre as pálpebras, percebe a energia diferente que vem do homem do outro lado da cama. Ele o observa em silêncio, enquanto Christophe olha pra frente – pros próprios pés, talvez – e sua mente está, obviamente, em outro lugar. Eu sei onde é esse lugar. Kyle não pôde nem começar a imaginar.

-Ei. - Ele chama com uma voz fraca. Christophe leva alguns segundos para olhá-lo, com o olhar igualmente sério, uma pequena ruga entre as sobrancelhas, distraído pelo que estava ocupando a sua mente. Kyle estica uma mão para acariciar a lateral do tronco dele, onde existe uma tatuagem preta de um símbolo que Kyle desconhece. - O que você tem?

O Toupeira desvia o olhar para o teto, sem mover nenhum músculo da face, engolindo um acúmulo de saliva na boca. Então, ele dá mais uma tragada lenta, piscando devagar, balançando negativamente a cabeça para dizer que não é nada. Como se fosse fácil assim se livrar do Kyle.

-Eu fiquei tão distraído reclamando no carro que eu nem falei nada, mas você passou a noite inteira esquisito. É por causa do Stan?

-O quê? - Christophe estreitou os olhos, encarando-o de relance, o cigarro próximo aos lábios. - Não.

Em vez de insistir, Kyle apenas se deita de lado, erguendo um pouco a cabeça para apoiá-la na mão, sustentando o braço com o cotovelo, os olhos fixos nele. Eu conheço esse olhar aí. Essa expressão calma de quem não vai parar de te encher o saco até você falar com ele. Kyle consegue ser adoravelmente insuportável quando quer. Christophe franze o cenho para ele, talvez porque tenha passado tempo demais longe para se lembrar de com quem está lidando. Claro, se Christophe estivesse sóbrio, a seguinte conversa não aconteceria. Mas ele vai ceder. Em cerca de trinta segundos, ele vai ceder.

Os cantos dos lábios de Christophe sobem, mas não é bem um sorriso sem jeito, é muito mais uma careta confusa de quem não sabe exatamente o que dizer.

-Me fala. - Kyle diz num tom macio que ele sabe que funciona.

E a coisa mais curiosa acontece: o Toupeira abre a boca pronto para dizer “não aconteceu nada”, mas o que sai, em vez disso, é:

-O Gregory sabe.

E Kyle não entende de imediato o que ele quer dizer com isso, então faz uma cara confusa e balança um pouco a cabeça como quem pergunta “sabe do quê?”, mas Christophe não precisa responder. Não com o olhar que habita o rosto dele agora. Isso já diz o suficiente, essa culpa que pesa o seu semblante. O fato de que ele não quer encarar Kyle diretamente. A maneira nervosa como ele fuma pra acalmar essa carga pesada dentro do peito, essa dor aguda na nuca, o mal estar na boca do estômago por tocar nesse assunto. É assim que Kyle entende.

-Ele…? Como assim?

Christophe encolhe os ombros, batendo as cinzas dentro do maço quase vazio, apenas com um cigarro dentro.

-Sei lá, ele viu.

-E ele foi te perguntar?

De novo, ele encolhe os ombros, dessa vez também assentindo de leve com a cabeça. Então, fecha os olhos, virando o rosto para o lado oposto, assoprando a fumaça.

-O que você disse? - Kyle pergunta em um tom muito mais acordado, sentando-se, apoiando as mãos no colchão ao erguer o tronco. - Ele te perguntou se foi você?

-Eu não precisei dizer nada, Kyle. É o Gregory.

Durante alguns segundos, a expressão de Kyle é muito mais perdida do que qualquer outra coisa. Mas de repente, alguma coisa começa a ferver dentro dele. Ele leva duas mãos para cobrir o rosto, sacudindo a cabeça de forma inconformada. Quando as abaixa, sua expressão é completamente diferente. Ele tem a boca entreaberta, uma chama ardendo nos olhos que dá a Christophe a ligeira impressão de que ele vai quebrar alguma coisa.

-Ele acha o quê, que você me estrangulou de graça?!

-Sei lá que porra ele acha, não me interessa. Ele só precisava dar o recado dele.

-Que recado?

Agora, o Toupeira começa a se arrepender profundamente de ter dito alguma coisa pra começo de conversa. Ele aperta a ponta do nariz com o indicador e o polegar, fechando os olhos com força, sentindo uma leve dor de cabeça.

-Que ele não vai tolerar que ninguém te machuque, seja eu ou qualquer outra pessoa, sei lá. Você sabe como ele fica paternal.

-Que filho da puta, eu não acredito que ele foi perguntar pra você.

Kyle dobra os joelhos e apoia os braços neles, unindo as mãos em frente ao rosto, agitado. Tanta coisa percorre o cérebro dele, a embriaguez dificultando a organização dos pensamentos, mas de uma coisa ele sabe: que isso foi uma violação. Veja bem, você já deve ter notado que Christophe não é exatamente uma pessoa fácil de proteger. Ele sempre foi o ponto fraco de Kyle nesse sentido. E, sabendo que Gregory foi a coisa mais próxima de família e o amigo mais íntimo – talvez o único amigo íntimo – que Christophe teve na vida, ele sabe exatamente o quão fundo as palavras de Gregory o cortaram. Kyle pode ver o quanto isso dói. Olhando de fora, qualquer pessoa não perceberia o quanto isso dói fundo no peito de Christophe, mas Kyle o conhece nas sutilezas. Na mão trêmula com que ele traga o cigarro, no olhar vazio que ele tem no rosto, na forma como seus lábios estremecem ao falar.

Mesmo assim, o Toupeira diz:

-Não é nada demais, Kyle. Não precisa ser dramático.

-Não! Não, nem vem com essa. Ele não tem direito nenhum de te atacar, ele não faz ideia do que aconteceu. Como é que ele se acha no direito de insinuar que você faria uma merda dessas de propósito?!

“Porque ele me conhece”, é o que Christophe tem vontade de responder, mas ele apenas bufa em silêncio e apaga o cigarro, colocando as pernas pra fora da cama.

-Eu vou dormir. - Ele anuncia, levantando-se.

-O quê? Onde é que você pensa que vai?

-Pro sofá. - Ele responde com simplicidade, coçando um dos olhos, bocejando logo em seguida. Há uma habilidade natural nesse homem de não reagir aos problemas que ele não pode consertar, é impressionante.

-Para de falar merda, deita aqui comigo.

Christophe se vira para encará-lo, e surpreendentemente, seu olhar é mais macio agora. “Eu não vou dormir com você”, ele comunica com o rosto, sem dizer uma palavra. Existe uma apelo na expressão dele, uma tentativa de fazer Kyle entender o óbvio, mas Kyle é muito bom em ignorar isso. Então ele responde com uma expressão frustrada, balançando a cabeça.

-Não vai acontecer de novo. - É o que Kyle diz, como se pudesse prometer uma coisa dessas. É em vão, logicamente. - Fica aqui.

-Boa noite, Kyle.



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