História Liberte-me - Capitulo 17

--como isso foi acontecer Lex?!pode me explicar?!--perguntou furiosa mamãe.

--ela caiu!foi sem querer!--descarada ela falou.arggh que raiva eu sentia dela.tinha tudo para mamãe e Lex se estranharem mas eu não tava nem ai eu queria justiça!!

--você me empurrou!!--retruquei e ela veio contudo em minha direção.hoje eu ia morrer.

--deixa de drama!eu cuido do seu braço!não é isso que todo mundo quer não é!!??--exaltou ela sem nenhuma objeção.

ouvir aquilo não foi um alivio e sim um angustiante tormento.A vila velha pelo que Luana me contara não tinha um hospital preparado para atender tais exigências da minha mãe e muito menos eles se comparavam ao particular e especializado hospital de Lex mas nada podíamos fazer alem de seguir ate o posto de saúde de lá e usar o que tinham,o que não era muito.tudo por lá era precário então fora um exame tipo abra a língua e saia de lá com virose.

--eu não sei porque não esperaram ate o amanhecer para virem aqui..--reclamou o medico local.a incompetência daquele homem era algo que Lex não perdoava em seu competente hospital.o cara estava quase dormindo.

--seu dever é estar aqui vinte e quatro horas por dia!--disse Lex com um tom autoritário.ela achava mesmo que daria ordens aquele cara.(rs)

--você é medica??--perguntou ele.

--sou.hospital Saints Ross.conhece??creio que não.

--pois bem doutora.ela precisará de um raio x primeiro.

--eu sei..e aqui deve ter um aparelho não é?

--não.não tem.

--obrigada Lex.--irônica falei.eu precisava de verdade por aquela dor pra fora e ouvir do medico que ali não tinha os aparelhos necessários era a única coisa que eu precisava ouvir.

--Alex não provoca.onde podemos fazer o exame??--perguntou Luana preocupada.

--a próxima cidade depois dessa cidadezinha é a três horas daqui mas lá há o necessário para por seu braço em ordem.--concluiu ele.

--obrigada doutor..vamos Lex.--disse Luana a Lex nos levando a saída do posto de saúde.ela estava disposta a me levar ate a outra cidade para me ajudar com meu braço bem diferente de Lex que a olhou desacreditada.

--o que??você ouviu o médico!?vai levar três horas para..

--por favor..--pediu ela docemente com aqueles olhinhos azuis irresistíveis ate mesmo para uma ignorante como Lex,ela calou-se por alguns segundos e..

–...eu não tenho nada melhor que fazer essa noite não é?--citou ela vendo que a consciência não a deixaria dormir.

Entramos no carro e Lex dirigiu durante todo o restante da noite, firme e forte sem dizer uma palavra com a gente.ela deveria saber que é o certo a se fazer e não seria eu que falaria aquilo para melhorar aquela cara fechada dela.
Eu cochilei no banco de trás durante um momento.um alivio para a dor que sentia na minha mistura de raiva e ansiedade.

****

--por que vocês são assim??--perguntou Luana conseguindo me despertar com sua voz calma mas a pergunta não era pra mim e sim a Lex.

Continuei a fingir que dormia apenas para ouvir mais daquela conversa pois também para mim aquela era uma pergunta intrigante.nem eu sabia responder porque Lex e eu tínhamos tanta birra uma com a outra e ouvir dela seria ótimo.me surpreendi com esses dias com ela por se envolver tanto comigo e ate me proteger como no caso com Angel mas..eramos estranhas uma pra outra no passado.no começo brincávamos como irmãs normais.digo normais pois ate o momento eramos uma família feliz com um pai e uma mãe,não nos preocupávamos com os problemas dos adultos.logo após este mundo de problemas invadir nosso mundo,a separação da mamãe,a divisão de bens,o internato..dentre tantas dificuldades ela preferia me isolar,me abandonar..passei a infância e um pouco da pré adolescência acreditando que só era eu e que no quarto ao lado eu não tinha mais uma irmã apenas mais uma garota morando comigo.eu precisava ouvir..

--o que quer saber?!por que eu e ela somos tão diferentes?!--perguntou Lex com um tom irônico em sua voz.

--também..

--Alex é explosiva,iludida,boba,apaixonada e acredita que tudo gira ao seu redor.o que não é verdade.ela nunca foi pé no chão como eu fui.enquanto ela brincava de barbie se beijando eu estudava em um colégio interno com freiras me batendo a cada erro meu,enquanto ela se divertia durante toda a noite eu me formava em medicina como a melhor da minha turma,enquanto ela brincava de pegar todas as garotas da cidade e transformar-las em lésbicas por um dia eu salvava vidas!Elizabeth sempre passou a mão na cabeça dela quando tudo que ela fez foi errar!!desde dos quinze anos dela que não moramos mais juntas..manter um relacionamento a distancia nunca dar certo.--terminou Lex.eu sentia amargura em suas palavras mais também uma certa tristeza.infelizmente tudo que ela me dissera era verdade e me surpreendera no que eu não sabia.

--ela não é uma estranha é sua irma!..desde de criança que sou somente eu aqui..naquela fazenda.(rs) quando eu conheci a Alex eu fiquei..tão feliz.(rs) me encantei por ela e no começo quis ela como uma irmã.

--não se beija irmãs na boca Luana e não me peça para pegar leve com ela porque comparado a minha vida ela só teve o melhor de Elizabeth e de Frank.

Como ela podia ser tão arrogante a esse ponto?!!depois de tudo que passamos juntas..ela viu assim como eu o quanto mamãe sofreu com a separação.ela não podia cuidar de nós duas e muito menos fui disputada por eles.tive que ficar com meu pai,e quando você é criança escolher um lado não é algo que você quer.pra você ambos devem permanecer juntos mas não deu..me lembro do dia em que minha mãe me disse que sumiria por um tempo e sumiu.ela foi ser alguém na vida,algo que com meu pai ela não era nada.eu respeitei isso..se ela pelo menos tivesse ouvido o que mamãe falou na casa de Luana..me senti traída e me senti feliz por estar fingindo esta dormindo.eu não queria que ela me visse chorando.

****

--ela teve sorte.foi uma fratura simples e o osso continua alinhado.um gesso resolverá como também alguns analgésicos melhorará a dor..três a quatro semanas garota ficará livre.--disse o medico a mim.fingi um sorriso feliz diante das duas mas era nítido a elas que eu não estava satisfeita com aquilo.

Voltamos para a casa grande e Luana já me fez tomar os medicamentos prescritos pelo médico.meu braço já enfaixado e no gesso só esperava ter um domingo tranquilo e sossegado na minha cama.umas boas horas de sono resolveria a sonolência dos remédios e depois ia ser só Luana,Luana e Luana.
Infelizmente Lex parecia desfilar uma marcha cada vez que passava pela porta do meu quarto.era irritante e parecia que ela estava fazendo de propósito.tentei me acalmar e focar em outra coisa antes de dormir mas quando o silênico começava ela novamente passava.era claro que era de proposito!!
não me contive,me ergui da cama e já sob os efeitos dos remédios contra dor eu andei ate a porta.abri esta com raiva e num movimento só quando a peguei no flagra dando outro desfile.

--dá pra parar!??!já não basta ter quebrado meu braço agora você quer me deixar louca com os efeitos desses remédios?!!--me exaltei e ela me olhou perplexa paralisada.

--definitivamente não pedirei desculpas a você.--disse ela arrogante a cruzar o corredor direto ao seu quarto.

--enfia as suas desculpas na sua cavidade anal sua cretina!!--falei e fechei a porta.pra mim foi inevitável não por meu ouvido na madeira da porta e tentar ouvir algo alem mas o silêncio me traumatizou.
voltei para a cama ainda apreensiva.eu tinha xingado Lex e ela deixou??ela sempre tinha um xingamento prontinho quando se tratava de mim.

--peça desculpas a ela.--disse Luana para minha surpresa,sua voz ecoou pelo corredor.fiquei acordada para ouvir o que poderia sair daquela conversa.

--eu não vou pedir nada! ela acabou de me mandar por minhas desculpas naquele lugar!!--retrucou ela indignada.

--ela é sua irmã e você quebrou o braço dela!

--e quebraria o outro!!

--me diga uma coisa..ainda fala com seu pai??

--e o que isso tem haver com essa conversa?todos sabem que não.

--então Alex é a única pessoa da sua família que ainda se importa com você..odeia sua mãe não fala com seu pai..quando um dia difícil surgir em sua vida é a ela que terá que recorrer..e é ela que irá lhe ajudar.

--(rs) eu estarei ferrada nesse dia.

--peça desculpas!!--mandona Luana falou.

--arggrh!!as outras namoradas dela nunca me pediram tal coisa.--aquilo era verdade.

Logo eu ouvi os passos furiosos de Lex e me acomodei depressa na cama.
A porta se abriu e eu fiquei ali deitada como no carro,fingindo que dormia e que minha consciência estava longe.o suspiro profundo de Lex ao redor da minha cama não me comovia.enquanto ela queimava os miolos pensando como faria isto eu ainda me lembrava de suas palavras de ódio.

--pára de fingir que eu sei que você tá acordada.--disse ela reclamando mas eu não me movi,permaneci ali virada de lado sem querer olhar pra Lex.quando eu ficava emburrada eu ficava mesmo..

novamente eu ouvi seu suspiro pesado,parecia que alguem não sabia o que fazer.ela sentou do outro lado da cama e como sempre o silêncio constrangedor surgira.ela realmente não sabia o que fazer!!

--eu..não queria quebrar seu braço..não de propósito...mas você sabe bem o que acontece quando me irritam e você me irritou!--olha ela levantando a voz pra mim de novo..como eu odiava isso.de novo o suspiro,ela tava mesmo se controlando para não brigar mais ainda comigo.continuei virada e meu silêncio e corpo imóvel a aborrecia pelo meu desinteresse em sua conversa.ela odiava ser ignorada..mas adorava fazer isso comigo.
--hey!!você tá me escutando!?

--por que se importa??..por que Lex?!--perguntei e nisso senti ate medo do que ela responderia.
--sempre preferiu não me ter como irmã..

--escutou o que eu disse no carro..

--é claro que escutei!!quando você foi no meu quarto e começou a contar aquelas historias eu pensei,nossa ela esta se divertindo!ela é humana!(rs)...você quebrou a porra do meu braço no final mas ate ali eu ainda estava considerando que algo em você havia mudado..mas me enganei.--falei sentando-me melhor na cama e foi inevitável não segurar uma maldita lagrima a descer pelo meu rosto.eu tentei ser forte e a limpei rapidinho.eu não queria que ela visse a confusão de sentimentos que ela fazia dentro de mim.

--quer virar minha melhor amiga tudo bem Alex mas pare de chorar.

--eu não to chorando..

--eu vi uma coisinha saindo do seu olho.

--foi um cílio.

--sei..

--cílios caem sabia e entram nos olhos das pessoas.

--como eu odeio o seu jeito de menina.

--e como eu odeio o seu jeito de mulher!

Trocamos olhares sérios por um momento e rimos depois..acho que precisaríamos de uma trégua.

--me perdoa..--disse ela arrependida para meu espanto.não deixei claro minha surpresa na verdade eu queria ver ate onde ela iria.

--ah...não?

--tá me zoando?!

--e você esta??

--não me force fazer aquilo.--ela falou séria e eu me preocupei.esse ´aquilo` era o que ela fazia para me torturar quando criança e isso era algo que há muito tempo não fazíamos.

--não ousaria.--meu deus o que eu estava falando??praticamente a desafiei!!agora era tarde demais.

Ela arrancou os lençóis que me cobria e levando sua boca a minha barriga assoprou.que tormento!!me acabei de rir tentando tirar-la de cima de mim.

--pára pela amor de deus!(Rs)

--não ate você aceitar minhas desculpas.--disse ela fazendo novamente aquele assopro.

--tá eu aceito.--falei contendo meu riso..já fazia tanto tempo que não nos divertíamos assim como irmãs sem nos preocupar com o mundo.só eu e ela,ela de verdade.
--pensei que tinha se esquecido disso.lembra quando a mamãe adorava brigar com a gente por nunca saber quando tínhamos feito as pazes??--falei nostálgica mas Lex suspirou e afastou-se de mim levantando da cama.tinha me esquecido que ela odiava nosso passado.

--por que tem sempre que estragar tudo Alex?!!

--Lex esquece essa raiva da mamãe!!

–..espero que fique melhor logo.--disse ela deixando o quarto.logo depois a porta novamente se abriu e Luana entrou.

--deu tudo certo??--perguntou ela.

--acho..que estamos como antes.

--como antes brigadas??

--não..só como antes.

Eu resolvi dormir e pela tarde fui acordada como o barulho de uma buzina de carro repetidamente ser apertada do lado de fora da casa grande.me levantei e sai do quarto.caminhei ate a porta principal ainda sonolenta ate me dar conta que era meu pai que havia chegado.