História Liberte-me - Margarida : A bela sofredora.

                         Capítulo Dois.

Chorei ao me olhar no espelho e ver uma marca roxa em meu ombro, uma marca que não ficaria para sempre mas marcaria eternamente minha adolescência traumatizante. Meu pai Miguel,é um homem mau,agressivo e extremamente violento quando pode. Justifica suas ações pelo fato de ter sido abandonado por minha mãe há dezesseis anos atrás, quando eu ainda era um bebê. Diz que não sirvo para nada,que só dou trabalho e que nem para seduzir um homem rico, presto. Anteontem  me obrigou a sair com um velho milionário- sim,meu pai é um corruptor de menores e está investido em mim para subir novamente na vida.- o mesmo tentou me abusar mais consegui fugir bem na hora, quando cheguei em casa chorando e com a roupa toda rasgada ,meu pai me bateu e me trancou no quarto. Chorei baixinho pelo resto da noite,com medo dele me escutar e vim me bater novamente.

* No outro dia.

De manhã cedo,escutei a porta abrir e senti algumas roupas serem jogadas sobre mim. Olhei para cima e avistei a carranca do meu pai ,parado à minha frente com às mãos na cintura.
_ Tome um banho,veste isso que vamos pra escola.- avisou como se fosse um ultimato.
_ Mas hoje não tem aula na minha escola.-falei com a voz grogue de sono.
_ Você não vai pra sua escola,sua inútil.-falou seco.- E cuide-se de estar pronta em quinze minutos, pois se eu voltar aqui e você não estiver pronta...- disse em um tom ameaçador e estremeci.
Resolvi não fazer mais perguntas,meu pai podia ser um monstro quando estava com raiva, prova disso são meus vários ematomas.
_ E cuide de cobrir isso.- apontou para o roxo no meu ombro.- Fique bem bonita.- terminou,saindo do quarto.
" Desgraçado." Xinguei-o em pensamentos.

Corri para o banho e tomei uma ducha rápida, sai do box e me enrolei em uma toalha,logo depois secando meus enormes cabelos. Vesti a rouoa que ele havia mandado: Uma blusa branca de alças,jaqueta jeans curta,saía rodada preta com detalhes floridos e uma botinha preta. Deixei os cabelos soltos e fiz uma maquiagem leve, passei um batom rosa claro e finalizei com um brilho.

_ Já terminou?- meu pai apareceu exatamente depois de cinco minutos.- Espero que sim.- falou sério.
_ Já, só vou pegar minha bolsa.- falei indo em direção ao acessório.

Entramos no carro e seguimos para um caminho contrário ao da minha escola, ele disse que não iríamos para ela. Não se passava pela minha mente o que Miguel estava planejando, senti um enorme nervoso ao pensar na possibilidade dele querer me prostituir novamente.
_ Aonde estamos indo?- me arrisquei a perguntar.
_ Não é da sua conta.- me lançou um olhar irritado pelo retrovisor.
Ficamos em silêncio novamente,até que ele resolveu continuar:
_ Ouça, você irá para uma escola nova.-arregalei os olhos.- Semana passada já me dei ao trabalho de te tirar daquela escola imunda e te transferir para uma das instituições mais famosas de São Paulo, escola Mundial.- Como ele fez isso?- Lá tem muitos filhos de pessoas importantes, não é possível que não atraía ao menos o olhar de um.- me olhou com desdém pelo retrô.
" Eu odeio você! Seu velho asqueroso e nojento!" O xinguei das piores formas em meus pensamentos.

Chegamos em frente à enorme escola famosa, Mundial. Estávamos em cima da hora, os alunos já terminavam de entrar e os porteiros já se preparava para fechar os portões.

_ Ei, espera!- meu pai gritou o porteiro amigavelmente( Muito cínico)- Ainda falta minha menininha.- afagou meus cabelos em um ternura falsa.
_ Quase na hora,hein?- o velho porteiro sorriu amável.- Mas que mocinha linda.- me fez um elogio e meu pai abriu um sorriso de canto. Era isso o que ele desejava.
_ Ela é linda mesmo, é meu tesouro.- falou cinicamente e o homem nos olhou com ternura, mal sabia ele que esse "papai amoroso" me espancava.
_ Então tchau,meu amor.- me deu um beijo na cabeça e por impulso me afastei rapidamente, meu pai me lançou um olhar ameaçador.
_ Tchau pai,te vejo mais tarde.- forcei uma falsa amizade de pai para com filha, e ele riu satisfeito.
Entrei na escola e fui guiada por uma inspetora até a porta da minha sala.
_ Você vai ficar no 3 ano "b", e não se esqueça de passar na diretoria no final da sala.- a mulher avisou eu eu confirmei com a cabeça.
_ Boa aula.- falou e se retirou.

Girei a porta da maçaneta e cuidadosamente abri a porta, envergonhada pedi licença e fui entrando de cabeça baixa. Entrelacei as mãos e fiquei de frente para a professora,ainda cabisbaixa.
_ Ora,vejo que temos uma nova aluna.- a professora disse animada.- Vamos, se apresente.
Escutei alguns risinhos e assobios vindo do fundo,mas não tive coragem para olhar.
_ Me chamo Margarida Garcia.- foi a única coisa que consegui dizer,antes de levantar o rosto e me deparar com um garoto lindo a me encarar profundamente,ora normal ora sarcástico .Percebi que algumas garotas me olhavam feio e até com nojo,outras me olhavam estranhamente com admiração e maioria dos garotos me encaravam e faziam gestos obscenos. Isso é mesmo uma instituição séria?  A professora me indicou uma cadeira, em uma fileira da frente, fui direto para o lugar e me sentei sem olhar para os lados,apenas para frente. Me adaptar seria o mais difícil.