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História Liberté: Sangue do meu sangue - Prefácio para a Liberdade


Escrita por: Alexiel_LaRoux

Notas do Autor


Numa noite fria, que tal um capitulo pegando fogo?

Oi gente, demorei mas cheguei, como sempre. Ansiosos? No capítulo de hoje uma grande reviravolta está por vir na história, um momento muito aguardado está mais próximo do que vocês imaginam. Grandes emoções recheiam ao cap de hoje com uma dose de lemon pra quem gosta!
Vamos parar de enrolação que acho que tem leitor que já ta esperando esse momento a mais de 20 capítulos, beijinhos e vejo vocês nas notas finais!

Capa: ☆矢ログ#5
Pixiv ID: 23701588
Member: ハナマキ

Capítulo 22 - Prefácio para a Liberdade


Fanfic / Fanfiction Liberté: Sangue do meu sangue - Prefácio para a Liberdade

A noite ia longe e Kárdia se movia na grande cama, quando bateu o braço contra o colchão ao procurar seu marido para abraçá-lo. Abriu apenas um dos olhos, com os cabelos longos bagunçados ainda a lhe cobrir o rosto, e procurou com o olhar pelo quarto. Viu Dégel sentado em uma mesinha do quarto, lendo de forma extremamente compenetrada. O loiro levantou bocejando e seguiu devagar até o companheiro o abraçando por trás e dando vários beijinhos em seu pescoço, de forma sedutora.

-  Larga esses papéis aí e vem para a cama. – Kárdia mordia o lóbulo da orelha do marido, que soltava um leve gemido. – Lá está tão frio sem você. – O loiro se esfregava de leve no outro.

- Não posso Kárdia, isso aqui é muito importante. – Ele sentia o corpo do marido colado ao seu e fechava os olhos, suspirando ao perceber algo bem particular lhe roçando. – Espera. Você está pelado e já está...?

- Pelado e doidinho por você – ele girou a cadeira e sentou no colo do companheiro, o beijando de forma intensa, voluptuosa. As mãos entravam por dentro da blusa do ruivo e o toque de Kárdia era como o puro fogo. – Vem pra cama comigo, deixa isso aí. Esses papéis velhos vão estar no mesmo lugar amanhã. Dá atenção pro seu maridinho, faz tempo que não nós curtimos, que eu não devoro esse seu corpinho lindo.

- Kárdia... – Dégel gemia com as carícias do amado, vendo-o arrancar sua camisa e descer os beijos – Isso é delicioso, escorpião tarado! - Inclinou a cabeça para trás, quase se entregando por completo a ele. Foi quando Kárdia já beijava seu pescoço com voracidade que ele se lembrou de algo, afastando o marido. – Eu adoraria me deliciar com você – acariciou o rosto contrariado do esposo – mas eu descobri algo importante.

Naquele momento Kárdia se levantou, jogando os papéis de lado na mesa, agarrando Dégel pela cintura e o colocando sentado sobre o móvel. Suas mãos de forma desejosa arranharam as costas de pele clarinha do marido, deixando marcas ali, e desceram para desabotoar de vez sua calça.

- Que se danem os papéis – girou Dégel de uma vez e o fez deitar o corpo sobre a mesa, roçando-o por trás e lhe beijando os ombros. – Seja o que for, pode esperar. Quando a gente se conheceu eu aguentava esse seu joguinho de fingir não querer nada, mas agora que você é meu, me viciei nesse seu sabor, seu hétero lindo de araque!

- Kárdia, é sério, eu preciso ler isso tudo rápido – Dégel disse, tentando resistir ao marido. Logo sentiu sua calça e roupa íntima descerem-lhe pelas pernas e abandonarem seu corpo. – Ah, foda-se, eu termino isso depois. – Se virou rápido agarrando os cabelos de Kárdia e o beijando de forma intensa. Gemeu alto, afastando a boca e visualizando o sorriso safado do marido quando o mesmo começou a tocá-lo.

- Adoro quando você xinga, sabia? Se solta todinho. – Beijou Dégel arrancando gemidos dele – e garanto que algo realmente vai se foder hoje, mas não é a sua leitura.

- Isso eu quero ver!

Eles riram e voltaram a se beijar. Dégel girou o corpo de Kárdia, colando-o contra a parede e o beijando de forma intensa. O loiro desceu as mãos pelo corpo esguio do marido até alcançar suas nádegas, que apertou com vontade. Adorava sentir aquela bunda macia em suas mãos, e principalmente saber que ela era só dele.  Preso contra a parede naquele beijo enlouquecedor, Kárdia sentiu seu ruivo roçar a coxa de forma provocante na área mais excitada de seu corpo, lhe arrancando um gemido que o obrigou a interromper o beijo.

A risadinha de Dégel se fez nesse momento, enquanto apertava mais ainda a perna naquele ponto estratégico entre as pernas do loiro, e segurava as duas mãos de Kárdia de forma possessiva. O olhou nos olhos de forma maldosa, e começou a descer seu corpo, dando beijos e leves mordidas no peitoral e barriga de Kárdia, até por um dos joelhos no chão para se apoiar. Prendia o marido o tempo todo pelos pulsos, quando o tomou de uma vez por todas com a boca.

- Puta que pariu! Dégel! – Kárdia bateu a cabeça contra a parede, gemendo alto quando se sentiu envolvido daquele jeito. – Isso porque não queria transar.

- Menos conversa. – Ele afastou a boca por um minuto e passou a língua por toda aquela extensão, ostentando um sorriso safado ao fazer aquilo, só para sacanear o marido. – Você queria sexo, você vai ter sexo. Agora só quero te ouvir gemendo meu nome.

Kárdia literalmente foi à loucura quando o marido continuou seu trabalho ali. Tinha sofrido tanto para conquistar aquele homem, e agora tê-lo ali, lhe dando todo aquele prazer, mostrando que de gelado ele não tinha absolutamente nada, o enlouquecia. Para Kárdia, ter a certeza de que Dégel era seu e somente seu, era uma massagem no ego. Gemia o nome do marido com vontade e sem nenhum pudor, se deliciando a cada novo movimento dele, até que não se aguentou mais.

- Dégel por favor, para ou eu não vou... – Ele parou de falar quando sentiu os dentes do amado cravarem em sua coxa, não de forma a machucar, mas extremamente prazerosa. Dégel voltou a subir aos beijos até a face de seu amado. – Ah, você não vale nada, seu sem vergonha!

Kárdia riu e conseguiu se soltar do marido o girando e o jogando com certa pressão contra a parede. Rápido como somente ele, buscou no móvel próximo pelo lubrificante e xingou ao não achá-lo na gaveta que sempre deixava de imediato. Derrubou a gaveta no chão ao achar o tubo bem ao seu fundo, não ligando em deixar tudo ali. Entregou-o ao marido e com força o segurou pelas coxas, o erguendo contra a parede. Dégel envolveu o corpo do marido com as pernas sem desgrudar o olhar dos dele.

- Faz as honras? – Kárdia colocou uma das mãos espalmadas para que o marido colocasse o líquido ali.

- Achei que dessa vez inverteríamos os papéis. – O ruivo riu, mordendo o lóbulo da orelha do marido.

- Eu estou com desejo de devorar um hétero hoje. – Falou brincando – um hétero bem gostoso que vivia fazendo cu doce e me viciou em todo esse doce. – Riu de um jeito sem vergonha, sentindo o líquido gelado em sua mão e a guiando ao seu verdadeiro objetivo.

-Você... hum... – ele mordeu o lábio ao se sentir invadido pelos dedos do esposo. – Não vale nada, Kárdia.

- E eu ainda nem comecei...

O sorriso safado do loiro antes de roubar os lábios de seu amado foi o paraíso para seu esposo. Se beijaram de forma intensa e forte como o vulcão que sempre foi o relacionamento dos dois. Dégel levou as mãos aos ombros do marido o apertando ali, antes de embrenhá-las nas vastas madeixas loiras. Sentiu os dedos do companheiro abandonarem seu corpo e o momento pelo que ambos aguardavam dar-se início.

Dégel enrolou as mãos nos cabelos do marido puxando levemente sua cabeça. Sentiu o corpo estremecer quando Kárdia o desceu levemente, para não machucar o esposo ao unir-se a ele. A boca do ruivo se entreabriu buscando mais ar, no misto de prazer e dor que sentiu com aquela invasão. Moveu levemente o corpo, se ajeitando e tentando se segurar melhor em Kárdia quando esse começou a se mover, inicialmente devagar, mas ao ouvir os gemidos do amante, intensificou o ato.

Os dedos de Kárdia deixavam marcas na pele clara, tamanha força com que segurava seu amado naquele movimento extremamente prazeroso. Dégel sentia suas costas moverem-se com força contra a parede do quarto, e ele acreditava que enlouqueceria naquela entrega. Beijaram-se de forma intensa, os corpos colados, suados e completamente apaixonados.

No auge daquele momento, Kárdia uniu todas as suas forças para não deixar o esposo cair, e aumentou ainda mais a velocidade das estocadas. Sentiu as unhas de Dégel enterrarem-se em suas costas no momento exato em que seu companheiro alcançou o ápice daquele momento. O gemido rouco em seu ouvido somente serviu para excitá-lo ainda mais. Havia chegado o seu momento. Com agilidade o loiro dedicou-se a um último movimento levemente mais rápido e violento, e em alguns segundos, era ele que se deleitava com o prazer que seu ruivo havia lhe proporcionado.

Os corpos se arrastaram até o chão devagar. Ambos estavam de pernas bambas, levemente trêmulos e não se desgrudaram sequer um minuto. Olharam-se nos olhos, ofegantes, naquele momento único onde nenhuma palavra era necessária. Somente pelo brilho dos olhares percebia-se o quanto os dois se amavam. Um amor de entregas profundas como aquelas, de desafios e obstáculos. E que ninguém jamais seria capaz de destruir, por mais intrigas e artimanhas que já tivessem inventado. Tocaram um beijo calmo, doce e recheado do amor que vinha sempre após a tempestade de desejo daqueles instantes. Num instante eles iam da paixão desenfreada à cumplicidade de casal que os mantinha unidos.

- Toma banho comigo? – Kárdia perguntou de forma um pouco cansada.

- Acho que eu estou precisando, né? – Riu – Mas só banho, eu juro que adoraria repetir a dose, mas eu preciso terminar com aqueles papéis.

- O que tanto te intriga nessa papelada, Dégel? É algum trabalho? – Kárdia disse levemente chateado. Dégel às vezes trabalhava tanto que ele se sentia esquecido, enciumado.

- Hoje quando saí do laboratório recebi uma visita inusitada – Dégel falou enquanto iam ao banheiro e iniciavam o banho. – Era um dos pesquisadores chefes do projeto Híbrido, o Surtr.

- O que aquele infeliz queria com você, Dégel? - Kárdia perguntou entre o surpreso e o bravo – Ele não tentou te chantagear, né? - Ele passava sabão no corpo do marido, observando as marcas que havia deixado nele.

- Absolutamente, eu o teria despachado em segundos. – O ruivo suspirou, se virando de frente ao marido e já tirando o sabão do corpo. – Ele simplesmente me entregou documentos que relatam as experiências que foram feitas com Camus. Ele se desentendeu com Fafner e parece querer vingança. Kárdia, temos armas para derrubar a lei das cobaias, e se não me engano, muito mais do que isso.

- E porque não me disse isso logo, Dégel? – Kárdia perguntou, já terminando aquela ducha e se enxugando. Agora era ele quem estava ansioso.

- E por acaso você me deu tempo de explicar? – Ele fazia aquela expressão blasé que Kárdia odiava.

- É, tem razão, mas agora sou eu que tô louco por esses papéis. – Ele vestiu um roupão e deu outro ao marido – Vem, agora eu estou interessado nessa leitura.

- Você vai se chocar Kárdia, pode ter certeza disso.

 

*****************

 

O quarto parecia ainda mais branco do que realmente era. Nenhum dos móveis estava mais ali, era somente ele com as paredes brancas, de pequenos tijolinhos simétricos e perfeitos, que em momentos de tédio ele contava até a exaustão. Sentava-se no meio do lugar, em suas alvas vestes, e passava levemente a mão na barriga. Ela ainda não estava muito grande, facilmente oculta nas roupas largas que usava, mas ele sabia que existia alguém ali, crescendo.

Entregava-se àquele vazio completo, quando sentiu uma mãozinha lhe tocar o ombro. Virou-se com aquele olhar sempre tão perdido, e vislumbrou uma criança. Um menininho loirinho de olhos azuis clarinhos e brilhantes. Vestido em azul marinho, com uma pequena bolsa lateral que parecia cheia de algo, ele sorriu e passou a mão pelo rosto do ruivo em uma carícia doce. Depositou um beijinho no rosto de Camus e sussurrou com sua voz infantil em seu ouvido.

- Espera só um pouquinho papai, eu venho buscar vocês! Não vai demorar mais não. Você e o papai Milo me prometeram irmãozinhos, lembra?

O menino riu para o pai e saiu saltando alegre, tirando bolinhas coloridas de sua bolsa. Ele ia jogando as mesmas contra as paredes, e elas explodiam em tinta, tingindo o branco com o multicolorido. Ele ria, cantava e dançava, se divertindo e tingindo tudo com muita cor. Passou as mãozinhas sobre as paredes como em uma tela, as enchendo de tinta e indo até o pai. Tomou uma última bolinha de sua bolsa e a estourou nas vestes do pai, em principal na sua barriga.

- A cor vai voltar, nós vamos trazer ela para o senhor, pai!

Rindo o menino tirou a mão da barriga do pai e começou a dançar feliz ao redor dele.

 

-Hyoga...

A voz de Camus soou baixinha quando abriu os olhos. Não sabia o motivo, mas chorou naquele momento. Percorreu os olhos por aquele quarto branco e no mesmo instante sua mente parecia se apagar para aquele sonho, mergulhando em suas perturbações novamente. Se levantou devagar, afastando os cabelos do rosto, e sentiu uma tontura forte, tendo que se sentar rapidamente. Olhou o café da manhã que já havia sido colocado ali para ele, e sentiu o estômago revirar.

- Desse jeito você acaba com o papai. – Ele disse, fechando os olhos suspirando profundamente e passando a mão na barriga. – Abriu os olhos e ficou com uma expressão confusa – Mas como eu sei que isso é por sua causa? Onde eu aprendi sobre isso? Nunca fiquei grávido, nunca saí daqui.

Deitou novamente na cama. Às vezes algumas imagens confundiam sua mente. Sabia que nunca havia saído dali, que não sabia como era o mundo do lado de fora. Mas porque a imagem daquele menininho e aquela saudade batiam tão fortes em alguns momentos? Desligou sua mente daquilo, vendo um dos enfermeiros entrar.

- Não vai realmente comer? – Perguntou-lhe de forma fria.

- Estou enjoado. – Camus estava manso desde que sua mente havia surtado de vez, assim como era quando criança. -  Pode levar.

- Me dê o braço. – O homem disse já pegando uma injeção e aplicando no braço de Camus. – Se prepare, logo viremos buscar você para exames. E se comporte.

Camus somente fez que sim, o dia seria longo como todos os outros. Após inúmeros testes e exames, ele voltaria ao seu quarto e ao vazio de sua mente.

 

************

 

Algumas semanas haviam se passado, e durante elas Milo mal viu os pais. Eles andavam tão ocupados, que às vezes chegavam de madrugada e nem jantavam juntos. Aqueles dias que antecediam a votação da lei das cobaias eram difíceis. No início da manhã seguinte aconteceria o sufrágio, e poria fim ao martírio de Milo e Camus. Ou, quem sabe, o prorrogaria por mais tempo.

Estava no quartinho de Hyoga, o menino mamava sentado em seu colo já no final da mamadeira. Milo achava o filho tão quietinho, parecia Camus nessas horas, e isso o enchia de saudades. Limpou a boquinha do filho quando ele terminou de mamar, o menino começou a brincar com a mão do pai agarrado aos seus dedos.

- Acho que está na hora desse nenezinho dormir. Amanhã nós vamos ter um dia bem longo. – Milo riu, começando a ninar seu filho – Temos que acordar cedo, assistir à votação no senado e buscar o seu pai. Seu pai vai ser livre, filho, e amanhã a essa hora vai ser ele bem aqui comigo, cuidando de você.

O loiro se deixou sonhar por um tempo, até que finalmente o filhinho dormiu. O colocou com carinho no berço e saiu do quarto. Duvidava muito que seus pais chegassem cedo em casa aquela noite. Se jogou na sala da casa e começou a assistir tv de forma aleatória, quando ouviu uma movimentação de alguém entrando.

- Milo? Pensei que você já estivesse na cama. – O jovem Shun entrou na sala, vindo do escritório dos pais de Milo. Parecia outra pessoa desde que voltou a enxergar, há alguns meses. – Ainda bem que não vou precisar te acordar.

- Meu pai estava te explorando até agora? – Milo ficou espantado em ver o amigo ali. Sabia que há pouco o jovem havia começado a trabalhar com seu pai. – O Dite deve estar fulo de não ter mais o namorado ao seu lado, com você no laboratório até tarde. Mas peraí, se você está aqui, cadê meu pai?

- Ele se acostuma! E seu pai não está me explorando. – O oriental sentou ao lado do amigo, ajeitando os óculos no rosto. Teria de usá-los ainda por quase um ano, até ajustar bem a visão depois da cirurgia. Era uma tecnologia nova para adequar melhor o chip implantado em seu nervo ótico. – Ele está atolado nos últimos dias com o caso do Camus. Nós viemos resolver mais algumas coisas que seu pai vai apresentar na votação amanhã, questões técnicas que só ele entende e me pediu ajuda. Ele tem medo de confiar em algum funcionário e ser traído, você sabe a família de seu pai está tentado de tudo para impedir a votação de amanhã.

- Eu sei bem, aquele bando de loucos! Não entendo como uma pessoa como o meu pai foi ser parente de gananciosos e mesquinhos como aqueles! – Milo balançou a cabeça, se servindo das batatinhas de seu pacote e oferecendo a Shun.

- Nem todas as frutas de um cesto podem ser podres, seu pai só saiu de lá antes que a lama o atingisse. – Shun disse com a sabedoria que em tão pouca idade era detentor. – Mas enquanto trabalha, ele me pediu para te mostrar uma coisa. – Tomou o controle das mãos de Milo – Isso passou enquanto você estava dando banho no Hyoga, e ele pediu que eu gravasse para você ver depois. – Sorriu - Você vai adorar essa reportagem Milo, e querer matar alguns também, com o quão revoltante é.

- Vou é? – Ele disse, olhando para a projeção da tv na sala. – Estou curioso agora.

Shun somente riu, mesmo sabendo que daqui a pouco teria de segurar o amigo em fúria. Uma reportagem especial começou a passar, havia sido vinculada a pouco tempo no horário nobre de um dos principais canais da atualidade. A matéria relatava sobre o projeto de seu pai, Milo se viu citado na mesma com sua história sendo exaustivamente vinculada a tudo, nada do que ele já não estivesse acostumado nos últimos tempos. Mas quando foi citado que novas provas mudariam a visão sobre essa lei, que ele realmente ficou de queixo caído.

Documentos e cenas do circuito de segurança do laboratório eram mostrados, demonstrando a desumanidade do trato com cobaias. A maioria dos rostos era encoberto para proteger as mesmas, assim como algumas cenas mais fortes. Ele via a forma como os corpos eram descartados após a morte das cobaias, deformações causadas por testes horríveis e muitas delas sucumbindo a experiências que fariam seu estômago revirar.

Em algumas dessas cenas, mesmo que os outros não soubessem, ele reconheceu seu namorado. Por mais que sua face fosse ocultada ele sabia que era Camus. O viu esmurrando a porta no dia em que seu filho lhe foi arrancado, até o mesmo sangrar. Depois ele jogado no chão aos prantos, machucado e sem socorro. Reconheceu Camus, pelos longos cabelos vermelhos, trancado em caixas de vidro reforçado, passando por testes de submersão e quase morrendo afogado, inclusive quando estava grávido. Parecia que tudo mais tinha perdido a força com aquelas cenas, e ele ficou em choque.

- Isso foi ao ar hoje mais cedo. Seu pai não queria te contar antes que a matéria fosse veiculada na mídia. – Shun falou, vendo a expressão de choque do seu amigo.

- Mas porque ele não me disse nada? – Milo disse com lágrimas nos olhos.

- Porque você é impulsivo como seu pai, e o choque poderia pôr tudo a perder. Tinha que usar isso no momento certo, filho. – Dégel ia entrando e Milo o olhava abismado.

- Como conseguiu isso, pai? - Ele estava em estado de choque. – Porque não me mostraram?

- Isso me foi entregue há alguns dias. Quando vi fiquei abismado, mas precisava agir com cautela. Chamei seu pai e começamos a planejar tudo. Com ajuda de Shun comecei a avaliação dos materiais que me foram passados – O ruivo se sentou perto do filho.

- Você sabia? – Olhou para Shun com espanto. – Vocês não podiam ter escondido isso de mim, caralho! – Ele se levantou revoltado, batendo a mão na lateral do corpo, parecendo um bicho em fúria. – Aquele ali era o Camus, eles fizeram, fizeram.... – Ele foi novamente às lágrimas – Tudo isso. – Levou as mãos aos cabelos, angustiado – E se fosse meu pai Kárdia ali? Se fosse o Dite, Shun? Como vocês se sentiriam? Ele está exposto ali, sendo cruelmente ferido. Vocês tinham que ter me contado, tinham!

- Seu pai pediu que eu guardasse segredo. Você sabe como sou quando me pedem isso – Milo sabia que realmente Shun era um túmulo muito bem fechado e extremamente confiável. Mas ainda assim ele pode ler a culpa nos olhos do amigo e de seu pai. Se sentiram mal com a reação de Milo. – Nós começamos a validar a veracidade desses fatos, e buscar a confirmação irrefutável de que essas imagens pertencem às pesquisas realizadas em Camus e em algumas das outras cobaias que sucumbiram antes dele.

- Entregamos elas à imprensa há poucos dias. Era a martelada que faltava para seu pai, Milo. – Dégel disse com calma – A manifestação popular, nas poucas horas que seguiram após a veiculação desse vídeo, gerou uma enorme comoção em redes sociais, e já tem um abaixo assinado na internet pedindo o fim dessa maldita lei, que vai ser entregue amanhã no senado antes da votação. – Dégel falou empolgado- Filho, com isso não tem como não vencermos amanhã. Ou eles votam pelo fim da lei ou vão estar assinando a sentença como cúmplices. Nós vencemos, meu pequeno!

- Vencemos? – Ele deixou de lado a revolta por alguns momentos, e se deixou cair sentado sobre o sofá. Estava totalmente abismado. – O Camus não vai mais passar por aquilo? Não vai mais sofrer? – O olhar de desolação tomou conta dos olhos do loiro – Mas e se ele já não estiver mais vivo? Com tudo aquilo, como ele ainda pode estar vivo? – Milo se jogou aos pés do mais velho, agarrado às suas roupas em desespero. – Pai, me diz que ele está vivo, pai. Não tem como ele ter sobrevivido àquilo. Pai, e se nós ganhamos tarde demais? Eu não posso viver sem ele, não posso!

Dégel se abaixou, abraçando o filho e o afagando com carinho, o levando para o sofá. Shun também se sentou dando força ao amigo.

- Perdendo as esperanças, Milo? – Shun disse, apertando firme a mão do amigo – logo você!

- O Shun tem razão. Força Milo, o Camus está vivo e amanhã a essa hora ele vai estar aqui com você. Se acalme, seu dia amanhã será bem longo.

 

*****

 

A noite parecia que não ia passar para Milo. Deitou-se, mas toda vez que fechava seus olhos as imagens daquele teste lhe vinham à mente. Via Camus sofrendo e acordava aos prantos. Se pudesse, colocaria o tempo para correr para que aquela maldita votação acontecesse logo. Na manhã seguinte, não seguiu as recomendações do pai de ficar em casa e aguardar pelo resultado da votação. Tinha que estar lá, tinha que ver de perto.

Contra a vontade de seu pai, eles enfrentaram o mar de imprensa que estava diante de sua casa, e Milo foi para o senado com o mesmo. Sabia que não poderia ficar com o pai durante a votação, muito menos assisti-la, mas queria ficar no gabinete do pai rezando para que tudo desse certo.

- Pai, acabando a votação vamos poder buscar o Camus? – Milo inquiriu de maneira nervosa.

- Teoricamente não filho, por isso seu pai Dégel está com o Sísifo colado no juiz nesse momento. Assim que a lei for derrubada, Sísifo vai conseguir o mandado judicial para tirarmos Camus do laboratório.

- Aí nós pegamos ele ainda hoje, né? – Ele mordeu os lábios angustiado.

- Sim, aí o seu pai nos encontra no laboratório com o Hyoguinha, e nós tiramos seu namorado de uma vez por todas de lá. - Kárdia disse ao filho, lhe tocando a perna e dando força enquanto o carro parava – Falta pouco filho, muito pouco.

- Só espero que o Camus ainda esteja vivo pai, só isso!

Eles enfrentaram a imprensa diante do senado também, e adentraram o lugar rapidamente. Milo se sentia angustiado e não conseguia ficar parado. Não tardou o pai o deixar sozinho no seu gabinete e se dar início a sessão. Ela não seria completamente televisionada, alguns informes gerais seriam passados conforme notas eram divulgadas à imprensa, o que deixava o jovem loiro ainda mais nervoso.

As horas foram se passando como se fossem anos inteiros para o jovem pai. Via algumas notícias que relatavam a acirrada votação que acontecia naquele dia. Parecia que os números ficavam tão próximos que não tinha como se ter uma previsão do resultado final. A secretária trouxe o almoço que Kárdia havia pedido para ela preparar ao filho, e por mais que Milo quisesse, não conseguia engolir nada. As últimas notícias dadas até aquele momento nos meios de comunicação diziam que faltavam muitos poucos senadores votarem e que até aquele momento a maioria ainda era contra a derrubada da lei das cobaias.

Milo já não tinha mais unhas de tanto roê-las em angústia. Andava de um lado para outro como um animal acuado e não era divulgado mais nada da votação. Tinha as mãos diante de seu peito apertadas. De olhos fechados, por um instante pareceu que sua vida ao lado de Camus passou inteira diante de seus olhos.

Lembrou-se de seu amado chegando ao orfanato, seus olhos vermelhos e assustados encarando tudo com atenção. Recordou-se de como Camus era estranho naquela época, a aparência muito pálida, que ressaltava as pouquíssimas sardas que ele tinha sobre o narizinho empinado; os cabelos que eram rapados naquela época e como ele era desengonçado ao tentar brincar. Riu com a lembrança doce do primeiro beijo, das declarações de amor trocadas e da alegria do sorriso de Camus quando seu filho se moveu a primeira vez dentro de seu ventre. Como havia sido lindo Camus cuidando de cada uma das roupinhas de seu filho quando ele lhe entregou o enxoval que fez, e como sentia falta do perfume daqueles cabelos quando dormiam colados um ao outro.

- Falta pouco Camus, falta muito pouco.

A porta se abriu naquele momento e Milo olhou para ela com o coração aos pulos. Kárdia vinha com uma expressão cansada, abatida, e olhou o filho em silêncio por alguns segundos. Milo o encarou com os olhos brilhando, não precisou fazer a pergunta que tanto queria. Seu pai sabia exatamente o que seu filho precisava ouvir ali.

- Milo – Ele engoliu em seco, suspirando diante dos olhos brilhantes do filho, quase transbordando. – Nós conseguimos! – Um sorriso se desenhou na face de Kárdia – o Camus é livre meu pequeno, seu namorado nunca mais vai ser uma cobaia!

O jovem loiro pareceu estar em estado de choque nos próximos minutos, não se movia, não dizia nada, somente caiu de joelhos ao chão. O choro convulso tomou conta de Milo e ele levou as mãos ao rosto, soluçando.

- Acabou? – Ele ergueu a cabeça olhando para o pai, chorava e ria ao mesmo tempo. – Nós vencemos pai, nós vencemos! Eu finalmente vou buscar o meu amor!

 


Notas Finais


Camus finalmente livre, mas será que é o fim do sofrimento?

Espero que tenham gostado, comentem! Bjjjj


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