1. Spirit Fanfics >
  2. Liberté: Sangue do meu sangue >
  3. Guerra de Mil Dias

História Liberté: Sangue do meu sangue - Guerra de Mil Dias


Escrita por: Alexiel_LaRoux

Notas do Autor


Notinhas rápidas hoje!

Amores, desculpem pelo atraso no capitulo, mas as coisas aqui ficaram meio complicadas. Primeiro eu fiquei sem minha beta essa semana, ela tinha algumas coisas pessoais pra resolver e eu não pediria ela para betar o cap em meio a isso, amo minha miguinha, mas não seria má em sobrecarrega-la! depois acabou que mami teve de fazer uma cirurgia de emergência e ja viu onde ficou minha cabeça né. Enlouquecida de preocupação como estava não dava pra pensar em fic. Mas agora estou de volta com tudo nos eixos.

Obrigada pelo carinho de todos e espero que gostem do cap. Muitas emoções estão chegando!

Sem mais enrolas, boa leitura!

Capítulo 15 - Guerra de Mil Dias


Fanfic / Fanfiction Liberté: Sangue do meu sangue - Guerra de Mil Dias

 

A primeira coisa que fez ao acordar, foi levar as mãos ao ventre e não o sentir mais ali. Sua barriga ainda estava relativamente grande, não voltaria ao normal tão cedo, mas estava longe do tamanho do ventre que abrigava seu filho. Camus sentia seu corpo dolorido e estava cansado, mas não ter o filho ali o fez não mais conter as lágrimas. Por mais modernas que as cirurgias atuais fossem, a cesariana de Camus havia sido extensa e para fins de pesquisa, ele fora muito bem avaliado por dentro o que a fazia ser ainda maior.

Se levantou com dificuldades e sentiu muita dor ao fazer isso. Não conseguia deixar o corpo ereto para andar, mas ainda assim se forçou, era resistente, o criaram para ser resistente a dor. Deu alguns passos cambaleantes até o espelho de seu quarto e sabendo que estava sendo observado, deu alguns murros no mesmo para chamar atenção. Nunca se sentiu tão lúcido como naquele momento.

- Hein, eu sei que estão ai! – O enfermeiro que o observava já ia dar o alerta para os enfermeiros responsáveis conterem o Hibrido, quando teve a mão segura por Surtr que também estava lá naquele momento e o observava. – Eu quero ver meu filho, me deixem ver meu filho! – Camus olhava sua própria imagem no espelho e do outro lado os outros notaram a necessidade e determinação do ruivo naquele olhar, em seu pedido. – Cadê o meu menino? Eu sei que não estou dopado, se não me mostrarem meu filho eu juro que bato na minha barriga até abrir os pontos e tenho certeza que não me querem morto com uma hemorragia. Eu quero ver meu filho!

- Senhor Surtr, nós temos que conte-lo, as ordens de Fafner são....

- Ele não está aqui, o responsável pela pesquisa sou eu em sua ausência. – Ele acionava um botão no painel e acionava o autofalante que dava para o quarto de Camus. – Eu levarei seu filho em breve, não faça nenhuma loucura. Agora sente-se e aguarde, ou não vai ter forças para vê-lo. - desligava o aparelho, voltando-se ao enfermeiro. – A pesquisa visa descobrir toda a evolução da gestação dele. como o Hibrido lida com o filho e o alimenta, também faz parte da pesquisa. Mande trazerem o bebê, eu vou falar com o Hibrido.

- Mas senhor...

- Preciso mandar duas vezes ou quer ser substituído?

O homem obedecia e Camus dentro de seu quarto voltava devagar se sentando na cama e recostando o corpo em vários travesseiros. Passava a mão no curativo em sua barriga o sentindo embaixo de suas roupas. Era como se estivesse vazio, seu ventre sem o filho lhe doía, não podia mais protege-lo como antes e seus braços sem o pequeno Hyoga destruíam seu coração. Minutos depois, ele viu a porta se abrir e o pesquisador ruivo entrar com um pequeno berço e colocá-lo em um dos cantos do quarto próximo a cama.

O coração de Camus nesse momento parecia que ia explodir. Ele via o pequeno ser se mexer dentro do berço e tinha ansiedade por toca-lo. Sabia que podiam engana-lo e lhe dar outra criança, mas seu coração de pai lhe dizia que aquele realmente era o seu filho, o menininho que viu ser tirado de sua barriga. Surtr pegou a criança, meio chorosa, com cuidado e se aproximou a colocando nos braços de Camus que o pegava meio desajeitado, era pequeno e molinho.

- Cuidado com a cabeça dele Camus, seu filho ainda é muito molinho, mas isso é normal, ele nasceu bem grande e forte. Eu não podia te deixar pega-lo assim que nasceu, precisávamos fazer alguns testes nele primeiro.

Camus olhou o menininho que abriu os olhos resmungando, mas parando de chorar quando sentiu o cheiro de seu pai. O ruivo se emocionou ao sentir o filho nos braços, ele era lindo, perfeito. Era exatamente como em seus sonhos, a pele bem clarinha, os olhos pareciam que seriam claros como os do pai, até mais claros que os de Milo, apesar de que escureceriam com o crescimento, mas já tinham aquele tom tão lindo de azul. Nos fios de cabelo que ele tinha já se notava que suas madeixas seriam bem loirinhas e Hyoga era um bebê bem cabeludo.  Camus parecia querer contar os dedinhos para ver se todos eles estavam ali de tão emocionado que estava em ver o filho perfeito.

- Abra sua camisa Camus. Pode parecer estranho, mas você pode amamenta-lo. – O outro parecia gentil e didático – Não sentiu algo estranho nos últimos tempos quanto a isso?

- No começo eu me senti um pouco inchado, dolorido, mas achava que era pelas mudanças hormonais, não pensei que pudesse amamentar. – Ele sem jeito, abria a blusa e percebia que quando ele aproximava o filho do mamilo, com cuidado, o menino o abocanhou e em pouco tempo aprecia sugar com vontade. Sentia aquilo ser um pouco dolorido, mas estava abismado. -  Ele pode mamar mesmo!

- Eu não disse. – Sorria observando o bebê mamar – isso não é especifico do projeto, do que foi feito a você, já existiam no passado literaturas relatavam o caso de homens amamentando, só não era pratica comum. O fato das alterações genéticas feitas em você só facilitou o processo.

- Eu – Camus engolia em seco em pensar nisso, tinha medo de ter o filho arrancado dos seus braços. – Vou poder ficar com ele aqui? Cuidar do meu filhinho?  – Os olhos vermelhos encaravam o outro ruivo, suplicantes, coisa que no seu estado normal, Camus jamais faria.

- Se você cooperar, isso fara parte da pesquisa, como ele de desenvolverá e para isso, nada melhor que ele se alimentar da melhor fonte para sua idade, o leite que você produz. – Ele ainda observava a cena do neném mamando – Seja subserviente Camus, obedeça e não teremos de conte-lo com medicações que podem fazer mal ao seu filho por meio do leite. E eu não vou ser obrigado a tira-lo de você.

- Eu obedeço. – Camus o olhou de canto e voltou ao olhar para o filho que se alimentava com gosto – por ele eu fico quieto, se eu puder ficar com ele eu faço o que for preciso.

- Que bom Camus. – Sorriu se levantando – Mandarei trazerem as coisas para o bebê, e alguém para instrui-lo em como cuidar dele. Descanse o máximo possível e principalmente seja obediente.

Surtr saiu e deixou o jovem pai com seu filho. Camus com carinho passou a ponta do dedo na bochechinha rosada do filho que não desgrudava os olhinhos dele. Estava encantado com o menino, o pedacinho dele e de Milo e nunca imaginou sentir um amor tão forte quanto o que sentia por aquela criança naquele exato instante.

- Eu farei tudo por você meu filho. Vou aguentar as dores calado, mas não vou deixar tirarem você de perto de mim, não vou.

Camus ficou ali, amamentando o filho e cantando músicas de ninar até o mesmo dormir.

 

*****  

 

 

Milo estava ainda deitado e tinha um pequeno tablete em mãos, enquanto observava uma série de imagens na projeção da parede de vidro de seu quarto. Pesquisava como louco na internet.

Buscou primeiro pelos pais. Logo a tela pipocou em notícias sobre os dois, as mais antigas falavam sobre o escândalo do casamento deles. Dégel um notório médico e pesquisador que abandonou o casamento de conto de fadas e a família multimilionária, para se envolver com um homem. Na época, Kárdia, um jovem e extremamente promissor advogado, que estava em início de sua carreira política e que encabeçava campanhas polemicas que alavancaram sua carreira como um meteoro para a pouca idade.  O casamento dos dois, extremamente discreto, havia sido um caso à parte e pelo que Milo percebeu prato cheio para a maioria dos sites de fofoca que os caçaram como formigas a doces nesse período em busca de alguma informação do casamento dos dois.

Viu mais algumas matérias sobre projetos políticos de Kárdia, sua indicação a senador, já que o voto popular não era uma pratica tão abrangente a aquela época, nisso a tão famosa democracia havia regredido como sistema político. Dégel, sempre envolvido em pesquisas importantes e seu laboratório ascendendo no meio médico de forma surpreendente e sempre defendendo a causa da pesquisa livre de meios cruéis de testes e uso de cobaias, sejam animais ou humanas.

Porem, entre as matérias algo lhe chamou a atenção. Algumas matérias anunciavam o seu nascimento e uma única foto, nitidamente tirada a distância por um paparazzo, mostrava os dois com o pequeno filho saindo de um hospital. A matéria dizia que Milo havia sido concebido através de uma barriga de aluguel e seria o primogênito do império criado por seus pais. Passando por mais alguns sites, ele notou mais alguns comentários sobre trivialidades da vida política impecável do pai e alguns prêmios recebidos pelas pesquisas de Dégel. Até que ele chegou a algo que lhe fez ler com mais afinco.

Notícias sobre seu sequestro não eram poucas. Diziam que o menino havia sido sequestrado aos três anos de idade, um dia depois de seu aniversário, enquanto passeava em um parque da Capital com sua babá. Notou o link de alguns vídeos da época, que falavam sobre o desespero de seus pais, as conjecturas das investigações e um vídeo em particular lhe chamou a atenção. Os pais, davam uma entrevista com um apelo emocionado, pedindo informações sobre o filho e que os sequestradores entrassem em contato com eles. Milo notou no olhar desesperado de ambos que os pais o amavam. ele se viu no desespero e brilho do olhar dos dois, viu a dor que ele sentia por também estar longe de seu filho.

Continuando a ler e ver notícias sobre o caso, Milo notou que na época a notícia de sua possível morte havia sido vinculada com a descoberta do corpo de um menino com a mesma aparência dele, que semanas depois foi claramente descoberto não ser ele. Viu ali, que esse golpe havia sido extremamente forte para seu pai e que várias notícias falavam do enfarto que seu kardia havia tido ao se levantar a possibilidade daquela criança ser seu filho. Ele havia ficado à beira da morte. Milo não podia fazer ideia de como os seus pais sofreram a sua ausência.

Com a falta de notícias do desaparecimento e nenhum contato sendo mantido pelos sequestradores, Milo percebeu as notícias pouco a pouco morrerem e apenas se voltarem a falar da vida discreta que seus pais passaram a levar depois do desaparecimento do filho e o fim das investigações. O nome dos Alexis só voltava a mídia em notícias das últimas duas semanas. Milo via falarem da volta milagrosa do filho dos Alexis, internado desde então. Um dos noticiários dava o boletim médico sobre o estado de saúde do garoto, baleado em um confronto com a segurança particular de um famoso laboratório de pesquisas. Maldosamente alguns jornais, em principais tabloides de fofoca de quinta, colocavam Milo como um delinquente criado em meio a favela e que acabou naquele estado por merecer. Aquilo revoltou ao loiro.

A última notícia que Milo abriu, com a data de dois dias depois que ele acordou, foi uma das que aqueceu seu peito com esperanças. Em letras garrafais ele lia “Senador Alexis inicia a luta para derrubar a Lei das Cobaias”, a notícia se referia a um projeto enviado pelo senador, que visava a humanização das pesquisas e a abolição completa do uso de cobaias humanas em laboratórios. Ela também citava a solução para as cobaias já existentes que receberiam reabilitação e reinserção na sociedade com a ajuda do governo. Milo via que aquele seria um projeto demorado, mas que possivelmente era a solução em definitivo para o problema de Camus e sabia que quando sua história com o ruivo viesse a público, isso acabaria pressionando ainda mais para que a antiga lei fosse derrubada e seu amado livre.

Recostou-se melhor na cama e sorriu ao imaginar que seus pais eram verdadeiros guerreiros e que lutavam por ele e nesse momento ele ouviu o alerta de que uma mensagem chegava para ele. Sorrindo ao ler a mensagem, Milo logo tratou de retornar a mesma, ligando a vídeo chamada e a imagem da sala principal do orfanato se mostrou enorme na parede envidraçada de seu quarto. Seus amigos estavam todos reunidos sentados no sofá rindo para ele.

- Olá Bela Adormecida! – Aiolia brincava levando um cascudo de Afrodite que tinha Shun sentado, o que impressionou Milo, no seu colo.

- BelaAadormecida nada! O Milo só esqueceu de acordar do sono de beleza dele cara, não exagera! – Dite caia na gargalhada junto aos outros.

- Há há, há engraçadinhos vocês hein! – Milo fazia um bico que só aumentava a risada dos amigos. – Mas espera aí, que negócio é esse do Shun sentado no seu colo Dite?

- Está sabendo não, a florzinha aqui desencalhou! – Aiolia ria- enquanto o bonitinho aí dormia o loirudo aqui passou a mão no ceguinho.

- AIOLIA! – Shun e Dite diziam derrubando o amigo do sofá e Milo só não chorou de rir porque acabou sentindo dor ao tentar fazer isso.

- Eu já imaginava que vocês dois iam acabar juntos. – Milo dizia sorrindo e se deitando melhor. – Espero que vocês sejam muito felizes meus amigos. Soube que foi você que me encontrou e pediu ajuda aos rapazes para me salvar Shun, obrigado.

- Que é isso Milo, você é meu amigo, eu nunca te deixaria morrer. Como você esta?

- Melhor, devo ter alta amanhã ou depois. Não vejo a hora de sair daqui e tentar recuperar o Camus e o meu filho! Ao menos ter notícias deles. – Ele suspirava cansado, aquele assunto lhe doía.

- Seus pais estão lutando para reavê-los Milo – Dite dizia e os três que antes brincavam ficavam sérios – eu vi sobre o projeto do seu pai para acabar com a Lei das Cobaias, pode ser que demore, porque essas coisas de política demoram, mas ele vai conseguir.

- Eu sei que vai, mas eu preciso ajudar de algum jeito!

- Primeiro você precisa se recuperar. – Aiolia falava e todos estranhavam não ter o tom de brincadeira novamente na voz dele. – Milo, sem piadas agora. Se você não estiver forte não vai conseguir lutar nem por você, muito menos pelo seu namorado e filho. Meu amigo, se cuida viu.

- Ele tem razão Milo. – Shun completava.

- Eu vou me cuidar galera, não se preocupem. – suspirava - to esperando vocês me visitarem na minha casa nova, não vejo a hora de conhecer a casa dos meus pais e quero vocês lá comigo.

- Mas é claro! - Dite respondia- mas agora temos que desligar, você precisa descansar e nós temos que estudar um pouco ou não saímos desse orfanato nunca. Melhoras aí cara.

- Obrigada rapazes.

A transmissão se encerrava e Milo se movia na cama olhando o móvel ao seu lado e reparando no pequeno livro que estava ali. Sorriu ao se lembrar dele e o pegar em mãos com carinho. Começou a folheá-lo se lembrando de Camus e como ele tinha carinho por aquele livro. Nesse momento, ele viu a porta se abrir e seu pai Dégel entrar pedindo licença ao filho.

- Como se sente hoje Milo? – Dégel se sentava na poltrona perto da cabeceira do filho.

- Um pouco entediado de ficar parado aqui direto, mas bem. Pai, quando que eu vou poder sair desse lugar, não aguento mais a comida daqui, parece água. – Milo dizia fazendo uma carinha de nojo e arrancando um leve sorriso de seu pai.

- O médico disse que você pode ir para casa amanhã se prometer não abusar. Vai ter de manter repouso por um bom tempo.

- Eu não aguento ficar parado – fazia bico.

- Eu sei, você puxou seu pai nisso. Quando ele enfartou, eu sofri para o tirar do gabinete e faze-lo repousar. Foram tempos difíceis aqueles. – Dégel notava o livro nas mãos do filho e ficava curioso. – Que livro é esse filho? Eu vi seu amigo trazer e deixar com você, mas na preocupação com sua saúde eu não parei para olha-lo direito.

- Esse livro era do Camus, pai. – Milo entregava o livro para o pai – Quando ele chegou ao orfanato, só tinha esse livro em mãos. Mais tarde ele me contou que foi a cuidadora dele, a mulher que o ajudou a fugir que o deu de presente para ele. Era o maior tesouro de Camus.

- Engraçado, quando eu era criança eu ganhei um igual a esse.  – Ele dizia folheando o livro velho – Liberté. Esse livro ficou famoso na França pouco antes do início da guerra e a fragmentação dos países. Minha mãe me deu um de presente e eu lembro que minha irmã também tinha recebido um, era uma tradição da minha família, para não esquecer nossas origens francesas. Sinto tantas saudades dela, minha irmã era a única pessoa que merecia respeito na minha família. Ela era a caçula e desde que me casei com seu pai nunca mais a vi. A doida enfrentou a nossa mãe para ir ao meu casamento!

- Pai? – Dégel folheava o livro e ficou levemente preso em uma das páginas onde algo estava escrito. Passou delicadamente a mão sobre aquela escrita reconhecendo aquela letra, mas de onde? – Pai?

- Ah, desculpa filho, eu me distrai em minhas lembranças.

- Pai, é verdade? – Milo engolia em seco – Que o laboratório que o Camus esta é da nossa família? Digo dos meus avós?

- Milo, eles não são sua família e não são a minha desde que eu os reneguei, desde que eles não nos aceitaram. – Dégel era enfático- Me envergonho tanto de ter o mesmo sangue que eles, mas sim filho, o laboratório pertence a meus pais. Você me odeia por isso?

- Não pai. O senhor não é igual a eles e se pudesse, tenho certeza que já tinha arrancado o Camus daquele lugar! Pai eles também não são minha família, eu também os odeio com toda minha alma. Minha família é o senhor, o pai Kárdia, o Camus e o meu filho, o resto não me importa. Mesmo eles sendo seus pais, se eles não te aceitam eu também não os aceito.

- Não pensa nisso agora filho, descansa. Se prepara que amanhã teremos um longo dia quando saímos desse hospital.

 

 

O dia se passou e Milo recebeu alta do hospital. Ao colocar o pé fora do mesmo, uma enxurrada de jornalistas se aproximava deles e era contida pelos seguranças. Milo estava com os pais, cada um de um lado. Inúmeras perguntas eram feitas e caminhar estava difícil. Foi quando perguntaram sobre os tiros e sobre ser verdade ele ter ido contra os guardas particulares do laboratório e por isso levado o baleado, Milo perdeu a paciência.

- Pais eu quero responder o que eles estão perguntando. – Milo dizia olhando para os dois.

- Filho, você tem certeza disso? – Kárdia perguntava enquanto se aproximavam do carro já com a porta aberta para eles. Milo somente fez que sim com a cabeça. – Meu filho disse que vai responder algumas perguntas, mas não o forcem, ele acabou de receber alta médica.

- Milo, é verdade que você cresceu em um orfanato, em uma Vila distante da Capital passando por necessidades e que fugiu de lá por isso? – Um rapaz jovem de roupas mais despojadas perguntava.

- Não, eu fui super bem tratado e muito bem-educado no orfanato em que cresci, nunca me faltou absolutamente nada e nossa diretora sempre foi um exemplo como administradora. Posso dizer que lá eu formei o lar do qual eu fui privado.

- Mas dizem que você fugiu de lá é verdade? É verdade que fez isso com um amigo de infância que cresceu com você nesse orfanato e vocês passaram quase um ano morando nas ruas?

- Eu não fiquei esse tempo todo nas ruas, recebi ajuda de um jovem que se tornou um grande amigo meu e de Camus, ele nos acolheu como se fossemos seus irmãos e serei grato a ele eternamente. Quanto a viver na rua, sim eu passei alguns meses em um abrigo improvisado, mas meu período de fuga só durou por volta de sete meses. E quero deixar claro aqui, eu não fugi com um amigo, eu fugi com o meu namorado.

- A quanto tempo vocês mantinham essa relação? – Outra moça perguntava rápido antes dos outros.

- Desde que eu tinha quinze anos, mas nós nos conhecemos desde criança. – Milo estava perdendo a paciência com tantas perguntas.

- Dizem que seu pai, o senador Alexis, criou o projeto que visa acabar com a Lei das Cobaias por sua causa. Isso é uma forma de retaliação aos laboratórios, já que foi baleado justamente por o enfrentar guardas particulares do laboratório da família biológica de seu pai Dégel por causa de seu namorado?

Os pais de Milo se irritaram com aquela pergunta e já estavam prontos para colocar fim a aquilo, quando Milo somente fez sinal que eles parassem, ele queria muito responder aquela pergunta.

- Eu realmente tenho interesses pessoais com a aprovação dessa lei. Motivos esses guiados pela dor que essa maldita lei tem causado a mim e a todos os que eu amo. Primeiro isso não é uma retaliação a aquela que deveria ser minha família por parte de meu pai Dégel, eu não os considero minha família, então a existência ou não deles para mim não é nada além do que simplesmente são: nada. Isso é um grito de socorro de todos os serem humanos que como meu namorado Camus, cresceram dentro desses laboratórios. – Os jornalistas se espantavam com a revelação de que o namorado do filho dos Alexis era uma cobaia.

- Então Camus, esse seu namorado é uma cobaia?

- Sim, exatamente, ele nasceu dentro de um laboratório, mas teve a oportunidade de fugir do mesmo e viver uma vida normal ao meu lado. Nós crescemos como qualquer outra criança, mas fui eu que o vi chorar todas as noites tendo pesadelos com os testes que eram feitos nele, com o sofrimento da lembrança de cada um dos procedimentos cirúrgicos que ele passou. Agora respondendo ao porquê de eu ter fugido. – todos observavam Milo com curiosidade

– Nos fugirmos porque descobrimos que as alterações feitas em Camus chegaram ao nível de que ele se viu esperando um filho meu. Sim Camus foi resgatado com oito meses e meio de gestação do meu filho, pois como fruto de experimentos, ele tem a capacidade de gerar. Eu levei um tiro defendendo ao meu namorado e ao meu filho. Esses que sofrem agora dentro de um laboratório e por isso eu desejo imensamente que a lei das cobaias seja derrubada. – Milo tinha os olhos inflados de ódio – é por cada uma das vidas que passam pelo que o meu namorado passou e agora está passando novamente. é pelo meu filho que quero ter em meus braços. Que quero que essa maldita lei vá ao limbo.

- Milo, então quer dizer que como herdeiro do império Alexis, agora que retornou, usará o nome, influencia e fortuna de sua família, nesse objetivo? Aproveitara que agora é o mais novo milionário da Capital?

- Não me importa meu nome, não me importa quem meus pais sejam, eu os amo independente disso. A única coisa que me importa é que meu filho não seja privado como eu de ter uma família e seus pais ao seu lado. Agora chega de perguntas, por favor, estou exausto.

- Milo tem certeza que Camus não conhecia suas origens? – As perguntas começavam a ser feitas como tiros, todas de uma vez.

- Como você pode ter certeza que esse filho não foi um golpe dele para conseguir a liberdade?

- Você tem certeza que esse filho é seu? Ele não poderia ter se relacionado com mais alguém?

- Você pretende assumir essa criança e entrar na justiça pela guarda dela?

- Ele já não poderia ter conhecido antes a pessoa que lhes abrigou na favela e terem um plano por já conhecerem a sua família e tudo isso não passar de uma armação?

- Se ele não for seu filho, ainda pretende lutar pela liberdade das cobaias?

- Eu já disse – aquela última pergunta fez Milo bufar de ódio – Que não vou responder mais perguntas! Ainda mais perguntas idiotas!

Milo entrou rapidamente no carro seguido de seus pais que o olharam surpresos.

- Filho você está bem? Achei que eles iam te engolir. – Kárdia dizia preocupado com o filho.

- Ele é seu filho Kárdia, é tão venenoso quanto você e se saiu muito bem. – Dégel tocou a mão do filho e sorriu de leve - Estou orgulhoso da sua força filho.

- Eu só quero que esse pesadelo acabe pai e se para ter meu namorado e meu filho em meus braços de novo, eu tiver de virar um escorpião e ferroar todos na minha frente, assim eu o farei.


Notas Finais


Gostaram?

Deixem comentários, opiniões e criticas, adoro ler o que acharam da historia, adoro quando vocês escrevem pra mim. Bjinhos mil e obrigada pelo carinho sempre, ate o próximo cap!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...