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História Liberté: Sangue do meu sangue - Sementes de Esperança


Escrita por: Alexiel_LaRoux

Notas do Autor


Bom sem muitas delongas pq eu to dodói!

Muito obrigada pelos comentários e carinho de cada um de vocês, a recepção da fic me tem animado bastante e eu a escrevo com muito carinho para vocês. Não vou enrolar muito, obrigada a todos pelo carinho, a minha beta maravilhosa e tenham uma ótima leitura! Bjjj

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Capa: Não encontrei o nome do autor, infelizmente, mas se alguém souber por favor me informa que edito aqui. Todos os créditos da imagem ao mesmo.

Capítulo 12 - Sementes de Esperança


Fanfic / Fanfiction Liberté: Sangue do meu sangue - Sementes de Esperança

- Então, esse Camus é o namorado do nosso filho? – Kárdia dizia surpreso, olhando para os garotos. – Isso quer dizer que meu filho é...

- Gay, senhor Alexis. Milo nunca escondeu sua relação com o Camus, acho que eles tão juntos... – Dite pensava. – Há quanto tempo mesmo, Aiolia?

- Aqueles são grudados desde que se viram a primeira vez, quando Camus tinha oito anos. Mas assumidamente como um casal, eles estão juntos desde que Milo tinha 15. – Aiolia completava o raciocínio do amigo.

- Ele não nega mesmo ser filho de quem é... – Dégel dizia em um sussurro.

- Dégel! Ele também é seu filho – Kárdia fazia cara de bravo.

- Mas a herança genética é sua. – Deu um sorrisinho de canto, mínimo, mas os rapazes pareceram ver Camus naquele leve toque de sarcasmo.

- Falou o “ex-hetero”. – Kárdia cruzou os braços fazendo um bico enorme, igual aos de Milo.

Os dois meninos se olharam e Shun somente riu de canto, sussurrando para Afrodite.

- O Milo e o Camus são clones deles, é? – Disfarçava a piadinha.

- Tá parecendo, Shun. – Dite disse, quando voltou a atenção a Dégel, que voltava à conversa.

- Sim, eu compreendo que Camus seja namorado de Milo e que os dois fugiram do orfanato por causa do Camus e do passado dele. – Ele suspirou cansado, jogando uma mecha teimosa para trás da orelha – Agradeço por ter dado abrigo ao meu filho e o tirado das ruas Shun, mas eu ainda não entendi porque eles fugiram!

- Eu também não – Kárdia falava já meio inquieto, sem a paciência e a polidez de Dégel. – Milo tinha conseguido bolsa em uma faculdade, tinha um estágio garantido e um futuro brilhante pela frente. O namorado, se é inteligente como vocês dizem, logo seguiria seus passos. – Suspirava - Por que diabos meu filho ia preferir viver na rua, passando privações com o namorado, se eles tinham um futuro garantido?

Afrodite e Aiolia se olharam, enquanto Shun apertou a mão do amigo loiro com aquela pergunta. Eles pararam por um tempo e foi Aiolia quem rompeu o silêncio.

- É melhor contar para eles, Dite. O Camus está sumido, eles podem ajudar, são a família do Milo.

- O que vocês estão escondendo? – Dégel perguntou se sentando melhor na poltrona, encarando os garotos.

- É que... – Dite vacilava.

- Eles iam ter um filho. – Shun dizia sem rodeios e sentia que os outros o recriminaram por isso. – Não adianta enrolar rapazes, o Camus precisa de ajuda, ninguém sabe quando o Milo vai acordar, a coisa toda já está escancarada, não tem mais como guardar segredo!

- Mas pera aí. – Kárdia falara, ele e o marido estavam atônitos - mas como assim, eles são rapazes, por um acaso eles tinham mais alguém com quem se relacionavam, ou o quê?

- Não senhor Alexis, pode parecer absurdo – suspirou cansado, pensando que eles o achariam um louco – Quem gerava a criança era o próprio Camus – Shun disse de uma só vez.

- O Camus escondeu a vida inteira que nasceu em um laboratório e que ele era uma cobaia fugitiva. – Dite tentava resumir – Nós só descobrimos isso depois de muito tempo da fuga deles, mas Milo sabia desde que eram muito jovens, e guardava o segredo do namorado a sete chaves. Só que um dia eles descobriram o que fizeram ao Camus e foi quando começaram a fugir, assim que souberam que o Camus estava grávido e os homens do laboratório que o perseguiam o encontraram.

- Projeto Híbrido... – Dégel falava para si mesmo e arrancava os olhares atentos dos garotos.

- Dégel, você quer dizer aquele projeto em que...- Kárdia o olhava com curiosidade.

- Exatamente, Kárdia.

- Pera, vocês sabem alguma coisa disso? – Aiolia perguntava curioso e era Dégel que respondia.

- Eu fazia parte da equipe que iniciou esse projeto. – Ele suspirou, colocando novamente os óculos e pegando um pequeno aparelho, onde começou a digitar enquanto falava. – Na verdade, minha família é uma das maiores acionistas desse laboratório. – Os meninos olhavam para ele em choque, se arrependendo de ter falado algo sobre o tema – no início eu acreditei que seria somente mais uma pesquisa sobre as causas da esterilidade de alguns grupos isolados de pessoas no pós guerra, porém quando investiguei mais a fundo, descobri que ia muito além disso.

- Foi mais ou menos nessa época que começamos a nos relacionar. Estava começando minha carreira como advogado de um político influente da época, acabamos nos envolvendo e eu alertei a Dégel sobre o que poderia estar por trás desse projeto. Ainda éramos somente amigos nesse período.

- Não trabalhavam somente no projeto para a criação de novas formas de reprodução humana. Essa pesquisa serviu como uma maneira de mascarar um projeto de criação de uma nova prole, de genética alterada e com habilidades além das esperadas para humanos comuns. – Dégel não desgrudava os olhos do aparelho, como se buscasse por algo.

- Ai, isso vai dar um nó na minha cabeça. – Dite dizia de maneira levemente afetada.

- Super soldados Afrodite, eles querem utilizar a técnica para criarem um exército e venderem para o governo que pagar mais caro. – Kárdia suspirou, há muito ele já vinha em uma guerra contra esse tipo de projeto, e agora ver o filho envolvido nisso explicava muita coisa. – Quando alertei o Dégel sobre isso, pouco a pouco ele foi descobrindo o uso das cobaias humanas no projeto e suas reais intenções. Entendam, se isso viesse a público poderia ser considerado alta traição. Nós ainda tentamos juntar algumas provas, mas na época era difícil para Dégel enfrentar a própria família. Vocês não fazem ideia do poder que esse laboratório possui e o número sem fim de senadores que o apoiam e financiam.  Nós começamos a nos relacionar mais... intimamente nessa época também, e o escândalo que isso gerou junto a família de Dégel acabou atrapalhando nossa investigação.

- Eu decidi ficar com Kárdia depois de um longo período de indecisão e desse doido tentando me conquistar em meio às nossas investigações, mas isso teria de ser feito devagar e estremeceu minha relação com minha família. Eles acreditavam que era influência de Kárdia o fato de eu não aceitar o uso das cobaias humanas em nossos laboratórios, por ser cruel e desumano, além de eu estar indo contra várias das pesquisas empreendidas por eles, até mesmo fazendo denúncias contra nosso laboratório. Resultado, fui expulso de todos os projetos que nossos laboratórios estavam envolvidos. Foi aí que decidi abandonar de vez minha família e minha ex-esposa, para enfim ter uma relação com Kárdia. Me deserdaram e eu não consegui mais acesso direto à pesquisa. 

- Ou seja, com a saída de Dégel da equipe de pesquisas, nós perdemos as provas que tínhamos para ir contra esse projeto e todos os demais, e logo o mesmo foi tão bem abafado que acreditávamos que nem mais existisse. – Kárdia olhava para o marido sem entender o que ele tanto lia e digitava.

- Com o risco de serem descobertos eles devem ter deixado o projeto oculto durante todo esse período e desviado nossa atenção. Aí com nosso casamento, o nascimento de Milo e logo em seguida o sequestro dele aos três anos de idade, acabamos nem mais nos lembrando da existência do Projeto Híbrido. Tínhamos batalhas muito maiores para enfrentarmos. Encontrar Milo roubou todas as nossas atenções por um bom tempo, mas ainda assim a batalha de Kárdia no Senado sempre se voltou às causas que envolvem a crueldade em algumas pesquisas científicas da atualidade, e à homofobia ainda mais crescente em nossa época. Só que isso é outra história que explica e justifica toda a história pessoal do Milo. – Dégel digitava sem parar.

- O que diabos você tanto procura nesse aparelho, Dégel? – Kárdia dizia já sem paciência, e o marido fazia sinal para ele esperar um pouco, o que o fazia bufar de raiva.

- Achei! – Dégel vibrava de forma discreta ajeitando os óculos.

- Inferno! Achou o quê, criatura?

- Como é a aparência desse namorado do meu filho, rapazes? – Ele olhava os meninos.

- Praticamente igual à sua? – Aiolia dizia e Dégel o olhava intrigado. – Ruivo, pele muito clara, cabelos longos...

- Eu invadi o servidor do laboratório da minha família. – Kárdia olhou para ele de olhos arregalados.

- E fez isso em menos de cinco minutos?

- Você sabe como minha família é idiota, isso é como roubar doce de criança. – Ele dizia aquilo sem mudar de expressão - alguns relatórios estão criptografados, mas os que eu já consegui decodificar falam sobre uma ação durante a virada do ano, uma cobaia recuperada e apenas algumas poucas baixas de soldados hospitalizados. Se aquele projeto realmente deu certo, eles estão com o namorado do nosso filho...

- E com o nosso neto. – Ele se levantava, se movendo de um lado para outro e tirando os cabelos do rosto tenso. – Sua família não tem nenhum escrúpulo, Dégel! O que vamos fazer?

- Por isso eu a abandonei para viver com você, não concordo com eles de forma alguma. – Suspirou – Primeiro vamos ver como Milo está, agora dá para entender muito bem como ele levou esse tiro.

- Ele estava defendendo o namorado e o filho com unhas e dentes. Não imaginava que nosso filho seria tão corajoso!

- Ele é muito corajoso, senhor Kárdia. – Shun dizia segurando as mãos de um jeito tímido. – Eu percebia o cuidado que ele tinha com o namorado, a cumplicidade entre os dois. Nunca presenciei amor tão puro como o deles em toda minha curta vida. Se Camus não for salvo, se o filho deles não for recuperado, eu não sei se Milo conseguirá viver. Milo me dizia que o que ele mais queria na vida era ter aquilo do que ele foi privado, uma família. O neto de vocês podia não passar de um pequeno feto ainda, como se diz na linguagem médica, mas Milo já se sentia um pai completo, ele queria dar a essa criança tudo o que ele não teve. Trabalhava feito louco para isso, e para garantir o nascimento seguro do filho e a integridade física do namorado – O menino direcionou os olhos opacos para a frente, onde a voz dos dois havia vindo em todo o momento. – Por favor, salvem meu afilhado, salvem o filho do Milo e salvem o Camus, vocês são homens importantes, vocês podem ao menos tentar, ou nunca vão conhecer o filho de vocês de verdade, pois caso Milo sobreviva e tenha de viver sem eles, ele estará morto em vida.

 O jovem oriental chorou e foi carinhosamente abraçado por Afrodite, que afagou seus cabelos.

- Nós faremos de tudo Shun. Faremos de tudo por nosso filho, meu genro e meu neto. Ou não me chamo Kárdia Alexis!

 

******

 

-De pé e volte para a cama.

A ordem era dada e o jovem sequer se movia do lugar. Camus estava encolhido, abraçado à própria barriga no chão. Seus olhos se abriram devagar, mas sequer se moviam, vidrados e marejados, e ele tinha uma aparência de desolação incrível. O homem, que parecia ser um dos enfermeiros responsáveis pelos cuidados das cobaias, ou seu carcereiro, como Camus preferia vê-lo, se aproximou cutucando o jovem com uma espécie de pequeno bastão. O ruivo já havia perdido a noção do tempo ali dentro, como era no passado.

- Ande, obedeça antes que eu tenha que te forçar, Cobaia. – Camus sequer se moveu, estava em estado quase catatônico, além de ainda sentir os efeitos dos remédios que haviam sido ministrados nele, minando sua força sobre-humana. - Ah, mas se não vai fazer por bem, vou te lembrar que não é nenhuma cobaia especial só porque viu o mundo lá fora por um tempo. Anda, faça o que aprendeu a fazer no passado, obedeça!

Naquele momento ele encostou o bastão no corpo de Camus, que gemeu mordendo o lábio para não gritar com a dor do choque que foi aplicado em seu corpo, o fazendo tremer. Era uma voltagem segura, tanto para ele quanto para o bebê, mas extremamente dolorosa. No passado só recebera aquela punição uma única vez, quando tinha quatro anos. Não se recordava da dor ser tão forte.

- Não! – Ele gritou se encolhendo sentado, abraçando seu ventre, como se quisesse proteger ao filho, enquanto tremia. – Nós não somos cobaias, nem eu e nem o meu filho. Eu tenho um nome e ele também! – Ele direcionou os olhos inflamados de ódio para o homem, mostrando uma força incrível. – Não vou te obedecer, eu sou livre, sou livre, entendeu?

- Oras, seu! – Ele deu mais uma sessão forte de choque, fazendo o corpo de Camus tremer e ele trincar os dentes para não gritar. – Eu vou te ensinar a voltar a obedecer e vai ser agora! - Ele ergueu o bastão e já estava prestes a não mais infligir choques, mas a bater com violência em Camus, quando uma voz se fez ouvir no autofalante que dava para o quarto.

- Pare agora mesmo! – O homem olhou para o espelho como se perguntando o porquê daquilo, e logo ele percebia a porta se abrir novamente e o ruivo, um dos chefes da pesquisa, adentrar o quarto. – Saia, eu cuido dele.

- Mas senhor, ele? – O homem dizia surpreso.

- Vai querer fazê-lo sofrer um aborto o espancando e pôr o projeto em risco? Fafner vai gostar muito de saber sobre suas atitudes e te colocar no hall dos brinquedinhos dele para substituir essa cobaia. – Ele dizia, olhando-o de canto com ar de desdém. – Tenha paciência, ele mal voltou, precisa se acostumar. Deixe que eu cuido dele.

- Como quiser, doutor Surtr.

O homem saiu dali, deixando Surtr a observar Camus, que ainda tremia com alguns espasmos, mas não deixava de tentar proteger seu ventre e seu filho ali dentro. Quando ficou sozinho com o outro ruivo, ele se abaixou perto de Camus e sua voz saiu calma, quase acolhedora.

- Você disse que tinha um nome. Qual é? – Camus ergueu os olhos desconfiado e com medo, os cabelos lhe caindo parcialmente sobre a face. – Pode falar, eu não gosto da ideia de ficar te chamando de Cobaia ou Híbrido o tempo inteiro.

- Camus... – Sua voz saiu em um fio.

- Belo nome, - ele dizia com paciência. – Mas ficar jogado assim, chorando o tempo inteiro, não vai te fazer bem Camus, nem a você e nem ao seu bebê. Vem, deixa eu cuidar desses seus machucados. – Ele foi tocar Camus, que puxou as mãos de uma só vez como um bicho acuado e se encolheu. – Tudo bem Camus, eu só quero te ajudar, você precisa se cuidar, se não por você, pelo bebê que está esperando.  Você o ama, pelo que te ouvi dizer já deu até um nome para ele. Vamos, vem.

Camus se mostrou desconfiado e extremamente arredio com a aproximação do outro, mas pensou em seu filho e pela experiência do passado, sabia que se mostrar rebelde era pior para eles dois. Devagar, ele deixou-se ser tocado pelo outro e quase caiu quando se levantou, devido a uma tontura. Surtr o amparou e o ajudou a se sentar sobre a cama, vagarosamente tomando suas mãos e limpando os ferimentos causados pelos murros que ele dera contra o espelho.

- Disse que seu bebê já tem um nome. Qual é? – Ele tentou tocar a barriga de Camus e esse deu um leve tapa em sua mão, não o permitindo lhe tocar. – Tudo bem se não quiser dizer. Te darei tempo. – Ele terminava os curativos. – É melhor você comer, vai precisar de forças para quando a criança nascer.

Ele deixava a bandeja com comida no móvel próximo a Camus, e esse somente observava o outro homem sair dali. Por mais que ele pudesse parecer ser diferente dos outros, sabia que não era. Só existiu uma pessoa em meio a toda aquela corja em quem ele confiou e lhe deu a liberdade no passado, e ela estava morta. Não confiava em ninguém naquele mundo, naquele laboratório maldito eram somente ele e seu filho, e sem o seu Milo, ele só não desejava e buscava a morte por causa daquela criança. Encolheu-se sobre a cama e voltou a dormir, quem sabe não poderia alcançar sua liberdade em seus sonhos.

 

********

 

No hospital, Kárdia e Dégel haviam deixado os jovens para resolverem algumas coisas com Amy, sobre a internação de Milo e em busca de notícias do garoto. Aiolia, já cansado, foi atrás de algo para os três comerem. Shun estava sentado ao lado de Afrodite e movia as mãos nervoso.

- Se eu tivesse ficado com eles, talvez isso não tivesse acontecido. – Lágrimas correram dos olhos do jovem oriental.

- Se você tivesse ficado com eles, você também estaria lá dentro igual ao Milo ou até mesmo… - Dite engoliu em seco só de imaginar aquela ideia – eles teriam te matado, Shun.

- Eu sei, mas... – ele suspirou cansado e não conteve mais um leve soluçar do choro – Em todos esses anos, em todo o tempo que sou cego, eu sempre quis ser independente, nunca precisar de ninguém e viver uma vida normal, e eu conseguia. Mas agora, depois de não poder ajudar meus amigos, as pessoas que salvaram minha vida, eu pela primeira vez me senti um completo inútil. – Shun afundou o rosto entre as mãos e sentiu o seu corpo ser puxado por Afrodite. – Eu prometi que eles estariam seguros na minha casa.

- Não diga isso Shun, se você não tivesse encontrado o Milo no momento certo, quem sabe ele não teria tido nem a chance de chegar nesse hospital com vida. – Ele passou a mão no rosto de Shun limpando as lágrimas dele – Você é um herói meu pequeno, você nos achou, nos avisou, passou por uma noite de pesadelos e ainda assim está aqui, pronto para buscar pelo nosso amigo, rezando por ele.

- Eu já estou tão cansado de ser forte Dite, de enfrentar o mundo sozinho. – Ele ergueu a cabeça e tocou com carinho a face de Afrodite. – Eu não quero perdê-los, perder o Camus, o Milo, o meu pequeno afilhadinho. Eu achei que teria minha família junto a meus amigos, eu estava tão feliz desde que eles chegaram.

- Hein, mas você não está sozinho, você tem outros amigos, você tem a mim. – Dite ria, dizendo aquilo encorajando o jovem.

- Mas você é diferente deles, Dite.

- Diferente como, Shun? – Ele perguntou curioso.

- Porque eu não te quero como amigo, e corro o risco de perder até isso lhe fazendo esta confissão. – Ele mordia o lábio tenso. Afrodite arregalava os olhos surpreso, sentindo o coração disparar como um tambor em seu peito. Seria o que ele estava imaginando?

- Você nunca vai me perder Shun. Mas me diga, como você me quer, senão como amigo?

Delicadamente Shun passou os dedos nos lábios de Afrodite, e lentamente se aproximou os tocando não mais com as mãos, mas com sua boca, de forma delicada. O beijou carinhosamente de forma doce e tremendo pelo medo de ser rejeitado. Era um garoto cego, sem graça e pobre, nada que poderia atrair alguém tão espetacular e cheio de vida como Afrodite, mas se sentia tão frágil ali que necessitava daquilo. Sabia que seria rejeitado, não era digno de um homem como o loiro, ele nunca ficaria com um “aleijado” como ele.

Ao contrário da rejeição esperada, Shun recebeu a aceitação de Afrodite  àquele beijo, o correspondendo de maneira extremamente doce. A mão do jovem segurou com carinho a cintura do oriental, enquanto a outra se embrenhava pelos cabelos castanhos. Afrodite deu passagem ao beijo, sentindo o gosto de Shun com o desejo que já nutria desde o primeiro dia que o viu. Acreditou desde o início que o rapaz jamais o corresponderia, que Shun, apesar de seu espírito nobre, não iria querer se relacionar com um homem. Dite julgava aquele amor impossível, como quase todos os outros que teve antes daquele dia, mas agora estava ali, saboreando a maravilhosa sensação de ser correspondido.

- Se você me deseja assim, eu juro que nunca vou querer me separar de você, Shun. Eu ansiei tanto por esse beijo.

- Eu achei que você nunca iria me querer Dite, ficar com um inútil dependente como eu. – Shun não desgrudava a testa da de Dite, sentindo o cheiro maravilhoso do loiro. – Logo alguém tão doce, alegre e cheio de vida como você, ficar com um inválido.

- Nunca mais diga isso Shun. Você é perfeito! Perfeito para mim e eu não poderia querer outra coisa. Vamos ficar juntos, esperar a recuperação do nosso amigo e sermos felizes, assim como Camus e Milo vão ser quando se reencontrarem, quando estiverem com a família deles formada e longe de toda essa maldição que os ronda. Todos nós seremos felizes juntos e eu serei ao seu lado.

Voltaram a se beijar por um tempo, aproveitando aquele momento de entrega e de renovação de esperanças por aquela nova união. Foi quando ouviram uma certa tosse forçada para lhes chamar atenção. Afrodite e Shun se afastaram, levemente vermelhos ao serem flagrados por Amy.

- O Milo saiu da cirurgia e o médico tem notícias dele rapazes. Venham.

 Dite apertou a mão do agora namorado e eles foram com ela saberem notícias do amigo.

 



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